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CURSO DE CORRGEDORIA

CONCEITO DE CORREIÇÃO: Ato que corrige, que reeduca, que tenta modificar comportamentos
inadequados, através de métodos educativos e ou punitivos e ou.

A ATIVIDADE CORRECIONAL: É um dos pilares que sustentam um movimento de criação de uma


ADM pública integra, ético e transparente, tendo como objetivo investigar, aparurar e identificar atos ilicitos
praticados por agentes públicos e ao final se for o caso aplicar penalidades, garantindo assim a prevenção, e
a repressão a corrupção e o desistimulo a prática de atos ilicitos por parte de agentes públicos, criando um
ambiente público de ética e integridade.

RESPONSABILIZAÇÃO DA PJ: Lei 12.846 (aparurar e identificar atos ilicitos praticados por PJ e ao
final se for o caso aplicar penalidades)

FUNÇÕES DAS CORREGEDORIAS:

 Juizo de Admissibilidade: Ato de verificar se uma denuncia tem potencial para iniciar uma
investigação que demosntrará se houve ou não crime e orientar uma futura unição caso seja provado
o cometimento de ilicito;
 Instaurar, acompanhar e supervisionar procedimentos correcionais;
 Capacitar e orientar tecnicamente os membros de comissão;
 Analisar relatórios finais para subsídio técnico da autoridade julgadora, quando couber;
 Realizar interlocução com órgãos de controle e investigação;
 Gerir informações correcionais (ATENÇÃO AS PRESCRIÇÕES); e
 Apoiar a identificação de riscos e vulnerabilidades à integridade.

PODER DISCIPLINAR APLICADO PELAS CORREGEDORIAS  ≠ PODER


HIERÁRQUICO (GESTOR)

Poder Hierárquico

a) Objetivo: ordenar, coordenar, controlar e corrigir as funções de seus órgãos e a atuação dos agentes,
estabelecendo a relação de subordinação entre os agentes;
b) Hierarquia: relação de subordinação entre os órgãos e os seus agentes dever de obediência);
c) Determinações superiores devem ser cumpridas, a menos que sejam manifestamente ilegais (o respeito
hierárquico não suprime o senso do ilegal e do legal, do lícito e do ilícito);
d) Faculdades implícitas do superior (dar ordens, fiscalizar, delegar e avocar atribuições, e a de rever os atos
dos inferiores);
subordinação: decorre do poder hierárquico e admite todos os meios de controle do superior sobre o inferior;
e) Vinculação: resulta do poder de supervisão ministerial sobre a entidade vinculada (Dec. 207/67 artigos 19
a 21);
O poder hierárquico dos gestores públicos permite a distribuição de competências internas nos órgãos e
entidades públicos. É com fundamento no Poder Hierárquico que os gestores públicos coordenam e
supervisionam suas equipes numa estrutura hierarquizada.

Poder Disciplinar
a) Faculdade de punir internamente as infrações funcionais dos agentes públicos e demais pessoas ligadas à
disciplina dos órgãos e serviços da Administração;
b) Objetiva a necessidade do aperfeiçoamento do serviço público;
c) Difere o poder disciplinar da Administração Pública (faculdade punitiva interna da Adm.) do Poder
Punitivo do Estado (finalidade social/ repressão a crimes e contravenções penais);
d) Discricionariedade limitada (aplicar a penalidade que julgar cabível, oportuna e conveniente);
e) Superior hierárquico: poder-dever (falta disciplinar, prevaricação e condescendência criminosa);
f) Devido processo legal (apuração regular da falta disciplinar; Art. 5º, inciso LV, CF/ampla defesa e
contraditório): em não ocorrendo cabe mandado de segurança (lei 1.533/51);
g) Motivação da punição disciplinar (pressupostos de fato e de direito).
E o Poder Disciplinar é o poder de apurar infrações administrativas e de aplicar penalidades àqueles que
possuem algum vínculo específico com a Administração.

PILARES DA CORREGEDORIA:

O combate à corrupção ocorre por meio de três linhas de ação: a prevenção, a detecção e a punição.

1. PREVENÇÃO DOS ILICITOS: Na área de prevenção temos as iniciativas de transparência das


ações e gastos públicos, disseminação do conhecimento e apoio ao controle social, além da
articulação internacional buscando trazer ao nosso país as melhores práticas e a modernização da
nossa legislação.

2. DETECÇÃO DOS ILICITOS: Na área de detecção contamos com todo o sistema de controles da
Administração Pública. O controle feito pelos gestores públicos, pelas auditorias dos órgãos e pelas
instâncias oficiais de controle interno (a CGU) e controle externo (o TCU). Os cidadãos também têm
um papel fundamental, exercendo diretamente o controle social quando cobram resultados e
denunciam irregularidades e, da mesma maneira, o Ministério Público no seu papel de fiscalizar e
proteger os interesses da sociedade.

3. PUNIÇÃO DOS ILICITOS: E, na área de Punição, garante-se que as irregularidades identificadas


sejam investigadas e que os responsáveis recebam a punição adequada.

CORREGEDORIA: A corregedoria atua na punição dos responsáveis e também contribui para a prevenção
de irregularidades por meio da identificação de riscos nas atividades desempenhadas por servidores do
órgão, das irregularidades mais frequentes e das orientações aos agentes públicos sobre as infrações
administrativas e como evitá-las.

AUDITORIA E A OUVIDORIA: A Auditoria e a Ouvidoria do órgão são as principais parceiras da


Corregedoria na detecção de indícios de desvios de conduta. Quando a Corregedoria identifica que o desvio
é de natureza ética, e não cabe uma apuração correcional, ela encaminha o caso para a análise da Comissão
de Ética do órgão, que é outra importante parceira da correição.

PARCERIAS DA CORREGEDORIA

As parcerias da Corregedoria vão além do próprio órgão, como no caso do Ministério Público, da
Advocacia-Geral da União e do Poder Judiciário. Assim, quando um desvio apurado pela Corregedoria
também puder configurar uma infração civil ou penal, ele é encaminhado para o Ministério Público
investigar. Se a Corregedoria verificar que o agente público deve devolver recursos públicos desviados, ela
recorre à Advocacia-Geral da União, que vai processar o agente público na esfera civil em busca do
ressarcimento destes valores. De outro lado, a Corregedoria também pode solicitar ao juiz o
compartilhamento das provas de um processo conduzido na esfera civil ou penal, contribuindo para a
apuração do caso na esfera administrativa.

Estas parcerias, dentro e fora do órgão, fortalecem a Corregedoria e são essenciais para que ela cumpra seu
papel no combate à corrupção e na defesa da integridade pública.

OBJETIVO DE QUALQUER PROCEDIMENTO CORRECIONAL

O objetivo de qualquer procedimento correcional é determinar a realidade dos fatos, a Verdade Material. A
responsabilização e a punição de servidores, empregados ou empresas privadas não são o foco, mas uma
consequência do processo, quando se constata o cometimento de irregularidades. A finalidade do processo
será sempre descobrir o que de fato aconteceu e somente a partir daí, com base nas provas coletadas,
identificar os responsáveis e indicar as penalidades aplicáveis. Mas, também, pode acontecer de se concluir
pela ausência de irregularidades, nesse caso o processo será arquivado.

Nas apurações de infrações disciplinares, a atuação da corregedoria do órgão está restrita às ações e
omissões praticadas pelos servidores ou pelos empregados públicos no exercício de suas atribuições, ou que
tenham relação com as atribuições do cargo. Os funcionários terceirizados, os estagiários, os consultores de
programas internacionais, ou particulares que colaboram com o órgão, não respondem a procedimento
correcional pois não exercem cargo ou emprego público e seguem regime próprio de contratação.
Além disso, não há previsão legal para a responsabilização administrativa dos agentes políticos. Assim, os
detentores de cargo eletivo, ou mandato transitório, não respondem a procedimento correcional.

DIFERENTES PROCEDIMENTOS DE APURAÇÃO DE RESPONSABILIDADE DE AGENTES


PÚBLICOS

Indícios de irregularidade insuficientes para dar início a um processo contraditório. Procedimento


correcional investigativo.

Indícios suficientes de irregularidade para dar início a um processo contraditório. Procedimento correcional
punitivo.

Os processos investigativos são adotados quando há indícios de irregularidade, mas estes não são ainda
suficientes para iniciar um processo punitivo. Esses processos investigativos são em regra mais rápidos e
menos formais, pois o objetivo é apenas coletar provas e informações sobre o caso e, então, decidir se há
elementos para um processo punitivo. Os processos contraditórios ou punitivos são adotados quando há
indícios suficientes de irregularidade e seguem todos os ritos legais para permitir que o servidor, empregado
público ou empresa privada investigados possam apresentar sua defesa. São processos longos e formais pois,
ao final, podem levar à aplicação de penalidade.

RESPONSABILIZAÇÃO DE EMPRESAS

Com a edição da Lei nº 12.846/2013, conhecida como Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa, os
órgãos e entidades de todas as esferas e poderes passaram a poder responsabilizar também as empresas
privadas que cometem atos lesivos contra a Administração Pública. Antes disso, as empresas corruptoras
eram processadas e julgadas apenas na esfera judicial, nas ações civis de improbidade administrativa. Os
órgãos públicos só podiam aplicar sanções administrativas às empresas privadas em casos de infração à
legislação de licitações e contratos.

As sanções só podem ser aplicadas a partir de um processo administrativo que garanta a oportunidade de
defesa à empresa. Para isso, a Lei Anticorrupção criou o PAR – Processo Administrativo de
Responsabilização de Entes Privados. O Governo Federal foi além e regulamentou também a IP -
Investigação Preliminar.

Assim, se a corregedoria verifica, no juízo de admissibilidade, indícios suficientes de autoria e


materialidade, pode ser instaurado diretamente o PAR. Se os indícios estão presentes, mas ainda não são
suficientes para um processo punitivo, a corregedoria pode decidir pela instauração de uma IP, para
aprofundar as investigações e coletar todas as evidências necessárias para uma decisão pela instauração do
PAR ou pelo arquivamento do caso.

O Acordo de Leniência é um instrumento de investigação que permite a rápida obtenção de provas e a


identificação dos diversos atores envolvidos no ilícito. Trata-se de um acordo firmado com a empresa
investigada, em que a Administração concede isenção ou atenuação de sanções em troca de uma efetiva
colaboração da empresa com as investigações. No Poder Executivo Federal, a CGU tem competência
exclusiva para realizar os acordos.

A responsabilidade individual das pessoas envolvidas difere da responsabilidade da empresa. A Lei


Anticorrupção trata da responsabilidade da pessoa jurídica envolvida no ato de corrupção ou lesão contra a
Administração Pública. Segundo a Lei, a responsabilidade da empresa é objetiva, ou seja, não depende da
comprovação de sua culpa e a empresa poderá ser responsabilizada ainda quando o benefício gerado pelo ato
ilícito não tenha sido recebido concretamente.
A responsabilidade da empresa permanece, ainda que ela sofra alterações contratuais, incorporação, fusão,
transformação ou cisão societária, conforme dispõe o § 1º do art. 4º da Lei Anticorrupção.

