Você está na página 1de 3

Nome: Douglas Pitombo Moral fundamental II Prof.: Pe.

Lázaro

Natureza da vida moral

O ser humano é intencionalidade e ação. Dessa forma, suas ações são pautadas através de
uma convicção moral que tem por base fazer o bem e evitar o mal. No cristianismo também é
assim, já que o batizado procura com a sua vida ser fiel a fé que professa, tendo em busca fazer a
vontade de Deus de acordo com a sua vocação.

São vários fatores que interferem no agir humano e possuem reflexos na vida moral. E é a
partir desses fatores que devem ser levados em consideração quando se julga a moralidade de
uma conduta. Desses fatores, pode-se agrupar em 4 relações entre a Moral e a Antropologia que
são: a unidade radical da pessoa, a historicidade, a sociabilidade e a abertura à transcendência.

a) Da unidade essencial própria da pessoa humana, na qual confluem o corpo e a alma, entra
a relação do indivíduo enquanto pessoa e unidade. O homem é único e individual, sendo seu
agir uma ação não isolada do corpo ou da alma.

b) Nota-se a condição histórica própria da pessoa humana, pois o homem não é um ser
isolado do mundo, mas composto dentro de um recorte espacial e temporal que lhe confere
uma biografia e um passado único com valores éticos próprios do seu tempo.

c) Deve-se considerar e ter em conta a sociabilidade, ou seja, o homem é um ser relacional,


que está sempre em contato com diversos fatores sociais, culturais e históricos vigentes da
sua atualidade.

d) Por fim, o homem está radicalmente aberto à transcendência, assim o ser humano alinha a
sua conduta moral pautada na vontade de Deus, na qual no cristianismo o agir do fiel deve
contar com ajuda fundamental da graça divina.

Os atos humanos

O que permite que as ações do homem sejam verdadeiramente humanas é que elas sejam de
modo inteligente e livre, pois assim é o ser humano, dotado de inteligência e vontade livre. A
partir disso, suas ações serão julgadas quando estão ou não em conformidade com o seu ser. Na
Encíclica Veritatis Splendor, afirma que “os atos humanos são atos morais, porque exprimem e
decidem a bondade ou malícia do próprio homem que pratica aqueles atos” (VS 71).
Assim, para que uma ação possa qualificar como “moral”, tem que começar por ser racional
e livre, isto é, uma ação é verdadeiramente boa ou má se for de consciente (conhecimento) e
livremente realizada. Estes atos qualificam-se como “humanos”, pois que são próprios do
homem. Assim, os atos do homem (que se difere dos atos humanos) são aqueles que se realizam
pela espontaneidade, sem intervenção da vontade e do querer, por exemplo: a digestão,
batimento cardíaco, ações de reflexo, a ira instantânea ou ações que sucedem sem estar
totalmente consciente. Esses atos que o homem realiza não definem o homem enquanto ser
humano.

Contudo, não se pode exagerar tanto na aplicação desses elementos na moral, pois raramente
existe, de fato, o “conhecimento perfeito” e a “vontade plena” em uma ação. O Magistério rejeita
a afirmação de alguns autores que sustentam a ideia de que o homem raramente consegue
cometer um pecado mortal, pois não goza de um conhecimento lúcido e nem é capaz de decidir
livremente na sua ação. Nesse sentido, João Paulo II destaca os limites dessas teorias
relacionando os atos humanos com a razão e a liberdade:

a) A razão; João Paulo II sublinha que o homem tem capacidade para alcançar a verdade,
porém existem alguns círculos culturais que tendem a negativar a verdade ou a subjetivá-la.

b) A liberdade; a Encíclica Veritatis Splendor proclama que o homem não é livre de


condicionamentos de ordem psicológica, biológica e social, mas o homem é livre para se
posicionar diante desses condicionamentos e moralmente livre para decidir seus atos.

Critérios que permitem julgar que um ato não é humano

Alguns impedimentos que fazem com que um ato não possa ser qualificado como
“humano” derivam da deficiência no conhecer (ignorância e dúvida) ou por falta de liberdade
(concupiscência, violência e medo), e dá-se nas seguintes circunstâncias:

Defeitos do conhecimento

a) Ignorância: está relacionada a carência de conhecimento que pode ser: de fato (ignora se
um ato concreto é ou não proibido), de direito (desconhece a existência de uma lei moral),
vencível (quando é possível sair da ignorância), invencível (se é impossível sair dela),
supina (quando não se realiza esforço algum para vencê-la), e afetada (quando se recusa
empregar os meios para sair dela).
b) Dúvida: a dúvida pode afetar o conhecimento (e alguns casos a vontade) e são distintas
nos seguintes tipos: positiva (se há motivos positivos para duvidar), negativa (se não há
razões sem fundamento sério para duvidar), de direito (se duvida acerca da existência ou
obrigação da lei), e de fato (quando se duvida se um ato concreto se inclui na lei).

Deficiências da liberdade

a) Concupiscência: Aqui é entendida no sentido de “paixão” como uma inclinação que


procura satisfazer o bem sensível. Assim, as paixões influenciam diretamente nos atos livres,
mas o seu papel na valorização moral depende do consentimento da vontade.

b) Violência: É a coação que uma força exterior pode exercer sobre a vontade, que se dá em
duas situações: absoluta (quando retira a liberdade, embora se lhe resista) relativa (se é
possível resistir-lhe).

c) Medo: É o temor fundado nos males que podem ser provocados ao interessado, aos seus
próximos ou aos seus bens. Pode ser distinto em dois casos: externo (é temor motivado por
agentes externos ao sujeito) interno (nasce no sujeito por motivos psicológicos).

Você também pode gostar