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QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Do povo e para o povo ● Os ídolos das


torcidas ● Entrevista com Rivellino ● Recorte e monte seu próprio
Timão ● Sofredor, mas vitorioso ● Artigos de Daniel Piza e Antero Greco ● Os maiores gols
da história. ● A torcida mais Fiel do mundo ● Declarações de amor ao clube

MONTAGEM SOBRE FOTOS DE ARQUIVO/AE

Salve o Corinthians / O campeão dos campeões / Eternamente


Dentro dos nossos corações / Salve o Corinthians / De tradições
e glórias mil / Tu és orgulho / Dos desportistas do Brasil / Teu
passado é uma bandeira / Teu presente, uma lição / Figuras entre
os primeiros / Do nosso esporte bretão / Corinthians grande /
Sempre Altaneiro / És do Brasil / O clube mais brasileiro
7 8 9 10 11 12
H2 Especial
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QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

O primeiro título
Campeão paulista
invicto em 1914, com
1926
Foi o ano da compra
O primeiro gol
Luiz Fabbi foi o autor na vitória
por 2 a 0 sobre o Estela Polar,
dez vitórias em dez do terreno da em 14 de setembro de 1910,
jogos, o ataque fez 37 Fazendinha. O no Campo da Rua dos Imigrantes

ARQUIVO/AE
gols, 12 de Neco. A estádio foi inaugurado (atual rua José Paulino, no Bom
defesa sofreu 9 gols dois anos mais tarde Retiro). Jorge Campbell fez o 2º

Nasceu do povo e para o povo CELSO JUNIOR/AE–29/5/2001

Em 1910, quando a elite por Joaquim Ambrósio, Carlos ros pela modalidade motivou al- que,duas semanasdepois,no dia
da Silva, Rafael Perrone, Antô- guns times da terra da rainha a 14desetembro,osprimeirosatle-
social dominava o futebol, nio Pereira e Anselmo Correia, atravessarem o Atlântico. Um tas já se movimentavam por ali.
um grupo de operários junto com outros oito compa- dos que desembarcaram por Em uma época na qual o fute-
funda o clube que seria nheiros, fundava o Sport Club aqui foi o Corinthians, de Lon- bol era ligado à aristocracia, a ori-
famoso pela popularidade Corinthians Paulista. Battaglia dres. Trata-se de uma equipe gem humilde ajudou na populari-
foi eleito o primeiro presidente. amadora, fundada em 1882 e zação do time. O clube se tornou
Os fundadores trabalhavam que, desde 1939, quando se jun- famoso. De acordo com o site ofi-
Corinthians vai ser naestradadeferroSãoPauloRai- tou ao Casuals, transformou-se cial, “em 1913, o Corinthians plei-

“O o time do povo e o
povo é quem vai fa-
zer o time.” A frase é do alfaiate
lway. E foi no contato com os in-
gleses, inventores do futebol,
que conheceram e se apaixona-
no Corinthian-Casuals Football
Club, cujo uniforme é baseado
nas cores marrom e rosa.
teou uma vaga junto à Liga Paulis-
ta de Futebol e foi aceito, tornan-
do-se, assim, o quarto dos chama-
Miguel Battaglia, que em 1.º de ram por aquele que se tornaria o Clube fundado, nome escolhi- dos ‘três mosqueteiros’ (os outros
setembro de 1910 descreveu esporte mais popular do mundo do, faltava definir a sede. Os ab- eram Americano, Germânia e In-
com rara felicidade aquela que e marca registrada do Brasil no negadosfundadoresjuntaramal- ternacional). Essa foi a origem do
seria a principal marca do clube exterior. Nascia ali a vontade de guns colaboradores e alugaram mascote corintiano”.
que acabara de nascer. Naquela criar um clube de futebol. um terreno na Rua José Paulino, O famoso hino, intitulado “O
esquina do bairro do Bom Reti- Da Inglaterra veio também a que foi aplainado e transforma- Campeão dos Campeões”, foi
ro, na capital paulista, um grupo inspiração para o nome. Naque- doemum rústico campo de fute- composto no início dos anos 50
de amigos operários, formado le ano, o interesse dos brasilei- bol. O processo foi tão rápido pelo radialista Lauro D’Ávila. Encontro. Os dois Corinthians fizeram amistoso em 2001

HISTÓRIA
FOTOS ARQUIVO/AE

1910a1960
Desde sua fundação, o Corin-
thianschamavaaatençãopelafa-
tricampeonatos (22/23/24,
28/29/30 e 37/38/39, além de mar-
cilidade em cativar o público, car a maior goleada de sua histó-
identificadocomaorigemhumil- ria: 11 a 0 no Santos. Em 1928,
de do clube. A torcida crescia em dois anos depois de comprar um
ritmo frenético, assim como o terrenoaoladodoRioTietê,inau-
cartel de títulos da sensação alvi- gurava a Fazendinha. Em 1954
negra.Nadécadade20,porexem- conquistava um dos mais impor-
plo, o Corinthians venceu cinco tantes troféus de sua história: o
Paulistas. Além disso, foram três Paulista do 4.º Centenário (foto).

CARLOS FENERICH/AE–31/7/1988

Sobocomandodofolclóricopresi- pois, a torcida mostra porque é Osanos80nãosãomarcadosape- e Vladimir, dá voz aos atletas,
dente Vicente Matheus, o Corin- chamadadeFielaodividiroMa- nas por títulos. Além do bicam- justamenteemumaépocamar-
thians vive momentos de intensa racanã com o Fluminense, na peonato estadual em 82-83, o Co- cada pela ditadura militar. O

1970 alegria e profunda tristeza. Em


1974, perde o Paulista para o Pal-
meiras, derrota que culminou na
saída de Rivellino. Dois anos de-
semifinaldo Brasileiro. O êxta-
se ocorre em 1977, quando o ti-
me(foto)venceoPaulistaeaca-
ba com a fila de 22 anos. 1980
rinthiansmisturaesporteepolíti-
ca e apresenta a Democracia Co-
rintiana. O movimento, liderado
por Sócrates, Casagrande, Zenon
clubeaindaganhaoPaulistade
88,quandoViola(foto)despon-
ta ao marcar o gol da vitória na
final contra o Guarani.

ORLANDO KISSNER /AE–16/12/1990 GREGG NEWTON/REUTERS–14/1/2000

2000
Em 2000, o Corinthians, com rar o escândalo no qual se tor-
Dida no gol (foto), se transfor- nou a polêmica parceria com a

1990
Uma década especial. Começa Paulo, passa pelo Grêmio na ma no primeiro campeão do MSI e a renúncia do presiden-
comaconquistadoprimeirotítu- CopadoBrasil,em95, etermi- mundo de clubes reconhecido te Alberto Dualib, denunciado
lo brasileiro, em 90, com gol de nacom obicampeonatobrasi- pela Fifa. Vence o brasileiro de pordesviodedinheiro.Andrés
Tupãzinho (foto) contra o São leiro de 98-99. 2005emostra forçaparasupe- Sanchez assume em 2007.

EXPEDIENTE

Editor: Eduardo Maluf. Edição: Wilson Baldini Jr. Coordenação: Gilson Vilhena. Textos: Anelso Paixão, Ubiratan Brasil, Wagner Vilaron e Wilson Baldini Jr. Direção de Arte: Fabio Sales. Diagramação: Eduardo Domingues, Eloy Mattoso e
Marcos Azevedo. Ilustração: Baptistão. Infográfico: Marcos Müller. Produção: Lucas Andrade. Tratamento de imagem: Alexandre Godinho, Carla Monfilier, Edmundo Pereira, Fabiano de Vito, Fernando Pereira e Mauricio Braga
Especial H3
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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010