SISTEMA DE CORREIÇÃO DO PODER EXECUTIVO FEDERAL (SISCOR)

Em 2005, por meio do Decreto n.º 5.840, o Governo Federal criou o Sistema de Correição do Poder
Executivo Federal (SISCOR), para que todos os seus órgãos e entidades atuassem de forma coordenada na
gestão das atividades de correição. Até então, o governo não dispunha de uma estrutura que garantisse que a
aplicação das normas correcionais fosse uniforme em todos os órgãos e entidades e evitasse a insegurança
dos servidores e empregados públicos quanto a possíveis injustiças cometidas. Separadas, as corregedorias
não tinham forças para promover grandes avanços e inovações na busca da máxima eficiência e efetividade
da atividade.

Desde a criação do SISCOR, as penalidades expulsivas aplicadas pelas corregedorias do Poder Executivo
Federal aumentaram em mais de 80%. A maioria delas relacionadas a atos de corrupção e também
alcançando, proporcionalmente, as Altas Autoridades. Com o SISCOR, diminuíram os erros na condução
dos processos, caindo em mais de 60% os casos em que os servidores expulsos foram reintegrados pelo
poder judiciário.

O SISCOR organizou as corregedorias em três níveis ou instâncias de atuação. No centro, temos a


Corregedoria-Geral da União, um órgão da CGU que é responsável por: coordenar o sistema, traçar
diretrizes e gerenciar as bases de dados que reúnem informações de todos os processos correcionais e das
sanções aplicadas, propor e editar normas para aperfeiçoar constantemente os instrumentos de investigação e
responsabilização e oferecer capacitação por meio de cursos e publicação de guias e manuais.
No segundo nível, estão as Corregedorias Setoriais, cuja função é supervisionar os diferentes Ministérios do
governo federal e todos os órgãos públicos e entidades a eles vinculados, acompanhar os processos que estão
sendo conduzidos e fornecer apoio especializado a cada órgão/entidade na criação e na gestão de suas
próprias unidades de corregedoria.

No terceiro nível, estão as corregedorias seccionais, responsável por apurar as denúncias e os indícios de
irregularidade, realizar o juízo de admissibilidade dos casos, supervisionar as comissões que conduzem os
processos e assessorar a autoridade do órgão que decidirá quanto à aplicação de penalidade aos envolvidos.
Todo este trabalho é registrado nas bases de dados do Poder Executivo Federal e alimenta o funcionamento
do SISCOR.

O SISCOR conta ainda com a Comissão de Coordenação de Correição (CCC), uma instância colegiada que
debate posições e entendimentos sobre as normas correcionais e tem a função de promover a integração e
uniformizar entendimentos no SISCOR, propondo enunciados que orientam as corregedorias para enfrentar
temas complexos, inovadores ou controversos.

De forma a proteger o SISCOR de pressões indevidas e fortalecer a atividade correcional, em situações


excepcionais, a Corregedoria-Geral e as Corregedorias Setoriais da CGU podem intervir nos processos que
estão sendo conduzidos nos demais órgãos e entidades e também instaurar, na própria CGU, processos
correcionais de alta relevância.

Já os casos que envolvem agentes públicos que ocupam os mais altos cargos do Poder Executivo Federal ou
aqueles em que empresas brasileiras cometem atos lesivos contra a Administração de outro país são
apurados exclusivamente pela CGU.

ATOS LESIVOS CONTRA ADM PÚBLICA

No exercício de suas funções, os agentes públicos devem observar também as normas específicas da sua
carreira e do órgão em que trabalham, como os códigos de conduta e estatutos específicos. No caso das
empresas estatais, o regime disciplinar dos empregados é definido nos normativos próprios de cada
instituição.

Em uma situação real, é importante lembrar que o contexto é fundamental na apuração do caso e na decisão
quanto à aplicação ou não de penalidade. Essa é a função do processo correcional: apurar a verdade real dos
fatos e subsidiar a autoridade julgadora na sua decisão quanto à responsabilização dos envolvidos.

Lei nº 12.846, de 1º de agosto de 2013, que prevê os atos lesivos praticados por pessoas jurídicas contra a
Administração.

TIPOS PROCEDIMENTOS CORRECIONAIS DA CORREGEDORIA

1. PAD ORDINÁRIO
2. PAD RITO SUMÁRIO

3. SINDICÂNCIA ACUSATÓRIA

4. SINDICÂNCIA INVESTIGATIVA

5. TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA


(https://www.gov.br/corregedorias/pt-br/assuntos/perguntas-frequentes/termo-de-
ajustamento-de-conduta-tac)

6. SINDICÂNCIA PATRIMONIAL (SINPA): não ocorre punição do servidor público, porém, pode


gerar outros procedimentos investigativos e punitivos.

Em resumo, de acordo com informações do site do Ministério da Justiça, a SINPA é: “Destinada a


apurar indícios de enriquecimento ilícito por parte de agente público federal, a partir da verificação
de incompatibilidade patrimonial com seus recursos e disponibilidades”.

7. TERMO CIRCUNSTANCIADO ADMINISTRATIVO (TCA): Usado nos casos de


desaparecimento ou perda de bem público de pequeno valor, também pode ser dispensado o processo
disciplinar adotando-se esse procedimento, realizado pela própria unidade onde ocorreu o fato, o
servidor responsável pode ressarcir ao erário o valor correspondente ao prejuízo causado, encerrando
com isso a apuração para fins correcionais.

PROCEDIMENTOS DE RESPONSABILIZAÇÃO DE PESSOAS JURÍDICAS:

a) Investigação Preliminar; e
b) Processo Administrativo de Responsabilização.

INFRAÇÕES DISCIPLINARES

Diferentemente do que ocorre com o cidadão, que pode fazer tudo aquilo que não seja proibido pela lei, o
princípio da legalidade orienta a Administração Pública, seus órgãos e agentes, a somente fazer aquilo que
esteja autorizado em lei.

A conduta do agente público deve estar de acordo com as normas legais e regulamentares, do contrário
caracterizará infração ao dever funcional previsto no artigo 116, inciso III, da Lei nº 8.112/90. A infração
ocorre com a inobservância não só de uma lei, mas, sim, de qualquer norma ou regulamento, tais como
decretos, regimentos, portarias, instruções, resoluções, ordens de serviço, decisões e interpretações
vinculantes dos órgãos ou unidades competentes.

ELEMENTOS PARA UMA DENÚNCIA BEM FUNDAMENTADA


1. Por escrito
A denúncia deve ser sempre reduzida a termo, ou seja, redigida em documento (impresso ou digital).

2. Fato objetivo
A denúncia deve tratar de um fato concreto e bem definido que possa ser verificado durante as
investigações.

3. Descrição detalhada (incluir provas e indícios)


Apresentar o maior número de informações sobre o fato, a exemplo da data e local da irregularidade,
número de processo, contrato, valores, testemunhas, onde podem ser obtidas as provas, etc. Sempre que
possível, anexar documento, imagem ou gravação que possa comprovar a denúncia.

4. Verificar se é mesmo infração correcional


A conduta deve estar associada ao exercício do cargo público e configurar uma suposta irregularidade
funcional.

5. Dados dos envolvidos (agentes públicos e empresas)


Mencionar os agentes públicos e empresas envolvidos na irregularidade. Informar dados como nome, cargo,
unidade e órgão de lotação dos agentes.

6. Se for agente político, enviar para o MP


Agentes políticos: prefeito(a), governador(a), presidente, vice-presidente da República, ministro(a) de
estado, secretário(a) de governo, deputado(a), senador(a).

A CGU e as Corregedorias dos órgãos não têm competência para a responsabilização de agentes políticos.
Nesses casos, a denúncia deve ser encaminhada ao Ministério Público.
Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017 - dispõe sobre participação, proteção e defesa dos direitos do
usuário dos serviços públicos da Administração Pública.

ATENÇÃO PRINCIPAL:

DAS OUVIDORIAS

Art. 13. As ouvidorias terão como atribuições precípuas, sem prejuízo de outras estabelecidas em
regulamento específico:

I - promover a participação do usuário na administração pública, em cooperação com outras entidades


de defesa do usuário;

II - acompanhar a prestação dos serviços, visando a garantir a sua efetividade;

III - propor aperfeiçoamentos na prestação dos serviços;

IV - auxiliar na prevenção e correção dos atos e procedimentos incompatíveis com os princípios


estabelecidos nesta Lei;
V - propor a adoção de medidas para a defesa dos direitos do usuário, em observância às
determinações desta Lei;

VI - receber, analisar e encaminhar às autoridades competentes as manifestações, acompanhando o


tratamento e a efetiva conclusão das manifestações de usuário perante órgão ou entidade a que se vincula; e

VII - promover a adoção de mediação e conciliação entre o usuário e o órgão ou a entidade pública,
sem prejuízo de outros órgãos competentes.

Art. 14. Com vistas à realização de seus objetivos, as ouvidorias deverão:

I - receber, analisar e responder, por meio de mecanismos proativos e reativos, as manifestações


encaminhadas por usuários de serviços públicos; e

II - elaborar, anualmente, relatório de gestão, que deverá consolidar as informações mencionadas no


inciso I, e, com base nelas, apontar falhas e sugerir melhorias na prestação de serviços públicos.

Art. 15. O relatório de gestão de que trata o inciso II do caput do art. 14 deverá indicar, ao menos:

I - o número de manifestações recebidas no ano anterior;

II - os motivos das manifestações;

III - a análise dos pontos recorrentes; e

IV - as providências adotadas pela administração pública nas soluções apresentadas.

Parágrafo único. O relatório de gestão será:

I - encaminhado à autoridade máxima do órgão a que pertence a unidade de ouvidoria; e

II - disponibilizado integralmente na internet.

Art. 16. A ouvidoria encaminhará a decisão administrativa final ao usuário, observado o prazo de
trinta dias, prorrogável de forma justificada uma única vez, por igual período.

Parágrafo único. Observado o prazo previsto no caput , a ouvidoria poderá solicitar informações e
esclarecimentos diretamente a agentes públicos do órgão ou entidade a que se vincula, e as solicitações
devem ser respondidas no prazo de vinte dias, prorrogável de forma justificada uma única vez, por igual
período.

Art. 17. Atos normativos específicos de cada Poder e esfera de Governo disporão sobre a organização
e o funcionamento de suas ouvidorias.

