Você está na página 1de 65

Desigualdades


Rodrigo Carlos Silva de Lima

rodrigo.uff.math@gmail.com

27 de julho de 2019
2
Sumário

1 Desigualdades 5
1.1 Álgebricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.1.1 Desigualdade de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
1.2 Desigualdades com integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.1 x > ln(x) + 1, x > 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.2.2 Desigualdade de soma e integral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.3 Desigualdade de Cauchy-Schwarz-Bunyakovsky . . . . . . . . . . . . . . 14
1.4 Desigualdades com módulo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1 1 1
1.4.1 |a − b | ≤ |a − b|
n n n . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.5 Média geométrica e média aritmética . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.5.1 Desigualdade média geométrica e média harmônica . . . . . . . 22
1.6 Somatórios e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.6.1 Somatório e produtório . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
Yn X
n
1.6.2 (1 + a k ) ≥ 1 + ak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
k=1 k=1
X
n−1
n p+1 X
n
1.6.3 kp < < kp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
p + 1
k=1 k=1
1.7 Produtórios e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36
1 Y n
2k − 1 1
1.7.1 √ ≤ ≤√ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2 n 2k 3 n + 1
k=1
1.8 Funções convexas e côncavas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
1.9 Desigualdades e binômio de Newton . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.10 Desigualdades numéricas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.10.1 Quem é maior eπ ou πe ? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.11 Desigualdade de números não negativos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
1.12 Desigualdade e sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

3
4 SUMÁRIO

1.13 Estudo de desigualdades elementares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44


1.14 Desigualdade e combinatória . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.15 Desigualdade de Nesbit . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1.16 Desigualdades com raı́zes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
1.17 Desigualdades e limites . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
1.18 Desigualdade de Young . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
1.18.1 Desigualdade de Hölder (sequências de lp ) . . . . . . . . . . . . . 52
1.18.2 Desigualdade de Cauchy-Schwarz (sequências de lp ) . . . . . . . 53
1.18.3 Desigualdade de Minkowski(sequências de lp ) . . . . . . . . . . . 53
1.19 Desigualdades e integrais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
1.19.1 Desigualdades básicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
1.19.2 Integração e produto interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
1.20 Desigualdades básicas do Espaço Lp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
1.20.1 Desigualdade de Hölder em Lp . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
1.20.2 Desigualdade de Cauchy-Schwarz em Lp . . . . . . . . . . . . . . 60
1.20.3 Desigualdade de Minkowski em Lp . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
1.20.4 Desigualdade de Holder Geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
1.20.5 Desigualdade de Interpolação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
1.21 Desigualdades e trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
1.22 Séries e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
1.23 Desigualdade de Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
1.23.1 (x + y)p < xp + yp , p ∈ (0, 1). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Capı́tulo 1

Desigualdades

1.1 Álgebricas

1.1.1 Desigualdade de Bernoulli

b Propriedade 1 (Desigualdade de Bernoulli). Vale a desigualdade de Ber-


noulli
(1 + x)n ≥ 1 + nx

para n natural e x > −1.

ê Demonstração.
Vamos demonstrar essa propriedade por indução sobre n. Para n = 0 temos

(1 + x)0 = 1 ≥ 1 + 0x = 1

valendo a igualdade, considere agora a hipótese para n

(1 + x)n ≥ 1 + nx

e vamos provar para n + 1

(1 + x)n+1 ≥ 1 + (n + 1)x

como temos x > −1 segue x + 1 > 0 logo multiplicamos (1 + x)n ≥ 1 + nx por x + 1 em


ambos lados

(1 + x)n+1 ≥ (1 + x)(1 + nx) = 1 + nx + x + nx2 = 1 + (n + 1)x + nx2 > 1 + (n + 1)x

5
6 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

pois nx2 é positivo, logo vale a proposição .

Z Exemplo 1. Para todo x 6= 0 real, prove que (1 + x) 2n


> 1 + 2nx.
Se x > −1 tomamos a desigualdade de bernoulli com 2n no expoente. Se
x < −1 vale 1 + x < 0 porém elevando a uma potência par resulta num número
positivo, por outro lado 2nx < −2n logo 1 + 2nx < 1 − 2n < 0 então (1 + x)2n é
positivo e 1 + 2nx é negativo, logo nesse caso vale (1 + x)2n > 1 + 2nx .

Z Exemplo 2. Se n ∈ N e x < 1 então (1 − x) n


≥ 1 − nx, pois de x < 1 segue
que −x > −1 e daı́ aplicamos a desigualdade de Bernoulli (1 + y)n ≥ 1 + ny com
y = −x.

$ Corolário 1. Se a e a + x são positivos, então vale

(a + x)n ≥ an + nan−1 x.

a+x x
Pois = (1 + ) > 0 então podemos aplicar a desigualdade de Bernoulli
a a
n x
(1 + y) ≥ 1 + ny com y = , resultando em
a

(a + x)n ≥ an + nan−1 x.
x
Se a 6= 0, arbitrário em R, podendo agora ser negativo, substituı́mos y = em
a
(1 + x)2n > 1 + 2nx. chegando na desigualdade

(a + x)2n > a2n + a2n−1 2nx.

x
Se vale < 1 então da desigualdade (1 − y)n ≥ 1 − ny, novamente tomamos
a
x
y = de onde segue
a
(a − x)n ≥ an − an−1 nx.
1.2. DESIGUALDADES COM INTEGRAIS 7

b Propriedade 2 (Média aritmética e geométrica.). Se a, b > 0 vale

a+b √
≥ a.b.
2

ê Demonstração.

