cumprimento de sentença. Importante ressaltar que cumprimento de sentença não significa apenas de primeiro grau, pode ser uma decisão de segundo grau ou de tribunal superior. É quando não há o adimplemento da parte vencida. A execução se divide em: título judicial e título extrajudicial. Há necessidade de execução, de se socorrer ao judiciário para poder executar, porque não houve o cumprimento espontâneo da obrigação, seja ela qual for a obrigação (de pagar, fazer, não fazer e de entrega de coisa certa ou incerta). Uma vez não cumprida a obrigação, a parte vai ao judiciário para que sejam tomadas as medidas cabíveis para compelir a parte contrária a cumprir a obrigação, eis que a própria pessoa não pode fazer isso com as próprias mãos, apenas o juiz. Quando a obrigação de pagar não foi cumprida voluntariamente poderá ser feito a penhora online. O cpc de 2015 inovou ao retirar os bens “absolutamente impenhoráveis”, atualmente há apenas bens “impenhoráveis”, conforme artigo 833, CPC. A execução pode ser classificada em: comum (que é a execução normal) e especial ou específica (possui um procedimento diferente que é o caso de execução de alimentos/ Fazenda Pública- precatório ou RPV). O cumprimento de sentença vai do artigo 513 ao 538, CPC. O cumprimento de sentença pode ser provisório (quando o recurso é recebido apenas no efeito devolutivo) ou definitivo. Lembrando que em caso de fazenda pública tem que esperar o trânsito em julgado. A execução de título extrajudicial está prevista no artigo 771 ao 925, CPC. Nesse caso, só pode ser execução definitiva, não há em que se falar em execução de título extrajudicial provisório. Os artigos 513 ao 925 estão englobando a fazenda pública também, lembrando que se for obrigação de pagar, a fazenda só paga em execução definitiva (após o trânsito em julgado). O artigo 513 e 771, CPC, autorizam que seja adotado, subsidiariamente, alguma norma de cumprimento de sentença na execução de título extrajudicial ou uma norma de execução de título extrajudicial, subsidiariamente seja usada no cumprimento de sentença. A execução pode ser direta ou indireta. Será direta quando independe da vontade do executado, tanto para cumprimento de sentença quanto para execução de título extrajudicial, por ex, penhora, adjudicação e etc. É obrigação do executado noticiar ao juiz se ele tem bens para adimplir com a obrigação (quem vai dizer se é penhorável ou não é o juiz), sob pena de ato atentatório a dignidade da justiça. Então, independe da vontade do executado. Já a indireta é quando o executado não é obrigado a cumprir, mas poderá sofrer com as consequências do não cumprimento da obrigação (como multa, indenização e etc), muito comum em caso de obrigação de fazer e uma vez não cumprida se transformará em obrigação de pagar. Se o executado não cumprir a obrigação, poderá o exequente fazer ou mandar terceiros fazer às custas do executado. Dentro de uma mesma execução pode haver mais de um título, conforme artigo 780, CPC e súmula 27, STJ. A execução depende de certeza, liquidez e exigibilidade. 1) Certeza- o título executivo que espelhe uma obrigação. 2) Liquidez- precisa ter o valor a ser executado. O credor tem que saber do valor a ser executado. 3) Exigibilidade- tem que ser possível exigir do executado o cumprimento da obrigação. Não há título executável sem esses 3 pressupostos (certeza, liquidez e exigibilidade) “É nula a execução sem título judicial ou extrajudicial”. Mora ex re- Ligado à exigibilidade. Significa que se pode executar sem que precise notificar o devedor para o cumprimento da obrigação, pois há no título a data para cumprir a obrigação. Mora ex persona: Pode executar depois do devedor não cumprir a obrigação, com prévia notificação. Aí depois disso que poderá executar. Exceção de pré executividade- A defesa do executado, em sede de cumprimento de sentença, é a impugnação. Se for em execução de título extrajudicial a defesa é o embargo à execução. A exceção de pré- executividade (não tem prazo para a parte ingressar) pode estar presente em 2 casos: 1- quando não há necessidade de dilação probatória e a parte já deve ofertar ao juízo as provas e as razões da exceção de pré-executividade. 2- Também pode ser ofertada quando for matéria de ordem pública (não depende de prova), ex: prescrição. O artigo 784, CPC elenca os títulos executivos extrajudiciais. Já os títulos executivos judiciais encontram- se elencados no artigo 515, CPC. Princípios presentes na execução; Há autores que falam de alguns, mas não falam de outros. Princ. Da cooperação: O artigo 6°, CPC, artigo 774, V, CPC e artigo 525, § 4°, CPC (O executado deve dizer qual o valor que entende ser devido) falam desse princípio. Todos devem cooperar com o judiciário.