1934
É o ano da contratação
Artilheiro
Em 1936, Zuza marca
seis gols no 10 a 1 em
Tropeço histórico
A maior goleada
sofrida pelo Corinthians
do atacante Teleco, que cima do Sírio e se torna acontece em 1933,
vem do Britânia (PR) e se o atleta com maior quando o time é batido
REPRODUÇÃO

torna 6 vezes artilheiro número de gols em um por 8 a 0 pelo Palestra


do Paulista só jogo Itália

FOTOS ARQUIVO/AE

Para ganhar
a torcida,vale
mais a raça
Foi assim que guerreiros
como Zé Maria, Idário, SEGUNDA PELE
Wladimir e o goleiro
Ronaldo conquistaram o
exigente torcedor ● Os jogadores que mais vezes estiveram em campo com
a camisa do clube nesses 100 anos de história alvinegra

ara conquistar a exi- Wladimir 805 gols

P gentetorcidacorintia-
na,mais do que ser ta-
lentoso, técnico, craque, o joga-
Luizinho
Ronaldo (goleiro)
604
602
dor precisa ter raça, vontade de Zé Maria 599
vencer, amor pela camisa. É por
Biro-Biro 589
isso que brilharam mais guerrei-
roscomoZéMaria,Idário,Wladi- Vaguinho 551
mir e Ronaldo, o goleiro, do que Cláudio 549 MAURILO CLARETO/AE–9/10/1996

talentos como Müller, Rivaldo e


Edmundo, que passaram pelo
clube e muitos torcedores nem Ponte, no primeiro dos três jo- de seu amor pelo clube também to de jogos pelo clube (805), e SuperZé. Amor à camisa.
sequer se lembram. gos decisivos, Zé Maria cortou o ajudou alguns a garantirem seu também um dos símbolos da ra- Muita vontade Neco, Wladimir e
Zé Maria, o Super Zé, foi o que supercílio, mas voltou a campo espaço no coração do torcedor. ça tão cobrada pela Fiel. Sempre em599 jogos Ronaldo têm o
melhorsimbolizou estaraça.Fo- com a camisa toda molhada de O goleiro Ronaldo, por exemplo, aliou a ela um técnica apurada e respeito da Fiel
ram 13 anos e 599 jogos vestindo sangue, para delírio do torcedor. revelado no próprio Parque São foi também um dos idealizado-
a camisa 2 do Corinthians e, com Nosanos50,otambémlateral- Jorge,semprepropagavasua pai- resdafamosaDemocraciaCorin-
seu sangue e suor, conquistou as direito Idário era considerado o xão pelo clube. Com seu estilo tiana na década de 80.
arquibancadas. Na histórica fi- “Deus da raça” pela forma como falante, cobrava muito de seus
nal de1977, contra a Ponte Preta, disputavaasjogadas.Osadversá- companheiros e se irritava com
foi dele o cruzamento para o gol rios, é claro, preferiam dizer que gols sofridos e nas derrotas. Dis-
de Basílio que acabou com o je- era um “carniceiro”, mas o fato putou602 jogos pelo clube,atrás
jum de 22 anos sem títulos. Já na virou um mito. apenas de Wladimir e Luizinho.
final de 1979, também contra a A forma de falar abertamente Wladimir é recordista absolu-

O meu caso de amor com o Co- chegada ao Corinthians foi mos e o Riva acabou levando a gratificante. É um negócio que impossível para glorificar o
DEPOIMENTO rinthians teve início bem antes triunfante. Meu pai também culpa que na verdade era de mexe com o ego de todos. A “manto sagrado corintiano” e
de eu começar a jogar no clube era o meu procurador e reali- todos nós. Até hoje a gente se lembrança e o agradecimento exige que o jogador faça o mes-
em 1970. Sou do interior, de zou o sonho dele e o meu. lamenta por isso. me emociona. É uma gratidão mo. Isso já era antes de eu che-
ZÉ MARIA: Lateral-direito do Botucatu, e morava numa fa- Juntou a fome com a vonta- Em 1976, veio a grande luz. eterna e eu não esqueço nunca. gar ao Parque São Jorge, foi na
Corinthians de 1970 a 1983 zenda. Não ia aos estádios, de de comer. Lembro que fui Aquela invasão no Maracanã Passei 13 anos no Corin- minha época de jogador e con-
mas o meu pai era corintiano muito bem recepcionado na contra o Fluminense e a che- thians e posso dizer que foi um tinua sendo. O torcedor não
fanático e sempre comprava a equipe, que naquela época gada à final do Brasileiro trou- casamento perfeito que tive mudou, é muito exigente.
revista Gazeta, que trazia na tinha jogadores como Ado, xeram uma aproximação com o clube e a torcida. Muitas O Corinthians foi pratica-
capa fotos dos grandes jogado- Pedrinho, Ditão, Luís Carlos maior da torcida com os joga- vezes eu sabia que tinha joga- mente tudo na minha vida. Foi
res da época. Então, cresci ven- e Rivellino. O início foi de al- dores. do mal, mas os torcedores vi- o meu sustentáculo. Depois
do imagens do Cabeção, do Lui- tos e baixos, mas o grande Até que, em 1977, enfim, fo- nham e falavam: “Valeu, Zé, que fui para o Corinthians, rea-
zinho, do Idário, do Baltazar... problema era que a equipe mos campeões. Apesar de ter pelo menos você correu, hon- lizei sonhos meus e da minha
‘O time pode Comecei a jogar na Ferroviá-
ria de Botucatu, depois fui para
não conseguia acabar com o
jejum de títulos que vinha
defendido a seleção brasileira e
ter sido campeão mundial em
rou a nossa camisa.”
A Fiel é assim. O time pode
família e acredito que também
de muitos torcedores. Até
perder, mas a Portuguesa, mas o meu auge
mesmo foi no Corinthians, um
desde 1954.
Em 1974 ainda tivemos aque-
1970, aquele título contra a Pon-
te Preta é o marco maior da mi-
perder, mas tem de perder lu-
tando, suando e, se for possí-
quando fui eleito vereador em
1982, tenho certeza que foi por
clube de dimensões gigantes- la decepção terrível na final do nha vida profissional. Até hoje vel, derramando gotas de san- causa do clube. O nome do Co-
tem de perder cas e com uma baita torcida.
Minha saída da Portuguesa
Campeonato Paulista contra o
Palmeiras. A gente tinha con-
vivo muito em função de 1977.
Os torcedores que cruzam
gue dentro de campo. É um
negócio maravilhoso. É um clu-
rinthians está sempre em pri-
meiro lugar por onde eu passo.

lutando’ foi tumultuada porque eu não


quis renovar o contrato, mas a
vicção que dava para tirar o ti-
me da fila, mas não consegui-
comigo pela rua ainda falam
daquele título e isso é muito
be de loucos, como dizem hoje.
O torcedor faz o possível e o
É uma dádiva de Deus fazer
parte da história desse clube.

REPERCUSSÕES

Pelé Ademir da Guia Dario Raí César Maluco Pepe Zico Roberto Dinamite
O maior carrasco Ídolo do Palmeiras Ídolo do Atlético-MG Ídolo do São Paulo Ídolo do Palmeiras Ídolo do Santos Ídolo do Flamengo Ídolo do Vasco

‘Precisa calar ‘Sempre foi ‘Fiz de tudo ‘Em 1988, ‘Torcida ‘A torcida não ‘Era o meu ‘É preciso
aquela massa um jogo cheio para jogar no um exemplo empurra o parava de 2º time na vencer o time
incrível’ de rivalidade’ Corinthians’ de força’ time pra cima’ incentivar’ infância’ e a camisa’
Nunca tive nada contra Corinthians e Palmei- Não ter jogado no Corin- O maior exemplo da O Oswaldo Brandão (téc- Na época do tabu, quan- Havia um sabor espe- Sempre foi um desafio
o Corinthians. Apenas ras sempre foi um jogo thians é a minha maior força do Corinthians e nico) sempre dizia que, to mais gols o time do cial em enfrentar o ti- encarar o Corinthians,
precisava calar logo repleto de rivalidade. frustração. Sempre que sua torcida foi em um após tomar um gol do Santos fazia, mais a me do Corinthians. um dos grandes clubes
aquela massa incrível. Uma rivalidade impor- jogava contra fazia 2, 3 jogo de 1988. O São Corinthians, você não torcida do Corinthians Quando era pequeno, do Brasil. A motivação
Se não calasse, a torci- tante para os dois la- gols para chamar a Paulo vencia por 2 a 0 deve ter pressa para gritava. Era gostoso eu tinha o Corinthians é sempre enorme quan-
da ganharia o jogo. Sem- dos. Acho que os dois atenção, mas não deu até o fim. A torcida em- recolocar a bola em jo- participar desse jogo, como segundo time. E, do se enfrenta um time
pre tive muitas alegrias clubes ganharam com certo. Em 2005, joguei purrou o tempo todo, go, porque a torcida em- porque a gente ganha- no começo de carreira, tão tradicional assim.
nos jogos contra o Corin- isso. Muita gente dizia pelos veteranos do Co- não parava de gritar. O purra o time. Então, é va quase sempre, mas me firmei num confron- Contra o Corinthians,
thians, pois sempre fiz que uma vitória nesse rinthians e fiz um gol de Corinthians fez o pri- sempre bom esfriar um o clima da partida era to com o Corinthians, tem de vencer o time e
muitos gols, mas sem- clássico valia mais que pênalti. Fiquei alegre e meiro e teve forças pa- pouco. Para o torcedor, intenso porque os corin- de Rivellino e cia. Fiz a força de sua camisa.
pre respeitei muito este a conquista do título. a torcida gritou o meu ra buscar o empate nos vencer o Corinthians tianos não paravam de dois gols e ganhei mais O seu nome já fala por
adversário. Era uma disputa sadia. nome. minutos finais. tem sabor especial. incentivar o time. confiança. tudo.
H4 Especial
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QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Camisa grená
Em 8/5/1949,
o Corinthians joga de
1940
É o ano da inauguração
Passaporte corintiano
Entre abril e junho de 1952,
o Corinthians faz a sua
grená contra a do Pacaembu. O primeiro primeira excursão pela
Portuguesa, homenagem jogo do Corinthians é Europa. São 16 jogos,