√ √ √ √ √ √ a+b √
( a − b)2 ≥ 0 ⇒ a − 2 a b + b ≥ 0 ⇒ a + b ≥ 2 a b ⇒ ≥ ab.
2

1.2 Desigualdades com integrais

Z Exemplo 3. Mostrar que


Z1
|cosnx|
≤ ln(2)
0 x+1

para qualquer n.
Temos que
|cosnx| ≤ 1

para x + 1 > 0 temos


|cosnx| 1

x+1 x+1
integrando em [0, 1] temos
Z1 Z1
|cosnx| 1
≤ = ln2.
0 x+1 0 x+1

1.2.1 x > ln(x) + 1, x > 1.

b Propriedade 3. Para x ≥ 1 vale que

x > ln(x) + 1.

1
ê Demonstração. Temos que se t > 1 então 1 > , então integramos tal
t
8 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

desigualdade em (1, x), resultando


Zx Zx
1
1dt = x − 1 > dt = ln(x),
1 1 t

portanto
x > ln(x) + 1,

em especial x > ln(x), que vale também com x = 1.

b Propriedade 4. Sejam b > 0 e c > d ≥ 0 então

cb > db

ê Demonstração. De c > d podemos tomar ln de ambos lados

ln c > ln d

, podemos multiplicar por b sem alterar a desigualdade pois b > 0 daı́

b ln c > b ln d, ln cb > ln db

por injetividade de ln segue que cb > db .

1.2.2 Desigualdade de soma e integral

b Propriedade 5. Seja f : [1, ∞) → R+ decrescente. Nessas condições

X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) ≤ f(t)dt ≤ f(k)
k=1 1 k=1

X
∞ Z∞
f(k) < ∞ ⇔ f(t)dt < ∞.
k=1 1

Se a série converge para s, vale a estimativa

Z∞ Z∞
f(t)dt ≤ s − sn ≤ f(t)dt
n+1 n
1.2. DESIGUALDADES COM INTEGRAIS 9

X
n
onde sn = f(k).
k=1

ê Demonstração. De
Zb
m(b − a) ≤ f(t)dt ≤ M(b − a)
a

onde M, m são o supremo e ı́nfimo de f em [a, b], se tomamos o intervalo [k − 1, k]


com f decrescente essa identidade implica que
Zk
f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1)
k−1

X
n
aplicando a soma tem-se
k=2

X
n Zn X
n X
n−1
f(k) − f(1) = sn − f(1) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1) = f(k) = s(n − 1)
k=1 1 k=2 k=1

Zn
s(n) − f(1) ≤ f(t)dt ≤ s(n − 1)
1
portanto segue o resultado de convergência.
Zk X
m
Da desigualdade f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1) aplicando resulta
k−1 n+1
Zm Zm Zm
s(m) − s(n) ≤ f(t)dt ≤ s(m − 1) − s(n − 1) ⇒ f(t)dt ≤ s(m) − s(n) ≤ f(t)dt
n n n

tomando m → ∞ segue
Z∞ Z∞
f(t)dt ≤ s − sn ≤ f(t)dt.
n+1 n

b Propriedade 6. Seja f : [1, ∞) → R+ decrescente. Nessas condições

X
∞ Z∞
f(k) < ∞ ⇔ f(t)dt < ∞.
k=1 1

Se a série converge para s, vale a estimativa

Z∞ Z∞
f(t)dt ≤ s − sn ≤ f(t)dt
n+1 n
10 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

X
n
onde sn = f(k).
k=1

ê Demonstração. De
Zb
m(b − a) ≤ f(t)dt ≤ M(b − a)
a

onde M, m são o supremo e ı́nfimo de f em [a, b], se tomamos o intervalo [k − 1, k]


com f decrescente essa desigualdade implica que
Zk
f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1)
k−1

X
n
aplicando a soma tem-se
k=2

X
n Zn X
n X
n−1
f(k) − f(1) = sn − f(1) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1) = f(k) = s(n − 1)
k=1 1 k=2 k=1

Zn
s(n) − f(1) ≤ f(t)dt ≤ s(n − 1)
1
portanto segue o resultado de convergência.
Zk X
m
Da desigualdade f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k − 1) aplicando resulta
k−1 n+1

Zm Z m+1 Zm
s(m) − s(n) ≤ f(t)dt ≤ s(m − 1) − s(n − 1) ⇒ f(t)dt ≤ s(m) − s(n) ≤ f(t)dt
n n+1 n

tomando m → ∞ segue
Z∞ Z∞
f(t)dt ≤ s − sn ≤ f(t)dt.
n+1 n

$ Corolário 2. Se f : [1, ∞) → R é decrescente então

X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) ≤ f(t)dt ≤ f(k).
k=1 1 k=1
1.2. DESIGUALDADES COM INTEGRAIS 11

b Propriedade 7. Caso f seja positiva, estritamente decrescente , continua no


intervalo não degenerado [a, b] então vale que

X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) < f(t)dt < f(k).
k=1 1 k=1

ê Demonstração. Pois vale

f(b) < f(t) < f(a), t ∈ (a, b)


Zb
a integral nestas condições mantém a desigualdade estrita, logo
a
Zb
(b − a)f(b) < f(t)dt < f(a)(b − a),
a

X
n
tomamos a = k − 1, b = k e aplicamos a soma de ambos lados, de onde segue
k=2
que

X
n Zn X
n−1
f(k) − f(1) < f(t)dt < f(k).
k=1 1 k=1

1
$ Corolário 3. A função f : (0, ∞) → R com f(t) = é estritamente decrescente,
t
logo vale
X
n+1 Z n+1 Xn
1 1 1
−1< dt < ,
k=1
k 1 t k=1
k
Z n+1
1
como dt = ln(n + 1) − ln(1) = ln(n + 1), segue que
1 t

X
n+1
1 Xn
1
− 1 < ln(n + 1) < .
k=1
k k=1
k
Xn
1
Isso implica que lim = ∞, pois lim ln(n + 1) = ∞
n→∞
k=1
k
12 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