Princípio da efetividade ou da razoabilidade
temporal: artigo 4° do CPC. A tutela jurisdicional da tem que ser em tempo razoávelmente curto.
Princ. Da boa-fé processual: Artigo 5° do
CPC. Válido tanto na fase de conhecimento quanto na fase de execução. O artigo 774 do CPC também relata o princípio em comento.
Princípio da primazia da tutela específica
ou princípio do exato adimplemento: Artigo 497, CPC. O que se pretende na fase de conhecimento ou no processo de execução é que a obrigação seja cumprida, no primeiro momento, exatamente na forma que está no título. O objeto da execução é atribuir ao credor a mesma vantagem ou utilidade que se lograria se a prestação tivesse sido cumprida voluntariamente pelo devedor. Quando o credor vai às portas do judiciário pedir ao judiciário que determine o devedor/executado que cumpra a obrigação na forma estabelecida no título, exatamente da forma que estar no título, que é o exato adimplemento. A princípio, a parte requerente, inicialmente, quer que o devedor cumpra exatamente o que fora determinado, não sendo possível poderá ser convertido em perdas e danos, indenização e etc. Lembrando que o juízo pode compelir a parte para cumprir a obrigação sob pena de multa. Lembrando, também, que a lei permite ao juiz determinar que o próprio executado cumpra a obrigação de fazer ou um terceiro ou o próprio exequente cumpra a obrigação à custa do executado. Na obrigação de pagar é o mesmo princípio, ou seja, quer dinheiro que deve, não sendo possível, da um bem para adimplir a obrigação.
Princípio da patrimonialidade: artigo 789,
CPC. A execução comum é normalmente expropriatória, já a especial pode ser também expropriatória e pessoal. No caso de Fazenda pública não há em que se falar em expropriação, tendo em vista que os bens públicos são impenhoráveis. O devedor responde a execução com o seu patrimônio (presente ou futuro), salvo por vedação legal. Deve-se ficar atento com a prescrição intercorrente (artigo 921, CPC) e a parte deve pedir o arquivamento dos autos, eis que o executado pode vim a adquirir bens. Isso acontece quando não encontra bens do executado e para que a execução não fique parada sem que haja provocação por parte do exequente e com isso venha ocorrer a prescrição intercorrente, deve-se pedir o arquivamento do processo, pois no futuro pode adquirir bens.
“restrições estabelecidas em lei” (artigo 789, CPC)
- Significa dizer que existem bens que são impenhoráveis. Artigo 833, CPC; lei 8.009/90 que trata do bem de família; O município pode penhorar a casa objeto da dívida de IPTU, e etc. Se o devedor da sua única casa em garantia de uma divida ao credor e não paga a dívida, o STJ vem decidindo que pode sim a casa ser penhorada, eis que no momento de entabular o contrato dando a casa em garantia, mesmo sabendo que é impenhorável, o devedor estaria abrindo mão da proteção que a lei oferece.
Princípio da disponibilidade do processo
pelo credor: A lei diz (art. 520/523) em caso de obrigação de pagar a execução é uma faculdade do credor, executa se quiser. Na obrigação de fazer, a execução pode se iniciar de ofício, não precisa iniciar por provocação do credor, conforme artigo 536, CPC, o juiz pode determinar de ofício. Logo, esse princípio não é aplicado nas obrigações de fazer apenas obrigação de pagar.
Princípio da utilidade: Art. 836, CPC.
Quando a penhora de um bem é insignificante em relação à dívida total, ou seja, não tem utilidade alguma. O valor do bem é tão pequeno em relação ao valor da dívida que chega a ser irrelevante, não serve nem para pagar as custas. Princípio da menor onerosidade: A execução deve ser da menor onerosidade possível para o executado, conforme artigo 805, CPC.
Princípio do contraditório: Há exceção de
pré-executividade, mas o executado pode se defender através de impugnação ou embargos à execução. Quando for título executivo judicial (cumprimento de sentença) a defesa do executado será a impugnação, seja o executado um particular ou fazenda pública. No código de 73 a defesa da fazenda, mesmo sendo execução de título executivo judicial, era através de embargos à execução. Quando for execução de título executivo extrajudicial a defesa do executado será os embargos à execução, tanto particular como fazenda pública.