ACERVO APBCCD
aos atletas do Torino vitorioso: 4 a 2 sobre com 12 vitórias, três empates
mortos em acidente aéreo o Atlético Mineiro e apenas uma derrota

ENTREVISTA Maloca é o ✽ Roberto Rivellino estreia no time principal em 1965 e


seu 1º apelido
RIVELLINO: O Reizinho do Parque no clube
joga até 1974. São 473 partidas, 141 gols marcados e o
título do Torneio Rio-São Paulo em 1966

‘Era palmeirense, mas o


Corinthians me conquistou’
“Patada atômica” se rendeu ao carinho e à força da Fiel para se transformar no maior camisa 10 alvinegro
ANDRE LESSA/AE–26/8/2010
tava mais preocupado com o di-
nheiro da renda. E jogar no Mo-
rumbi dava mais dinheiro.

● Então de onde veio essa história de


você ser o responsável?
Tudo o que eu mais queria era ven-
cer um título com o Corinthians. Ha-
via uma expectativa muito grande
nossa e, claro, da torcida. Naquela
época não era como agora, que o
campeonato acaba e três dias depois
você já tem um jogo por outra com-
petição. Então a imprensa ficava ex-
plorando aquele resultado por um
tempão. E um jornalista da época, o
J. Hawilla, que estava na Bandeiran-
tes, fez umas três ou quatro reporta-
Saída. Riva gens que não foram boas para mim.
deixou o Aí você pega a torcida carente, triste,
Corinthians e começa a passar esse tipo de infor-
após derrota mação, acaba manipulando e indu-
na final do zindo a opinião pública. Recentemen-
Paulista de te, mais de 30 anos depois, o Hawilla
1974 veio falar comigo e pediu desculpas.

● Você se considera o melhor jogador


da história do Corinthians?
(risos) Rapaz, dizer isso é complica-
do para mim.

● Então mudamos a pergunta. Quem


jogou mais do que você?
(risos). Olha só, não sei, mas tive-
mos grandes jogadores, como Cláu-
ivellino é nome ● Você está com 64 anos. Já chegou nor dúvida: amo o Corinthians. dio, Baltazar, Gilmar...

R
de origem italia- à conclusão do que o Corinthians re-
na. Por isso, não presenta na sua vida? ● Qual a análise que você faz do período ● Qual foi melhor jogador com quem
chega a ser uma Claro. O Corinthians representa tudo. sem títulos? você já jogou no Corinthians?
surpresa que os Foi no Corinthians que tive a possibili- Cá entre nós, demos um azar danado. Eu fiz uma ótima dupla com o Tião.
integrantes da fa- dade de conquistar tantas coisas, de Nosso time era bom, mas jogamos na Jogamos juntos durante anos. Tam-
mília, tradicional chegar à seleção, enfim, de me realizar mesmo época do Santos de Pelé, do bém joguei no início com Dino Sani.
no bairro do Brooklin, na capital profissionalmente. É claro que com o Palmeiras da Academia, não era mole.
paulista, desde a década de 40, se meu talento eu poderia me dar bem em Também nunca tivemos no banco um ● E o melhor técnico?
transformassem em torcedores do outros lugares, mas o Corinthians foi governador do Estado, como era o ca- Tive alguns, mas destaco o Brandão
Palestra Itália. E assim foi com o jo- muito especial na minha trajetória. so do São Paulo com o Laudo Natel. (Oswaldo Brandão).
vem Roberto até a adolescência (fo-
to), quando, magoado pelo descaso ● Como começou essa sua relação com ● Você já superou bem aquele problema ● Técnicos e jogadores costumam
dos responsáveis pela peneira do o clube? com a torcida? dizer que jogar no Corinthians é dife-
seu time do coração, resolveu defen- Eu sou de uma família italiana. Natu- Na realidade eu nunca tive proble- rente. Isso é papo só para ficar de
der o grande rival. “É verdade, nasci ralmente são torcedores do Palmeiras. mas com a torcida. Sempre saía dos bem com o torcedor ou tem algum
palmeirense. Mas fui tão bem rece- E falo isso com toda a sinceridade. Nas- treinos a pé, andava pelas ruas sem fundamento?
bido no Parque São Jorge que me ci palmeirense, assim fui até a adoles- segurança e nunca fui hostilizado. Isso é a mais pura verdade. Não é só
tornei corintiano rapidamente”, dis- cência. Quando jogava salão pelo Ba- Acontece que cometemos alguns er- para jogar para a torcida, não. Veja
se o craque. “Posso dizer que o Co- nespa, fui convidado para fazer um tes- ros naquela final contra o Palmeiras. o exemplo do que aconteceu em
rinthians me conquistou.” te no Palmeiras. Cheguei lá, mas não Um deles, por exemplo, foi ter leva- 1976. Tudo bem, vários clubes le-
Roberto Rivellino chegou ao me deram muita bola. Fiquei chateado do o jogo final para o Morumbi, que vam torcedores quando jogam fora.
Parque São Jorge no início dos e disse que iria jogar no maior rival. estava com o gramado muito ruim, Mas uma coisa é você motivar 800,
anos 60. Lá não precisou passar Um conhecido da minha família conse- uma lama só, e isso prejudicou mais mil pessoas. Mas ali foram 70 mil.
por testes. Um dirigente da épo- guiu uma oportunidade para mim no a nossa equipe. Nada contra o Sylvio Você tem ideia do que é dividir um
ca o viu atuar em uma partida Corinthians. E lá no Parque São Jorge Pirillo, mas se o nosso técnico fosse estádio como o Maracanã? Toda tor-
de futebol de salão (na época não veu uma história de amor que, como nem precisei fazer peneira, pois permi- o Brandão, duvido que iríamos jogar cida cobra, mas no Corinthians a
se falava futsal) pelo Banespa, fi- toda paixão, teve alguns momentos tiram que eu ficasse um tempo para no Morumbi. Ficamos sabendo no pressão é muito maior. Senti isso
cou deslumbrado com a habilida- conturbados, como sua saída, em mostrar meu talento. Me trataram mui- dia do jogo. Até disse, ‘como assim?’. quando fui para o Fluminense. A vi-
de do garoto e o indicou ao Corin- 1975, sem ter vivido a emoção da con- to bem no Corinthians e me conquista- Mas na época o Matheus (Vicente da nas Laranjeiras era muito mais
thians. No Alvinegro, Rivellino vi- quista de um título. ram, me cativaram. Hoje falo sem a me- Matheus, presidente corintiano) es- tranquila. Até estranhei.

