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BEZERRA, Fábio Alexandre Silva.

Lendo a imagem dinâmica em uma análise multimodal


da representação da mulher no filme Sex and the City.
 
Durante a última década, um número crescente de estudos têm explorado a estrutura e
o papel de textos multimodais na sociedade contemporânea. Depois do foco inicial em imagens
estáticas, pesquisas mais recentes têm abordado o texto dinâmico. Neste contexto, Bezerra
investiga as identidades das mulheres no primeiro filme Sex and the City (2008) em termos da
linguagem verbal e da imagem dinâmica, bem como da sua complementaridade intermodal,
concentrando-se no acoplamento e na calibragem de significados.
A crescente presença de textos multimodais em nossa sociedade criou uma forte
necessidade de trabalhar com recursos semióticos (van Leeuwen, 2005) além da linguagem
verbal em nossas escolas. Tendo isso preocupação em mente, o New London Group projetou
“uma nova abordagem para a pedagogia da alfabetização que eles chamam ‘Multiliteracies’
”(1996).
Neste contexto e dando especial atenção ao fato de as imagens serem culturalmente
específicas (Kress e van Leeuwen, 2006), o autor analisa como são construídos mais tipos de
significados do que as imagens estáticas, o que contribuiu para uma complementaridade
intermodal mais eficaz. Considerando-se as identidades das mulheres, o acoplamento de
significados cometidos sugere que mulheres (jovens) focam suas buscas na moda (grifes) e no
amor heteronormativo.
De acordo com Bezerra, a escolha de abordar as representações da imagem feminina
nessa série de TV se deu, principalmente, pela necessidade de se investigar as formas pelas quais
a mídia constrói discursos dominantes de femininidade e sexualidade. Além disso, a série de TV
Sex and the City, e mais recentemente os dois filmes que dão sequência à narrativa interrompida
em 2004, é mundialmente conhecida, o que me provoca o interesse em conduzir análise sobre
esse produto cultural. Interessa, portanto, desvendar com quais representações de gênero o
público tem desenvolvido tamanha identificação. Com base em dados visuais e linguísticos
concretos e com vistas à promoção de uma compreensão de identidades de gênero como
construções socioculturais, são examinadas a representação da mulher articulada no
texto/contexto visando à desconstrução e discussão de possíveis discursos discriminatórios.
Os resultados gerais revelam que as mulheres estão principalmente envolvidas em
processos de ‘ação’ como participantes dinâmicos, o que evidencia o espaço no texto fílmico
para os ‘fazeres’, ‘acontecimentos’ e 'comportamentos’ nos quais as mulheres assumem papel
ativo. No entanto, a análise do discurso (Fairclough, 2003; van Leeuwen, 2008) das ações sociais
das mulheres mostrou que elas estão consideravelmente restritas à esfera doméstica, não
especializada (Martin, 1992). A personagem principal, Carrie, é representada como como uma
mulher real e que, ao mesmo tempo, também atua como material para a insinuação de coisas
novas que estão por vir, com base em aspectos composicionais. Estes comportamentos parecem
confirmar o papel da mídia na manutenção de representações dominantes e ideologicamente
investidas das mulheres, que precisam ser continuamente desafiadas, já que as identidades
devem ser sempre vistas como instáveis e impermanentes.

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