Princípio do sincretismo: A legislação
brasileira adotou esse princípio. E esse princípio facilita o cumprimento de sentença (execução de título judicial). Art. 515, CPC. Na maioria dos casos aplica-se esse princípio que significa dizer que há o termino da fase de conhecimento e inicia-se a fase de execução tudo nos mesmos autos. Ver artigo 523, CPC também, se requer a intimação do devedor e não citação. O artigo 515, CPC prevê a aplicação de outro sistema que não é o do sincretismo, é o processo de execução e não há em que se falar em fase de execução, não basta a fase de execução e sim o processo. Esse caso está previsto no artigo 515, § 1°, CPC e aqui há a citação. Na hipótese do §1° não há processo sincrético. PRESSUPOSTOS PARA A EXECUÇÃO:
- Pressupostos Objetivos;
. Título e inadimplemento. Tem que ter um título e
o inadimplemento, se não houver o inadimplemento não há em que se falar em execução, ao passo que, se não tiver título não tem execução.
. Legitimidade: a) ordinária- são os que constam
no título, ou seja, credor e devedor, são os sujeitos da relação jurídica material.
b) extraordinária: é o caso de um terceiro que pode
ter uma legitimidade extraordinária, que não está, a princípio, na relação jurídica. EX: morte do credor e os herdeiros prosseguem ou iniciam na execução, que é a chamada legitimidade derivada causa morte.
c) originária: é o credor e devedor.
d) derivada: há uma substituição na relação
jurídica que pode ser causa mortis ou inter vivos (ex: credor cede o crédito para um terceiro). Quando há alteração do credor, não necessita da manifestação do devedor. O inverso não é verdadeiro, isto é, precisa da anuência do credor. Os artigos 778/779, CPC, fala dessa questão de legitimidade. BENS IMPENHORÁVEIS: Sempre leva em consideração a dignidade da pessoa humana. O legislador, para proteger a liberdade, dignidade da pessoa humana, a vida, integridade física e etc, entendeu que alguns bens são impenhoráveis. A impenhorabilidade é uma barreira, limite da responsabilidade patrimonial do executado que deve ser respeitado pelo magistrado quando for determinar a penhora de um bem. O código de 73 falava de bens “absolutamente impenhoráveis”, o CPC atual tirou essa terminologia de “absolutamente”. Isso significa que à luz do caso concreto a impenhorabilidade pode ser relativizado, flexibilizado. Alguns autores defendem (maioria) que a impenhorabilidade não tem a qualidade de ordem pública, eis que foi retirado o “absolutamente”. O STJ tem admitido a penhorabilidade do bem quando uma pessoa oferta à penhora um bem originariamente impenhorável, pois a pessoa estaria agindo de má fé. Isto é, quando a pessoa age dessa maneira, de má fé, o STJ vem admitindo penhora quando o bem impenhorável foi ofertado à penhora. O entendimento do STJ em caso de eventual renúncia: O stj disse que é possível a renúncia, é possível renunciar a impenhorabilidade de um bem impenhorável, desde que não seja um bem inalienável e um bem de família. Artigo 833, CPC, elenca os bens impenhoráveis. Essa questão da impenhorabilidade tem sido flexibilizada por parte do STJ, notadamente, quando se fala a questão de salário. O STJ fixou a tese de que honorários advocatícios tem a natureza jurídica de alimentos. Súmula vinculante n° 47 (trata de honorários advocatícios). O STF adotou essa súmula devido à grande discussão entre RPV e Precatório. O STF quis dizer que honorários sucumbenciais tem natureza alimentar, quando fala em condenação da fazenda pública em obrigação de pagar honorários sucumbenciais, que pode ser por precatório ou por RPV, também tem natureza alimentar e quando fala em honorários contratuais que também tem natureza alimentar. O STF se preocupou com RPV e Precatório (artigo 100, CF) porque possuem procedimentos específicos e quando a fazenda pública é sucumbente e tem que pagar por RPV ou precatório, os honorários terão preferencias sobre verbas não alimentar devido à natureza alimentar. O legislador teve a preocupação de elencar no artigo 833, CPC e na lei 8.009/90, os bens impenhoráveis para proteger a dignidade da pessoa humana. O STJ tem flexibilizado bastante a impenhorabilidade dos bens previsto na legislação em virtude da proteção da dignidade da pessoa humana. EX: há julgados do STJ dizendo que pode ser penhorado ar condicionado e há decisões dizendo que não pode. / Garagem- súmula 449, STJ. O STJ tem permitido a penhora de parte do salário para pagamento de alimentos e parte do salário