ROLANDO DE FREITAS/AE–12/12/1983 LULUDI/AE–7/8/1995


Basílio após marcar o histórico
Apelidos que marcaram gol do título paulista de 1977,
que acabou com a fila de 22 anos OS CAMPEÕES
craques e a história alvinegra sem conquistas.
Antesdele,otimedo4.ºCente-
nário da Cidade de São Paulo ti- ● Eles estiveram com a
nha um ataque histórico. Ao la- seleção nos títulos mundiais
A história corintiana é repleta nheiros precisavam pensar rá- dodeLuizinho,o“PequenoPole- 1958 – Gylmar (goleiro)
de craques. Se Rivellino era co- pido para acompanhar o racio- gar”, jogavam Baltazar. o “Cabe- e Oreco (lateral-esquerdo
nhecido por “Reizinho do Par- cínio do esguio meia. cinha de Ouro” e Cláudio, maior e zagueiro)
que” outros grandes jogadores MarcelinhoCariocaganhoufa- artilheiro da história alvinegra 1970 – Ado (goleiro)
deixaram sua marca na Fazen- mapelotalentoenúmerodetítu- que, por participar (carimbar) e Rivellino (meia)
dinha. Sócrates, o “Doutor”, se los conquistados. Também ti- da maioria das jogadas, era co- 1994 – Viola (atacante)
notabilizou pelo famoso toque nha uma marca. Os belos gols, os nhecidocomo“Gerente”.Ocari- 2002 – Dida (goleiro),
de calcanhar, que surpreendia passes certeiros e as cobranças nho da torcida transformou Zé Vampeta (volante)
e confundia a marcação adver- de falta lhe valeram o apelido de Mariano “SuperZé” eo meiaNe- e Ricardinho (meia) Ídolos. Sócrates, o “Doutor”, e Marcelinho, o “Pé de Anjo”,
sária. Até mesmo os compa- “Pé de Anjo”, o mesmo dado a to no “Xodó da Fiel”. marcaram a história alvinegra com talento, gols e títulos
Especial H5
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O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010

Para essa loucura


não existe remédio.
A Neo Química Genéricos, Patrocinadora Oficial do Corinthians,
e os copatrocinadores Bozzano, Avanço e Assim, têm orgulho
de compartilhar este momento histórico com a Nação Corinthiana.

Parabéns, Timão, pelos seus 100 anos.


H6 Especial
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QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Escale o seu Corinthians d


Goleiro Zagueiro

Dida Gylmar Ronaldo Gamarra Domingos da Guia


1999-2000 ● 58 jogos 1951-1961 ● 398 jogos 1988-1998 ● 602 jogos 1998-1999 ● 80 jogos 1944-1948 ● 116 jogos

Meia-esquerda Meia-direita

Rivellino Neto Zenon Biro-Biro Luizinho


1965-1974 ● 473 jogos 1989-1993 e 1997 ● 228 jogos 1981-1986 ● 306 jogos 1978-1988 ● 589 jogos 48-60, 64-76 e 96 ● 604 jog

Atacante Lateral-esquerdo

Baltazar Neco Cláudio Wladimir Del Debbio


1945 a 1957 ● 409 jogos 1913 - 1930 ● 313 jogos 1945 a 1957 ● 506 jogos 1972 a 1985 e 1987 ● 805 jogos 1922 - 1931 e 1937 - 1939 ● 229 jogos

estadão.com.br

Faça o download desta equipe


e monte seu time de botão
– é só imprimir, recortar e colar
www.estadao.com.br/e/centenario1
Carbone Marcelinho Carioca Casagrande
1951 - 1957 ● 233 jogos 1994 - 1997; 1998 - 2001 e 2006 - 2007 ● 433 jogos 1982 a 1986 e 1994 ● 256 jogos

Concorda ou não com os


escolhidos? Escale seu time
dos sonhos dos 100 anos
www.estadao.com.br/e/centenario2

Fotos, vídeos, depoimentos,


quiz e mais histórias no Blog
do Centenário
www.estadao.com.br/e/centenario
Palhinha Ronaldo Teleco
1977 - 1980 ● 148 jogos Desde 2009 ● 56 jogos 1934 - 1944 ● 266 jogos
O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 Especial H7

do centenário
Volante

Homero Goiano Daniel Gonzalez Ditão Rincón


1951-1958 ● 237 jogos 1952-1959 ● 300 jogos 1982-1983 ● 71 jogos 1966-1971 ● 281 jogos 1997-2000 e 2004 ● 144 jogos

Eleição de melhores é sempre marcada


por discussões. E não foi diferente entre
os especialistas do Estado. Por isso,
eles concordaram que a decisão
deve ser do torcedor. Escolha o seu time
Sócrates Dino Sani
gos 1978-1984 ● 297 jogos 1965 - 1968 ● 115 jogos

Lateral-direito

Roberto Belangero
1947-1960 ● 453 jogos

Kléber Grané Idário Zé Maria


1998 - 2003 ● 128 jogos 1924-1932 ● 189 jogos 1949 - 1959 ● 468 jogos 1970 -1983 ● 599 jogos

Brandão
54-57; 64-66; 68; 77-78; 80-81 ● 442 jogos
H8 Especial
%HermesFileInfo:H-8:20100901:

QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Mané noParque
Garrincha é contratado
em 1966, aos 32 anos, vindo
28
de abril de 1969 é a data da
Sócrates e Biro
Vicente Matheus contrata
a dupla em 1978. Mas a
do Botafogo. Com problemas morte do lateral Lidu e do equipe só conquistaria o
no joelho, disputa apenas ponta-esquerda Eduardo, título paulista no ano
13 jogos e marca em um acidente de carro seguinte, mais uma vez
só dois gols na Marginal do Tietê diante da Ponte Preta.

ARQUIVO/AE

ARTIGO

M
ano comentarista, vocêestáentreelas,metorneicorinthia- veis. Sócrates, para mim o mais impor- corinthiano, ouvem “Nossa, mas vo-

De vitórias Já lhe escrevi em outra


oportunidade, quando o
Corinthiansfoi pararnaSé-
no (e corinthiano que se preza escreve
corinthiano com th) em 1977, quando
era criança e, devido à escassez de títu-
tante de todos, era politizado, fumava e
bebia em público, tinha um estilo cere-
bral e ao mesmo tempo era um catalisa-
cê não parece corinthiano”, porque é
mais fácil para essa gente catalogar o
clube mais popular da maior cidade

choradas e rie B, mico no qual você apostava e eu


não. Agora lhe escrevo em data bem
mais alegre, o centenário do clube. Ape-
los, cogitava de contrariar a família ao
torcer para outro time, como o Santos,
que afinal tinha tidoPelé. Aquela vitória
dor da energia da torcida. Neto era bri-
gão e gordinho, mas muito técnico; de
repente, saltava, dava uma bicicleta e
do país de “maloqueiro” ou sei lá
mais o quê. Mas, por mais que me
desagradem esses cartolas folclóri-

ídolos sar do que possa parecer, não sou des-


ses que acham que passar pela Série B
foi importante, porque mostrou o amor
chorada, com gol chorado, com Vagui-
nho e Wladimir tentando até Basílio
conseguir, e a explosão de felicidade
fazia um gol antológico. Marcelinho, o
“Pé de anjo”, tinha uma personalidade
meio endiabrada; perdeu aquele pênalti
cos e pouco profissionais (profissio-
nalismo, de resto, ausente em todos
os clubes brasileiros, com diferenças

polêmicos do torcedor e trouxe lições para o clube;


todos os times grandes que passaram
por ela, como o Fluminense no ano pas-
quese seguiu, na minha casa eem tantas
partes da cidade, fez de mim um corin-
thiano para sempre. Daí se reforçou a
que Marcos defendeu na Libertadores,
mas foi o maior jogador da geração mais
vitoriosa do clube. Casagrande, Edíl-
apenas de graduação) e a falta de um
estádio (e espero que o Itaquerão
não seja um Tranqueirão), esse é ou-
sado, tiveram apoio jogo a jogo e volta- mística do torcedor “que gosta de so- troaspectodivertidodesercorinthia-
ram fortes à Série A. Também não acho frer”, do “bando de loucos” que não Se o Corinthians não no: o de lembrar como a população
Sócrates era politizado, bebia e que o torcedor corinthiano, individual- abandona o time nem nos mais longos brasileira é diversa.
mente, seja mais apaixonado ou fiel do jejuns, mesmo que algumas vezes tenha
existisse, os seus adversários Há corinthianos em todas as clas-
fumava em público, tinha um precisariam inventá-lo
que o dos outros times. No mundo to- fugido a essa descrição (a tentativa de ses, etnias e bairros; e esse é um fator
estilo cerebral. Era catalisador do, por sinal, há figuras como aquelas invasão do gramado do Pacaembu, de aproximação, superficial que seja,
da energia da torcida mostradas no documentário Fiel, que quandootimedeTevezperdiaaLiberta- son,Viola,Tevez–nenhumerabommo- pois me permite puxar papo com o
beiram o fanatismo, a religião. Digo dores em 2005, me deixou envergonha- ço, domável, cordeirinho. É por isso entregador do supermercado ou
mais: queria muito que o Corinthians do). Sou dos que preferem ganhar a per- também, além de seus gols decisivos no com o Washington Olivetto.
tivesse uma Libertadores, que neste der... mas acho bonito ser de uma torci- anopassado, que Ronaldo– o maiorcra- De vitórias choradas e ídolos polê-
anoescapoudenovo.OsquatroBrasilei- da que não muda sua adoração de acor- que a vestir a camisa 9 alvinegra – des- micos o time ganhou uma identidade
ros,astrêsCopasdoBrasileos26Paulis- do com a qualidade do elenco. perta essa paixão que se viu no Pacaem- que é só sua – a tal ponto que, repito,
tas são um belo currículo, só que falta a Outra coisa muito legal na história do bu no domingo. Não importa que esteja existem dois torcedores, os não-co-
ele um título internacional como a Li- Corinthians pode ser percebida por pesado e seja perseguido; isso o faz ain- rinthianos (que se dividem em pal-