LISTA DE LINKS PARA OS SISTEMAS E CADASTROS CORRECIONAIS:

 CGU-PAD: Sistema de Gestão de Processos Disciplinares


 CGU-PJ: Sistema de Gestão de Procedimentos de Responsabilização de Entes Privados
 CEAF: Cadastro de Expulsões da Administração Federal
 CEIS: Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas
 CNEP: Cadastro Nacional de Empresas Punidas
 SIRCAD - Sistema Integrado de Registro do CEIS/CNEP
PROGRAMA DE FORTALECIMENTO DA ATIVIDADE CORRECIONAL NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA:

criado pela Controladoria-Geral da União (CGU) publicada na Portaria nº 1.864/2015 - Qualquer unidade
municipal ou estadual que exerça atividade correcional pode fazer parte do Programa de Fortalecimento de
Corregedorias. Basta entregar o Termo de Adesão, que encontra-se em Anexo à Portaria nº 1.000/2019, na
CGU Regional mais próxima de você. (https://www.gov.br/corregedorias/pt-br/acoes-e-programas/procor-
rede)

LISTA DE LINKS PARA OS INSTRUMENTOS DE TRANSPARÊNCIA ATIVA DO GOVERNO


FEDERAL:

 Portal Brasileiro de Dados Abertos


 Relatório de Punições Expulsivas
 Painel Municípios

LEGISLAÇÃO ACERCA DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO:

Base Normativa:

ENUNCIADO CGU N.º 14 DE 31 DE MAIO DE 2016 (Publicado no DOU de 01/06/2016, seção I,


página 48)

RESTRIÇÃO DE ACESSO DOS PROCEDIMENTOS DISCIPLINARES

Os procedimentos disciplinares têm acesso restrito para terceiros até o julgamento, nos termos do art. 7º,
parágrafo 3º, da Lei nº 12.527/2011, regulamentado pelo art. 20, caput, do Decreto nº 7.724/2012, sem
prejuízo das demais hipóteses legais sobre informações sigilosas.

Lei de Acesso à Informação (Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011)

Art. 7º § 3º O direito de acesso aos documentos ou às informações neles contidas utilizados como
fundamento da tomada de decisão e do ato administrativo será assegurado com a edição do ato decisório
respectivo.

Regulamentação da Lei de Acesso à Informação (Decreto nº 7.724, 16 de maio de 2012)

Art. 20. O acesso a documento preparatório ou informação nele contida, utilizados como fundamento de
tomada de decisão ou de ato administrativo, será assegurado a partir da edição do ato ou decisão.

Parágrafo único. O Ministério da Fazenda e o Banco Central do Brasil classificarão os documentos que
embasarem decisões de política econômica, tais como fiscal, tributária, monetária e regulatória.

ADMISSIBILIDADE CORRECIONAL (JUIZO DE ADMISSIBILIDADE)

EXAME INICIAL + PROCEDIMENTO INVESTIGATÓRIO PRELIMINAR


DEFINIÇÃO DE ADMISSIBILIDADE: Trabalho realizado pela ADM pública com vistas a coletar
elementos que conedam justa causa a uma eventual persecução disciplinar sancionatória.

Durante a admissibilidade busca-se reunir e indicar os elementos suficientes de autoria e de materialidade


da suposta infração legal cometida por servidor/empregado público ou ente privado.

Contudo, fica dispensada a coleta de novos elementos caso a denúncia/representação já contenha os


elementos de informação suficientes a justificar a instauração de um processo acusatório, ou a propositura de
um acordo ao servidor/empregado, celebrado mediante Termo de Ajustamento de Conduta - TAC, ou, ainda,
o arquivamento motivado da comunicação inepta (sem conteúdo mínimo que permita a continuidade da
apuração) ou não sujeita à atuação correcional.

A admissibilidade, enquanto atividade imprescindível para a análise, instrução e decisão sobre a


comunicação de irregularidade em âmbito correcional vai ao encontro do dever de apurar imposto à
Administração Pública, com prudência, eficiência e economicidade, observando-se as disposições
legais e regulamentares vigentes, tais como as previsões da Lei nº 13.869, de 5 de setembro de 2019, que
dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade, dentre os quais a instauração de procedimentos punitivos
abusivos (sem elementos de prova de autoria e de materialidade), bem como a Instrução Normativa CGU nº
14, de 14 de novembro de 2018, que regulamenta a atividade correcional no Sistema de Correição do Poder
Executivo Federal - SisCor, e a Instrução Normativa CGU nº 4, de 21 de fevereiro de 2020, que traz as
orientações para a celebração do TAC no âmbito dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal.

 Ao receber uma comunicação de possível ilícito funcional ou ato lesivo cometido por agente público ou
pessoa jurídica contra a Administração Pública, cabe à unidade correcional realizar uma análise inicial,
com a finalidade de verificar a plausibilidade da irregularidade noticiada.

Em caso positivo, a coleta de elementos de informação ou evidências complementares, relativos à


materialidade e à autoria da suposta infração, poderá ser feita de ofício pela própria unidade correcional ou
por meio de procedimentos investigativos, tais como a Investigação Preliminar Sumária (IPS), a Sindicância
Investigativa (SINVE), a Sindicância Patrimonial (SINPA) e a Investigação Preliminar (IP), regulamentados
nas Instruções Normativas CGU nº 14, de 14 de novembro de 2018, e nº 8, de 19 de março de 2020.

Por se tratar de procedimentos inquisitoriais ou meramente investigativos, não poderão resultar na


aplicação de penalidade, e, consequentemente, não se faz necessária a observância aos princípios do
contraditório e da ampla defesa.

Os elementos de informação reunidos em sede de admissibilidade podem ser aproveitados pela eventual
comissão de processo acusatório decorrente, desde que submetidos ao contraditório e à ampla defesa do
acusado, tornando-se provas acerca da autoria e materialidade.

 
3.Quais seriam os elementos mínimos para a unidade correcional do órgão ou entidade admitir uma
denúncia?
O mínimo para dar início a ações de natureza correcional é o recebimento da comunicação da ocorrência de
uma irregularidade (materialidade) no órgão/entidade do Poder Executivo Federal, inclusive anônima, desde
que possibilite o aprofundamento da investigação.

 
4.Qual é o contexto que pode levar ao arquivamento da denúncia sem a instauração de procedimento
investigativo?
Quando a denúncia ou representação não contiver os indícios mínimos que possibilitem sua apuração (cf.
Art. 10, §2º da IN CGU nº 14/2018), quando o fato narrado não configurar infração disciplinar (cf. Art. 144,
parágrafo único, da Lei nº 8.112/90), ou, ainda, quando ocorrer a prescrição antes da instauração do
procedimento correcional acusatório (cf. Art. 10, §3º da IN CGU nº 14/2018).

Matriz de Responsabilização

FATOR- AGENTE ELEMENTO DE ELEMENTOS POSSÍVEL


CONDUTA INFORMAÇÃO FALTANTES TIPIFICAÇÃO
Descrição do Pessoa vinculada Descrição e Indicação de Tipologia da
evento a irregularidade. localização de provas e meios de conduta
supostamente informações que consultas praticada. Não é
irregular. (Identificação apontem para a possíveis. antecipação de
completa do ocorrência do fato culpa.
(Infração praticada agente) e sua vinculação (provas vinculadas
no exercício de Ver a quem se ao agente. ao agente a (Ajuda a definir
suas atribuições, ou aplica o direito comprovar). qual será o meio
que tenha relação disciplinar.* (Provas vinculadas usado em
com as atribuições ao agente e a sequência).
do cargo em que se suposta conduta
encontre investido) ilicita).

Essa matriz deve ser preenchida antes da instauração do PAD ou outro processo de responsabilização, pois
auxilia no trabalho do juízo de admissibilidade.

A Matriz de Responsabilização é um documento que irá refletir os principais aspectos abordados na análise
realizada conforme o atual modelo de admissibilidade correcional.

A QUEM SE APLICA O DIREITO DISCIPLINAR*

A abrangência subjetiva dos procedimentos e processos disciplinares restringe-se à apuração em desfavor de


servidor público estável ou em estágio probatório em cargo efetivo, ocupantes de cargo em comissão e
de função comissionada e empregados públicos.

Assim, agentes políticos, militares da ativa, particulares em colaboração com o Poder Público, empregados
terceirizados, estagiários e consultores de Programas internacionais não irão figurar em processos
disciplinares como investigados ou acusados.

CONCLUSÃO DA ADMISSIBILIDADE

PRESCRIÇÃO:

SUJESTÃO:

DIREITO LEGÍTIMO DO INVESTIGADO TER VISTA DOS AUTOS

É direito legítimo do investigado ter vista dos autos, ter ciência da tramitação do processo investigativo,
obter certidões e cópias de documentos nele contidos, e conhecer as decisões proferidas, ressalvados os
dados e documentos relacionados exclusivamente a terceiros.  
Orienta-se às comissões a não obstruir o acesso do investigado, ou de seu advogado (cf. art. 7º, § 10, da Lei
nº 8.906/1994), desde que apresente a procuração, mesmo em procedimentos inquisitivos, ao acervo
probatório já coligido sob o argumento de que essas informações constituiriam documento preparatório para
a instauração de processo apuratório de responsabilidade (art. 7, § 3º, da Lei nº 12.527/2011). Ocorre que a
Lei nº 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal direta e
indireta, estabeleceu direitos ao legítimo interessado, tais como ter vista dos autos, ter ciência da tramitação
dos processos administrativos em que tenha tal condição, obter certidões e cópias de documentos nele
contidos, e conhecer as decisões proferidas, ressalvados os dados e documentos de terceiros protegidos por
sigilo ou pelo direito à privacidade, à honra e à imagem.  

PROCEDIMENTOS INVESTIGATIVOS

Nos termos do art. 2º da Instrução Normativa CGU nº 8, de 19 de março de 2020, a Investigação Preliminar
Sumária (IPS) é um procedimento de caráter preparatório, informal e de acesso restrito que tem por objetivo
a coleta de elementos de informação para a análise acerca da existência dos elementos de autoria e
materialidade relevantes para a instauração de processo administrativo disciplinar acusatório, processo
administrativo sancionador ou processo administrativo de responsabilização.

Dessa forma, no âmbito da IPS serão apurados os supostos atos lesivos cometidos por pessoa jurídica contra
a Administração Pública e as possíveis infrações disciplinares de servidores e empregados públicos.

Por se tratar de caráter preparatório, seu objetivo é possibilitar a emissão de juízo de valor sobre o cabimento
da instauração do processo acusatório.

É um procedimento cuja instauração poderá ocorrer mediante simples despacho da autoridade competente,
sendo dispensada a publicação em boletim interno ou no Diário Oficial da União.

Seu acesso é restrito até a decisão de arquivamento da comunicação de irregularidade ou o julgamento do


processo acusatório decorrente, nos termos do § 3º do art. 7º da Lei nº 12.527/2011.

PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO
CARACTERÍSTICAS INVESTIGATIVO PUNITIVO
PREVISÃO JURÍDICA Instruções normativas Lei que institui a carreira, Lei
Nº 12.846
CONTRADITÓRIO E AMPLA Desneessário Obrigatório
DEFESA
APLICAÇÃO DA PENA Impossível Possível
RITO Não definido Definido

ATENÇÃO: Lei nº 13.869


Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa,
em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração
administrativa: (Vide ADIN 6234) (Vide ADIN 6240)
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária,
devidamente justificada.

Art. 30.  Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa
fundamentada ou contra quem sabe inocente:        (Promulgação partes vetadas) 

Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

Art. 31.  Estender injustificadamente a investigação, procrastinando-a em prejuízo do investigado ou


fiscalizado:          (Vide ADIN 6234)       (Vide ADIN 6240)

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

Parágrafo único.  Incorre na mesma pena quem, inexistindo prazo para execução ou conclusão de
procedimento, o estende de forma imotivada, procrastinando-o em prejuízo do investigado ou do fiscalizado.

Art. 32.  Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar,
ao termo circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal,
civil ou administrativa, assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a
diligências em curso, ou que indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja
imprescindível:        (Promulgação partes vetadas)

Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.

