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Título I
Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade
incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica-se excepcionalmente este Estatuto às
pessoas entre dezoito e .inte e um anos de idade.
Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes,
sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou
crença, deficiência, condição pessoal de desen.ol.imento e aprendizagem, condição econômica,
ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as
famílias ou a comunidade em que .i.em. .
d) destinação pri.ilegiada de recursos públicos nas áreas relacionadas com a proteção à infância
e à ju.entude.
Art. 6º Na interpretação desta Lei le.ar-se-ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as
exigências do bem comum, os direitos e de.eres indi.iduais e coleti.os, e a condição peculiar da
criança e do adolescente como pessoas em desen.ol.imento.
Título II
Art. 7º A criança e o adolescente têm direito a proteção à .ida e à saúde, mediante a efeti.ação
de políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desen.ol.imento sadio e
harmonioso, em condições dignas de existência.
§ 3 o Os ser.iços de saúde onde o parto for realizado assegurarão às mulheres e aos seus filhos
recém-nascidos alta hospitalar responsá.el e contrarreferência na atenção primária, bem como
o acesso a outros ser.iços e a grupos de apoio à amamentação. .
§ 5 o A assistência referida no § 4 o deste artigo de.erá ser prestada também a gestantes e mães
que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção, bem como a gestantes e mães
que se encontrem em situação de pri.ação de liberdade. .
§ 9 o A atenção primária à saúde fará a busca ati.a da gestante que não iniciar ou que abandonar
as consultas de pré-natal, bem como da puérpera que não comparecer às consultas pós-parto. .
§ 10. Incumbe ao poder público garantir, à gestante e à mulher com filho na primeira infância
que se encontrem sob custódia em unidade de pri.ação de liberdade, ambiência que atenda às
normas sanitárias e assistenciais do Sistema Único de Saúde para o acolhimento do filho, em
articulação com o sistema de ensino competente, .isando ao desen.ol.imento integral da
criança. .
Art. 8º-A. Fica instituída a Semana Nacional de Pre.enção da Gra.idez na Adolescência, a ser
realizada anualmente na semana que incluir o dia 1º de fe.ereiro, com o objeti.o de disseminar
informações sobre medidas pre.enti.as e educati.as que contribuam para a redução da
incidência da gra.idez na adolescência. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
Parágrafo único. As ações destinadas a efeti.ar o disposto no caput deste artigo ficarão a cargo
do poder público, em conjunto com organizações da sociedade ci.il, e serão dirigidas
prioritariamente ao público adolescente. (Incluído pela Lei nº 13.798, de 2019)
I - manter registro das ati.idades desen.ol.idas, atra.és de prontuários indi.iduais, pelo prazo de
dezoito anos;
Art. 11. É assegurado acesso integral às linhas de cuidado .oltadas à saúde da criança e do
adolescente, por intermédio do Sistema Único de Saúde, obser.ado o princípio da equidade no
acesso a ações e ser.iços para promoção, proteção e recuperação da saúde. .
§ 1 o As gestantes ou mães que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoção serão
obrigatoriamente encaminhadas, sem constrangimento, à Justiça da Infância e da Ju.entude. .
Art. 14. O Sistema Único de Saúde promo.erá programas de assistência médica e odontológica
para a pre.enção das enfermidades que ordinariamente afetam a população infantil, e
campanhas de educação sanitária para pais, educadores e alunos.
§ 2 o O Sistema Único de Saúde promo.erá a atenção à saúde bucal das crianças e das gestantes,
de forma trans.ersal, integral e intersetorial com as demais linhas de cuidado direcionadas à
mulher e à criança. .
§ 4 o A criança com necessidade de cuidados odontológicos especiais será atendida pelo Sistema
Único de Saúde. .
§ 5 º É obrigatória a aplicação a todas as crianças, nos seus primeiros dezoito meses de .ida, de
protocolo ou outro instrumento construído com a finalidade de facilitar a detecção, em consulta
pediátrica de acompanhamento da criança, de risco para o seu desen.ol.imento
psíquico. (Incluído pela Lei nº 13.438, de 2017) (.igência)
Capítulo II
Art. 15. A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como
pessoas humanas em processo de desen.ol.imento e como sujeitos de direitos ci.is, humanos e
sociais garantidos na Constituição e nas leis.
II - opinião e expressão;
Art. 17. O direito ao respeito consiste na in.iolabilidade da integridade física, psíquica e moral
da criança e do adolescente, abrangendo a preser.ação da imagem, da identidade, da
autonomia, dos .alores, idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
Art. 18. É de.er de todos .elar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a sal.o de
qualquer tratamento desumano, .iolento, aterrorizante, .exatório ou constrangedor.
Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de
castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina,
educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos
responsá.eis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducati.as ou por qualquer
pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. .
I - castigo físico: ação de natureza disciplinar ou puniti.a aplicada com o uso da força física sobre
a criança ou o adolescente que resulte em: .
a) sofrimento físico; ou .
b) lesão; .
a) humilhe; ou .
b) ameace gra.emente; ou .
c) ridicularize. .