quando for superior a 20 salários mínimos (não tenho certeza se é esse o valor correto) para pagamento de dívidas não provenientes de alimentos, mesmo a lei dizendo que para nesses casos o salário teria que ser superior a 50 salários mínimos. A impenhorabilidade é uma “barreira” que o legislador colocou limitando a responsabilidade patrimonial do executado, preservando a dignidade da pessoa humana e, quando não for o rito da prisão e sim da expropriação, a liberdade quando não é possível determinar a prisão do devedor de alimentos. Um bem inalienável é impenhorável e isso se justifica porque quando um juiz determina a penhora de um bem é porque vai pegar esse bem, caso não tenha a adjudicação, e levar à leilão para que seja arrematado. Então, se não pode ser alienado não pode ser arrematado. A alienação não é só venda, envolve outras coisas como não poder doar se o imóvel é inalienável e etc. Em suma, o inalienável é impenhorável. Um bem impenhorável não é inalienável, tanto que o STJ vem admitindo que a inalienabilidade cesse com a morte do proprietário, podendo então ser alienado posteriormente. No fim das constas, o STJ entendeu que se o bem estiver gravado com cláusula de impenhorabilidade pode vender, se tiver com cláusula de inalienabilidade não pode penhorar. Os bens públicos são impenhoráveis. A inalienabilidade dos bens pertencentes ao poder público dependerá da vontade de cada ente, pois é o ente que irá noticiar, criando uma lei por exemplo, a inalienabilidade de determinado bem. Então, os bens públicos continuam impenhoráveis, mas pode haver autorização para alienação de determinados bens. Há inabilidade indireta (decorrente da vontade das partes- Lembrando que tem alguns julgados do STJ que retira a inalienabilidade) e direta (decorrente de lei- Ex: a questão da alienação de bens públicos; decorrente de ato ilícito, art. 533, §1°, CPC). O artigo 833, II, CPC- Demonstração clara da proteção da dignidade da pessoa humana, quando o legislador assevera o que está previsto no artigo em comento. Esse dispositivo é um conceito jurídico indeterminado e deve ser analisado o caso concreto, a necessidade de cada caso. O inciso III- Também é um conceito jurídico indeterminado. Bens pessoais de elevado valor pode ser penhorado sim, pois não irá ferir a dignidade da pessoa humana. Há entendimento do STJ que não pode ser penhorado bens de valor sentimental e para isso, o juiz terá que analisar o caso concreto para decidir sobre a penhora ou não. Inciso IV- Trata de salários, subsídios e etc. Existem várias decisões do STJ com relação a penhorabilidade de salários. O STJ já decidiu a respeito da penhora, excepcionalmente, em decimo terceiro e férias, observado a dignidade da pessoa humana no caso concreto essa análise será feita pelo magistrado. Em caso de restituição de imposto de renda: Há tempo, o STJ tinha decidido que se essa restituição do imposto de renda for utilizada para as necessidades básicas do devedor (e cabe a ele provar isso), não vai ser penhorado. Se for um “algo a mais” que não irá afetar a vida, família do devedor poderá ser penhorado. Entretanto, em decisão recente o STJ analisando o caso concreto, não admitiu penhora na restituição do imposto de renda e entendeu-se assim porque a restituição do IR é parte do salário que a união retirou e estaria devolvendo por ter havido um desconto indevido, portanto, como é parte do salário não pode ser penhorado. Rescisão do contrato de trabalho- Segundo o STJ é impenhorável, pois trata-se de verba alimentar. Mas isso não é uma jurisprudência consolidada, até porque se o salário era alto e a rescisão for tb muito alto, não irá ferir a dignidade da pessoa humana, logo, pode ser penhorado. A verba meramente indenizatória pode ser penhorada, eis que não tem natureza de salário e nem de alimentos. Quanto aos honorários advocatícios o STJ entende que tem natureza alimentar, mas a depender do valor recebido poderá ser penhorado. Quando for alimentos não tem dúvidas que pode ser penhorado assim como em todas as situações anteriormente tratadas. Recentemente a corte especial do STJ entendeu não ser possível penhorar salário para pagar honorários advocatícios, mesmo sendo duas verbas de caráter alimentar, e assim decidiu a corte com base no §2° do art. 833, CPC, dizendo que envolvem alimentos devidos por força de relação de parentesco, ato ilícito ou voluntários. Com esse entendimento a corte especial do STJ definiu que não é possível penhor salário