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10/5/2020 Real sofre queda generalizada em relação a parceiros - 04/10/2020 - Mercado - Folha

Real sofre queda generalizada em relação a parceiros


Moeda brasileira é a que mais perde valor ante o dólar em 2020

4.out.2020 às 23h15

EDIÇÃO IMPRESSA (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/fac-simile/2020/10/05/)

Júlia Moura (https://www1.folha.uol.com.br/autores/julia-moura.shtml)

SÃO PAULO Com a pandemia de Covid-19 (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/coronavirus/), o


risco fiscal e a incerteza política, o real não apenas se desvaloriza frente ao
dólar —descola até da cotação dos emergentes. É acentuada, por exemplo, a
desvalorização em relação às moedas de parceiros comerciais.

Um indicador que leva em conta a média ponderada das taxas de câmbio dos
61 principais parceiros comerciais do Brasil, de acordo com sua importância
na economia brasileira, aponta que o real se desvaloriza 24,5% neste ano.

A relação com o dólar (https://m.folha.uol.com.br/folha-topicos/dolar/index.shtml), a mais


importante, é acompanhada diariamente. Dentre todas as divisas do mundo,
o real é a terceira que mais perde valor ante a moeda dos EUA, atrás apenas
do dólar do Suriname e da cuacha de Zâmbia. Segundo o fechamento de
sexta (2), o dólar está a R$ 5,66, uma alta de 41% no ano em relação ao real.
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/10/bolsa-brasileira-cai-15-com-atrito-entre-marinho-e-guedes-e-queda-do-

petroleo.shtml)

A alta do euro é ainda maior (47,4%), a R$ 6,66. Até o peso argentino, que se
desvaloriza 22% em relação ao dólar neste ano, tem vantagem sobre o real,
ficando quase 10% mas valioso, a R$ 0,07.
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“Geralmente, moedas latinas caminham juntas, pois têm economias


semelhantes, baseadas na exportação de matérias-primas, mas efeitos
políticos pesam nessa balança e geram desequilíbrio”, diz Thomaz Favaro,
diretor para Brasil e Argentina da Control Risks, consultoria de análise de
risco político

Em tempos de crise, ativos de segurança como o dólar tendem a se valorizar


por sua solidez. Por trás desta moeda, há a maior economia do mundo, com
quase nenhuma chance de calote aos olhos do investidor. Na mesma lógica,
moedas de países com economias e contas públicas mais fragilizadas tendem
a perder valor.

“A desvalorização do real está relacionada à percepção do estrangeiro quanto


ao crescimento do Brasil nos próximos anos e à preocupação com a
deterioração das contas públicas. Havia muita confiança no fiscal e isso está
em dúvida agora”, afirma Favaro.

A dívida pública brasileira (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/09/divida-publica-bate-novo-


recorde-e-alcanca-888-do-pib-em-agosto-diz-bc.shtml) bateu recorde em agosto ao alcançar

88,8% do PIB (Produto Interno Bruto) com o aumento de gastos do governo


com a pandemia, e deve seguir em alta com o plano do governo de expandir
o Bolsa Família, com o nome de Renda Cidadã. Até o momento, o governo
aponta fontes de recursos, mas não mostra onde cortar gastos
(https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/10/assessor-especial-de-guedes-diz-que-uso-de-precatorios-para-renda-

cidada-e-proposta-esdruxula.shtml).

"Chile e Peru têm dívidas de cerca de 30% do PIB e vão para 40% neste ano. O
Brasil vai para 90% e deve bater 100% do PIB cedo ou tarde. Quando você tem
esse tipo de passivo, o efeito da perda de confiança é ainda maior", diz
Favaro.

Dólar se valoriza 41% em relação ao real neste ano - Gabriel Cabral/Folhapress

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Os EUA também têm uma elevada dívida pública, que deve chegar a 100% do
PIB em 2021, segundo estimativas do escritório de orçamento do Congresso
americano. A diferença para o Brasil é que há uma maior confiança dos
investidores de que o governo dos EUA irá quitar suas dívidas.

Neste aspecto, o Brasil estaria mais próximo da Argentina —que tem


dificuldade em pagar uma dívida de quase US$ 70 bilhões— aos olhos do
estrangeiro, o que leva a uma saída de capital do país.

"É uma tempestade perfeita. Temos um grande problema no mundo e vários


por aqui, sendo que o maior deles é o risco fiscal. Além disso, o cenário para
2021 é ruim. Tudo isso faz o estrangeiro sair do país e indica que o real vai
continuar depreciando", diz Roberto Dumas Damas, professor do Insper.

O economista também aponta a relação conturbada do governo Bolsonaro


com o Congresso e entre seus próprios ministros, a crise ambiental, o
elevado desemprego e a deterioração as relações com a China e com os
democratas americanos, que podem chegar à Casa Branca em 2021, como
fatores que impactam o real. “África do Sul, Peru, Colômbia e Chile não têm
todos esses problemas”.

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