LEI DE ABUSO DE AUTORIDADE E PROCESSOS ADMINISTRATIVOS

PROVAS NO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR E SINDICÂNCIA ACUSATÓRIA

O processo administrativo disciplinar busca:

 Esclarecer os fatos inicialmente caracterizados como infrações disciplinares;


 Inibir o descumprimento dos deveres e das obrigações a que se submetem os servidores públicos
federais; e
 Garantir aos servidores oportunidade para apresentarem justificativas antes da aplicação de
penalidade disciplinar.

Sobre o assunto, o Departamento Administrativo do Serviço Público (Dasp)1 elaborou a Formulação 215:

O inquérito administrativo não visa apenas a apurar infrações, mas também oferecer oportunidade de defesa.

A Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestou sobre o assunto por meio do Parecer GQ 98:

(...) à investigação [disciplinar] se procede com o objetivo exclusivo de precisar a verdade dos fatos, sem a
preocupação de incriminar ou exculpar indevidamente o servidor".
O rito sumário apenas é utilizado para apuração de três infrações disciplinares específicas:

a. acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas;


b. abandono de cargo e;
c. inassiduidade habitual.

Todas as outras infrações deverão ser apuradas por PAD ou por Sindicância, ambos seguindo o rito
ordinário. Esses dois procedimentos se diferenciam apenas em relação ao número de membros da comissão
e ao prazo para conclusão da apuração.

Podem participar na condição de acusados ou sindicados em processos punitivos todos os servidores


públicos que estão submetidos à Lei n.º 8.112/90, conforme consta dos artigos 2º e 3º.
Atos e omissões que podem ser apurados por processos punitivos (Ver estatuto especifico)

Para que as condutas previstas (nos ESTATUTOS, Ex. 8112) sejam consideradas como infrações
disciplinares é preciso que tenham sido cometidas com dolo ou culpa por parte do servidor.

Cabe à comissão avaliar, ao longo do processo e, em especial, no Relatório Final, o ânimo subjetivo do
servidor, ou seja, a intencionalidade da sua conduta.

Condutas que podem caracterizar, simultaneamente, crimes e infrações disciplinares

Há condutas que podem caracterizar, simultaneamente, crimes e infrações disciplinares:


Se um mesmo fato configurar crime e irregularidade disciplinar, a penalidade disciplinar deverá ser apurada
via Processo Administrativo Disciplinar ou Sindicância Punitiva, e o crime será apurado via Ação Judicial.
Se for o caso, o servidor além de sofrer a pena aplicada pela administração ainda sofrerá a medida apontada
pelo juiz como prisão ou outra pena aplicável.

Apuração de infração disciplinar, julgamento e aplicação de penalidade disciplinar ao servidor cedido

Regra geral, a infração disciplinar deve ser apurada pelo mesmo órgão na qual foi realizada. Dessa forma,
infração disciplinar realizada por servidor cedido deve ser apurada por comissão constituída por autoridade
do órgão cessionário e, não, por autoridade do órgão cedente. Tal regra tem apoio no artigo 143 da Lei n.º
8.112/90, o qual dispõe que a autoridade que tiver conhecimento do fato deve determinar sua apuração.

Já o julgamento e a aplicação de penalidade disciplinar devem ser realizados pela autoridade do órgão
cedente, uma vez que o servidor está vinculado hierarquicamente a este, nos termos da
Nota-Decor/CGU/AGU nº 16/2008-NMS.

Princípios orientadores do processo punitivo

Verdade Material
Pode ser entendido como uma espécie de compromisso da comissão com a ampla e aprofundada apuração da
irregularidade objeto do processo punitivo. Significa dizer que a comissão não pode apurar apenas uma parte
da irregularidade, nem apurá-la superficialmente, devendo trazer para os autos todas as provas relevantes
para o esclarecimento dos fatos, sejam favoráveis ou contrárias à aplicação de penalidade disciplinar. Dessa
forma, diferentemente de processos judiciais com interesse meramente privado - como ressarcimento em
acidentes de veículos particulares - em que cada parte alega o que quiser e o Estado não se preocupa se as
alegações são suficientes ou não para representar a verdade, no processo administrativo disciplinar, o
interesse público justifica a ampla produção de provas pela comissão, não importando se elas irão contribuir
para a absolvição ou condenação, e sim importando se elas trazem a verdade para dentro do processo.
Assim, a aplicação do princípio da verdade material ao processo punitivo obriga a comissão a fazer juntar
aos autos provas de que tenha tido conhecimento ainda que após concluída a fase instrutória, mesmo que
contrária à aplicação de penalidade disciplinar.
AMPLA DEFESA
Realiza-se, no processo punitivo, por meio de atos que oportunizem ao acusado saber da existência do
processo e nele atuar, dentre os quais destacam-se:

 Direito de ser notificado da existência do processo;


 Direito de ter acesso aos autos;
 Direito de participar efetivamente da construção da prova e de que as mesmas sejam consideradas
pela comissão e pelo julgador;
 Direito de se manifestar antes da produção do Relatório Final;
 Direito a julgamento fundamentado e motivado; e
 Direito de recorrer do julgamento.

Observar o princípio da ampla defesa significa, também, presumir inocente o servidor até a emissão do
despacho de julgamento;

CONTRADITÓRIO
Por sua vez, orienta a comissão a dar oportunidade ao acusado para produzir e se opor às provas produzidas
pela comissão, isto é, apresentar contraprova. Por exemplo, na produção de prova pericial, o contraditório
ocorre antes de sua produção, uma vez que o acusado ou sindicado pode apresentar quesitos; ocorre,
também, após sua produção, momento em que o acusado ou sindicado pode se contrapor ao laudo pericial.

O acesso aos autos é franqueado ao acusado ou sindicado e ao seu advogado, a qualquer momento,
preferencialmente mediante agendamento prévio com a comissão. À medida que provas importantes forem
produzidas (laudos periciais, por exemplo), a comissão deve encaminhar cópia dos documentos ao acusado
ou sindicado, independentemente de o mesmo as solicitar.

Caso se trate de provas documentais, não é necessário dar conhecimento ao acusado assim que um
documento for juntado aos autos; pode ser encaminhada cópia dos documentos mais relevantes ou
encaminhá-las em blocos, à medida que a comissão julgue conveniente dar conhecimento ao acusado.

De qualquer modo, o acusado ou sindicado tem direito a uma cópia integral dos autos, a qual pode ser
fornecida em papel ou em mídia eletrônica (CD ou DVD), na qual o processo, após escaneamento, é
gravado. Não é obrigatório dar uma cópia ao advogado quando o acusado ou sindicado já a detiver, e vice-
versa.

Tratando-se de prova testemunhal, a comissão deve notificar o acusado da realização da oitiva, com 3 dias
úteis de antecedência, conforme previsto no § 2º do artigo 26 da Lei n.º 9.784/99, a fim de que possa dela
participar, acompanhado ou não de advogado.

Durante a realização da oitiva, deve ser permitido ao acusado fazer perguntas à testemunha por intermédio
do presidente da comissão, bem como alegar eventual impedimento ou suspeição.

Observar o contraditório e a ampla defesa também implica produzir as provas que o acusado sugerir,
indeferindo-as somente se não puderem contribuir para o esclarecimento dos fatos que estiverem sendo
apurados.

Art. 151. O PROCESSO DISCIPLINAR SE DESENVOLVE NAS SEGUINTES FASES: 

I - instauração, com a publicação do ato que constituir a comissão;


II - inquérito administrativo, que compreende instrução, defesa e relatório;

III - julgamento.

É na instrução que são produzidas as provas em processo disciplinar.

Ao final dessa subfase ocorrerá o indiciamento do acusado ou sindicado, caso a comissão entenda que
reuniu provas de materialidade e de autoria de infração disciplinar.

A comissão comunica-se com o acusado ou sindicado com diferentes finalidades, as quais recebem
diferentes denominações:

 Notificação prévia: comunica que o servidor é acusado em processo punitivo;


 Notificação: convoca acusado e advogado para participar de algum ato processual;
 Intimação: convoca testemunha para depoimento ou acusado para interrogatório; ou
 Citação: informa o acusado da abertura de prazo para apresentação de Defesa.

A intimação também é o termo utilizado para convocar terceiros a participarem do processo, sejam ou não
servidores públicos federais.

PROVA DOCUMENTAL

Normalmente os atos administrativos se materializam como documentos que vão compor um processo
administrativo (não necessariamente disciplinar) e que, no futuro, caso haja indícios de ocorrência de uma
irregularidade, podem ser juntados aos autos dos processos disciplinares.

Todo e qualquer elemento que se materialize num documento, público ou privado, que seja capaz de
representar um fato é uma PROVA DOCUMENTAL.

São provas documentais: as cópias de processos e os processos originais anexados, os escritos, os impressos,
as anotações, as certidões, as cópias de jornais e periódicos, as notícias veiculadas na web (e impressas), as
folhas de frequência, as fotografias, as microfilmagens, os extratos de bancos de dados, as cartas, os livros
comerciais, dentre outros inúmeros exemplos.

Via de regra, a prova documental não foi produzida PARA o processo; ela já existe (em algum outro
processo, em arquivos de jornais, por exemplo) e apenas foi trazida para o processo disciplinar, na sua forma
original ou por cópia. É o que se convencionou denominar "prova pré-constituída". As exceções são as
certidões produzidas no âmbito do processo punitivo, que são constituídas dentro do próprio processo, como
a notificação, por exemplo.

Documentos originais e documentos em cópias


Para os processos disciplinares, a cópia e o original são equivalentes em termos de valor no exame do
conjunto probatório, a não ser nos casos em que a dúvida é exatamente sobre ser ou não autêntico o
documento. Assim, não é obrigatória a juntada dos documentos originais aos autos. Ao contrário, o mais
comum tem sido a juntada de cópias.

Durante algum tempo tal questão suscitou dúvida, ocorre que, atualmente, a jurisprudência tem entendido
não ser necessária a referida autenticação. É o que se verifica na leitura da ementa abaixo transcrita,
proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ):

(...) 4. É desnecessária a autenticação das cópias que formam os autos do agravo de


instrumento porquanto se presumem como verdadeiras, cabendo à parte contrária
arguir e demonstrar a falsidade.

Precedentes.
5. Recurso especial provido.

(REsp 1184975/ES, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA,


julgado em 02/12/2010, DJe 13/12/2010).

A Questão do Email
Durante muito tempo se discutiu se o e-mail poderia ser considerado uma prova documental e como se daria
sua juntada aos autos.

Até que o STJ reconheceu o e-mail como documento (MS 15.517/DF, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,
Primeira Seção, julgado em 09/02/2011, DJe 18/02/2011 e REsp 1068904/RS, Rel. Ministro Massami
Uyeda, Terceira Turma, julgado em 07/12/2010, DJe 30/03/2011), afirmando, inclusive, tratar-se de
documento hábil a configurar a prova pré-constituída necessária para o Mandado de Segurança.

OBS: Os depoimentos (provas orais) viram termos; as pericias (provas periciais) geram laudos. Entretanto,
os exemplos citados não são provas documentais em sua essência, uma vez que foram produzidos para o
processo, e não apenas a ele juntados.