✽ bertadores. Mas...
Mas o Corinthians tem uma história
seus grandes ídolos, pelo menos desde
que acompanho o time. Nossos ídolos
da mais interessante. meirenses,são-paulinos,etc.)eosco-
rinthianos.SeoCorinthiansnãoexis-
DANIEL única,peculiar,ricaatéporessasfrustra- sãotodosincompletos,meio problemá- Maloqueiro. Como você, imagino, sou tisse, os adversários precisariam in-
PIZA ções. Como tantas pessoas, e soube que ticos, polêmicos, humanamente instá- daqueles que, quando respondem ser ventá-lo.

REPRODUÇÃO/ARQUIVO 1951 ARQUIVO/AE–13/10/1992 EDU GARCIA/AE–19/5/1991 ANTONIO LÚCIO/AE–14/12/1983

Ataque dos 103 gols. Quinteto atingiu a Campeão paulista de 77. Basílio 1º Brasileiro. Bicampeão. Time dizia que podia até perder com
marca na conquista do Paulista de 1951 comemora fim do jejum de 22 anos Neto vibra em 90 democracia, mas ganhou o Paulista de 82 e 83

Sofredor, mas vitorioso


A denominação nasceu Campeão dos Centenários por Brasil. Nas três vezes, o título foi
levantar a taça em 1922 (100 obtido na casa do adversário.
com os 22 anos sem anos da Independência), 1954 Em 1995, no Olímpico, diante do
título, de 1955 a 1977. (Quarto Centenário da Cidade Grêmio.Em2002,noDistritoFe-
Depois, torcedor festejou deSão Paulo)eo de1988 (Cente- deral, frente ao surpreendente ERNESTO RODRIGUES/AE–24/4/2009
muito. Até um Mundial nário da Abolição dos Escravos). Brasiliense. No ano passado, a
No âmbito nacional, foi ga- vez do Internacional, no Beira-
nhar o respeito dos rivais apenas Rio, sentir a força corintiana.
corintiano não se inco- nadécada de 90, apesardas taças Há dez anos, a maior de todas

O modaemassumiraposi-
ção de sofredor. Ela sur-
giu com os 22 anos sem título en-
conquistadas nos Torneios Rio-
São Paulo nos anos 50 e 60.
Em 1990, com grandes atua-
as conquistas. O título do 1.º
Mundial de Clubes da Fifa, com-
petição que reuniu oito times,
tre 1955 e 1977. Mesmo assim, o ções de Neto diante de Atlético- com destaque para Real Madrid,
Corinthians sempre teve domí- MG e Bahia, respectivamente Manchester United e o Vasco.
nio no Estado de São Paulo, so- nas quartas de final e semifinal, OCorinthiansentroucomo ti-
mando o maior número de títu- conquistavaoBrasilpela primei- me do país-sede. Os adversários
los paulistas. Atualmente está ravez,seigualando aosrivaisPal- não perdoam e não “reconhe- ALCYR CAVALCANTI/AE–14/1/2000
com 26 e apesar da fila mantém meiras e São Paulo. Em sete anos cem” o título. “Para se conquis-
boa vantagem sobre os adversá- forammais trêscampanhas vito- tar, primeiro é preciso conquis-
rios: Palmeiras soma 22 taças, riosas (1998, 1999 e 2005), com taraAmérica”,afirmamsão-pau-
São Paulo, 21, e Santos, 18. destaque para atuações de Mar- linos, santistas e palmeirenses, Vencedores.
Dos 26 campeonatos esta- celinhoCariocanasduas primei- se referindo à falta da Libertado- Tevez
duais conquistados, o Corin- ras, em um dos times mais fortes res em sua sala de troféus. O Co- (acima),
thians ostenta cinco campanhas dahistóriadoclube,edoargenti- rinthians entra no seu segundo Rincón e
invictas. Foram três tricampeo- no Carlitos Tevez na última. centenário com o objetivo de ga- Ronaldo
natos, um feito inédito entre os O gosto por títulos nacionais nhar o torneio sul-americano. também
clubes do Estado. foi demonstrado também nos Mas não tem pressa. Pode ter so- ganharam
O clube ganhou o apelido de bons desempenhos na Copa do frimento. O corintiano gosta. títulos ERNESTO RODRIGUES/AE–26/4/2009

ARQUIVO/AE–25/4/1971
do por 2 a 0, com direito a um AS CONQUISTAS
Jogos memoráveis, para golaço de Adãozinho, em uma
bomba de40 metros, que atingiu TORNEIO RIO-SÃO PAULO:
delírio da nação alvinegra o ângulo esquerdo de Leão: 4 a 3.
No Brasileiro de 1972, o Corin- MUNDIAL:
5
(1950, 1953, 1954, 1966 E 2002)
thians sonhava em ir à decisão. 1 CAMPEONATO PAULISTA:
Os confrontos não quebra do tabu sem vitória sobre Diante de 68.961 torcedores no (2000) 26
oSantosemjogosdoCampeona- Pacaembu, tinha de vencer o CAMPEONATO BRASILEIRO: (1914, 1916, 1922, 1923, 1924,
valiam título, mas to Paulista, em 6 de março de Ceará. O único gol, de Sicupira, 4 1928, 1929, 1930, 1937, 1938,
ficaram marcados por 1968.UmPacaembuenlouqueci- saiu aos 45 da etapa final para de- (1990, 1998, 1999 e 2005) 1939, 1941, 1951, 1952, 1954,
sua importância e pela do festejou os gols de Paulo Bor- lírio geral. Depois, perderia do COPA DO BRASIL: 1977, 1979, 1982, 1983, 1988,
carga de emoção ges e Flávio, que garantiram a vi- Botafogo e ficaria fora. 3 1995, 1997, 1999, 2001, 2003,
tória por 2 a 0, após um jejum de Não é possível falar de gran- (1995, 2002 e 2009) 2005)
22 jogos em 11 anos. “Com Pelé, 4 a 3. Volante Tião fez um des jogos sem lembrar a Invasão SUPERCOPA DO BRASIL: TORNEIO DO POVO:
Nem todo ídolo é craque. E nem com Edu quebramos o tabu”, co- golaço em partida histórica de 1976, no Maracanã, quando 1 1
todo grande jogo precisa ter tro- memoraram os corintianos por 70 mil corintianos viajaram 450 (1991) (1971)
féu em disputa. Foram muitas as toda a noite daquela Quarta-Fei- Nilmar arrasaram: 7 a 1. km para a semifinal do Brasileiro CAMPEONATO BRASILEIRO PEQUENA TAÇA DO
partidasmarcantes nos 100 anos radeCinzas.Paramuitos,osofri- Quando se pensa no arquirri- contraoFluminense.Vitóriadra- SÉRIE B: MUNDO:
de Corinthians. Retirando aque- mento causado por Pelé e cia. só val Palmeiras, o jogo de 1971 é mática nos pênaltis, com direito 1 1
les que valeram título, o mais foi devolvido em 2005, no mes- sempre lembrado. Uma virada a duas defesas de Tobias, após (2008) (1953)
lembrado pela Fiel é o jogo da mo Pacaembu, quando Tevez e sensacional, após estar perden- empate (1 a 1) no tempo normal.
Especial H9
%HermesFileInfo:H-9:20100901:

O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010

www.clube13.com.br

SER FIEL
É ISSO:
UM SÉCULO,
UMA ÚNICA
PAIXÃO.
Parabéns ao Sport Club Corinthians Paulista e à sua
imensa nação pelos 100 anos de uma história vencedora.

