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TIGRE
Quando uma inovação é introduzida pioneiramente por uma única empresa, seus impactos
econômicos são limitados ao âmbito do inovador.
Outra distinção importante é feita entre invenção e inovação: A invenção se refere à criação de
um processo, técnica ou produto inédito, já a inovação ocorre com a efetiva aplicação prática de uma
invenção. Para Milton Santos (2003:47), não há inovação sem invenção, assim como não há técnicas
sem tecnologia.
Rogers e Shoemaker (1971) definem inovação como “uma ideia, uma prática ou um objeto
percebido como novo pelo indivíduo”. Essa interpretação, por sua abrangência, é coerente com o
conceito schumpeteriano, pois não associa necessariamente a inovação ao conhecimento científico.
De acordo com o Manual de Oslo, “produto tecnologicamente novo é aquele cujo as características
fundamentais diferem significativamente de todos os produtos previamente produzidos Pela Empresa”.
Dessa definição são excluídas as mudanças puramente estéticas ou de estilo e a comercialização
de produtos novos integralmente desenvolvidos e produzidos por outra empresa.
A difusão pode ser definida como “o processo pelo qual uma inovação é comunicada através de
certos canais, através do tempo, entre os membros de um sistema social” (Rogers e Schoemaker, 1971).
Os processos de inovação e difusão, entretanto, não podem ser totalmente separados, pois em muitos
casos a difusão contribui para o processo de inovação.
Tipos de inovações
A gama de inovações observadas na atividade econômica é classificada por Freeman segundo seus
impactos:
O estágio seguinte nessa sequência evolutiva é o das mudanças no sistema tecnológico, no qual
um setor ou grupo de setores é transformado pela emergência de um novo campo tecnológico. Tais
inovações são acompanhadas de mudanças organizacionais tanto no interior da firma como em sua
relação com o mercado. Os materiais sintéticos de origem petroquímica, como plásticos e
elastômeros desenvolvidos a partir da segunda metade do século XX, são um bom exemplo, pois
deram origem a novos materiais de uso generalizado na indústria. A Internet também pode ser
considerada uma mudança no sistema tecnológico, pois vem alterando as formas de comunicação e
criando novas áreas de atividade econômica.
As mudanças no paradigma técnico-econômico, por sua vez, envolvem inovações não apenas na
tecnologia como também no tecido social e econômico no qual elas estão inseridas. Tais revoluções
não ocorrem com frequência, mas sua influência é pervasiva e duradoura.
• Custos baixos com tendências declinantes: somente grandes reduções de custos podem
motivar mudanças de comportamento nos agentes econômicos;
• Oferta aparentemente ilimitada: os fatores-chave não podem ser escassos, pois precisam
estar disponíveis de forma abundante e sustentável em longo prazo. Exemplo: esgotamento
das reservas de petróleo e seus altos preços retiraram, a partir da década de 1970, sua
capacidade de sustentar inovações intensivas em energia.
• Potencial de difusão em muitos setores e processos: um fator-chave não pode ser de uso
restrito a poucos setores específicos, mas deve ser potencialmente aplicável em termos
universais.
Oferta e Demanda
A literatura de Organização Industrial identifica duas forças indutivas básicas da mudança tecnológica:
• A primeira, proposta por Schmookler (1966), aponta para as necessidades explicitadas pelos
usuários e consumidores;
• A segunda define tecnologia como um fator autônomo ou quase autônomo, derivado dos
avanços da ciência.
Para Fransman (1986), a geração de inovações tende a ser induzida pela oferta de novos
conhecimentos, enquanto a difusão dessas tecnologias é, em larga medida, determinada pela
demanda.
A relação entre ciência e tecnologia tem, portanto, um caráter interativo que inclui também o
contexto econômico, político e tecnológico de cada país ou região.
A hipótese de que as inovações são induzidas por mudanças relativas nos preços dos fatores de
produção foi proposta inicialmente por Hicks (1932), que considera que as inovações induzidas pelo
preço relativo dos fatores visam a manter a economia na rota de crescimento, através do aumento da
produtividade e da poupança de insumos escassos.