Z Exemplo 4. Calcule
X
10000
1
b √ c.
k=1
k
1
f(k) = √ é estritamente decrescente e contı́nua no intervalo não degenerado
k
[1, 10 000] logo podemos aplicar o resultado anterior.
Temos que
X
10000 Z 10000 X−1 1
10000
1 1
√ −1< √ dt < √ ,
k=1
k 1 t k=1
k
porém
Z 10000 Z 10000 10000
1 −1 1 1
√ dt = t dt = 2t
2 2 = 2[(104 ) 2 − 1] = 2[102 − 1] = 2.99 = 198
1 t 1 1

tem-se portanto
X
10000
1 X−1 1
10000
√ < 198 < √ +1
k=2
k k=2
k
X−1
10000
1
logo √ > 197 e daı́
k=2
k

X
10000
1 X−1 1
10000
198 > √ > √ > 197,
k=2
k k=2
k

com isso vale que


X
10000
1
b √ c = 197,
k=2
k
isto, é a parte inteira da soma é 197.

b Propriedade 8. Se f : [1, ∞) → R é crescente então

X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(t)dt ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1

ê Demonstração. Como f é crescente e vale a desigualdade


Zb
m(b − a) ≤ f(x)dx ≤ M(b − a)
a
1.2. DESIGUALDADES COM INTEGRAIS 13

Z k+1
então aplicando tal desigualdade a integral f(x)dx, com f crescente, M = sup{f(x) | x ∈
k
[k, k + 1]} = f(k + 1), m = inf {f(x) | x ∈ [k, k + 1]} = f(k) e k + 1 − k = 1 então
Z k+1
f(k) ≤ f(x)dx ≤ f(k + 1)
k

X
n−1
aplicando de ambos lados da desigualdade, temos
k=1

X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(x)dx ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1

$ Corolário 4. Vale que


X
n−1
nw+1 X n
w
k < < kw
k=1
w+1 k=1

com w um valor real positivo qualquer .


Tomando f(x) = xw , temos que f é crescente pois f 0 (x) = wxw−1 > 0, derivada
positiva implica função crescente, pois estamos tomando também x > 0.
Então podemos aplicar a desigualdade de integrais,

X
n−1 Zn X
n
f(k) ≤ f(x)dx ≤ f(k) − f(1).
k=1 1 k=1

implicando

X
n−1 Zn X n
w nw+1 1
k ≤ kw dx = − ≤ kw − 1
k=1 1 w+1 w+1 k=1
que implica
X
n−1
1 nw+1 X 1
n
w
k + ≤ ≤ kw + −1
w+1 w+1 w + 1
|k=1 {z } k=1
Pn−1
> k=1 kw

X
n−1
1 nw+1 X 1
n
kw + ≤ ≤ kw + −1
k=1
w+1 w+1 w+1 k=1
14 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

1 1
como w > 0 então w + 1 > 1 logo 1 > o que implica − 1 < 0 por isso
w+1 w+1
X
n
1 X n
kw + −1< kw juntando essas desigualdades temos
k=1
w+1 k=1

X
n−1
nw+1 X n
w
k < < kw
k=1
w+1 k=1

para w > 0 real, e não apenas w natural .

Z∞ Z∞
Z Exemplo 5. x f(x)dx converge ⇔
k
|x|k f(x)dx converge .
−∞ −∞
Se k é par |x|k = xk e as duas integrais são iguais . Se k é ı́mpar (−x)k = −xk
a integral com x ∈ [0, ∞) é a mesma para as duas expressões .
Temos que analisar a integral em (−∞, 0]. A integral na segunda expressão é

Z0 Z0 Z0
|x| f(x)dx =
k k
(−x) f(x)dx = − xk f(x)dx
−∞ −∞ −∞
Z0
onde usamos que k é ı́mpar tal integral converge ⇔ xk f(x)dx converge, então
−∞
vale a equivalência.

1.3 Desigualdade de Cauchy-Schwarz-Bunyakovsky

b Propriedade 9. Sejam (xk )n1 e (yk )n1 números reais, então vale a desigualdade

X
n X
n X
n
( 2 2
xk yk ) ≤ ( (xk ) )( (yk )2 ).
k=1 k=1 k=1

X
n
ê Demonstração.[1] Dado f(x) = (xk + xyk )2 , vale f(x) ≥ 0, sendo um
k=1
polinômio de grau 2 em x, expandindo vale também
X
n X
n X
n X
n
2 2 2
(xk + xyk ) = (xk ) +x 2 (xk yk ) +x (yk )2
k=1
|k=1 {z } | k=1
{z } |k=1 {z }
c b a

temos que ter o discriminante ∆ = b2 − 4ac ≤ 0 ⇒ b2 ≤ 4ac para que f(x) ≥ 0,


1.3. DESIGUALDADE DE CAUCHY-SCHWARZ-BUNYAKOVSKY 15

X
n X
n X
n
4( (xk yk )) ≤ 4( (xk ) )( (yk )2 )
2 2

k=1 k=1 k=1

implicando finalmente que

X
n X
n X
n
( xk yk ) ≤ ( (xk ) )( (yk )2 ).
2 2

k=1 k=1 k=1

A igualdade vale ⇔ cada valor xk + xyk = 0 para todo k ∈ N.


ê Demonstração.[2] Seja ε > 0. Temos que,

0 ≤ kx + ±εyk2 = kxk2 ± 2εx · y + ε2 kyk2 .

Logo,
±2εx · y ≤ kxk2 + ε2 kyk2 ⇒
kxk2 ε
±x · y ≤ + kyk2 .
2ε 2
kxk
Tomando ε = segue que
kyk

kykkxk2 kxk
±x · y ≤ + kyk2 =
2kxk 2kyk

kyk kxk kxk kyk


= + = kyk kxk.
2 2
Vejamos alguns exemplos de aplicação da desigualdade de Cauchy.