Prazo para a Juntada de Documentos


A comissão e a defesa podem juntar documentos a QUALQUER TEMPO do processo disciplinar.

Parâmetros para avaliação da necessidade de novo interrogatório após a juntada de documento


A situação varia de acordo com os elementos constantes do novo documento ou da produção da nova prova.
Caso a comissão já tenha realizado o interrogatório e decida por juntar um novo documento após, deve
avaliar se este traz elementos favoráveis ou desfavoráveis para a defesa. Isto porque, a jurisprudência do STJ
tem se firmado no sentido de que não há nulidade no PAD se não houver prejuízo à defesa (princípio "pas
de nullité sang grief"). Nesse sentido:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO


DE SEGURANÇA. PROCESSO ADMINISTRATIVO-DISCIPLINAR. VIOLAÇÃO DO
CONTRADITÓRIO E DA AMPLA DEFESA NÃO VERIFICADA. AUSÊNCIA DE
PROVA PRÉ-CONSTITUÍDA.

1. Trata-se de demissão da recorrente, após regular processo administrativo, em função


de afirmado desvio de numerários na Contadoria da Comarca de Fundão por meio de
fraudes que acarretaram o não-recolhimento aos cofres públicos de importâncias
derivadas do ITCD.
2. O processo administrativo disciplinar observou o contraditório e a ampla defesa. A
parte foi intimada dos atos processuais e teve oportunidade de se manifestar sobre a
fundamentação que conduziu à sua demissão.
3. Inexiste nulidade sem prejuízo. Se é assim no processo penal, com maior razão no
âmbito administrativo. A recorrente teve acesso aos autos do processo administrativo
disciplinar, amplo conhecimento dos fatos investigados, produziu as provas
pertinentes e ofereceu defesa escrita, o que afasta qualquer alegação relativa à ofensa
ao devido processo legal e à ampla defesa. Eventual nulidade no processo
administrativo exige a respectiva comprovação do prejuízo sofrido, hipótese não
configurada na espécie, sendo, pois, aplicável o princípio pas de nullité sans grief.
4. Nos termos da Súmula Vinculante 5/STF, a falta de defesa técnica por advogado no
processo administrativo não ofende a Constituição Federal, desde que seja concedida a
oportunidade de ser efetivado o contraditório e a ampla defesa, como no caso.
5. Ausência de argumentação que desabone os atos da Comissão Processante. Não houve
indício de fato que conduzisse a decisão imparcial ou atécnica tomada contra a
recorrente.
6. O Termo de Indiciamento e o Relatório Final da Comissão Processante foram
suficientemente fundamentados, com base nas provas produzidas nos autos.
7. Recurso Ordinário não provido.

(RMS 32.849/ES, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em


26/04/2011, DJe 20/05/2011).

Desta forma, a avaliação da juntada do documento após o interrogatório segue o mesmo raciocínio: se for
potencialmente prejudicial, deve ser refeito o interrogatório, vez que este deveria ser o último ato da defesa.
Se for benéfico, não necessariamente se imporá seu refazimento. Logo, 03 situações poderiam se
materializar:

Documento com elementos desfavoráveis à defesa:


Se for juntado um novo documento (ou produzida uma nova prova) após já ter sido ouvido o acusado,
DEVE ser feito um NOVO interrogatório quando o documento juntado contiver elementos que auxiliem na
comprovação da responsabilidade do servidor ou agravem sua conduta.

Documento com elementos favoráveis à defesa:


Quando o documento só trouxer informações que possam afastar a responsabilidade do acusado (por
exemplo, cópia da decisão judicial que absolveu o acusado pelo mesmo fato) ou atenuar sua conduta (cópia
de um prêmio recebido por bons préstimos realizados junto à Administração) o documento DEVE ser
considerado pela comissão na formação de seu juízo de valor (isto é, por ocasião  da indiciação aquele
elemento deve ser expressamente avaliado), porém não será necessário um novo interrogatório. A comissão
deve efetivamente avaliar o documento trazido após o interrogatório. Significa dizer que caso concorde com
o ali descrito deve verificar qual o efeito isto terá para a indiciação:

a) se afastará por completo a conduta irregular que seria atribuída ao acusado, hipótese em que deve não
proceder a indiciação, mas fazer um relatório final e solicitar o arquivamento dos autos;

b) se afastará em parte a conduta irregular que seria atribuída ao acusado, devendo então proceder a
indiciação e expressamente avaliar qual será a irregularidade atribuída após aquela circunstância trazida pelo
documento (o documento pode, por exemplo, deixar claro que o servidor incorreu em erro, o que, em regra,
lhe retiraria do rol das irregularidades puníveis com demissão).

Documento com elementos favoráveis e desfavoráveis ao acusado:


Caso o documento traga elementos em ambos os sentidos, recomenda-se colher um NOVO interrogatório,
visando privilegiar a ampla defesa e o contraditório.

Na dúvida: perca tempo, mas não perca o processo!

Se o documento trouxer elementos que gerem dúvida, se positivos ou negativos para o(s) acusado(s), repita
o(s) interrogatório(s)! Você perderá tempo (mais ou menos meio período por acusado), mas seu processo
não será anulado por ofensa aos princípios da ampla defesa e do contraditório.

Efetivação do contraditório da prova documental


Como já vimos, o contraditório e a ampla defesa são os princípios mais importantes dos processos
disciplinares punitivos - PAD e Sindicância Punitiva. A sua inobservância pode gerar a nulidade no
processo. Estão intimamente ligados à produção da prova, visto que é a prova que refletirá a forma como o
fato tido como irregular foi praticado e a quem se pode atribuir a responsabilidade por isso.

O contraditório é o conhecimento que se dá à defesa (aqui compreendida tanto na figura do próprio acusado
como do seu procurador regularmente constituído) sobre a prova que foi produzida, para que ele possa livre
e amplamente exercitar seu direito de se defender, produzindo a contraprova ao que lhe foi apresentado. Por
isso a dificuldade em se falar em ampla defesa em um processo que não tenha possibilitado o contraditório,
estando ambos os princípios intrinsecamente unidos.

A comissão deve, a todo o momento, se preocupar em levar ao conhecimento do acusado o que está sendo
produzido no processo. 

OBS: O contraditório NÃO precisa ser efetivado sequencialmente à juntada dos documentos. A comissão
pode aguardar a juntada de um número maior de documentos para cientificar a defesa de tudo que foi
juntado, em uma única notificação. É o que se convencionou denominar “notificação em bloco”. Mas deve
fazê-lo antes da indicação. Caso a defesa tenha vista do processo, não é necessário a notificação dos
documentos juntados antes da vista, vez que poderá examiná-los no local.
Questões concretas do contraditório da prova documental

Documento juntado pela defesa:


A defesa não será notificada dos documentos por si mesmo juntados, por já ter conhecimento prévio. Mas a
defesa de um acusado deverá ser notificada dos documentos juntados por outros acusados.

Defesa que acompanha o processo disciplinar rotineiramente:


Se a defesa (aqui considerada o acusado e/ou seu procurador) estiver em constante acompanhamento do
processo, tendo vista dos autos, solicitando cópias etc., poderá ser dispensada a notificação. A vista do
processo pela defesa SUPRE a notificação para dar ciência da juntada de documentos.

Entrega de cópia do processo em meio digital:


Equivale a entrega de cópias xerográficas do processo. Muitas comissões têm adotado essa forma, por
questões de economicidade e praticidade. O processo digitalizado é encaminhado para a defesa por um
ofício da comissão com CD ou DVD anexado, possibilitando-lhe acesso pleno aos autos. As atualizações
podem ser encaminhadas em bloco e novamente encaminhadas via ofício com CD ou DVD.

A comissão também pode enviar as atualizações por e-mail. Todavia, deve haver uma indicação expressa da
defesa para que o faça, consignando o endereço eletrônico através do qual deseja receber as atualizações do
processo.

Pagamento das Cópias Solicitadas pela Defesa


Não há regulamentação específica e geral que determine o pagamento das cópias solicitadas pela defesa.
Cada órgão disciplina internamente se haverá a cobrança e como a mesma se dará (quanto cada cópia
custará). Caso não haja regramento na sua unidade determinando a cobrança, a praxe tem sido não cobrar a
primeira cópia dos documentos individualmente considerados.

Assim, se a defesa solicitar cópia de todo o processo, essa primeira não será cobrada; caso solicite uma
segunda vez cópia de todo o processo (por exemplo, para entregar a seu advogado), haverá a cobrança via
GRU, de acordo com o valor estabelecido para cópias de outros setores do órgão (por exemplo, o valor
cobrado pelo setor de recursos humanos ou pela área de licitações).

Por cautela, a comissão apenas retirará as cópias após a apresentação da GRU.

Se não houver regramento determinando a cobrança, é a segunda cópia dos mesmos documentos
encaminhados anteriormente que poderá ser cobrada. Se a defesa estiver solicitando cópia de documentos
posteriores aos que lhe foram entregues inicialmente, também é dispensado o pagamento.
Documentos sigilosos nos procedimentos disciplinares.
O artigo 150, caput, da Lei nº 8.112/90, preconiza que "A COMISSÃO
EXERCERÁ SUAS ATIVIDADES COM INDEPENDÊNCIA E
IMPARCIALIDADE, ASSEGURADO O SIGILO NECESSÁRIO À
ELUCIDAÇÃO DO FATO OU EXIGIDO PELO INTERESSE DA
ADMINISTRAÇÃO". O parágrafo único do mesmo dispositivo assevera ainda
que "AS REUNIÕES E AS AUDIÊNCIAS DAS COMISSÕES TERÃO
CARÁTER RESERVADO".

Os termos do citado dispositivo, tal sigilo justifica-se para não atrapalhar a investigação do fato e no
interesse da Administração.

O interesse da Administração ocorre:

a. Pela própria apuração da irregularidade em si (o que se confundiria com a primeira parte do artigo
150 citado), pois a quebra do sigilo pode dificultar ou contaminar a colheita da prova, vez que o
acusado poderia atuar para adulterá-la ou extraviá-la. Essa contaminação não anula a prova colhida,
mas pode torná-la menos confiável;
b. Para não macular a honra de um servidor cuja conduta ainda está em apuração.

O sigilo aqui tratado diz respeito a não publicidade para terceiros, não interessados no PAD. Para o acusado
o sigilo não existe, via de regra, vez que o direito à defesa lhe deve ser assegurado de forma ampla.
O sigilo fiscal e o sigilo bancário, a princípio, são invioláveis, mas podem ser compartilhados com a
comissão de PAD se atendidos os requisitos legais, previstos, respectivamente nas Leis Complementares
nº 104  Art. 198 e Art. 3 nº 105, ambas de 10 de janeiro de 2001.
Assim, a comissão pode juntar aos autos documentos que têm uma natureza sigilosa diretamente
especificada em lei. Se houver apenas um acusado no PAD, tal não gerará maiores problemas, vez que este
terá amplo acesso a toda a prova produzida no processo. O problema nasce quando há mais de um acusado
no PAD e são juntados documentos sigilosos relativos a cada um deles. Neste caso, a comissão deve ter o
cuidado de juntar os documentos sigilosos em anexos individualizados (um anexo para cada acusado com
dados sigilosos). Quando der vista ou tirar cópia dos autos para entregar à defesa, a comissão deve ter o
cuidado de fazê-lo apenas com os dados do solicitante.
Anote-se que, após o julgamento nasce o interesse da sociedade em verificar se a apuração ocorreu de forma
regular, quando então o PAD deixa de ser sigiloso. Todavia, as informações constantes dos anexos
continuam sigilosas, pelo que deverão ser destacadas dos autos principais e arquivadas.
PRESTE ATENÇÃO:

 Junte apenas os documentos necessários ao processo.