para pagamento de dívida decorrente honorários advocatícios. Sobra de salário: Questão muito discutida ainda. Sobra de salário é quando, p. ex, uma pessoa ganha R$ 20.000,00 por mês e vive perfeitamente com R$ 15.000,00, há entendimento que pode penhorar essa sobra (que no exemplo é de R$ 5.000,00). Isso se verifica-se através de sigilo bancário para ver se a pessoa está aplicando, adquirindo bens supérfluos e etc. Há também decisões que não admitem penhora sobre a sobra de salário. §2° do art. 833- A questão dos 50 salários mínimos. A lei é clara ao dizer que o que ultrapassar o 50 salários mínimos pode ser penhorado, abaixo não pode, mas não é esse o entendimento do STJ que tem flexibilizado essa possibilidade de penhora de salário R$ 20, 25, 27 mil mesmo que não seja para pagamento de verba alimentar, seja para uma dívida comum, sempre observando a dignidade da pessoa humana. Inciso V- autoexplicativo. O bem tem que estar sendo utilizado para o exercício da profissão. O stj disse que, em que pese o bem seja para uma atividade profissional, mas não esteja sendo utilizado, poderá ser penhorado. O que não pode ser penhorado é o bem que está sendo utilizado para trabalho ou o bem que eventualmente é usado como por exemplo livros que é utilizado para estudo. É preciso sempre analisar a utilidade do bem. Nos casos dos computadores geralmente é aplicado o princípio da utilidade. Televisão em escritório, p. ex, pode ser sim penhorável, posto que não indispensável para o exercício da profissão, já a TV na casa pode ser impenhorável, todavia deve sempre observar o princípio da utilidade. É comum do executado, principalmente pessoa jurídica, indicar bens para penhora máquinas que estão ultrapassadas ou de uso muito específico para até postergar a execução, tendo em vista que dificilmente será arrematado. Inciso VI- O seguro de vida é impenhorável, pois está relacionado com a dignidade da pessoa humana e o stj entende que seguro de vida é equiparado a salário (como dignidade da pessoa humana) e equiparou também a poupança previsto no inciso X ou qualquer aplicação de até 40 salários mínimos são impenhoráveis, o que passar é penhorável. A mesma coisa para a previdência privada, dependerá de cada caso e se for um valor alto poderá ser sim penhorado. Inciso VIII- a questão do bem para o pequeno produtor rural também está ligado a dignidade da pessoa humana. A jurisprudência do stj vem admitindo que se o produtor tiver eventualmente 2 ou 3 empregados que trabalham só durante a colheita ou a colheita é para a família e vender eventualmente os produtos, não descaracterizar a qualidade de pequena propriedade rural. O STJ adotou o entendimento de que não precisa o trabalhador rural residir em sua pequena propriedade rural, pois a pequena propriedade rural é a “ferramenta de trabalho” do trabalhador rural (mesmo raciocínio dos livros e utensílios). Na hipótese de que a dívida que estar sendo cobrada do pequeno trabalhador rural foi proveniente de um empréstimo bancário para investir na propriedade, produção, o STJ tem o entendimento de que não poderá ser penhorado a pequena propriedade mesmo para pagamento de dívida cujo dinheiro foi utilizado pelo executado na propriedade. Inciso IX- Proteção que o legislador deu à uma instituição de educação, saúde ou assistência social, se recebe um dinheiro para investir em qualquer uma dessas áreas anteriormente mencionadas esse dinheiro não pode ser penhorado. Segundo o STJ, quando o Estado pega o dinheiro dele, constrói uma escola, compra móveis para a escola não podem ser penhorados (bem público). Na hipótese desse inciso, se o Estado pegar um dinheiro (recurso público) e dá para uma entidade privada aplique compulsoriamente em educação, p. ex, o dinheiro não será penhorado eis que é para a educação (verbas para educação, saúde e assistência não podem ser penhoradas) e porque o STJ entendeu que o dinheiro “emprestado” para a instituição privada continua sendo dinheiro público. Inciso X: A lei fala em poupança, só que o STJ entende que qualquer investimento se enquadra nessa hipótese, o que ultrapassar a 40 salários mínimos poderá ser penhorado. O STJ ainda diz que o dinheiro em espécie guardado em casa, até 40 salários mínimos não penhora acima disso penhora. O STJ também disse que se tiver dinheiro depositados em vários bancos distintos, soma-se tudo e 40 salários mínimos do total não pode ser penhorado e o restante pode. Inciso XI- São impenhoráveis, eis que não