As inovações induzidas pelo custo relativo dos fatores podem ser observadas ao longo da
história, principalmente em países cujo custo da mão de obra era relativamente caro. Exemplo: no
início do século XX, o salário semanal de um trabalhador rural americano era suficiente para comprar
um acre de terra. Sendo a terra um recurso abundante e o trabalho escasso, para que grandes
propriedades fossem lucrativas, era necessário desenvolver máquinas poupadoras de mão de obra, a
exemplo do trator e da colheitadeira.
As teorias sobre difusão procuram identificar regularidades empíricas que permitam descrever
e, eventualmente, antecipar o ritmo de adoção de inovações. Santos (2005) aponta dois tipos de
modelos básicos: modelos indutivos, baseados na existência de ondas de inovações; e modelos
probabilísticos ou estocásticos, que expressam as probabilidades de a difusão ocorrer.
A direção assumida por uma determinada tecnologia se refere às opções técnicas adotadas ao
longo de uma trajetória evolutiva. Isso inclui, por exemplo, decisões sobre materiais utilizados,
processos de fabricação, sistemas operacionais, protocolos de comunicação, tecnologias
complementares, áreas de aplicação e outras decisões cruciais para viabilizar uma nova tecnologia e
adaptá-la às necessidades da demanda. Quando surge uma inovação de caráter radical, sua
viabilidade técnica e econômica não está ainda efetivamente testada no mercado. Nessa fase,
costumam ocorrer “guerras de padrões” até que uma ou poucas rotas tecnológicas se consolidem na
indústria.
Exemplo: No final do século XIX, ocorreu uma acirrada disputa entre as técnicas de transmissão de
eletricidade via corrente contínua e corrente alternada, que atrasou por vários anos sua efetiva
difusão até que a corrente alternada fosse finalmente escolhida. A decisão sobre uma determinada
rota pode, em certos casos, ter uma grande influência sobre a trajetória futura, em função do
processo de dependência da trajetória anterior.
O ritmo de difusão de uma tecnologia se refere à velocidade de sua adoção pela sociedade,
medida pela evolução do número de adotantes ao longo do tempo dentro do universo potencial de
usuários. A difusão não se dá de modo uniforme e constante no tempo e no espaço.
Do ponto de vista econômico, a difusão de novas tecnologias pode afetar a estrutura industrial,
destruir e criar empresas e setores, afetar o ritmo de crescimento econômico e a competitividade de
empresas e países. A difusão de novas tecnologias pode levar tanto à concentração quanto à
desconcentração da indústria. Quando envolve aumento de escala de produção ou grandes saltos de
produtividade, a inovação tende a ter um caráter concentrador, pois poucos grandes produtores
podem atender às necessidades da demanda. Por outro lado, determinadas inovações em
componentes ou fases críticas do processo produtivo podem desconcentrar uma indústria ao facilitar
a entrada de novas empresas no Mercado. Um outro impacto econômico importante é observado na
criação e destruição de mercados. A difusão de inovações altera a demanda por determinados
produtos, afetando a produção e o comércio internacional. Por exemplo, a ampla difusão de fibras
óticas no setor de telecomunicações reduziu a demanda por cobre, material tradicionalmente
empregado nas transmissões telefônicas.
O processo de desenvolvimento, como propôs Schumpeter, não é uma simples adição de mais
quantidade do mesmo produto, mas sim a introdução de novos produtos, processos, materiais e
serviços. Do ponto de vista social, o aspecto mais discutido na literatura é o impacto das novas
tecnologias sobre o emprego e as qualificações. A preocupação com os impactos da automação sobre
a demanda por trabalho está presente na obra de David Ricardo. O ponto de vista ambiental
influencia a difusão de novas tecnologias diante das preocupações da sociedade com a preservação
do ar, da água e dos recursos naturais. Observa-se, atualmente, uma onda de inovações destinadas a
reduzir os impactos ambientais, desenvolver fontes alternativas de energia, reduzir emissões e
produzir de forma mais limpa. O problema ambiental tem caráter cumulativo. Uma inovação
aparentemente inofensiva ao meio ambiente, como os veículos automotivos, pode resultar em graves
problemas devido ao acúmulo crescente de emissões em todo o mundo.