Z Exemplo 6 (Média aritmética e média harmônica). Sejam (y ) n


k 1 números
positivos , vale que
P
n
yk
k=1 n
≥ P
n .
n 1
yk
k=1

Vamos usar a desigualdade de Cauchy para demonstrar tal desigualdade, apli-


cando o resultado temos

X √ 2 X 1 X
s
n n n
√ 1 2
( yk )( √ 2) ≥ ( yk ) = n2
k=1 k=1
y k k=1
yk
16 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

de onde segue a desigualdade das médias


P
n
yk
k=1 n
≥ P
n .
n 1
yk
k=1

Como um caso particular, temos

1 1 1
(a + b + c)( + + ) ≥ 32 = 9.
a b c

ak
b Propriedade 10. Sejam
bk
∈ (α, β) e tk , bk > 0 para cada k ∈ In , então vale
que
P
n
tk ak
k=1
Pn ∈ (α, β).
tk bk
k=1

ê Demonstração. Vale para cada k


tk ak
α< <β
tk b k
como cada tk bk > 0, podemos multiplicar por tal termo em ambos lados sem alterar
a desigualdade, ficamos então com

αtk bk < tk ak < βtk bk


X
n
, tomando a soma ,sabendo que a soma preserva desigualdades, daı́ segue que
k=1

X
n X
n X
n
αtk bk < tk ak < β tk b k
k=1 k=1 k=1

logo
P
n
t k ak
k=1
α< Pn <β
tk b k
k=1
P
n
tk ak
k=1
implicando que
Pn ∈ (α, β).
tk b k
k=1
1.4. DESIGUALDADES COM MÓDULO 17

P
n
ak
k=1
Em especial tomando tk = 1 tem-se
Pn ∈ (α, β).
bk
k=1

Z Exemplo 7. Vale sempre x 2


+ xy + y2 ≥ 0, pois se x e y são ambos positivos
ou negativos então a desigualdade vale e de (x + y)2 = x2 + 2xy + y2 ≥ 0 tem-se
x2 + xy + y2 ≥ −xy, se x e y tem sinais contrários então x.y < 0 de onde segue
−x.y > 0 e x2 + xy + y2 ≥ −xy ≥ 0.

1.4 Desigualdades com módulo

b Propriedade 11. Vale a desigualdade

|an − bn | ≤ nMn−1 |a − b|

onde M = max{|a|, |b|}.

X
n−1
n
ê Demonstração. Vale a − b = (a − b) n
ak bn−1−k , tomando o módulo em
k=0
ambos lados segue

X
n−1 X
n−1 X
n−1
|a − b | = |(a − b)||
n n k n−1−k
a b | ≤ |(a − b)| |a| |b|
k n−1−k
≤ |(a − b)| |M|k |M|n−1−k
k=0 k=0 k=0

daı́
|(a − b)| ≤ |a − b|nMn−1 .

1 1 1
1.4.1 |a n − b n | ≤ |a − b| n

b Propriedade 12. Sejam a ≥ 0, b ≥ 0 então

1 1 1
|a n − b n | ≤ |a − b| n

1 1
ê Demonstração. Supondo a ≥ b , definindo c = a n e d = b n , então c − d ≥ 0
18 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

por expansão binomial tem-se


Xn  
n
n n
c = ((c − d) + d) = (c − d)k dn−k ≥ dn + (c − d)n ≥ 0
k=0
k
1 1 1 1 1
daı́ cn − dn ≥ (c − d)n ≥ 0 implicando a − b ≥ (a n − b n )n ⇒ (a − b) n ≥ a n − b n
1 1
|a − b| ≥ |a n − b n |n

e daı́
1 1 1
|a n − b n | ≤ |a − b| n .

Z Exemplo 8.

b Propriedade 13. Suponha (bn ) não crescente com bn ≥ 0. Se

X
n
m≤ ak ≤ M
k=1

então
X
n
b1 m ≤ ak bk ≤ b1 M.
k=1

ê Demonstração. Vamos usar a soma por partes


X
n X
n
g(k)∆f(k) = f(n + 1)g(n + 1) − f(1)g(1) − f(k + 1)∆g(k)
k=1 k=1

X
n−1
tomando g(k) = bk e ∆f(k) = ak tem-se f(n) = ak daı́
k=1

X
n X
n X
n X k
bk ak = b(n + 1) ak − ( as )∆bk
k=1 k=1 k=1 s=1

X
n X
n X k
b(n + 1) ak + ( as )(−∆bk )
k=1 k=1 s=1

X
n
como m ≤ ak ≤ M podemos multiplicar por bn+1 de ambos lados sem alterar a
k=1
desigualdade, daı́
1.5. MÉDIA GEOMÉTRICA E MÉDIA ARITMÉTICA 19

b Propriedade 14. Seja (xk )n1 uma sequência finita de n elementos e A o


conjunto dos termos da sequência, então

X
n
|x − ak | ≥ max(A) − min(A).
k=1

ê Demonstração. Seja at o máximo e ap o mı́nimo, então

X
n
|x − ak | ≥ |x − at | + |x − ap | ≥ |x − ap − x + at | = |at − ap | = max(A) − min(A).
k=1

1.5 Média geométrica e média aritmética

Y
n
b Propriedade 15. Se (bk ) é uma sequência positiva com bk = 1 então
k=1
X
n
bk ≥ n, isto é, se o produto de termos positivos é 1 então sua soma é maior
k=1
ou igual a n.

