UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

DAYANA LOURENÇO

A Grécia Antiga e suas representações em cerâmicas

Rio de Janeiro/ RJ
04/2020
Introdução
A Grécia Antiga foi um período riquíssimo em manifestações artísticas que
acompanharam e ajudam a revelar cada parte da história deste povo.
A filosofia dessa civilização influenciou a concepção do homem como parte
mais incrível do universo e o tornou objeto principal na arte grega. O que fez
com que as manifestações culturais se apresentassem de forma mais livre.
A arte grega passou por todos os seus períodos históricos apresentando uma
infinidade de formas artísticas representadas na elaboração das obras.
Para contar um pouco dos aspectos que podem ser observados nessas
criações, escolhi a cerâmica como objeto de estudo nesta pesquisa.
Sua durabilidade, formas, iconografia e as características dos vasos está
repleto de informações históricas estudadas ao longo de vários períodos.
As ânforas nos ensinaram bem mais que técnicas artesanais, materiais e estilo,
mas são também uma fonte de conhecimento, cronologias e contextos capazes
de descrever uma sociedade.
A Grécia Antiga e suas representações em cerâmicas

A Grécia Antiga era o que chamavam de colcha de retalhos: diversas cidades

independentes que viviam sob a mesma cultura, mas sem grandes vínculos de
união. Geralmente situadas ao redor do mar Egeu, tendo o mar Mediterrâneo
ao sul, as cidades gregas se “expandiram” para diversos continentes.
Além disso, é conhecida por sua profunda influência sobre o mundo ocidental
e a criadora de muitos dos seus valores. Filosofia, retórica, democracia, teatro,
política e muitas áreas se desenvolveram sob a Grécia Antiga que lançou as
bases do mundo que vivemos hoje.
Mapa da Grécia Antiga

A arte grega é antropocêntrica (do grego, anthropos " humano" e kentron "
centro" que significa homem no centro), pois os artistas preocupavam-se com
o realismo e também procuravam exaltar a beleza humana, destacando a
perfeição das suas formas. É ainda racionalista, pois reflete nas obras de arte,
as observações concretas dos elementos que envolvem o Homem com o
divino, com o mundo e a sua origem, com a vida e a morte e também com sua
dimensão interior.
Dentre tantas formas de artes (arquitetura, esculturas, pinturas e o teatro
grego), está o artesanato e suas cerâmicas, tão ricas em documentar a
evolução plástica na Grécia, além de tantas outras funções no contexto social
do período.
As cerâmicas eram utilizadas nas funções domésticas, artesanais, comerciais,
religiosas e fúnebres.

A história da Grécia Antiga está dividida em quatro períodos:

Pré-Homérico (séculos XX - XII a.C.)

Homérico (séculos XII - VIII a.C.)
Arcaico (séculos VIII - VI a.C.)
Clássico (séculos V - IV a.C.)

Amphora por Exéquias , Aquiles e Ajax envolvidos em um jogo de tabuleiro, BC c.540-530, Museus do Vaticano , Cidade do Vaticano .
Estilo arcaico (final do séc. VIII ao séc. V a.C.)
- Fase arcaica (finais do séc. VII até cerca de 480 a.C.) – Durou
aproximadamente 100 anos. Houve um intenso processo de urbanização da
Grécia, com inúmeros avanços sociais, culturais e comerciais.
Na arquitetura, surgem novas demandas do processo de urbanização e novos
contornos ganham forma com o domínio do mármore.
Fase marcada pelo aparecimento da cerâmica decorada com a técnica das
figuras pintadas a negro. Sobre o fundo vermelho do barro destacam-se os
elementos figurativos, representados como silhuetas estilizadas á maneira
antiga (lei da frontalidade - rosto e pernas de perfil, olho e tronco de frente e
ancas a três quartos) e a técnica da incisão continua em uso, permitindo
pormenorizar o interior das figuras, agora enriquecidas com linhas de contorno
dos músculos e outros pormenores como a barba, o cabelo e até o padrão do
vestuário. Com todas estas preocupações e inovações, torna-se notório o maior
rigor aplicado ás figuras, que lhes imprime um grande realismo e
expressividade. Para além dos relatos mitológicos passam a ser representadas
cenas da vida familiar e do quotidiano;
As figuras de Aquiles e Ajax, representadas na cerâmica acima, jogam algum
jogo de tabuleiro durante a Guerra de Tróia.
Podemos dividir a imagem em duas partes: do lado esquerdo vemos Aquiles,
um jovem violento que amava a glória. Acerca de seu aspecto físico, podemos
dizer que tinha cabelos loiros, olhos brilhantes e voz forte, apesar de não
vermos na imagem.
Do lado direito da imagem temo Ajax, que era pouco falador e calmo. Podia ser
também caracterizado pela sua benevolência e força. Cada um deles aparece
do lado de duas lanças.
De acordo com as palavras escritas ao lado dos dois jogadores, Aquiles
proclama que ele tem um jogo de quatro, enquanto Ajax tem um três, mas
ambos estão acompanhados de suas armaduras e segurando suas lanças,
sugerindo que eles podem voltar para a batalha a qualquer momento.
As figuras de ambos Aquiles e Ajax são decorados com detalhes finos e
incisivos, mostrando elaborados padrões têxteis e quase todos os cabelos no
lugar.
Exéquias é considerado o mestre absoluto do estilo figura-negra, que atinge o
seu ápice com ele. Sua importância não é apenas devido à sua pintura vaso
magistral, mas também para a sua alta qualidade e cerâmica inovadora,
fazendo a pintura de cenas usando um pedaço de argila que disparou ao preto,
com detalhes criados através de incisão.
As obras de Exéquias são distinguidas por suas composições inovadoras,
desenho preciso e caracterização psicológica sutil, todos os quais transcendem
os desafios inerentes à técnica de figura-negra.
Também característica da Exéquias é o uso perito da linha, tanto em termos de
suas figuras finamente desenhadas e também a incisão linear dos cabelos,
barbas, características faciais únicas, aspectos da armadura e móveis, traços
de plantas e animais, e particularmente os padrões de tecidos vestuário ou
bordados, que são impressionantemente variadas e precisas.
Isto pode ser apreciado na ânfora, onde Aquiles e Ajax são mostrados vestindo
mantos ricamente ornamentados, com quase todos os elementos claramente
visíveis e identificáveis. A musculatura é habilmente acentuada, assim como os
detalhes de mãos, pés e armadura, e cabelo é precisamente desenhado com
uma série de linhas que funcionam exatamente paralelos.

Assinatura Exéquias como oleiro: ΕΧΣΕΚΙΑΣΕΠΟΙΕΣΕ ( ‘Exéquias feito [me]’), ca. 545 -540 C.
Referência bibliográfica

FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001.

GUARINELLO, Norberto Luiz. História Antiga. São Paulo: Contexto, 2013.

SILVA, Kalina Vanderlei. Dicionário de Conceitos Históricos. São Paulo:

Contexto, 2010.

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