O Manual de Oslo não encara a inovação apenas como uma fonte de ideias, mas principalmente
como um “solucionador de problemas” em qualquer etapa do processo produtivo. Assim,
abandonou-se a forma linear de visualizar o processo de inovação, na qual a P&D é considerada a
atividade inicial que precede a mudança tecnológica. A inovação passou a ser entendida como um
processo simultâneo de mudanças envolvendo uma diversificada gama de atividades internas e
externas à empresa.
Assim, inovação refere-se a produtos ou processos novos para a empresa, não sendo
necessariamente novo para o mercado ou setor de atuação. No momento em que uma empresa está
introduzindo novos produtos, modernizando seus processos e alterando suas rotinas organizacionais,
ela está inovando.
Tal conceito é adequado para entender os esforços tecnológicos das empresas industriais
brasileiras, que, em sua maioria, são de pequeno porte e não realizam atividades formais de P&D.
As fontes externas, por sua vez, envolvem: (i) a aquisição de informações codificadas, a exemplo
de livros e revistas técnicas, manuais, software, vídeos etc.; (ii) consultorias especializadas; (iii)
obtenção de licenças de fabricação de produtos; e (iv) tecnologias embutidas em máquinas e
equipamentos.
• Pesquisa básica: em que o foco é o avanço científico, é geralmente de longo prazo e seus
resultados são incertos, sendo, assim, evitada pela maioria das empresas. Seus resultados,
entretanto, podem proporcionar saltos tecnológicos importantes para a sociedade e por isso
são geralmente assumidas por instituições de pesquisa sem fins lucrativos financiadas pelo
Estado.
• Pesquisa aplicada: visando à solução de problemas práticos, em que um projeto básico é
transformado em um produto comercial, os investimentos em tecnologia sejam muito
superiores aos da fase de pesquisa básica. Isso ocorre porque a transformação de uma planta
ou protótipo em processos e produtos requer atividades complexas, como adequação da
ideia às necessidades do mercado, busca e seleção de fornecedores, definição de processos
de fabricação, desenvolvimento da rede de serviços aos clientes, obtenção de licenças junto a
órgãos governamentais, registro de marcas e patentes e outras medidas práticas essenciais
para o sucesso do novo produto.
• Desenvolvimento experimental: voltado à geração de produtos, serviços e processos.
Nos países desenvolvidos, a maior parte das atividades de P&D é realizada em empresas. Ainda
assim, o Estado exerce um papel fundamental na expansão do conhecimento e da base científica
necessários para que o setor produtivo desenvolva tecnologias aplicadas. Tem também um papel
importante no financiamento e na criação de incentivos para a inovação. Rosenberg e Mowery (2005)
mostram que o financiamento às atividades de P&D e as compras governamentais relacionadas à
defesa foram indispensáveis para o crescimento de empresas iniciantes de semicondutores e
computadores nos Estados Unidos. O apoio das agências de financiamento às empresas e
universidades contribui para a oferta de invenções com potencial comercial. A relação universidade-
empresa é essencial para o desenvolvimento tecnológico, dada a vocação complementar das
instituições.
As atividades de P&D dependem também das características do ambiente interno em que são
incorporadas. A flexibilidade organizacional, assim como a capacidade cognitiva para absorver novos
conhecimentos, constituem elementos críticos para a inovação. Nesse contexto, os laboratórios
precisam não apenas gerar inovações tecnológicas, mas também contribuir para o processo de
absorção de tecnologia através do apoio ao processo de difusão.
Um tipo particular de atividade de P&D realizada nas empresas é a engenharia reversa, que
consiste na reprodução funcional de produtos e processos lançados por empresas inovadoras sem
transferência formal de tecnologia. A engenharia reversa é mais do que uma simples cópia, pois
determinados componentes ou etapas de produção podem estar protegidos por patentes ou segredo
industrial.
Os projetos de P&D nas empresas podem ter origem tanto na área de vendas, através da
identificação de novas demandas do mercado ( demand pull), quanto nas áreas técnicas, que buscam
oportunidades tecnológicas para inovar ( technology push). As empresas mais orientadas para o
mercado costumam correr menos riscos.
Cooperação Em P&D
À medida que diferentes tecnologias convergem, a exemplo do que vem ocorrendo no chamado
complexo eletrônico, nenhuma empresa consegue reunir internamente todas as competências
necessárias para desenvolver novos produtos. Assim, precisam recorrer a alianças estratégicas para
complementar suas competências e dividir os custos e riscos inerentes às inovações.