 Lembre-se de dar o contraditório dos documentos caso a defesa não esteja acompanhando (com
vistas) regularmente o processo.
 A notificação para efetivar o contraditório pode ser em bloco.
 Cuidado no trato dos documentos sigilosos: caso haja mais de um acusado no seu processo, separe as
informações sigilosas em apensos individuais (uma para cada acusado). Ao dar vista, faça-o de forma
a que cada acusado tenha acesso a todo o processo principal acrescido do seu anexo individual,
menos as informações sigilosas dos demais.
 Documentos juntados após o interrogatório não impõem o refazimento deste, mas pode ser uma
medida necessária.
Conceito e características da prova testemunhal
Quando um determinado fato ocorre, além das pessoas envolvidas em sua prática, podem estar na mesma
localidade outros indivíduos que acompanham, na totalidade ou parcialmente, a "ação". São normalmente
chamadas de testemunha do evento ou fato.

Assim, podemos desde logo notar duas coisas: 

 Primeiro, a prova testemunhal não é trazer uma pessoa para um processo, mas trazer formalmente o
relato sobre o que essa pessoa presenciou para um processo.
 Segundo, que o relato consiste em produzir no processo a descrição do que foi visto e não uma
manifestação de opinião.

O sujeito que atuará como testemunha será sempre alguém "estranho" aos agentes do processo, ou seja, não
será membro da comissão, autoridade instauradora/julgadora, secretário da comissão, acusado ou envolvido.

O acusado é interessado no processo, será interrogado, mas nunca poderá ser testemunha no mesmo
processo, diferentemente de outras pessoas que tenham outro tipo de interesse no processo (que não sejam
acusados).

Já o prejudicado pela ação do acusado será ouvido, mas como informante - pois foi ele quem sofreu as
consequências da irregularidade supostamente praticada.

O denunciante - desde que não seja o próprio prejudicado - poderá ser ouvido como testemunha.

Há três tipos de testemunha:

a. a presencial, que é aquela que presenciou o fato;


b. a referencial, que não viu ou presenciou o episódio, mas tem alguma informação sobre ele, por ter
ouvido de outras pessoas;
c. a referida, que é a citada ou indicada por outra testemunha como tendo presenciado o fato ou sobre
ele tenha algum conhecimento.

Testemunha e parcialidade
A prova testemunhal, de maneira genérica, abrange tanto a oitiva de testemunhas quanto a de informantes ou
depoentes. Informante ou depoente é o termo que usualmente se dá para alguém que possui algum tipo de
restrição para ser testemunha.

IMPEDIMENTOS:
Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que:
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria;
II - tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações
ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau;
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou
companheiro.

Também devemos acrescentar aos impedimentos para ser testemunha, por analogia, o citado no parágrafo
segundo do artigo 149 da Lei n.º 8112/90:
§ 2º Não poderá́ participar de comissão de sindicância ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até́ o terceiro grau.
Já suspeição ocorre quando há um vínculo subjetivo relevante com alguém. Vejamos o que diz a Lei n.º
9.784/99 sobre suspeições, artigo 20:
Art. 20. Pode ser argüida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade
notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o
terceiro grau.

Estará caracterizada a suspeição quando a testemunha demonstrar uma relação forte, profunda, seja de
amizade ou de inimizade. Assim, a mera alegação de trabalhar juntos há vários anos não justifica o
reconhecimento de suspeição. Da mesma forma, ter participado em outro processo como testemunha não
significa inimizade notória.

Podemos ainda observar que o Código de Processo Penal (CPP) e o Código de Processo Civil (CPC) trazem
regras sobre pessoas que não serão obrigadas a atuar nos processos como testemunhas:

CPC - Art. 448. A testemunha não é obrigada a depor de fatos: I - que lhe acarretem grave dano, bem como
a seu cônjuge e aos seus parentes consangüíneos ou afins, em linha reta ou na colateral em segundo grau;

No Código de Processo Civil, no parágrafo primeiro do artigo 447 diz que também não podem depor como
testemunhas os incapazes, que são:

§ 1o São incapazes:
I - o interdito por enfermidade ou deficiência mental;
II - o que, acometido por enfermidade ou retardamento mental, ao tempo em que ocorreram os fatos, não
podia discerni-los, ou, ao tempo em que deve depor, não está habilitado a transmitir as percepções;
III - o que tiver menos de 16 (dezesseis) anos;
IV - o cego e o surdo, quando a ciência do fato depender dos sentidos que lhes faltam.

Testemunha e dever de sigilo


CPP - Art. 207. São proibidas de depor as pessoas que, em razão de função, ministério, ofício ou profissão,
devam guardar segredo, salvo se, desobrigadas pela parte interessada, quiserem dar o seu testemunho.

 Primeiro, é ideal a comissão identificar o quanto antes quem chamará como testemunha, incluindo as
testemunhas indicadas pelo acusado. 

Identificando a testemunha
 Segundo, há necessidade de planejar um calendário de oitivas, para poder juntá-las ao máximo, sem deixar
muito espaço entre uma prova testemunhal e outra. Para se conseguir isso, algumas comissões incluem no
documento de notificação do acusado um prazo para a indicação do rol de testemunhas. Assim se saberá, o
quanto antes, quem o acusado quer indicar para montar um calendário só.

Nos casos em que surge a necessidade de prova testemunhal que não estava planejada, não há problema
algum em fazê-la, desde que seja relevante. A recomendação é apenas que, no máximo possível, se agrupe
as testemunhas, conforme já vimos.

Planejamento das perguntas


Tendo entendido pela necessidade de chamar a testemunha, a comissão deverá elaborar previamente as
perguntas que desejará fazer. Tanto sendo uma testemunha indicada pela própria comissão quanto uma
indicada pela acusação, o procedimento a ser feito é o mesmo.

Efetivação do contraditório
Os princípios da Ampla Defesa e do Contraditório devem permear todo o Processo Administrativo
Disciplinar e, em especial, na produção de provas. Normalmente se diz que a ampla defesa implica a
possibilidade de pedir provas. Assim, pode-se dizer que abrir espaço para os acusados indicarem suas
testemunhas cumpre a ampla defesa para prova testemunhal.
Já o contraditório implica em possibilitar que os acusados atuem na produção de prova, se desejarem, de
maneira efetiva, trazendo para essa produção os elementos que interessem para sua versão da história.
Assim, no caso da prova testemunhal, o contraditório se efetiva com a realização das perguntas que a defesa
desejar fazer para a testemunha que está sendo ouvida. Para que se garanta essa faculdade para a defesa, é
preciso avisar quem será ouvido e quando, com alguma antecedência.

Avisando sobre o depoimento


Enunciado CGU n.º 10 de 30 de outubro de 2015

VALIDADE DA NOTIFICAÇÃO DE ATOS PROCESSUAIS 

A validade de uma intimação ou notificação real fica condicionada a ter sido


realizada por escrito e com a comprovação da ciência pelo interessado ou seu
procurador, independentemente da forma ou do meio utilizado para sua
entrega.

Os acusados terão direito não apenas de indicar testemunhas, mas de participar de todos os depoimentos. E
para que possam exercer esse direito, precisam ser devidamente notificados das oitivas. Conforme a
legislação - artigo 41 da Lei n.º 9.784/99, a notificação para o acusado precisa ser feita com prazo de três
dias úteis de antecedência. Todos os acusados deverão ser notificados de todas as oitivas, inclusive das
testemunhas indicadas pelos outros acusados.

Contagem de 3 dias úteis de antecedência:


A Lei n.º 8.112/90 não recomenda padrão de intimação de testemunhas e notificação do acusado sobre a
data, horário e local em que ocorrerá a oitiva. Assim, necessário buscar a normatização na Lei n.º 9.784/99,
que estabelece nos artigos 26, § 2º, 41, que o prazo para intimação ou notificação é de três dias úteis de
antecedência da realização do ato.

Na contagem desse prazo, nos termos do artigo 66 da Lei n.º 9.784/99 deve ser excluído o dia da entrega da
notificação. Exemplificando, se a última comunicação (intimação ou notificação) for entregue em uma
sexta-feira, a oitiva poderá ocorrer na quinta-feira. 

Cuidados com a realização da oitiva


A arrumação prévia da sala de oitiva é de extrema importância para  o bom andamento da audiência, e tem
por finalidade evitar o risco de intimidação da testemunha pelo acusado, recomenda-se dispor as mesas de
forma que a testemunha fique de frente para a comissão e de costas para o acusado e seu procurador, os
quais deverão se sentar, mais ao fundo da sala, guardando uma certa distância da testemunha. 

Note que também é útil que o servidor que estiver secretariando esteja ao lado do presidente.
Como é este que, em regra, conduzirá a oitiva, mais próximo do presidente terá mais
facilidade de digitar o que estiver sendo ditado ou respondido.

P ara que seja devidamente formalizada no processo, todo o depoimento deve ser reduzido a termo,
conforme se observa do artigo 158 da Lei n.º 8.112/90. A lei cobra que seja feito oralmente, ou seja, a regra
da oitiva da testemunha é que ela responda às perguntas da comissão naquele momento, sem saber
previamente o que será perguntado, e fazendo tudo oralmente. 

Início da oitiva - preliminares


Obs: A testemunha deve ser informada de maneira sumária a respeito do assunto, e não tem direito de
analisar os autos!

Deve-se atentar as seguintes ações:

1. Identificar a testemunha e registrar suas informações reduzindo a termo


2. O próximo cuidado que a comissão deve tomar é indagar a respeito de possíveis motivos que
indiquem a parcialidade da testemunha. Não apontando nenhum motivo, usualmente registra-se "Aos
costumes, disse nada". A título de exemplo, veja o que se pode colocar num termo de oitiva:

“Perguntada pelo Presidente se, em relação ao acusado, é amiga íntima ou inimiga notória, se é
cônjuge ou parente até 3º grau, se atua ou atuou como procuradora ou se está litigando judicial ou
administrativamente ou se tem interesse direto ou indireto na matéria do processo, aos costumes
disse nada.”

3. A comissão deverá informar do dever de dizer a verdade, mencionando que, no caso de faltar com a
verdade, estará incorrendo no crime de falso testemunho, previsto no artigo 342 do Código Penal. 