Y
n X
n X
n
ê Demonstração. Se cada bk = 1 então bk = 1 e bk = 1=n≥n e
k=1 k=1 k=1
nada temos a demonstrar, suponha então que algum bk seja diferente de 1. Vamos
demonstrar a propriedade por indução sobre n.
Y1 X
1
Se n = 1 a propriedade vale pois bk = b1 = 1 e bk = b1 ≥ 1. Se n = 2 temos
k=1 k=1
b1 b2 = 1, vale que um deles é maior que 1 e o outro menor (se ambos fossem maiores
o produto seria maior que 1, se ambos fosse menores o produto seria menor que 1),
1
supondo sem perda de generalidade que b1 > 1 então b2 = , tem-se (b1 − 1)2 > 0 e
b1
1
daı́ b21 − 2b1 + 1 > 0, b21 + 1 > 2b1 implicando b1 + > 2.
b1
Supondo a validade para n números, vamos provar que vale para n + 1 números.
Yn+1
Como vale bk = 1 então entre os termos existe algum maior que 1 e outro menor
k=1
que 1, assumimos b1 < 1 e bn+1 > 1 (se não mudamos os ı́ndices), daı́ 0 < 1 − b1 e
bn+1 − 1 > 0 , definimos c1 = b1 .bn+1 e vale
Y
n
c1 . bk = 1
k=2
20 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

e por hipótese de indução


X
n
c1 + bk ≥ n
k=2
porém, tem-se
X
n+1 X
n
bk = c1 + bk +b1 + bn+1 − c1 ≥ n + b1 + bn+1 − b1 .bn+1 =
k=1
| {z
k=2
}
≥n

fatorando a última expressão

= n + 1 + (1 − b1 ) (bn+1 − 1) > n + 1 .
| {z } | {z }
>0 >0

Perceba que a propriedade também vale para n = 0, o produto é o produto vazio


Y
0 X
0
bk = 1 e a soma é a soma vazia bk = 0.
k=1 k=1

b Propriedade 16 (MA ≥ MG). Seja uma sequência (ak ), não-negativa, então


P
n
ak Y
n
!1/n
k=1
≥ ak .
n k=1

ê Demonstração. Se algum ak = 0 então o produto é zero e vale a identidade,


consideramos então cada ak > 0, e a desigualdade que devemos mostrar é
Pn
ak
k=1
1/n ≥ n.
Q
n
ak
k=1
! n1
Y
n Y
n
ak
n
Definimos g := ak , daı́ g = ak , definindo bk := , tem-se que bk ≥ 0
k=1 k=1
g
e
Q
n

Y
n Y
n ak
ak k=1
bk = = = 1.
k=1 k=1
g gn
Pelo resultado anterior segue que
P
n
ak
k=1
 n1 ≥ n.
Q
 n
ak
k=1
1.5. MÉDIA GEOMÉTRICA E MÉDIA ARITMÉTICA 21

$ Corolário 5. A desigualdade MA ≥ MG é equivalente à se o produto de


termos positivos é 1 então sua soma é maior ou igual à n.
Já provamos que a segunda implica à primeira, agora vamos demonstrar que
a primeira implica à segunda.
Tomamos uma sequência (xk )n1 de termos positivos cujo produto seja 1, vamos
mostrar que a soma desses termos é maior ou igual à n. Pela desigualdade
MA ≥ MG tem-se

P
n v
xk uY
u n
k=1
≥ t
n
xk = 1
n k=1

daı́
X
n
xk ≥ n.
k=1

Logo fica provada a equivalência entre esses resultados .

1
b Propriedade 17. Se x > 0 então x +
x
≥ 2.

ê Demonstração. Por desigualdade das médias


a1 + a2 1
≥ (a1 .a2 ) 2
2
1
tomando a1 = tem-se
a2
1
+ a2 ≥ 2.
a2

$ Corolário 6 (Mı́nimos). Seja uma função f, tal que vale f(x) > 0 então f(x) +
1
≥ 2 pois pela desigualdade das médias tem-se
f(x)
1
s
f(x) + f(x) 1
≥ f(x). =1
2 f(x)
22 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

logo
1
f(x) + ≥ 2.
f(x)
1
Se existe x0 tal que f(x0 ) + = 2 então esse ponto é mı́nimo global da função
f(x0 )
.

Z Exemplo 9. Se f(x) = a x
com a > 0 então existe x0 = 0 tal que

1
a0 + =1+1=2
a0

logo esse é um ponto de mı́nimo da função .


Se f : R+ → R dada por f(x) = x o mesmo vale, sendo o mı́nimo atingido com
x = 1.

1.5.1 Desigualdade média geométrica e média harmônica

m Definição 1 (Média Harmônica-MH). Dada uma sequência de termos não


nulos (xk )n1 , definimos sua média harmônica como

n
P
n .
1
xk
k=1

b Propriedade 18 (Desigualdade MG ≥ MH). Seja uma sequência de números


positivos (xk )n1 , vale que
Y
n
1 n
( xk ) n ≥ P
n
k=1 1
xk
k=1

a média geométrica é maior que a média harmônica.

ê Demonstração. Usamos a desigualdade entre média aritmética e geométrica,


1.6. SOMATÓRIOS E DESIGUALDADES 23

1 n
para a sequência ( )
xk 1
P
n
1
k=1
xk Yn
1 1
≥( )n
n k=1
x k
o que implica
Y
n
1 n
( xk ) n ≥ P
n
k=1 1
xk
k=1

como querı́amos demonstrar.

1.6 Somatórios e desigualdades

b Propriedade 19 (Preservação de desigualdade >). Sejam a ∈ Z e duas


funções f e g definidas de Z → R tal que f(k) > g(k) para todo k ≥ a então

X
n X
n
f(k) > g(k)
k=a k=a

para n ≥ a.

ê Demonstração. Vamos provar por indução no limite superior do somatório.


Para n = a temos
f(a) > g(a)
supondo validade para n
X
n X
n
f(k) > g(k)
k=a k=a
vamos provar para n + 1
X
n+1 X
n+1
f(k) > g(k).
k=a k=a
Temos da hipótese
X
n X
n
f(n + 1) + f(k) > f(n + 1) + g(k)
k=a k=a

X
n X
n X
n+1
porém f(n + 1) + g(k) > g(n + 1) + g(k) = g(k) logo
k=a k=a k=a

X
n X
n+1 X
n+1
f(n + 1) + f(k) = f(k) > g(k) .
k=a k=a k=a
24 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

b Propriedade 20 (Preservação de desigualdade ≥). Sejam a ∈ Z e duas


funções f e g definidas de Z → R tal que f(k) ≥ g(k) para todo k ≥ a então

X
n X
n
f(k) ≥ g(k)
k=a k=a

para n ≥ a.