deixa de recurso público e esse “fundo” é uma proteção à democracia. Inciso XII- Essa proteção aos créditos aos imóveis adquiridos em regime de incorporação imobiliária visa proteger não só o adquirente que comprou uma unidade imobiliária, como também visa proteger a própria obra. Essa proteção está ligada à dignidade da pessoa humana também que se houvesse a penhora desses recursos inviabilizaria a construção dos imóveis construídos sob o regime de incorporação imobiliária. Se o imóvel é adquirido, mesmo sob o regime de incorporação imobiliária, mas não for para residência do comprador poderá ser sim penhorado, o que a lei veda são créditos oriundos de alienação de unidades imobiliárias, sob regime de incorporação imobiliária para proteger o adquirente, caso contrário a incorporadora pegaria o dinheiro e não investiria na construção do imóvel. §1°- a exceção é a da pequena propriedade rural se o dinheiro for investido na propriedade. Art. 834- É chamado de “impenhorabilidade subsidiária” e “impenhorabilidade relativa”. Se há um imóvel inalienável, logo impenhorável, mas se não há outros bens, os frutos que surgem em virtude do imóvel podem ser penhorados. Lembrando que a colheita da pequena propriedade rural não poderá ser penhorado, eis que ficando caracterizado como pequena propriedade rural os frutos servem de alimentos para família e eventualmente vender alguma coisa. Art. 835- aduz à ordem de bens para efeito de penhora. Existe a súmula 417, STJ que se deve ler. Então, o STJ disse que a ordem desse dispositivo não tem caráter absoluto. Outra questão que pode autorizar a inversão da ordem do artigo em comento são: princípio da menor onerosidade e o princípio da efetivação da penhora. Então, esses dois princípios podem gerar a inversão da ordem prevista no artigo 835, CPC. Art. 828, CPC- Indisponibilidade. Quando o credor ingressa com a execução o código anterior dizia que no momento da distribuição era possível pegar uma certidão no distribuidor e averbar no registro de imóvel e/ou no registro de veículo. O CPC atual fala quando a execução for admitida pelo juiz que conseguirá a certidão, portanto, não basta o credor distribuir a execução, deve-se aguardar o despacho do juiz determinando a citação ou intimação (é quando o juiz admite a execução) do devedor e, assim, poderá pedir a certidão e ir no registro de imóvel, p. ex, e averba a existência da execução em face do proprietário do imóvel. Quando averba a existência da execução em face do proprietário do imóvel, o credor está noticiando, através da averbação, que o proprietário está sendo executado e que aquele imóvel pode vir a ser objeto de penhora. Esse ato não é uma penhora, é apenas uma indisponibilidade do bem. A consequência dessa indisponibilidade caracteriza fraude à execução, conforme artigo 774, CPC c/c 828, §4°, CPC, pois se o executado vender o imóvel ele estará tentando fraudar a execução e o terceiro comprador não poderá alegar boa-fé, uma vez que já constava indisponibilidade do bem no registro de imóvel. §4° do art. 836- ler. Há fraude à execução se averbado no registro de imóveis e o proprietário vender o imóvel. Conjugar com o artigo 774, inciso I (é ato atentatório à dignidade da justiça fraudar a execução). Caso o executado venda mesmo assim o imóvel, não pague a dívida e não tem outros bens, o juiz poderá considera ineficaz a venda para efeito daquela execução, isto é, o juiz não irá se importar com a venda e pode determinar a penhora do imóvel. Penhora no rosto dos autos- art. 860, cpc: A penhora no rosto dos autos é quando alguém pede a penhora de um crédito que o terceiro irá receber em um processo. Ordem de arrombamento: Art. 846, CPC. Importante lembrar que o executado não pode criar obstáculo para penhora e uma vez ocorrendo iss0o o OHA irá noticiar o fato o juiz que determinará a ordem de arrombamento. Nem sempre precisa ser com a presença de policiais para dar efetividade a ordem de arrombamento. Essa atitude do executado que impede a realização da penhora se enquadra ao artigo 774, III, CPC. A penhora pode ser por termo de penhora ou auto de penhora, então o OJA verifica quais bens possui o devedor e procede a avaliação, ou seja, faz o auto de penhora e a avaliação. A avaliação, normalmente, pode ser feita pelo oficial de justiça, conforme artigo 870, CPC, a exceção é o p. ú. O termo de penhora não precisa da presença do OJA no local do bem que será penhorado, p. ex, quando o credor comunica o cartório RGI a existência da execução e posteriormente o juiz determina a penhora do imóvel, isto é, não precisa da presença do OJA, art. 845, CPC. Substituição do bem penhorado- Art. 847 e 848, CPC. Toda vez que houver a substituição por proposta do executado terá que ser dado vista ao exequente e o contrário é verdadeiro e o juiz decide. Lembrando que toda decisão em sede de execução cabe Agravo de Instrumento, conforme 1.015, p.