A oitiva em si

No caso de a testemunha ter sido indicada pela própria comissão


Usualmente a comissão que iniciará com as perguntas, deixando claro para a defesa que em momento
oportuno poderá fazer as suas perguntas, sendo vedado, entretanto, interferir nas perguntas formuladas pela
comissão e nas respostas da testemunha. Concluídas as perguntas feitas pelo presidente, passa a palavra para
os outros membros para que perguntem, caso tenham algum apontamento para esclarecer, e, logo após, para
a defesa. Se a defesa de um acusado vier representada por mais de um advogado, é de bom tom que se
solicite a concentração das perguntas em apenas um representante, para que a oitiva ocorra de maneira
dinâmica. Se concluídas as perguntas da defesa a comissão desejar fazer alguma outra pergunta, por
exemplo, para complementar ou confirmar alguma resposta que foi dada, deverá novamente, concluída sua
complementação, abrir a palavra para a defesa reinquirir, caso queira.

OBS: Toda vez que facultar a palavra a alguém, deve haver registro em ata, ainda que nenhuma pergunta
seja feita.
No caso de a testemunha ter sido indicada pela Defesa
É comum que se inicie a oitiva com as perguntas elaboradas pela defesa, e após as perguntas da comissão,
sempre lembrando que, em virtude do princípio da ampla defesa e do contraditório, após as perguntas da
comissão deverá ser facultada à defesa reinquirir a testemunha, caso queira. Havendo mais de um acusado,
todos poderão fazer perguntas à testemunha, caso queiram.

IMPORTANTE (POSTURA E MISSÃO DO PRESIDENTE)

O presidente - ou eventual membro que estiver conduzindo a oitiva - terá papel fundamental no bom
desempenho do ato. É através dele que devem ser feitas as perguntas para a testemunha, e é ele que
eventualmente deve informar para as partes alertando-as de algum desvio na produção de prova. Assim, se
for formulada uma pergunta que conduza a uma resposta, ou que indague algo que não seja objeto da prova
testemunhal - como por exemplo uma opinião técnica, é o presidente que deverá interromper e se for o caso
registrar em ata. Deverá indeferir perguntas de cunho meramente pessoal, que nada tenha a ver com os fatos,
bem como interromper respostas dadas pela testemunha que tenham essas mesmas características. Também
deverá zelar pela tranquilidade dos ânimos dos presentes, alertando os envolvidos, caso se exaltem, da
irregularidade de sua conduta. Deverá agir se alguém tentar interferir nas respostas da testemunha. Ficará
atendo a todo o ato, pois ditará para o secretário a forma que será digitado o Termo, devendo fazê-lo o mais
fielmente possível à resposta da testemunha.
É relevante para a comissão não apenas descobrir o que a testemunha sabe, mas saber porque
sabe. Ou seja, é relevante indagar se, por exemplo, estava presente no ocorrido, se viu
pessoalmente o documento ou se ouviu as palavras do acusado. Tais informações serão
posteriormente utilizadas pela comissão para “pesar” o valor dessa prova recém produzida,
quando estiver formando a sua convicção.
Depois de todas as perguntas feitas pela comissão e pela defesa, passa-se a palavra para a testemunha para
complementar, se quiser, algo que respondeu acerca do fato apurado. Se acrescentar algo a respeito do
acusado ou se a comissão fizer novas perguntas, novamente se abrirá a palavra para a defesa, se desejar,
reinquirir.

Questões práticas relativas à prova testemunhal


É importante observar que no Termo de Depoimento deverão constar menção expressa a todos os presentes
na sala de audiência. Ao final, todos rubricarão e assinarão o termo. Também é extremamente relevante que
se numere as perguntas e respostas, de maneira que eventual remissão posterior seja simplificada, citando,
por exemplo, o número da pergunta ou resposta e as folhas em que se encontram.
Normalmente a comissão não apagará o que já foi digitado.

Por exemplo, se, depois de compromissada a testemunha, a acusação alega impedimento que é aceito pela
comissão, deve ficar registrado que já havia sido feito o compromisso, que foi excluído em virtude da
posterior alegação de impedimento.

A inquirição das testemunhas é sempre feita através da comissão, usualmente através de seu
presidente. O que significa dizer que quem faz as perguntas para a testemunha é o presidente, e não
os membros ou o acusado e seu advogado. Entretanto, não há necessidade de repetir a pergunta para a
testemunha. A necessidade de serem feitas as perguntas via presidente serve para garantir que em casos
de perguntas que não tenham relação com o processo ou que sejam de caráter meramente pessoal, por
exemplo, não sejam respondidas pela testemunha.
ATENÇÃO: Ninguém é obrigado a produzir prova contra si mesmo. Logo, durante a oitiva de uma
testemunha, se ela disser que não vai responder uma determinada pergunta diante dessa conhecida “clausula
de não incriminação”, é conveniente que se acate essa justificativa, visto que é garantida pela Constituição.
Note que essa visa assegurar que ninguém, através de prova que produziu, passe de testemunha para acusado
ou investigado, ainda que em outro processo.
OBS:
A legislação não trouxe o número máximo de testemunhas que podem ser ouvidas em um processo
administrativo disciplinar, diferentemente do que ocorre em ritos de processos judiciais (verificar artigo 401
do Código de Processo Penal e artigo 357, § 6º, do Código de Processo Civil). O que a comissão deve levar
em consideração é a busca pela verdade material, lembrando-se sempre da possibilidade de indeferir a oitiva
de testemunha que não tenha pertinência para o processo. Uma possibilidade é, em caso de impertinência,
restringir o número de testemunhas indicadas pelo acusado ao mesmo indicado pela comissão. Isso, claro,
nos casos em que ficar evidente que a prova testemunhal é protelatória, sempre com muito cuidado para que
não haja alegação de descumprimento do princípio da ampla defesa.

Também não há prazo expresso para que o acusado apresente seu rol de testemunhas. Assim, conforme
previsto na Lei nº 9.784/99, na ausência de prazo, adota-se o prazo genérico de cinco dias para apresentação
de rol de testemunhas, a partir da notificação prévia. Esse prazo deve ser estendido para aquelas situações
que justifiquem, em especial quando é uma testemunha cuja identificação surge apenas no decorrer do
processo, nos casos em que, mesmo perdido o prazo, observar-se que a testemunha é de extrema
importância, bem como demais casos que a comissão entender como relevantes. A sua aplicação serve para
impedir que a todo momento o acusado indique uma testemunha, visto que a comissão, logo de início, o
instiga a apresentar sua listagem.

Colaborador eventual e carta precatória


Quando a testemunha a ser ouvida não estiver no local em que se fará a oitiva, há previsão expressa na  Lei
nº 8.112/90 sobre custeio de diárias e passagens para o deslocamento da comissão ou deslocamento da
testemunha. Se for servidor público, será feito nos termos da Lei nº 8.112/90. Caso não seja servidor e não
houver como ser deslocada a comissão, pode se utilizar a regulamentação de Colaborador Eventual para
arcar com os gastos de diárias e passagens – Lei nº 8.162/91 e Decreto nº 5.992/06.

Se nenhum desses deslocamentos for possível, pode-se ouvir a testemunha fora da sede através da Carta
Precatória. Será deliberado em ata, em virtude das circunstâncias da impossibilidade de deslocamento da
comissão e da testemunha, pela realização da precatória. A comissão formulará as perguntas que deseja
fazer para a testemunha por escrito, e notificará o acusado dessas perguntas, informando que a oitiva será
realizada via precatória, abrindo prazo para, se quiser, oferecer as perguntas que deseja que sejam
respondidas durante o ato - não há prazo expresso na lei, por isso se utiliza o prazo genérico de 5 dias do
artigo 24 da Lei nº 9.784/99.

Recebidas as perguntas do acusado, a comissão as remeterá, juntamente com Ofício ou Memorando e


demais documentos pertinentes para a autoridade instauradora, que designará servidor ou comissão que
intimará a testemunha da data marcada, hora e local em que se fará a oitiva na outra localidade. O servidor
ou comissão adotará o procedimento descrito para oitiva de testemunha, fazendo as perguntas oralmente,
tomando o compromisso, registrando os incidentes. O acusado ou seu advogado poderão comparecer, e se
quiser, poderão fazer perguntas, mesmo já tendo indicado por escrito para a comissão. O servidor ou
comissão designados para a precatória, entretanto, não deverão incluir perguntas não encaminhadas via
comissão.

Ao final, revisa-se o termo, imprime e entrega cópia para revisão.

Conceito e características da prova pericial


A prova pericial será necessária sempre que um assunto técnico precisar ser esclarecido.
O perito atendendo ao que lhe é solicitado, sua conclusão formulada em razão do exame da pessoa, coisa ou
lugar, constitui um juízo técnico. Quanto mais perfeita for a perícia técnica retratando a palavra da ciência
ou da arte à vista dos fatos sujeitos ao exame, mais acatável será o parecer judicial.
O perito não traz fatos, mas opiniões técnicas.
A Lei nº 8.112/90 diz que a comissão poderá se utilizar de técnicos e peritos. Pode-se citar como exemplo de
perícia: 

a. exame grafotécnico - tenta-se identificar se determinada pessoa escreveu ou assinou determinado


documento; 
b. tradução juramentada - para converter um documento em língua estrangeira para o português;
c. inventário de bens - que é o levantamento e classificação de bens, usualmente incluindo o estado em
que se encontram;
d. avaliações técnicas de equipamentos ou mercadorias - para falar de suas características, valor,
condições de conservação;
e. perícia médica - em que se busca saber a real afetação que uma determinada doença pode trazer para
a vida de um servidor.

Diferenças entre provas testemunhais e Periciais:

E como tal, descreve Francisco Carnelutti: "A testemunha desempenha, no processo uma função passiva, ao
passo que o perito desempenha uma função ativa; a testemunha figura no processo como objeto, o perito
como sujeito; a testemunha é examinada, o perito examina; a testemunha representa o que conheceu
independente do encargo judicial, o perito conhece por encargo do juiz. É o liame entre o perito e o juiz,
derivante do encargo conferido por este àquele, que contrapõe, mais do que distingue, o perito à testemunha
e o define como um auxiliar do juízo".
Traz também a afirmação: "O Juiz chama a testemunha porque já conhece o fato, chama o perito para que o
conheça; o conhecimento da testemunha preexiste, o do perito se forma depois. A testemunha recorda, o
perito relata; a primeira é um meio de reconstrução, o segundo, de comunicação da verdade".
 Procedimento para a realização da perícia
Tendo deliberado a comissão pela necessidade de realização de perícia, registrará em ata e trabalhará
elaborando suas perguntas. Se há algum conhecimento técnico sobre o fato que precisa ser esclarecido, a
comissão transformará essas dúvidas em perguntas que usualmente se denominam quesitos. Tudo o que
necessita ser esclarecido será escrito como forma de perguntas. Assim, como na prova testemunhal, é
comum que se coloque ao final um quesito para que o perito, se entender necessário, acrescente alguma
informação que não foi perguntada, mas que entende relevante para o caso.

Em seguida a comissão notificará o acusado sobre a deliberação pela produção da prova pericial,
encaminhando cópia dos quesitos que elaborou, sempre fazendo a comunicação com duas vias, para que
possa juntar um comprovante de recebimento, no processo para comprovação.

Nesse momento o acusado poderá exercer o contraditório, ou seja, poderá trazer para a produção da prova a
versão dos fatos que aproveita à sua defesa. Receberá prazo - do artigo 24 da Lei n.º 9.784/99 - de cinco dias
para fazer os quesitos que entende como necessários para o esclarecimento do caso. Marcos Salles 1 indica 3
dias úteis ou cinco dias corridos, o que for mais benéfico.