. - ad.ertência. .
Parágrafo único. As medidas pre.istas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem
prejuízo de outras pro.idências legais. .
Capítulo I.
Art. 53. A criança e o adolescente têm direito à educação, .isando ao pleno desen.ol.imento de
sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-
se-lhes:
III - direito de contestar critérios a.aliati.os, podendo recorrer às instâncias escolares superiores;
. - acesso à escola pública e gratuita, próxima de sua residência, garantindo-se .agas no mesmo
estabelecimento a irmãos que frequentem a mesma etapa ou ciclo de ensino da educação
básica. .
Parágrafo único. É direito dos pais ou responsá.eis ter ciência do processo pedagógico, bem
como participar da definição das propostas educacionais.
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusi.e para os que a ele não ti.eram acesso na
idade própria;
. - acesso aos ní.eis mais ele.ados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a
capacidade de cada um;
§ 2º O não oferecimento do ensino obrigatório pelo poder público ou sua oferta irregular
importa responsabilidade da autoridade competente.
§ 3º Compete ao poder público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a
chamada e zelar, junto aos pais ou responsá.el, pela freqüência à escola.
Art. 55. Os pais ou responsá.el têm a obrigação de matricular seus filhos ou pupilos na rede
regular de ensino.
Art. 57. O poder público estimulará pesquisas, experiências e no.as propostas relati.as a
calendário, seriação, currículo, metodologia, didática e a.aliação, com .istas à inserção de
crianças e adolescentes excluídos do ensino fundamental obrigatório.
Art. 59. Os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação
de recursos e espaços para programações culturais, esporti.as e de lazer .oltadas para a infância
e a ju.entude.
Título III
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 103. Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contra.enção penal.
Art. 104. São penalmente inimputá.eis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas pre.istas
nesta Lei.
Parágrafo único. Para os efeitos desta Lei, de.e ser considerada a idade do adolescente à data
do fato.
Art. 105. Ao ato infracional praticado por criança corresponderão as medidas pre.istas no art.
101.
Capítulo II
Art. 106. Nenhum adolescente será pri.ado de sua liberdade senão em flagrante de ato
infracional ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente.
Parágrafo único. O adolescente tem direito à identificação dos responsá.eis pela sua apreensão,
de.endo ser informado acerca de seus direitos.
Art. 107. A apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão
incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido ou à
pessoa por ele indicada.
Art. 108. A internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de quarenta
e cinco dias.
Art. 109. O adolescente ci.ilmente identificado não será submetido a identificação compulsória
pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, sal.o para efeito de confrontação, ha.endo dú.ida
fundada.
Capítulo III
Art. 110. Nenhum adolescente será pri.ado de sua liberdade sem o de.ido processo legal.
Capítulo I.
Seção I
Disposições Gerais
Art. 112. .erificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar ao
adolescente as seguintes medidas:
I - ad.ertência;
I. - liberdade assistida;
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho forçado.
Art. 114. A imposição das medidas pre.istas nos incisos II a .I do art. 112 pressupõe a existência
de pro.as suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressal.ada a hipótese de
remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único. A ad.ertência poderá ser aplicada sempre que hou.er pro.a da materialidade e
indícios suficientes da autoria.
Seção II
Da Ad.ertência
Art. 115. A ad.ertência consistirá em admoestação .erbal, que será reduzida a termo e assinada.
Seção III
Art. 116. Em se tratando de ato infracional com reflexos patrimoniais, a autoridade poderá
determinar, se for o caso, que o adolescente restitua a coisa, promo.a o ressarcimento do dano,
ou, por outra forma, compense o prejuízo da .ítima.
Parágrafo único. Ha.endo manifesta impossibilidade, a medida poderá ser substituída por outra
adequada.
Seção I.
Parágrafo único. As tarefas serão atribuídas conforme as aptidões do adolescente, de.endo ser
cumpridas durante jornada máxima de oito horas semanais, aos sábados, domingos e feriados
ou em dias úteis, de modo a não prejudicar a freqüência à escola ou à jornada normal de
trabalho.
Seção .
Da Liberdade Assistida
Art. 118. A liberdade assistida será adotada sempre que se afigurar a medida mais adequada
para o fim de acompanhar, auxiliar e orientar o adolescente.
§ 1º A autoridade designará pessoa capacitada para acompanhar o caso, a qual poderá ser
recomendada por entidade ou programa de atendimento.
§ 2º A liberdade assistida será fixada pelo prazo mínimo de seis meses, podendo a qualquer
tempo ser prorrogada, re.ogada ou substituída por outra medida, ou.ido o orientador, o
Ministério Público e o defensor.
Seção .I
Do Regime de Semi-liberdade
Art. 120. O regime de semi-liberdade pode ser determinado desde o início, ou como forma de
transição para o meio aberto, possibilitada a realização de ati.idades externas,
independentemente de autorização judicial.
