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É a vocação o tema da segunda meditação dos Exercícios Espirituais da Cúria Romana que
estão sendo realizados em Ariccia e, da Casa Santa Marta, seguidos pelo Papa Francisco que se
resguarda por causa de um resfriado. A vocação, disse o pregador Pe. Pietro Bovati, “é sempre
uma escolha que nasce do coração do indivíduo” e não alguma coisa “que se determina de
maneira coletiva”.
A vocação é “o encontro decisivo com o qual Deus falou com a gente” e pelo qual decidimos
obedecer a sua escolha. É o início de uma “nova história”, de um “novo nascimento”, através do
qual se criam novas paternidades e novas fraternidades. É, então, necessário recordar o
momento em que se viveu quando se obedeceu e “ouvir de novo a voz do Senhor”, naquele que
é o significado definitivo da oração.
A inconsciência de Moisés
Moisés não sabe onde está indo e nem mesmo percebe que se aproxima de um lugar sagrado
quando fica intrigado com o arbusto ardente do monte Horeb. Não imagina o significado do
arbusto queimado pelo fogo sem se consumir e o que será revelado a ele. “Esses vários aspectos
de ignorância, de inconsciência”, sublinha Pe. Bovati, “constituem a matriz essencial para
compreender o que seja realmente a vocação na sua dimensão profética, isto é, que é sempre
uma revelação de Deus, não uma lúcida autoconsciência, não uma autodeterminação”.
Chamando-o pelo nome, Deus pede, de fato, a Moisés, uma disponibilidade pessoal pela qual
ele responde, dizendo: “estou aqui” e “empreendendo um caminho de consciência e de
obediência”.
Um evento inesperado
O chamado de Deus acontece, então, “numa condição humana, numa pessoa, despreparada;
acontece como uma surpresa, como um evento inesperado e, aparentemente, que aconteceu do
nada”. É inesperada, de fato, a escolha de Davi, um rapaz que toca a cítara e não um guerreiro
para combater Golias, ou aquela de Jeremias, um jovem inexperiente chamado a profetizar para
as nações.
“A surpresa é, na verdade, a marca de Deus, e também a desproporção entre aquilo que se
considera ser oportuno, e até mesmo necessário aos olhos dos homens, e aquilo que Deus
escolhe como mediação: como um servo para a sua obra de salvação.”
O significado do arbusto
Do arbusto chega a voz de Deus. Um sinal que a Bíblia não explica explicitamente, mas que
para o sacerdote jesuíta pode ser interpretado em dois modos. De um lado, o arbusto é a
representação simbólica de Moisés: é um homem, uma realidade miserável atingida pelo fogo
“simbólico privilegiado do Deus vivo”. Uma união que, “ao contrário de aniquilar a criatura
fraca e frágil, promove ela a uma vitalidade, a uma tarefa que ao homem parece impossível”. Do
outro lado, o arbusto é “a realidade sofredora do povo de Israel”, enquanto o fogo é “o poder
cruel do opressor egípcio que, no entanto, não é capaz de aniquilar essa frágil realidade de um
povo submisso, porque Deus está presente”.