Atlético Mineiro • Atlético Paranaense • Bahia • Botafogo • Corinthians • Coritiba • Cruzeiro • Flamengo • Fluminense • Goiás
• Grêmio • Guarani • Internacional • Palmeiras • Portuguesa • Santos • São Paulo • Sport • Vasco da Gama • Vitória
H10 Especial
%HermesFileInfo:H-10:20100901:

QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

O melhor doPaís
Com o zagueiro
paraguaio Gamarra, a
74
Gols marca o ataque
O polivalente
Wilson Mano jogou como
lateral, volante e meia. Sua
equipe é campeã em da equipe campeã versatilidade o ajudou a disputar

PAULO PINTO/AE
1998, diante do paulista em 1982, 405 jogos. No primeiro jogo da
Cruzeiro, após três em 40 jogos. São final do Brasileiro de 1990, foi seu
partidas decisivas 26 vitórias na campanha o gol da vitória sobre o São Paulo

ARTIGO

Corinthians faz parte da tância dessa instituição nacional finca- renses: uns estão intrinsecamente liga- gantava na mesma proporção da for-

Um time
O
vida de todos nós. Não dá da há décadas no Parque São Jorge. Não dos aos outros. São dois irmãos que não ça do rival e sua imensa torcida. E fez
para imaginar o futebol interessacomo,maso Corinthianssem- se entendem, vivem aos tapas, e nem a Fiel chorar muitas vezes.
semoAlvinegrohoje cen- pre faz alguém feliz. Quando vence, são assim se largam. São indissociáveis, es- Tenho com o Corinthians ligação

que mexe tenário. Não adianta, ca-


ro amigo, empinar o na-
riz pelo que acaba de ler,
seus milhões de fiéis seguidores a feste-
jar. Quando perde, são os milhões de
secadores que comemoram. Sem risco
tes precisam daqueles, nem que seja pe-
lo prazer de curtir a desgraça alheia.
Nofundo,porém,hárespeito,admira-
de raiz. Assim como o venerado Alvi-
negro, nasci no Bom Retiro. O que foi
determinante para encarar a vida de

com todo nem vale virar a página. Muito menos


acharquefiqueidoidoeprecisodecami-
sa-de-força. Como proclamaria o imor-
deerrar,repare comoo barulho éo mes-
mo, numa e noutra situação. Vai dizer
que estou errado? Olha a cara-de-pau...
ção mútua, origens comuns. O berço
dos dois é igualmente popular. São al-
mas gêmeas, apesar de se comportarem
coração aberto. Tão aberto quanto o
bairro– democrático,acolhedor,plu-
ripartidário,multinacional.Nainfân-

mundo redouro e sempre atual coronel Odori-


coParaguaçu,prefeito daimagináriaSu-
cupira, faço essa afirmação com a “alma
Como não sou dono da verdade, pro-
curo ouvir quem é maluco por futebol e,
portanto, mais autorizado para provar
como Caim e Abel, Esaú e Jacó. Corin-

Quando vence, milhões


cia corintiana (e, beeem mais tarde,
na minha também), predominavam
italianos, judeus e operários. Depois,
lavada e enxaguada” na isenção de certas teses. No Estadão, nesse terreno gregosenordestinosencontrarames-
quem não é corintiano. Pode confiar em o matusquela militante é o Nilson Pas-
festejam. Quando perde, paço nas ruas com calçamento de pa-
Negue quem for capaz: o minha neutralidade e sensatez. quinelli, diagramador que tem sangue milhões comemoram ralelepípedo.Maisrecentemente,co-
futebol não perderia graça, Você que é são-paulino, santista, pal- verde e frequentador de carteirinha da reanos e bolivianos tomaram conta
meirense, só pra ficar em três torcidas coluna, sempre com opiniões irrefutá- thians x Palmeiras, pela tradição de dé- do pedaço e o revitalizaram. Bom Re-
se não existisse o de peso, responda com sinceridade: te- veis. Ele é a voz das arquibancadas. En- cadas, nos anos 1920 mereceu até conto tiroe Corinthiansnão saemde moda.
Alvinegro centenário? ria graça o esporte sem o Corinthians? quanto o pessoal preparava este capri- de António de Alcântara Machado, o Históriasdecorintianismo explíci-
Se disser sim, falo na sua cara que acaba chado caderno especial, perguntei pra mais fino representante do modernis- to e de anticorintianismo declarado
dedespejar uma mentira deslavada. Vo- ele o que achava da hipótese de um dia a mo paulistano. (Só para lembrar, na fic- meacompanhamdesdesempre.Cho-
cê está a agir assim por despeito, pra “turma de lá” (em sua frente, não se po- ção oCorinthians ganha do PalestraItá- rei e ri com esse time, pelos motivos
fazer desfeita. Sei que é da boca pra fora, de dizer o nome do adversário ilustre) lia por 2 a 1, gols de Neco e Biagio...) queexpusnocomeçodacrônica.Des-
porque no íntimo concorda comigo e desaparecer, virar fumaça. A resposta Cito o dérbi (linda essa designação), de garoto, temi e reverenciei aquele
ficaria com uma sensação de vazio, se o veio na bucha: “E cadê a graça?! Depois, mas o mesmo vale para Corinthians x uniforme majestoso, meias e calções
Timão sumisse do mapa. eu ia tirar sarro de quem!?” São Paulo, hoje em dia um clássico chi- pretos, camisa branca, com o escudo

✽ O Corinthians é imprescindível para
quem curte o joguinho de bola. Ou mes-
O Nilsão não estava de brincadeira. O
assunto é sério e só confirma o que es-
que, ou para Corinthians x Santos. Im-
possível ignorar os famosos jogos entre
solene no lado esquerdo. Não há co-
mo não se contagiar com esse “ban-
ANTERO mo pra quem nem sabe quantos jogado- crevi algum tempo atrás, a propósito da esses alvinegros na era Pelé. O Rei era do de malucos”. Não sou corintia-
GRECO res tem um time, mas conhece a impor- rivalidade entre corintianos e palmei- implacável com o Corinthians, se agi- no... mas fico na dúvida: não mesmo?

No cinema, a
Figuras folclóricas fazem paixão pelo
clube também já
ganhou espaço

parte da rica história De Mazzaropi a Marco Ricca, di-


versos atores vestiram a camisa
do Corinthians diante das câme-
ras de cinema. E o que os une é a
tradicional paixão. Mazzaropi,
por exemplo,vive o barbeiro Ma-
né em O Corintiano, filme de
1. 4. 1966 dirigido por Milton Amaral.
Torcedor fanático, do tipo que
nãocobradoclientequeapresen-
ta carteirinha do clube, ele vive
em eterna briga com um vizinho,
3. o palmeirense Leontino.
O tom, como não poderia dei-
xarde ser, éde galhofa. Manénão
larga um boné com o distintivo
do time nem quando dorme.
Também torcedor de carteiri-
nha,ooftalmologistaRomeu,vivi-
do por Marco Ricca, comete um
pecado mortal em O Casamento
de Romeu e Julieta, dirigido por
Bruno Barreto em 2004. É que,
embora corintiano fanático, ele
finge ser palmeirense para ter a
aceitaçãodopaideJulieta(Luana
Piovani), interpretado por Luís
5. Gustavo, o típico palmeirense.
Paixão semelhante a de Naldi-
2. nho, personagem de Flávio Mi-
gliaccio em Boleiros, Era Uma Vez
o Futebol..., longa dirigido por
Ugo Giorgetti em 1998. Ex-joga-
dordo Corinthians, elese encon-
tra em um bar com colegas e vive
a melancolia de um craque que
caiu no esquecimento.
ARQUIVO/AE

1. Nome diferente. Biro-Biro foi chamado de Lero Lero


2. Irreverente. Viola
3. O mais folclórico. Vicente Matheus marcou época na diretoria
4. Rebelde. Casagrande
5. Gozador. Vampeta