Juntadas todas as informações e documentos, a comissão os encaminhará para a autoridade instauradora ou


para o perito, se este já estiver devidamente designado.
A legislação não diz expressamente se é a comissão ou a autoridade instauradora que deverá designar o
perito. Mas é comum que a comissão delibere em ata pela necessidade do perito e faça um documento para a
autoridade instauradora, por exemplo, um memorando, solicitando um perito e já informando qual a área
técnico-científica ou do que se trata a prova.
A partir de então, a autoridade instauradora busca o perito e o designa, preferencialmente por portaria. Esse
é o proceder que usualmente se adota, mas não significa uma regra obrigatória pois, como vimos, a lei não
diz expressamente qual o procedimento a ser adotado.
OBS: É interessante que seja feito sempre via autoridade instauradora, ainda que a comissão
já tenha conhecimento de servidor "liberado" para fazer o trabalho, por uma questão de
organização da atividade administrativa. Mais relevante ainda quando não se sabe quem será
o designado, não recaindo sobre servidor público. Nesse caso, há chance de a perícia envolver
gastos para a administração, que deverão ser providenciados pela autoridade instauradora.
Ainda que a perícia seja pedida pelo acusado, pode ser responsabilidade da administração arcar com
eventuais custos. Isso porque, se a perícia foi entendida como necessária, ela se torna uma prova necessária
para o processo em si, e não simplesmente para a defesa - pois é da comissão o dever de provar a verdade.

Pode ocorrer, entretanto, de o acusado pedir uma nova perícia ou uma perícia sobre um assunto sobre o qual
já há prova nos autos - por exemplo, relatório de auditoria. Nesses casos, a comissão pode entender que a
prova não é essencial ou é uma espécie de repetição de prova. Nada obsta que o acusado realize e junte a
perícia aos autos, mas ela terá sido produzida sob os custos da defesa exclusivamente.

Aos técnicos e peritos aplicam-se as mesmas causas de impedimento e suspeição citados na prova
testemunhal. Veja os artigos 18 e 20 da Lei nº 9.784/99.
Questões práticas da prova pericial
O acusado pode indicar assistente técnico para acompanhar a perícia. Significa dizer que indicará alguém
para participar do ato juntamente com o perito. Como já vimos, o resultado da perícia é o laudo pericial. No
caso de haver designação de assistente técnico, este também elaborará um laudo para ser encaminhado para
a comissão juntamente com o laudo do perito.

Conforme o tipo da perícia a ser realizada, o assistente trabalhará de forma concomitante com o perito ou
em momento posterior, esclarecendo algum ponto ou especificando alguma questão que considere relevante.

Não se entende como quebra de parcialidade a busca de informações junto ao perito sobre os documentos
que podem ser encaminhados para perícia, verificação de agenda para a execução da perícia, entre outros
detalhes que podem contribuir para o trabalho. O que a comissão não pode fazer de maneira alguma é tentar
indicar para o perito o que deve emitir como opinião técnica.
Se for o caso, a comissão inclusive pode chamar o perito ou o assistente para prestar esclarecimentos orais
em audiência, de uma maneira parecida com uma oitiva de testemunhas, só que, neste caso, será chamado
para explicar questões técnicas que não ficaram claras com o laudo pericial.
Especificidades da pericia médica
Pode ser que o caso requeira algum tipo de informação médica a respeito de servidor. Por exemplo, em
abandono de cargo, pode ser necessária perícia para saber se existe alguma doença que tem impossibilitado
o servidor de trabalhar. Nesses casos há algumas particularidades que deveremos observar.

Primeiramente, é preciso saber que a informação sobre o tipo de doença que o servidor tem é resguardado
por cláusula de sigilo médico. Assim, não se deve perguntar qual doença o servidor tem. Como já
mencionado, o servidor pode abrir mão desse sigilo, informando para a comissão ser portador de uma
determinada doença. Se for este o caso, deve ser informado para o médico perito que já houve essa
comunicação para a comissão.

Em segundo lugar, deve-se perceber que a finalidade dessa perícia é entender qual a abrangência da
doença sobre a vida do servidor. Ou seja, alguns quesitos serão obviamente indispensáveis: perguntar se o
servidor tem alguma doença; se essa doença gera alguma incompatibilidade com o trabalho; se essa
incompatibilidade é parcial ou total. Se for caso da prática de algum ato irregular, se essa doença gerava
algum tipo de incapacidade de compreensão da irregularidade do ato, dentre outras possibilidades.

Obs: O médico não deve dizer qual a doença tem o servidor, mas tem que dizer as consequências dessa
doença para o trabalho, não podendo eximir-se de prestar esse esclarecimento.
Conceito e características das diligências
As diligências genéricas

É muito comum as comissões disciplinares afirmarem que "saíram em diligência", "efetuaram diligências
para localizar o acusado para fins de notificação prévia", "diligenciaram junto à Justiça federal para
identificar quais documentos seriam trazidos para os autos disciplinares". Esses exemplos NÃO se
configuram na PROVA denominada DILIGÊNCIA. Apesar de esses atos serem comumente chamados de
diligências, nada mais são do que pesquisas e providências visando a otimizar o andamento do processo.

A prova chamada diligência


A prova chamada diligência é um deslocamento que se faz visando a efetivar verificação in loco, avaliação
genérica ou vistoria que não exija o conhecimento de um perito e cuja elaboração configure um elemento do
fato irregular ou de sua autoria. Não é apenas o resultado que interessa aos autos, mas a confecção dele em
si. A prova é a própria elaboração do resultado.

Assim conceituada, resta claro que a diligência enquanto prova muito se assemelha à denominada prova
pericial. A diferença entre ambas é que na perícia é imprescindível o conhecimento de um perito, um expert,
alguém que possa efetuar um juízo técnico especializado. Já na prova-diligência, a verificação que se
produzirá não necessita de conhecimento eminentemente técnico e será produzida pelos próprios membros
da comissão.
O Código de Processo Civil traz os elementos da prova diligência no que denomina "inspeção
judicial":
Art. 483. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando:

I. julgar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva
observar;
II. a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves
dificuldades;
III. determinar a reconstituição dos fatos.

Parágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando esclarecimentos e
fazendo observações que reputem de interesse para a causa.

Exemplos de Prova-Diligência

a) Medição do tamanho de uma sala - não é necessária uma perícia, e sim uma trena.

b) Reconstituições ou reprodução simulada.

c) Vistorias - vistoriar significa dirigir-se a um local para verificar as condições do mesmo. 

A concretização da diligência – o termo


Para a realização da diligência-prova, devem os três membros se deslocar para o local de sua realização,
onde promoverão os atos necessários à produção da prova (medições, fotografias, reconstituições, entre
outros). Da diligência efetuada será lavrado um TERMO DE DILIGÊNCIA, que deverá conter todos os
elementos verificados durante o evento. Esse termo será lavrado pela própria comissão, e muito se
assemelha ao termo de oitiva.O Código de Processo Civil esclarece, em seu artigo 4841, como será lavrado o
termo de diligência.

MODELO TERMO DE DILIGÊNCIA

Timbre do Órgão

TERMO DE DILIGÊNCIA

Aos ...... dias do mês de ............ do ano de ......, às ...... horas, no ...................... (endereço do local de
realização da diligência), os membros da Comissão de ...................... (Processo Administrativo Disciplinar
ou Sindicância) nº ...................., instaurado(a) pela Portaria nº ......, de ...... (dia) de ............ (mês) de .......
(ano), do Exmo. Sr. ........................ (cargo da autoridade instauradora), publicada no Boletim de ..........
(Serviço ou de Pessoal) nº ......, de ...... (dia) de ............ (mês) de ...... (ano), realizaram diligência junto
ao ............ (indicar o órgão), com vistas à ...................... (especificar o objetivo da diligência), conforme
deliberação consignada na Ata nº ...... de ...... (dia) de .......... (mês) de ...... (ano), constante às fls. ..... do
processo acima referido. Registra-se que o acusado, devidamente intimado para acompanhar o ato (se for o
caso de intimação prévia do acusado), compareceu (ou não compareceu). Presentes também ......................
(indicar o nome e cargo de outras pessoas presentes no local; exemplo: chefe da repartição, servidores, etc.).
A Comissão Processante praticou os seguintes atos: ........................ . As seguintes ocorrências necessitam
ser registradas: ....................... (se for o caso). Ao final, concluiu-se que ...................... (relatar o resultado
obtido com a diligência). Providenciouse, nessa ocasião, a extração de cópias de ......................, documentos
que fazem parte integrante deste Termo com seus anexos. Retornando à sede da Comissão, nada mais
havendo a tratar, mandou o Presidente encerrar o presente termo que, lido e achado conforme, vai assinado
por todos os presentes.

__________(Assinatura)__________
(Nome do Presidente da comissão)

__________(Assinatura)__________

(Nome do membro da comissão)

__________(Assinatura)__________

(Nome do membro da comissão)

__________(Assinatura)__________

(Nome do Secretário)

__________(Assinatura)__________

(Nome do acusado, se presente)

__________(Assinatura)___________

(Nome do advogado e número da OAB, se presente)

Busca e apreensão de documentos/objetos durante a diligência

Pode ocorrer que se faça necessária a apreensão de documentos ou objetos da repartição durante a efetivação
da diligência. O ideal é que a comissão preveja esse tipo de situação e, de antemão, ao comunicar a
realização da diligência para a chefia da unidade, já noticie que, caso se faça necessário, o colegiado
procederá à apreensão de documentos e objetos.

O computador utilizado pelo acusado no recinto da repartição não é dele, servidor, e sim da Administração.
Não há que se falar em ofensa ao direito de intimidade, por poder conter arquivos pessoais, vez que se trata
de bem público e que vigora o princípio do interesse público na apuração disciplinar.

A efetivação do contraditório na diligência


É importante que a defesa seja notificada para comparecer à diligência. E, se comparecer, é imprescindível
que lhe seja dada a oportunidade para se manifestar, sob pena de eventual nulidade da prova.

Lembre-se de que só há que se falar em nulidade da prova quando houver prejuízo para a defesa. Caso a
prova tenha sido colhida sem o contraditório, mas não seja utilizada pela comissão para formar um juízo de
valor desfavorável ao réu, o processo não estará nulo. Assim já decidiu o Superior Tribunal de Justiça.

Como realizar a diligência


Em síntese, durante a realização da prova-diligência, deverá a comissão proceder da seguinte forma:

1. Notificar a defesa acerca do dia, da hora e do local em que será realizada a diligência;
2. No dia e na hora marcados, dirigir-se ao local indicado;
3. Proceder aos atos necessários ao esclarecimento dos fatos;
4. Indagar expressamente à defesa se ela deseja a prática de algum ato ou o esclarecimento de algum
ponto;
5. Lavrar o termo de diligência;
6. Colher as assinaturas dos presentes;
7. Juntar o termo de diligência aos autos do Processo Administrativo Disciplinar/Sindicância; e
8. Notificar a defesa da referida juntada. 
Na fase do inquérito, a comissão promoverá a tomada de depoimentos, acareações, investigações e
diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova, recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
modo a permitir a completa elucidação dos fatos.

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