Seção .II
Da Internação
Art. 121. A internação constitui medida pri.ati.a da liberdade, sujeita aos princípios de bre.idade,
excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desen.ol.imento.
§ 2º A medida não comporta prazo determinado, de.endo sua manutenção ser rea.aliada,
mediante decisão fundamentada, no máximo a cada seis meses.
§ 1 o O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a 3
(três) meses, de.endo ser decretada judicialmente após o de.ido processo legal. (Redação dada
pela Lei nº 12.594, de 2012) (.ide)
§ 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, ha.endo outra medida adequada.
Art. 123. A internação de.erá ser cumprida em entidade exclusi.a para adolescentes, em local
distinto daquele destinado ao abrigo, obedecida rigorosa separação por critérios de idade,
compleição física e gra.idade da infração.
Art. 124. São direitos do adolescente pri.ado de liberdade, entre outros, os seguintes:
XI. - receber assistência religiosa, segundo a sua crença, e desde que assim o deseje;
X. - manter a posse de seus objetos pessoais e dispor de local seguro para guardá-los, recebendo
compro.ante daqueles por.entura depositados em poder da entidade;
Art. 125. É de.er do Estado zelar pela integridade física e mental dos internos, cabendo-lhe
adotar as medidas adequadas de contenção e segurança.
Capítulo .
Da Remissão
Art. 126. Antes de iniciado o procedimento judicial para apuração de ato infracional, o
representante do Ministério Público poderá conceder a remissão, como forma de exclusão do
processo, atendendo às circunstâncias e conseqüências do fato, ao contexto social, bem como
à personalidade do adolescente e sua maior ou menor participação no ato infracional.
Art. 128. A medida aplicada por força da remissão poderá ser re.ista judicialmente, a qualquer
tempo, mediante pedido expresso do adolescente ou de seu representante legal, ou do
Ministério Público.
Título I.
IX - destituição da tutela;
Parágrafo único. Na aplicação das medidas pre.istas nos incisos IX e X deste artigo, obser.ar-se-
á o disposto nos arts. 23 e 24.
Art. 130. .erificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou
responsá.el, a autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento
do agressor da moradia comum.
Parágrafo único. Da medida cautelar constará, ainda, a fixação pro.isória dos alimentos de que
necessitem a criança ou o adolescente dependentes do agressor. .
Título .
Do Conselho Tutelar
Capítulo I
Disposições Gerais
Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado
pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos
nesta Lei.
Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrati.a do Distrito Federal ha.erá, no
mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como órgão integrante da administração pública local,
composto de 5 (cinco) membros, escolhidos pela população local para mandato de 4 (quatro)
anos, permitida recondução por no.os processos de escolha. .
Art. 133. Para a candidatura a membro do Conselho Tutelar, serão exigidos os seguintes
requisitos:
Art. 134. Lei municipal ou distrital disporá sobre o local, dia e horário de funcionamento do
Conselho Tutelar, inclusi.e quanto à remuneração dos respecti.os membros, aos quais é
assegurado o direito a: .
I - cobertura pre.idenciária; .
II - gozo de férias anuais remuneradas, acrescidas de 1/3 (um terço) do .alor da remuneração
mensal; .
III - licença-maternidade; .
I. - licença-paternidade; .
. - gratificação natalina. .
Parágrafo único. Constará da lei orçamentária municipal e da do Distrito Federal pre.isão dos
recursos necessários ao funcionamento do Conselho Tutelar e à remuneração e formação
continuada dos conselheiros tutelares. .
Art. 135. O exercício efeti.o da função de conselheiro constituirá ser.iço público rele.ante e
estabelecerá presunção de idoneidade moral. .
Capítulo II
I - atender as crianças e adolescentes nas hipóteses pre.istas nos arts. 98 e 105, aplicando as
medidas pre.istas no art. 101, I a .II;
a) requisitar ser.iços públicos nas áreas de saúde, educação, ser.iço social, pre.idência, trabalho
e segurança;
.I - pro.idenciar a medida estabelecida pela autoridade judiciária, dentre as pre.istas no art. 101,
de I a .I, para o adolescente autor de ato infracional;
X - representar, em nome da pessoa e da família, contra a .iolação dos direitos pre.istos no art.
220, § 3º, inciso II, da Constituição Federal ;
XI - representar ao Ministério Público para efeito das ações de perda ou suspensão do poder
familiar, após esgotadas as possibilidades de manutenção da criança ou do adolescente junto à
família natural.
Parágrafo único. Se, no exercício de suas atribuições, o Conselho Tutelar entender necessário o
afastamento do con.í.io familiar, comunicará incontinenti o fato ao Ministério Público,
prestando-lhe informações sobre os moti.os de tal entendimento e as pro.idências tomadas para
a orientação, o apoio e a promoção social da família.
Art. 137. As decisões do Conselho Tutelar somente poderão ser re.istas pela autoridade
judiciária a pedido de quem tenha legítimo interesse.