Esforços De P&D
Os esforços de P&D de uma empresa geralmente são medidos pelo percentual desses gastos em
relação ao faturamento. Os setores de aeronáutica, farmacêutico e de microeletrônica costumam
gastar mais de 10% de seu faturamento em atividades de P&D, enquanto setores menos dinâmicos
tecnologicamente investem em média menos de 1%. O problema desse indicador de intensidade do
esforço tecnológico, segundo Coombs, Saviotti e Walsh (1992), é que relaciona um gasto atual com
uma receita obtida anteriormente ao processo de inovação.
Uma importante dimensão das atividades de P&D é a capacidade de avaliação e seleção dos
projetos. Isso requer uma estrutura operacional e gerencial apropriada, assim como rotinas,
procedimentos e uma cultura organizacional subjacente.
A capacitação técnica para P&D precisa ser dinâmica e flexível. Algumas inovações requerem
tecnologias complementares para se viabilizarem, aumentando assim os custos dos investimentos e o
prazo de retorno. Tecnologias muito inovadoras podem criar impasses no processo decisório, devido
à insuficiência de informações, às incertezas e aos riscos do pioneirismo.
Por fim, as atividades de P&D precisam levar em conta a questão ambiental. As crescentes
pressões de órgãos públicos e da sociedade civil por tecnologias mais limpas constituem um viés para
o direcionamento das inovações no sentido de economizar recursos naturais e reduzir danos
ambientais.
Transferência de Tecnologia
A tecnologia embutida em máquinas e equipamentos foi considerada por Adam Smith uma das
mais importantes contribuições para aumentar a produtividade do trabalho. Por meio da
incorporação de bens de capital, as empresas absorvem novas tecnologias de processo resultando na
ampliação da escala de produção, na redução de custos e, eventualmente, no lançamento de novos
produtos.
Pesquisadores (Katz, 1982; Fransman, 1986; Malecki, 1997) alertam para a importância da
indústria de bens de capital – máquinas que fabricam outros produtos – para a difusão de novas
tecnologias. Frequentemente, máquinas e equipamentos desenvolvidos para o contexto de um país
não são adequados para as condições de outros países em função da menor escala produtiva, dos
custos diferenciados de fatores de produção, da usabilidade do equipamento e da aceitação do
produto pelo mercado local.
Aprendizado Cumulativo
Normalização E Certificação
Normalização pode ser definida como a função responsável pelo estabelecimento de normas e
regulamentos, caracterizando os requisitos mínimos necessários para um produto ou método de
produção. As normas são voluntárias, podendo surgir do uso comum e disseminado pela população
ou por meio de um processo formal coordenado pela indústria, no qual busca-se atingir um consenso,
tanto em nível nacional quanto internacional. Os regulamentos, por sua vez, são padrões
estabelecidos por autoridades regulatórias (Rust, 2004).
Metrologia
A metrologia é definida como a “ciência da medição”, tendo por objetivo assegurar a
confiabilidade e a credibilidade das medições efetuadas na produção. O resultado de uma medição
somente pode ser considerado completo quando elimina o grau de incerteza que a cerca, através da:
Propriedade intelectual
A propriedade intelectual (PI) é essencialmente um direito, outorgado pelo Estado por meio de
leis específicas, por um prazo determinado. Permite a seu detentor excluir terceiros de sua
comercialização. A PI abrange a propriedade industrial, copyrights e domínios conexos. A propriedade
industrial é o regime de proteção conferido às invenções, modelos de utilidade, desenhos industriais,
marcas e denominações de origem.
Elas geralmente não introduzem inovações tecnológicas no mercado, não compram P&D
externo nem fazem projetos industriais. Suas principais motivações para inovar são aumentar a
qualidade do produto e manter a participação no mercado. Assim, a difusão de inovações é
condicionada por uma postura reativa das empresas, que buscam apenas não perder mercado para a
concorrência.
Outras fontes de tecnologia muito utilizadas pelas empresas revelam estratégias de buscar
informações já disponíveis no mercado e de priorizar soluções internas aos problemas tecnológicos.
Isso inclui participações em feiras, congressos e exposições; cursos e treinamento gerencial;
desenvolvimento interno; e consultas à Internet e a publicações especializadas.