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Circunstância:
Adulto“+” autónomo e independente
Adulto“+” a viver com a família
Adulto“+” institucionalizado e/ou dependente (grupo)
Adulto“+” em quarentena (com família)
Adulto“+” Invisual (ou com deficiência visual)
Não. Segundo a OMS, velhos são as pessoas com 65 anos ou mais (o adulto+). Assim como
crianças são pessoas até os 12, 13 anos, adolescentes são aqueles até os 25 e adultos são os
de 25 a 65 anos.
Acertado este ponto, vamos aos velhos. Sem dramas e sem medos.
Partimos, então, do princípio de que, se tudo der certo, se tudo sair como o planeado, todos
nós vamos envelhecer. E se tudo der melhor ainda, morreremos todos. E a boa noticia é que
se tudo der errado também. Portanto, nesse meio tempo é suposto fazer o melhor que
sabemos, dar o melhor de nós e nos preparar para sermos um adulto+ da melhor qualidade!
Senão, vejamos. Por que é que, quando morre uma pessoa pública, ou um ator quem tem a
nossa apreciação e que é um adulto+, de 70, 80 anos, ficamos entristecidos e dizemos: mas
ele era novo, nem tinha 70 anos…
E por que é que quando temos um velho nosso, pai, avô, com a mesma idade, isso tende a
ser uma dificuldade para a família? A diferença está na atividade. O ator, cantor, quem seja,
era ativo, trabalhava, tinha uma profissão, era independente e autónomo, permanecendo
com as suas plenas funções físicas, emocionais e psicológicas.
Portanto, o intuito do cuidador, mais do que acompanhar e ajudar o seu adulto+, o seu velho,
neste ciclo de envelhecimento, muitas vezes de incapacidades e de perdas, é estar presente,
fazer-se uno, estável e confiante, num momento de vida que pode ser de extrema fragilidade.
“Um minuto de vida é idade suficiente para morrer.” Martim Hideger- (Filósofo)
Todos podem tudo, cada um no seu tempo, cada um a seu jeito. Portanto, uma dinâmica
sempre trará bons resultados. Lembre-se de que de tudo se faz brincar. O seu adulto+ é
único. Cuide dele dessa forma.
O adulto+ que tenha capacidades cognitivas e físicas, mesmo que diminuídas, deve ser
estimulado a participar da vida diária do sítio onde vive. Caso seja com a família, ainda
melhor.
• O adulto+ deve arrumar os seus pertences pessoais, o porta-documentos; o guarda-
fatos e as gavetas, por exemplo, por cores, por tamanhos ou por estação do ano:
roupas de inverno, roupas de verão…
• Caso esteja institucionalizado, pode arrumar o seu quarto, do seu jeito.
• Caso seja um centro de dia, é chamado a participar da arrumação de uma sala, ou
assim. Pode ser dada uma função para cada idoso, um arruma as almofadas, outro as
loiças do lanche. Mesmo idosos em cadeiras de rodas (ou no cadeirão) podem
participar, a dobrar os panos da cozinha, as toalhas, etc…
Manter uma rotina para esses afazeres (exercícios) intensifica no idoso a ideia de que
ainda é útil e habilidoso.
• Reconhecimento corporal – Instituição: sentar aos pares e fazer reconhecer, mãos,
pés, cotovelos, nariz, olhos, cabelo. Bater palmas com as próprias mão e bater com as
do parceiro. Quanto olhos temos (2 e 4).
• Reconhecimento da roupa, cor, sapato, bota, casaco, bengala, quem escolheu?
Se houver condições fazer as perguntas durante a atividade: “qual é a cor dos sapatos
do seu parceiro?” “Com que roupa você mais gosta de sair ao domingo?”
Invisuais
➢ Os invisuais (ou com pouco acuidade visual) têm uma maneira muito diferente de
cuidar de si e dos seus pertences. É atencioso o cuidador que pergunte a ele onde e
como guarda os lenços, por exemplo, tanto em casa, quanto na instituição. É sempre
possível e necessário incluí-los nas dinâmicas.
Lembre-se, com carinho e atenção, todos podem tudo!
➢ Além disso, com estes, exploramos os outros sentidos o quanto possível. Cheiros de
plantas, de temperos, folhas e o mais que ele conhecer e souber. Pode ser recolhido
num jardim e na cozinha.
Exercício do reconhecimento de objetos e móveis: quinas, redondos, pontiagudos, os
tons graves, agudos. Para este fim utilizam bacias, baldes, objetos dimensões e profundidade
diferentes, todos encontrados em casa. Faça com que ele descreva aquilo que toca e como o
sente. O visual e o invisual têm uma perceção diferente, modos diferentes e este
reconhecimento dá, ao que não vê, confiança e ao que vê desperta o interesse e a
sensibilidade.
• Uma pessoa que passou a vida a trabalhar com as mãos, um alfaiate, um sapateiro,
uma costureira, poderá ter mais facilidade em trabalhar a terra, sendo esta uma
atividade muito bem aceite pelos idosos, as pequenas agriculturas, o cuidar de
plantas e flores para a casa ou para a instituição.
• O exercício inclui saber (lembrar) o sítio onde são guardadas as ferramentas (pás,
baldes, etc…) e guardá-las devidamente.