Presidentes que se niais, eram apenas curiosos. O via contratado o “Lero Lero”. E Mas o Corinthians foi célebre época da Democracia Corin-
nome mais ligado ao clube nes- sobre o genial “doutor” Sócra- emcriaroutrosbonspersonagens tiana, com seus cabelos enca-
atrapalham com as tes 100 anos, sem dúvida, foi o de tes, comentou: “Eleé invendável ao longo do tempo. O técnico racolados, as chuteiras bran-
palavras, jogadores com Vicente Matheus (1908 a 1997), e imprestável”, deixando claro Oswaldo Brandão (1916 a 1989) é cas e a camisa sempre para fo-
estilos ousados... O clube o eterno presidente alvinegro. que não aceitaria negociá-lo. um deles. É o recordista de jogos ra do calção. Ou ainda o gago
já teve de tudo Matheus comandou o clube A quem garanta também que no comando do clube (442) e se Ataliba, que de carrasco virou
por oito mandatos, sendo eleito ao agradecer “a Antarctica pelas consagrou com os títulos do 4.º ídolo da torcida. Ou Vampeta
pela primeira vez em 1959. Con- Brahmas que enviou” teria dado CentenáriodeSãoPaulo,em1954, que, entre outras coisas, eter-
história do Corin- seguiu ainda fazer sua mulher, golpe certeiro de publicidade e e o fim do tabu, em 1977. Era co- nizou o apelido “bambi” para Mazzaropi. ‘O Corintiano’

A thians é marcada
por figuras folclóri-
cas, que marcaram época. No-
Marlene,ser presidenteem 1991.
Durante sua passagem, eterni-
zoufrasescélebres,algumasatri-
conseguido assinar contrato
com ambas para colocarem sua
marca nos bares do clube.
nhecido pelo estilo disciplinador,
os ternos escuros e o inseparável
cigarro. Costumava se referir aos
orivalSãoPaulo,ouaindaVio-
la e suas inúmeras imitações
para comemorar gols, a mais estadão.com.br
mes que fizeramparte da cultura buídas a ele mais pelo folclore Ofatoé queseu estilo marcan- jogadores,tantodeseutimequan- famosaprovocandoorivalPal-
popular pelo simples fato de se- que se formou em torno de seu te e suas frases criaram a ima- do do adversário, pelo número. meiras, na final de 1993, cha- Livros e filmes. Confira a lista
remdiferentesevestiremacami- nome. Teria dito quando da con- gem perfeita para o dirigente Entre os atletas, o time ainda furdando como porco. O tiro, sobre o Corinthians no blog
sa de um dos mais tradicionais tratação do meia Biro-Biro, por que tinhaa paixão pelo clube aci- teria figuras curiosas, como o re- porém, saiu pela culatra e o www.estadão.com.br/e/centenario
clubes do País. Não eram ge- exemplo, que o Corinthians ha- ma de qualquer coisa. belde Casagrande nos anos 80, Palmeiras ficou com o título.
Especial H11
%HermesFileInfo:H-11:20100901:

O ESTADO DE S. PAULO QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010

36
É a idade de Roberto
Triste passagem
Em 2007, o time não
resiste aos escândalos
A estrela hermana
O argentino Carlitos Tevez é a
principal contratação do clube
Carlos quando chega em que assolam a para a temporada de 2005. No
2009. É a última grande diretoria e é rebaixado no fim do ano, o camisa 10
contratação Brasileiro. Volta corintiano termina como o melhor
antes do centenário no ano seguinte jogador da competição

NELSON ANTOINE/FOTO ARENA

Gols
Basílio/1977
1 1
Zé Maria cobra falta na ponta-di-
reita, aos 36 minutos do segundo
2 ZÉ MARIA tempo. Basílio resvala de cabeça
e Vaguinho chuta forte de pé es-
CARLOS querdo no travessão de Carlos,
BASÍLIO
goleiro da Ponte Preta. A bola

inesquecíveis
3
VAGUINHO
volta para o meio da área e Wladi-
mir cabeceia firme, mas a bola
bate na cabeça do zagueiro Os-
car. No rebote, Basílio pega de
bate-pronto perto da marca do
pênalti, de pé direito, e faz o gol
2 da vitória no terceiro jogo da deci-
são do Campeonato Paulista. O
O de Basílio, em 77, faz te, com direito a chapéu fantásti- camisa 8 corintiano corre até a
conozagueiroRonaldoMarcona- bandeirinha de escanteio para
história pelo significado, 6 BASÍLIO
OS ARTILHEIROS toechuteprecisodiantedogolei- OSCAR 4 festejar o momento histórico. Era
mas Marcelinho e Ronaldo ro Edinho, filho de Pelé, lhe ren- 5 o fim do jejum de títulos que dura-
também constroem obras deu uma placa, pedida pelo pró- WLADIMIR va 22 anos. Explosão de alegria e
CARLOS
de arte na Vila Belmiro ● Estes são os maiores prio Rei do Futebol. delírio dos 86.677 torcedores
goleadores do centenário Outros dois gols marcantes na presentes ao Estádio do Morum-
história corintiana tiveram o bi, naquela noite de quinta-feira,
xiste uma unanimidade 1º Cláudio 305 gols Santos como adversário. O do 13 de outubro de 1977.

E em 100 anos de história


do Corinthians. Ne-
nhumtorcedor tem dúvida: o gol
2º Baltazar 267
meia Paulo Borges da interme-
diária, que abriu o placar em
1968, no jogo da quebra do tabu,
Ronaldo/2009
Elias rouba a bola no meio de
marcado por Basílio, aos 36 mi- 3º Teleco 255 no Pacaembu, é sempre aponta- campo e lança Ronaldo. O Fenô-
RONALDO
nutos do segundo tempo, no ter- do por sua importância numa vi- meno dribla Triguinho e toca por
ceiro jogo da decisão contra a 4º Neco 235 tória que valeu como um título. cobertura, na saída de Fábio
Ponte Preta, no Campeonato Ano passado, na Vila Belmiro, Costa para fazer o terceiro gol do
Paulista de 1977, é o mais impor- 5º Marcelinho C. 206 Ronaldo comandou o Corin- FABIO COSTA Corinthians no primeiro jogo da
tante nos 100 anos da história thians no primeiro jogo da deci- decisão do Paulista de 2009, na
corintiana. O lance, que que- 6º Servílio 201 são do Paulista, com dois gols na Vila Belmiro. O Corinthians
brou o jejum de 22 anos sem títu- vitória por 3 a 1. O segundo, de venceu por 3 a 1 e ficaria com o
los, poderia ter sido do ponta-di- 7º Luizinho 175 cobertura, diante do goleiro Fá- título no jogo seguinte, com um
reitaVaguinho,queacertouotra- bio Costa, fez ossantistas relem- empate (1 a 1) no Pacaembu.
vessão do goleiro Carlos ou do 8º Sócrates 172 brarem momentos do Rei Pelé.
lateral-esquerdo Wladimir, que Paulo Borges/1968
teve sua cabeçada rebatida pelo 9º Flávio 170 Ruço contra a Máquina. Na len- Paulo Borges recebe na meia
zagueiro Oscar. O destino quis dária Invasão do Maracanã, em esquerda, de frente para o gol de
que a bola sobrasse limpa para o 10º Paulo 146 1976, os 70mil corintianos que lá Cláudio, goleiro do Santos, aos
camisa 8. “Eu só me preocupei estiveram dividindo o maior es- 13 minutos do segundo tempo.
empegardebate-pronto”,relem- tádio do mundo com a torcida Sem marcação, o camisa 8 dispa-
CLÁUDIO
bra o eterno “Pé de Anjo”. dos,oquecolocaomeiaemquin- do Fluminense. E foram à loucu- PAULO BORGES
ra um forte chute, que vai no ân-
Após 16 anos do título históri- to na lista dos artilheiros. O mais ra quando o volante Ruço des- gulo esquerdo. O Corinthians ven-
co, a torcida corintiana elegeu bonitofoiem1996,frenteaoSan- viou de meia bicicleta a cabeça ceu por 2 a 0 (o segundo gol foi
maisum“PédeAnjo”.FoiMarce- tos,naVilaBelmi- de Geraldão e enganou o goleiro de Flávio) e acabou com o tabu
linho Carioca, dono de ro. A obra Renato para empatar o jogo. O de 11 anos e 22 jogos sem vitória
chute poderosíssi- de ar- Corinthiansganharia avagapara sobre o time de Pelé, Edu e cia.
mo, vindo do a final do Campeonato Brasilei-
Flamengo, rocontrao Internacionalnospê- Marcelinho/1996
em dezem- naltis, acabando com o favoritis- Tupãzinho passa a bola para Mar-
bro de 1993. mo do Tricolor carioca, apelida- celinho Carioca. O camisa 7, na
Foram 206 do de “A Máquina” por causa corrida, toca de chaleira, dá um
gols marca- do grande número de craques chapéu no zagueiro Ronaldo Mar-
EDINHO
presentes no elenco, incluin- conato e bate, sem deixar a bola
do o craque Rivellino. MARCELINHO cair, de chapa na saída do goleiro
Em1983,outrogolficoure- MARCELINHO Edinho, filho de Pelé, aos 21 do
gistrado na memória dos co- segundo tempo. O jogo acabou 2
rintianos. Por dois motivos. a 2, mas Pelé, que estava na Vila
Primeiro: foi o sétimo na go- TUPÃZINHO Belmiro, sugeriu que uma placa
leada histórica sobre o Tira- fosse entregue ao “Pé de Anjo”.
dentes-PI, por 10 a 1, no Canin-
dé. Segundo: por sua plástica. Wladimir/1983
Com grande estilo, o lateral-es- O ponta-esquerda Paulo Egídio
querdoWladimirrealizouomovi- cruza na área do Tiradentes-PI,
‘Pé de anjo’. mento perfeito da bicicleta para PAULO EGÍDIO
aos 8 minutos do segundo tem-
Basílio fez o fazer o seu gol mais bonito entre po. Wladimir, quase na marca do
gol que pôs os 34 que marcou com a camisa WLADIMIR pênalti, acerta uma bicicleta mag-
fim ao jejum do Alvinegrodo Parque São Jor- NETO nífica, perfeita. Foi o sétimo gol
de 22 anos ge, em 805 jogos oficiais. WLADIMIR na goleada histórica por 10 a 1,
sem títulos no Estádio do Canindé, pelo Cam-
peonato Brasileiro. Os 17.821
torcedores presentes jamais
esqueceram o resultado e o gol.