ê Demonstração. Por indução no limite superior. Para n = a

f(a) ≥ g(a)

vale. Supondo para n


X
n X
n
f(k) ≥ g(k)
k=a k=a
vamos demonstrar que
X
n+1 X
n+1
f(k) ≥ g(k).
k=a k=a

Somando f(n + 1) a cada lado na hipótese da indução


X
n X
n
f(k) + f(n + 1) ≥ g(k) + f(n + 1)
k=a k=a

X
n X
n X
n
e de f(n+ 1) ≥ g(n+ 1) somando g(k) segue f(n+ 1)+ g(k) ≥ g(n+ 1)+ g(k)
k=a k=a k=a
assim por transitividade
X
n X
n
f(k) + f(n + 1) ≥ g(n + 1) + g(k) .
k=a k=a

$ Corolário 7. Se vale as < bs para algum s ∈ In e ak ≤ bk para todo k, então


X
n X
n
ak < bk .
k=1 k=1

Pois vale
X
n X
n
ak ≤ bk e as < bs ,
k=1,k6=s k=1,k6=s

se na primeira expressão valesse a igualdade, um valor S então, as + S < bs S


1.6. SOMATÓRIOS E DESIGUALDADES 25

concluindo que
X
n X
n
ak < bk ,
k=1 k=1

se valer a desigualdade estrita então somamos ambas desigualdades, concluindo


também
X
n X
n
ak < bk ,
k=1 k=1

como querı́amos provar. Então se temos a desigualdade estrita para algum ı́ndice
s e a desigualdade ≤ para os outros ı́ndices, vale a desigualdade estrita para a
soma que contém o ı́ndice s, basta então que tenhamos a desigualdade estrita em
ı́ndice somado.

Z Exemplo 10. Mostrar que


Xn
1 √
√ ≥ n.
k=1
k

√ √ 1 1
Para n ≥ k tem-se n ≥ k pois função raiz é crescente, daı́ √ ≥ √ ,
k n
X
n
aplicando tem-se
k=1
Xn
1 Xn
1 n √
√ ≥ √ =√ = n
k=1
k k=1
n n
X∞
1
isso implica que a série √ diverge.
k=1
k

Z Exemplo 11 (Desigualdade de Bernoulli). Mostrar que


(1 + a)n ≥ 1 + na

para n natural e a ≥ −1. Vamos partir da seguinte desigualdade que vale para k
natural e a ≥ −1
a(1 + a)k ≥ a
26 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

que é uma igualdade para a = 0 para a > 0 temos (1 + a)k ≥ 1, se a > 0 na


verdade vale
Y
k
a > 0, 1 + a > 1, (1 + a) > 1, (1 + a)k > 1
s=1

agora se −1 ≤ a < 0 temos que a(1 + a)k ≥ a é equivalente a (1 + a)k ≤ 1 que


segue do produtório, pois a + 1 ≥ 0 e podemos assim aplicar a propriedade

Y
k
a < 0 , a + 1 < 1, (1 + a) < 1, (1 + a)k < 1.
s=1

Assim como a propriedade a(1 + a)k ≥ a vale para qualquer k natural e a ≥ −1


podemos aplicar o somatório em ambos lados

X
n−1 X
n−1
k k
a(1 + a) ≥ a, a (1 + a) ≥ a, (1 + a)n − 1 ≥ na
k=0 k=0

logo
(1 + a)n ≥ 1 + na.

Da desigualdade de Bernoulli

(1 + a)k ≥ 1 + ka

aplicando o somatório com k variando de 0 até n − 1, temos

(1 + a)n − 1 a
≥ n + (n)(n − 1)
a 2

que vale para a ≥ −1, agora se a > 0

a2 a2
(1 + a)n − 1 ≥ an + (n)(n − 1) , (1 + a)n ≥ 1 + an + (n)(n − 1)
2 2

que vale para a = 0 também, logo vale para a ≥ 0.

Z Exemplo 12. Seja f(k) não negativo para f(k) ≥ b, b um número inteiro,
1.6. SOMATÓRIOS E DESIGUALDADES 27

então vale
X
n X
n X
n
( f(k))( f(k)) ≥ ( f(k)2 ).
k=b k=b k=b

Por indução sobre n, para n = b vale

f(b)f(b) ≥ f(b)2

considerando a identidade valida para n

X
n X
n X
n
( f(k))( f(k)) ≥ ( f(k)2 )
k=b k=b k=b

vamos provar para n + 1

X
n+1 X
n+1 X
n+1
( f(k))( f(k)) ≥ ( f(k)2 )
k=b k=b k=b

temos

X
n+1 X
n+1 Xn X
n
( f(k))( f(k)) = ( f(k) + f(n + 1))( f(k) + f(n + 1)) =
k=b k=b k=b k=b

X
n 2 X
n 
= f(k) +2 f(k) f(n + 1) + f(n + 1)2
k=b k=b
2
somando f(n + 1) aos dois lados na hipótese da indução temos

X
n X
n X
n+1
2
( f(k))( f(k)) + f(n + 1) ≥ ( f(k)2 )
k=b k=b k=b

e temos também

X
n+1 X
n 2 X
n  X
n X
n
2 2
( f(k)) = f(k) +2 f(k) f(n+1)+f(n+1) ≥ ( f(k))( f(k))+f(n+1)2
k=b k=b k=b k=b k=b

pois
X
n 
2 f(k) f(n + 1)
k=b
28 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

é não negativo, por transitividade segue

X
n+1 X
n+1
2
( f(k)) ≥ ( f(k)2 )
k=b k=b

logo temos a desigualdade válida para todo n inteiro .