ú, CPC e já há posicionamentos do STJ nesse sentindo independente do assunto tratado na decisão. Art. 851, CPC- é possível a segunda penhora. / Art. 852, CPC- alienação antecipada. Quando há risco de depreciação ou deterioração do bem, aí o juiz determina a antecipação da alienação do bem. Redução ou ampliação da penhora: art. 874, CPC. “Tantos bens quantos bastem para pagamento da dívida”. O juiz pode ampliar ou reduzir a penhora e isso dependerá do valor da dívida e da avaliação dos bens penhorado. O leilão é uma alienação e pode ser particular ou pública e está previsto no artigo 879, CPC. Penhora pelo sistema Sisbajud- Art. 854, CPC. É a penhora de ativos financeiros. Com relação a esgotar outras medidas de penhora não há necessidade. Essa pode ser a primeira providência a ser adotada pelo juiz, não há necessidade de esgotar outros meios de penhora e essa é a posição de STJ. A doutrina tem adotada entendimento de que não há necessidade de requerimento, mas o entendimento mais adotado é que deve ser feito requerimento do exequente para que o juiz determine a penhora online de ativo financeiro. No primeiro momento não há uma penhora propriamente dito e sim uma indisponibilidade. Há entendimentos que mesmo antes da citação ou intimação do executado o juiz pode fazer a penhora online para que o executado não torne infrutífera a penhora online de ativo financeiro. Uma vez localizado ativo financeiro do executado ficará indisponível, ainda não é a penhora. Se o executado não apresentar defesa ou se a defesa for rejeitada aí sim que ocorrerá a penhora, conforme §5°, do art. 854. O devedor será intimado para exercer o contraditório, na forma do art. 854, §3°, CPC. Se o juiz acolher a manifestação do executado determinará o desbloqueio dos ativos financeiros em 24h, conforme o §4° do art. 854. Sobre o prazo de 05 dias que trata o art. 854, §3°, CPC, o STJ entende que esse prazo de 05 dias não é preclusivo, pois trata-se, impenhorabilidade e de excesso de penhora e por conta disso é matéria de ordem pública. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA- ARTS 513 a 519 DO CPC. DISPOSIÇÕES GERAIS. A maioria dos cumprimentos de sentença são de obrigação de pagar. A execução foi criada para ser uma medida célere; na execução não se pede que seja julgado procedente o pedido, se pede que o magistrado adote as medidas necessárias para o cumprimento da sentença, obrigação. Temos cumprimento de sentença provisório e definitivo. Quando for particular pode ser provisório ou definitivo, se for fazenda pública e tiver que cumprir obrigação de pagar será sempre definitivo, eis que a fazenda só realiza os pagamentos após o trânsito em julgado. Requerimento do exequente- a obrigação de pagar não se inicial se não houver requerimento do credor/exequente, o juiz não fará de oficio. Via de regra o processo é sincrético, ou seja, terminou a fase de conhecimento e inicia-se a fase de cumprimento de sentença, com isso, há o pedido de intimação do executado, conforme art. 513, §2°, CPC. Se o executado trocar de endereço e não avisou ao juízo, no caso do §2°, inciso II, o juiz não irá querer saber e vai considera-lo intimado. Art. 513, §1°, CPC- quando for obrigação de pagar tem que ter requerimento do exequente. Não há em que se falar em início da execução de ofício, se for obrigação de fazer, não fazer, entrega de coisa, aí poderá se iniciar de oficio. A fase de execução pode começar antes de terminar a fase de conhecimento quando for o caso de execução provisória, conforme art. 520, CPC. O comando para que haja execução provisória é quando houver um recurso recebido apenas no efeito devolutivo. Ex: RE e Resp que via de regra não tem efeito suspensivo. Sendo fazenda pública não há em que se falar em execução provisória de obrigação de pagar, eis que só inicia com o trânsito em julgado. Art. 513, §2°, CPC- formas de intimação do executado. O executado deve manter seu endereço atualizado nos autos, pois pode ser necessário que ele seja intimado pessoalmente. Se ele se mudou e não comunicou ao juízo, ele será considerado intimado, conforme §3° do art. 513 c/c p. ú do art. 274, ambos do CPC. Inciso III- algumas empresas (micro empresas, empresas de pequeno e grande porte e etc) são obrigadas a cadastro no sistema de processo em autos eletrônicos para efeito de recebimento de citações e intimações, as quais serão feitas preferencialmente por meio eletrônico. Art. 517, CPC- É uma inovação do CPC que é o protesto. A sentença tem que ter transitado em julgado, esse protesto irá negativar o nome da pessoa, mas também é uma maneira coercitiva de fazer com que o executado realize o pagamento. