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CRIMINAIS
RESUMO
Conceito
Com previsão expressa no art. 1º, III, da Constituição Federal, a Dignidade da Pessoa Humana
é um princípio regente, de valor pré-constituinte e hierarquia supraconstitucional, sustentáculo
da efetividade das propostas do Estado Democrático de Direito, cuja missão é a preservação do
ser humano, garantindo-lhe não só o mínimo existencial, mas conferindo-lhe autoestima.
Aspectos criminais
É certo que a prática de qualquer infração penal sempre ofende, de algum modo, a dignidade
humana, uma vez afetados direitos e garantias fundamentais (como vida, integridade física,
honra, intimidade, liberdade...).
Nem se olvide que, não só a vítima, mas também o autor de determinada infração penal goza
dos direitos indispensáveis à preservação da dignidade da pessoa humana, uma vez inerente à
sua própria natureza de ser humano.
Com efeito, não se pode admitir que a sociedade excomungue seus próprios membros, ainda
quando autores de erros trágicos, pois, nestes casos, há regulamentação específica, prevendo
a imposição de sanção adequada, proporcional ao mal causado e justaposta ao transgressor.
Enquanto titular exclusivo do ius puniendi, deve o Estado garantir condições dignas para que o
sentenciado arque com seu castigo, à luz do disposto pelo art. 5º, XLVII, da Constituição Federal.
De certo, não cabe ao Estado inverter os papéis e passar a infringir as normas, imprimindo
demasiado e desnecessário sofrimento àqueles que estiverem sob sua tutela, mesmo quando
autores de infrações penais.
A presunção de inocência é corolário da dignidade da pessoa humana, impondo que não se pode
considerar culpado alguém desprovido de condenação definitiva.
Por outro lado, a depender da situação concreta, pode o acusado sofrer a coerção de sua
liberdade, quando assim respaldada em elementos concretos e idôneos ao preenchimento
dos requisitos previstos no art. 312 do Código de Processo Penal.
Nenhum direito é absoluto, comportando tolhimento, ainda que parcial, quando em conflito com
outros. Portanto, se o fato de ser processado não faz do acusado culpado, também não o permite
fugir e frustrar a aplicação da lei penal.
LEITURA COMPLEMENTAR
NUCCI, Guilherme de Souza, Princípios Constitucionais Penais e Processuais Penais. 4. ed. Rio
de janeiro: Forense, 2015 – págs. 39 a 50
NUCCI, Guilherme de Souza, Código Penal Comentado. 16. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2016
– nota 1G do art. 1º
NUCCI, Guilherme de Souza, Curso de Direito Penal. Rio de Janeiro: Forense, 2017. Vol. 1,
págs. 66 a 68.
NUCCI, Guilherme de Souza, Direitos Humanos Versus Segurança Pública. Rio de Janeiro:
Forense, 2016 – págs. 29 a 38.