Z Exemplo 13. Mostrar que


X
2n
1 n
≥1+ .
k 2
k=1

Primeiro vamos mostrar que


X
2 n+1
1 1
≥ .
k 2
k=2n +1

1 1
Seja k positivo com k ≤ 2n+1 segue ≥ n+1 tomando a soma em [2n + 1, 2n+1 ]N
k 2
em ambos lados temos

X 1 X
2n+1 2 n+1
1 2n+1 + 1 − 2n − 1 1
≥ n+1 = n+ 1
=
k 2 2 2
k=2n +1 k=2n +1

logo vale
X
2 n+1
1 1
≥ .
k 2
k=2n +1

X
2 n
1 n
Agora vamos mostrar a desigualdade ≥ 1 + . por indução sobre n, para
k 2
k=1
n = 0 temos
X1
1 0
=1≥1+ =1
k 2
k=1

supondo agora válida para n


X
2n
1 n
≥1+
k 2
k=1

vamos provar para n + 1

X
n+1
2
1 n+1 1 n
≥1+ =1+ + .
k 2 2 2
k=1
1.6. SOMATÓRIOS E DESIGUALDADES 29

Partindo da hipótese de que


X
2n
1 n
≥1+
k 2
k=1

X
2 n+1
1
somando aos dois lados segue
n
k=2 +1
k

X X
n+1
2 2 n+1
1 n 1
≥1+ +
k 2 k
k=1 k=2n +1
mas de
X
2 n+1
1 1

k 2
k=2n +1
n
somando 1 +
2

X X
2 n+1 2 n+1
1 n 1 n 1
≥1+ + ≥1+ +
k 2 k 2 2
k=1 k=2n +1
logo
X
n+1
2
1 n+1
≥1+ .
k 2
k=1

Com isso temos que a série harmônica diverge.

b Propriedade 21.
Xp  
n k
n
(1 + h) ≥ h
k=0
k
Vale para todo p, n naturais e h > 0 real.

ê Demonstração. Se p ≥ n a soma trunca


X n k X n k
p   n  
h = h = (1 + h)n
k=0
k k=0
k

valendo então a igualdade. Se p < n


X
n  
n X
p  
n Xn  
n k
n k k
(1 + h) = h = h + h
k=0
k k=0
k k=p+1
k

Xp  
n k X n k X n k
n   p  
n
(1 + h) ≥ h + h ≥ h
k=0
k k=p+1
k k=0
k
30 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

Xn  
n k
pois o termo h é não negativo.
k=p+1
k

b Propriedade 22 (Desigualdade e módulo). Sejam g(k) definida para k inteiro


,a, b ∈ Z, então vale
X
b X
b
| g(k)| ≤ |g(k)|.
k=a k=a

ê Demonstração. Para cada k vale

−|g(k)| ≤ g(k) ≤ |g(k)|

aplicando o somatório em ambos lados segue


X
b X
b X
b
− |g(k)| ≤ g(k) ≤ |g(k)|
k=a k=a k=a
que implica
X
b X
b X
b
| g(k)| ≤ | |g(k)|| = |g(k)|
k=a k=a k=a
pois os termos |g(k)| somados são não negativos ,logo a soma desses termos é não-
negativa e o módulo da soma é igual a soma.

b Propriedade 23. A identidade que provamos acima vale para números reais,
vamos provar agora por indução que se vale |z + w| ≤ |z| + |w| para quaisquer z, w
então vale
X
n X
n
| zk | ≤ |zk |
k=1 k=1

de maneira que possa ser usada para números complexos , normas e outras estru-
turas que satisfazem a desigualdade triangular.

ê Demonstração. Por indução sobre n, para n = 1 tem-se


X
1 X
1
| zk | = |z1 | ≤ |zk | = |z1 |
k=1 k=1
logo vale. Supondo a validade para n
X
n X
n
| zk | ≤ |zk |
k=1 k=1
1.6. SOMATÓRIOS E DESIGUALDADES 31

vamos provar para n + 1


X
n+1 X
n+1
| zk | ≤ |zk |.
k=1 k=1

Da hipótese da indução somamos |zn+1 | em ambos lados, logo

X
n+1 X
n X
n X
n+1
| zk | = |zn+1 + zk | ≤ |zn+1 | + | zk | ≤ |zk |
k=1 k=1 k=1 k=1

Z Exemplo 14. Mostrar que


X
n−1
n! > k!
k=1

para n ≥ 2.
Temos que n − 1 ≥ k ≥ 1, segue que n ≥ 2, como fatorial é não decrescente,
vale (n − 1)! ≥ k!, tomando a soma com k variando de 1 até n − 1 segue

X
n−1 X
n−1 X
n−1
(n − 1)! ≥ k! ⇒ (n − 1)(n − 1)! ≥ k!
k=1 k=1 k=1

X
n−1
somando (n − 1)! ao lado esquerdo segue n(n − 1)! = n! > k!.
k=1

Z Exemplo 15. Mostre que


X
n
1 1
> .
n+k 2
k=0

Podemos escrever de outra forma


X2n
1
k=n
k
1 1
Vale 2n + 2 = 2(n + 1) > k > 0 logo > , aplicamos a soma em ambos
k 2(n + 1)
32 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

lados, daı́ tem-se

X2n
1 X
2n
1 2n + 1 − n n+1 1
> = = = .
k=n
k k=n 2(n + 1) 2(n + 1) 2(n + 1) 2

b Propriedade 24. Se 0 < xk ≤ 1 então o valor máximo de

Xn
1
k=1
xk

1
e .
n
1
ê Demonstração. O resultado vale pois de 0 < xk ≤ 1 tem-se ≥ 1 aplicando
xk
X
n
tem-se
k=1
Xn
1 1 1
≥n⇒ ≥ P
n
k=1
xk n 1
xk
k=1

agora se assume tal valor se cada xk = 1, pois

1 1
P
n = .
n
1
k=1

Z Exemplo 16 (OBM 2011- Nı́vel 3- fase 1 questão 7). Sendo a e b reais tais
ab 1
que 0 < a ≤ 1 e 0 < b ≤ 1, o maior valor que pode assumir é . Usamos o
a+b 2
ab 1
resultado anterior com = 1
.
a+b a
+ b1