Ruço/1976
Vaguinho cobra escanteio na pon-
ta esquerda, aos 30 minutos do
primeiro tempo. Geraldão sobe
RUÇO
de cabeça e toca em direção ao
GERALDÃO gol. Ruço, de meia-bicicleta, des-
RENATO via do goleiro Renato e empata o
jogo diante do Fluminense na
semifinal do Brasileiro de 1976.
O Corinthians garantiu vaga na
decisão diante do Inter com uma
ARQUIVO/AE

vitória nos pênaltis por 4 a 1.

PARA LEMBRAR A evolução do emblema

● O distintivo ganhou 7 versões.


Nos anos 30, foram adicionados
a âncora e o par de remos

Alguns uniformes
● ● ● ● ● ● ● ● ● ●
1910 Anos 50 Anos 60 Anos 70 Anos 70 Anos 80 2000 2007 2008 2009
H12 Especial
%HermesFileInfo:H-12:20100901:

QUARTA-FEIRA, 1 DE SETEMBRO DE 2010 O ESTADO DE S. PAULO

Elisa, alma preta e branca


Elisa Alves do Nascimento foi
torcedora-símbolo durante anos.
146
Mil é o público do 2º
Momento de fé
Torcedor cumpre
promessa e atravessa
Assim como o clube, nasceu em jogo da final de 1977, gramado do Morumbi
1910, em Tietê, e morreu em 1987. recorde do Morumbi. de joelhos após a

ARQUIVO/AE
Foi presença marcante nos O título, porém, vem conquista do título
estádios por onde o time jogou. apenas na 3ª partida. paulista de 1977

JOSE PATRICIO/AE–3/5/2009

Paixão já foi responsável


por momentos como a
Invasão do Maracanã em
1976 e faz torcida ficar
perto de ser a maior do País
que é considerada uma nação.
Conhecida como Fiel por sua
dedicação ao clube, apelido que

1955a1977, período que,curiosa-


mente, não parou de crescer, a
torcida é hoje o maior símbolo
Fiel
surgiu nos 22 anos sem título, de
é de menos de 4%.
O Corinthians tem ainda a
maior torcida da região Sudeste,
com 16,6 milhões, além de ser a
maior de São Paulo (14,4 mi-
lhões). É também a mais nume-
rosa no Paraná (1,8 milhão), su-
minense. Calcula-se que 70 mil
torcedores se deslocaram de
São Paulo para o Rio e empurra-
ram o Corinthians, que vivia o
mais longo jejum de títulos de
sua história. Não há registros no
futebol brasileiro e mundial de
gues, em sua coluna no jornal O
Globo de 6 de dezembro de
1976, reflete o que ocorreu no
Maracanã. “Me senti como um
estrangeiro na doce terra cario-
ca.” Uma charge de Ziraldo, no
Jornal do Brasil, da mesma data,
na época, havia mais corintiano
do que mosca no Rio naquele 5
de dezembro de 1976.
Esta força da torcida também
se tornou motivo de pressão em
vários momentos ao longo dos
100 anos do clube. Cobrança
do clube. perando até a dos times locais. algo semelhante. A vitória corin- também deu o tom. O cartunista por vitória, revolta contra técni-
uandoatorcidacorintia- De acordo com recente pes- cos,dirigentese jogadoresrepre-

Q naentoounasarquiban-
cadas do Pacaembu a
música que se tornaria
quisa do Ibope, o número de co-
rintianos é de 25,8 milhões. A di-
ferençaque separa a torcida alvi- A NAÇÃO 25,8 milhões é o número de torcedores
sentam o outro lado desta moe-
da. Muitos se tornaram vítima
desta energia que emana das ar-
sua marca registrada – “Aqui negra da flamenguista, a primei- corintianos no Brasil, segundo pesquisa do Ibope feita este ano. quibancadas.
tem um bando de louco, louco ra do País, diminuiu considera- É o equivalente à soma das populações de Portugal, Suécia e Suíça A paixão que resistiu a 22 anos
por ti Corinthians” –, em plena velmente nos últimos anos. Ho- sem títulos e ao rebaixamento à
caminhadadotimerumoà2.ªDi- je, são 33,2 milhões de flamen- 2.ª Divisãodo Brasileiro pode ser
visão do Campeonato Brasilei- guistas, o que representa 17,2% O momento mais emblemáti- tiana nos pênaltis foi um prê- mostraumacriancinha encaran- comprovada a cada jogo do time,
ro, em novembro de 2007, o Bra- do total no Brasil. O Corinthians co desta paixão foi registrado mio para tamanha demonstra- do o prato de comida e choran- seja no Pacaembu, casa oficial
sil inteiro teve um pouco da di- tem 13,4%. A diferença, que já em 1976, pela semifinal do Cam- ção de amor. do: “Manhê! Caiu um corintiano do clube, ou onde quer que o ti-
mensão do que representa esta chegou a ser superior a 5%, hoje peonatoBrasileiro, contra o Flu- Uma frase de Nelson Rodri- na minha sopa!” Como diziam me se apresente.
ARQUIVO/AE–5/12/1976 ARQUIVO AE–13/9/1961 JOSE PATRICIO/AE–28/3/2010

A famosa invasão. Corintianos na chegada Mar de gente. Pacaembu lotado para duelo Homenagem. Criativos, torcedores exibem a
ao Rio em 1976, para enfrentar o Fluminense com o Palmeiras: cena comum na história evolução do distintivo no Pacaembu

DECLARAÇÕES DE AMOR

“Quando cheguei ao Parque São Jorge eu disse, com absoluta frieza, que era anticorintiano. Hoje, com a
carreira encerrada, digo com a mesma tranquilidade que sou corintiano até morrer.” SÓCRATES ●
“Saio do Corinthians para dirigir o meu País. Não trocaria esse time por nenhum outro do mundo.” PARREIRA ●
“Nunca comemorarei um gol contra o Corinthians, não importa em que clube estiver. Lá ganhei tudo o que
uma pessoa poderia sonhar, e, mais que isso, a torcida me ganhou pra toda a vida.” OSWALDO DE OLIVEIRA ●

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