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA DE OBRIGAÇÃO DE PAGAR QUANTIA CERTA CONTRA A FAZENDA PÚBLICA: ARTS. 534 e segs. Cumprimento de obrigação de pagar contra fazenda pública não pode ser provisório, só definitivo. O art. 100, CF exige o trânsito em julgado. Art. 534- informa como deve ser a petição requerendo a execução, observando esses requisitos. Deve-se liquidar, fazer os cálculos para chegar a um valor certo. Esse dispositivo fala basicamente dos cálculos que deverá ser feito pelo exequente (pode pedir que seja mandado para o contador). No §2°, não se aplica à fazenda pública a multa do art. 523, §1°, CPC, pois a fazenda não tem como realizar o pagamento voluntário, eis que só paga após o trânsito em julgado através de RPV ou precatório. No entanto, irá incidir os 10% de honorários advocatícios sobre o valor da condenação, só a multa que não. Art. 535, CPC- intimação da Fazenda Pública. Ver art. 183, CPC (citação/intimação pessoal). Carga é quando o advogado público vai pegar o processo, não espera o processo ser levado até ele, já remessa é quando o processo é enviado para o advogado público. Se for processo eletrônico, os advogados públicos são intimados eletronicamente. Os 30 dias são úteis e o STJ já se manifestou nesse sentido, e é incorreto falar que o prazo da fazenda pública é em dobro, isso foi apenas uma coincidência, conforme art. 183, §2°, CPC, pois esse prazo de 30 dias é prazo próprio para ente público. Os incisos do art. 535, CPC, trata das matérias que podem ser alegadas, existem matérias que deviam ser alegados na fase de conhecimento, se não foi alegado houve preclusão. Vale lembrar que a fazenda pública não sofre os efeitos da revelia. Inciso IV- nesse caso a fazenda irá alegar que o exequente está alegando um valor maior do que o devido, há um excesso de execução. Não basta a fazenda alegar, ela tem que demonstrar que existe um excesso de execução mostrando os cálculos que ela entende serem devidos, conforme o §2° desse mesmo dispositivo. Se apenas alegar que o valor está sendo acima do devido a impugnação não será conhecida. Inciso III do art. 535, CPC- Deve-se analisar esse dispositivo cumulado com os §§ 5°, 6° 7° e 8°. Quando o juiz fundamenta a decisão em lei declarada inconstitucional pelo STF (independente se é em sede controle difuso ou concentrado), a obrigação é inexigível. Na hipótese (§5°) irá cair por terra a execução, pois o título está viciado, está fundamentado em uma lei ou ato normativo declarado incons. pelo STF. O TST decidiu que a execução é inexequível, pois o juiz do trabalho se baseou em uma lei que havia sido declaro inconstitucional pelo STF, essa hipótese se aplica nesse caso em comento do CPC. O §7°- a decisão do STF deve ser anterior a decisão exequenda (decisão que se está executando). O §8°- fala na hipótese de ação rescisória. Aqui, fala da situação inversa, pois se o juiz proferir uma decisão baseada em uma determinada lei e o STF, depois do trânsito em julgado da sentença, declara a referida lei inconstitucional, nesse caso caberá ação rescisória e não alegar isso em fase de execução. A impugnação, como regra, da fazenda pública tem efeito suspensivo, a execução para, quando não é a fazenda pública, como regra, não suspende o procedimento da execução, podendo continuar. Claramente isso não é dito no CPC, mas essa ideia se extrai do parágrafo 3° do artigo 535, CPC. Portanto, a expedição do precatório ou RPV só vai ser expedido após a análise da impugnação ofertada e, assim sendo, a execução fica parada. O §4° do art. 535, CPC, partiu do entendimento do STF e do STJ, chamada de parcela incontroversa. Se a impugnação da fazenda for parcial, mesmo tendo o efeito suspensivo, a parcela incontroversa poderá ser levantada pelo exequente. _______________________________________________ _______________________ MATÉRIA DE P2.- a partir da aula 07