• Também aí os invisuais e os surdos ou deficientes auditivos terão lugar. Os
invisuais podem participar ensinando como plantar uma determinada raiz, se
precisa de muita ou pouca água, se leva adubo…pequenos segredos que alguma
vez ele conheça.
Esta dinâmica leva à uma outra que poderá ser realizada em outra altura, tendo as mesmas
estruturas de grupo*:
Desenvolvimento cognitivo
• Uma história maluca puxa outra história maluca: no jogo, um participante começa e o
outro continua a história. É um jogo de pura invenção, o que se quer é observar a
capacidade cognitiva e criativa e de memória dos participantes. Esta dinâmica pode
render uma tarde inteira de diversão e aprendizado.
• Não é para fazer sentido, o importante é a participação de todos e a capacidade de
entrar na dinâmica, percebê-la.
Wania Andrade – Licenciada em Psicologia – Formação em Geriatria, Formadora e Criadora de Conteúdo
wania.andrade@gmail.com
Dinâmicas com vidro (potes, vidros de perfume, de maionese)
Motricidade grossa, atenção, criatividade e memória
O cuidador observa as necessidades de cada um dos idosos. Pode ser um momento lúdico,
um jogo com contagem de pontos para quem mais acertar, com direito até a um brinde no
final do jogo.
1 – Dispor os vidros em ordem (crescente ou decrescente); dispor os
vidros por formato; dispor os vidros de acordo com a cor das as
tampas; dispô-los todos de pé, todos deitados.
Em relação às latas, podem ser feitos exercícios de colocá-las em ordem de tamanho, de cor,
de bebida, cheias e vazias, enfim, vai depender da criatividade e da participação do cuidador.
OBS: Ao final do trabalho, mais um exercício de motricidade fina e força, além de
organização, memória, ligação e lúdico, juntando-se um saco de lixo: amassar as latas o
máximo possível, meter no saco e levar ao sítio do lixo para ser deitado fora.
O jogo da fita é muito bem aceite para um só idoso, para grupos com autônomo-não
autónomos, acamados, em cadeira de rodas. É bem interessante quando vale pontos aos
vencedores.
Execução: o cuidador prepara uma folha com cores (a depender do número de jogadores -
Ideal 3 ou 4 de cada vez), uma fita métrica e clips de várias cores.
Cada jogador escolhe uma cor (clip) dentro de uma caixinha ou pote – na escolha observa-
se a capacidade de motricidade fina:
O cuidador (ou um dos participantes escolhido pelo grupo) inicia o jogo com um número
aleatório, pode ser a idade do mais velho do grupo, por exemplo, e o primeiro jogador
assenta o seu clip neste número na fita métrica. A partir daí, o jogo segue e a contagem
pode o primeiro número +10, -5, o que for combinado pelo grupo. E cada jogador coloca o
seu clip no número da fita métrica.
Ideal para perceber a imagem que o idoso ainda tem de si próprio, para trabalhar a
memória, o pensamento cognitivo e capacidade lúdica do velho.
• Uma caixa comum, um espelho que permita a visão de toda a cara, se possível. O
cuidador irá mostrar a caixa fechada, a dizer que ali dentro há uma imagem ou figura
e que o idoso deverá dizer três coisas boas a respeito da imagem que ele vai ver. Se
feita em grupo, convém que os outros não saibam que é um espelho, o cuidador
deve sempre fingir que está trocando a foto que
está dentro da caixa e sempre referir imagem ou figura e não fotografia. Manter
sempre o segredo. Incentivar os participantes a explicarem a razão da sua resposta.
Musicoterapia
A música faz parte da vida de todos nós, tenhamos a idade que tivermos. Vamos criar música
com o que tivermos à mão – também indicado para invisuais ou com dificuldades visuais
• Pratos e colheres de sopa, Chávenas e colheres de café, latas, enfim, a criatividade é
posta à prova nesta atividade. Peça à pessoa para escolher uma canção de que goste.
É importante que ela escolha, cante e acompanhe com os instrumentos improvisados.
Se houver instrumentos e quem os saiba tocar, claro, será muito bem-vindo, e se assim
for, convém estimular o idoso, caso ele se sinta envergonhado.
• Cantar – a emissão de sons resulta um bom exercício não apenas para a memória,
como para os músculos do pescoço, traqueia, etc… enquanto emite o som (canta)
pedir ao adulto que encoste a mão na garganta, no peito, para que possa sentir
(sensorial) “ouvir” a voz do próprio corpo. Pode também ser feito em grupo, onde cada
um ouve a voz do outro pelo toque. Para invisuais é muito valioso.
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Conclusão
Este manual é apenas uma parte, uma fração daquilo que podemos criar para estabelecer a
melhor experiência de vida que possamos ter pelo tempo que ainda nos cabe.
Não são exatamente dinâmicas, são mais uma outra forma (a minha forma) de ver e viver a
vida e preparar a mim mesma, e a quem tiver oportunidade de o ler, para um envelhecer
que valha a pena ser vivido. Eu quero uma vida viva nos anos que aí virão.
Boa vida a todos nós,
Wania Andrade
http://www.reab.me/
Todo o material utilizado nas dinâmicas e exercícios é material que comumente temos em casa e nas instituições