1.6.1 Somatório e produtório

b Propriedade 25. Sejam (yk ) e (xk ) sequências que satisfazem 0 < xk , ∀ k ∈ N


1.6. SOMATÓRIOS E DESIGUALDADES 33

e xk + 1 < yk , ∀ k ∈ N então vale


X
n Y
n
xk < yk , ∀ n ∈ N.
k=1 k=1

Y
n
ê Demonstração. Vale 0 < xk logo 1 < xk + 1 < yk , isso implica que 1 < yk .
k=1
A relação xk + 1 < yk implica fazendo k = t que xt < yt − 1 que por sua vez implica
yt 1 Yt−1
yt 1
1< − , pois xt > 0. De 1 < yk e 1 < − segue
xt xt k=1
xt xt

Y
t−1 
yt 1

1<( yk ) −
k=1
xt xt

que implica
Y
t−1 Y
t−1
xt < ( yk )(yt − 1) ⇒ xt < ∆t yk
k=1 k=1

X
n
aplicando segue
t=1
X
n Y
n
xt < yk .
t=1 k=1

Y
n X
n
1.6.2 (1 + ak ) ≥ 1 + ak
k=1 k=1

b Propriedade 26 (Inequação binomial generalizada). Seja uma sequência (ak )


tal que ak + 1 ≥ 0 e cada ak possua o mesmo sinal então

Y
n X
n
( 1 + ak ) ≥ 1 + ak
k=1 k=1

ê Demonstração. Por indução sobre n, para n = 1 temos a igualdade

Y
1 X
1
( 1 + ak ) = 1 + a1 ≥ 1 + ak = 1 + a1
k=1 k=1

supondo a desigualdade válida para n


Y
n X
n
(1 + a k ) ≥ 1 + ak
k=1 k=1
34 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

vamos provar para n + 1


Y
n+1 X
n+1
(1 + a k ) ≥ 1 + ak .
k=1 k=1
Como 1 + an+1 ≥ 0 então podemos multiplicar por esse termo de ambos os lados na
hipótese da indução sem alterar a desigualdade , implicando
Y
n+1 X
n X
n X
n+1
(1 + ak ) ≥ an+1 + an+1 ak +1 + ak ≥ 1 + ak
| {z }
k=1 k=1 ≥0 k=1 k=1

o termo marcado é não negativo, pois an+1 e ak possuem o mesmo sinal.

$ Corolário 8. No resultado acima , tomando ak = a uma constante, segue que


Y
n X
n
n
(1 + a) = (1 + a) ≥ 1 + a = 1 + na.
k=1 k=1

2k Y
n
Z Exemplo 17. Mostrar que 2k − 1
diverge.
k=1
Yn
2k Y n
2k − 1 + 1 Yn
1 Xn
1
Vale que = = 1+ ≥ 1+ que
2k − 1 2k − 1 2k − 1 2k − 1
k=1 k=1 k=1 k=1
diverge pela divergência da série harmônica.

X
n−1
np+1 X n
p
1.6.3 k < < kp
p+1
k=1 k=1

b Propriedade 27. Vale a desigualdade

X
n−1
np+1 X n
p
k < < kp
k=1
p+1 k=1

para n ≥ 1 natural e p ≥ 1 natural .


X
0
ê Demonstração. Vamos provar por indução sobre n, para n = 1, kp = 0 e
k=1
X
1
kp = 1, devemos ter a desigualdade
k=1

1
0< <1
p+1
1.6. SOMATÓRIOS E DESIGUALDADES 35

o que vale ⇔ p > 0.


Vamos provar agora o resultado por indução sobre n, supondo a validade para
n,

X
n−1
np+1 X n
kp < < kp
k=1
p+1 k=1

vamos provar para n + 1

X
n
(n + 1)p+1 X p
n+1
p
k < < k .
k=1
p+1 k=1

Partindo da desigualdade da hipótese da indução somando np em ambos lados


tem-se
X
n
np+1
kp + np < + np
k=1
p+1

np+1 (n + 1)p+1
vamos mostrar que + np < o que prova parte da desigualdade que
p+1 p+1
queremos . Expandindo por binômio de Newton, tem-se

1 X p+1 k X
p+1  p−1 
(n + 1)p+1 np+1
 
1 p+1 p p+1 k
= n = (n +(p+1)n + n )> +np
p+1 p + 1 k=0 k p+1 k p + 1
|k=0 {z }
>0

por isso
X
n
np+1 (n + 1)p+1
kp + np < + np <
k=1
p+1 p+1

e daı́
X
n
(n + 1)p+1
kp + np <
k=1
p+1
como queremos demonstrar.
Agora provamos a outra parte da desigualdade, somando (n + 1)p de ambos lados
np+1 Xn
de < kp , tem-se
p+1 k=1

np+1 X n+1
+ (n + 1)p < kp
p+1 k=1

(n + 1)p+1 np+1
queremos mostrar que < + (n + 1)p e daı́ a última parte que
p+1 p+1
queremos mostrar segue da transitividade da desigualdade, então vamos para a
36 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

demonstração . Vamos mostrar que a desigualdade acima é equivalente a uma


desigualdade verdadeira, expandindo termpos por binômio de Newton tem-se

1 X p+1 k X
p+1  p  
np+1

p k
n < + n
p+1 k=0
k p+1 k k=0

que equivale, abrindo o termo em k = p + 1 do somatório do lado esquerdo

1 X p+1 k X
p+1  p  
np+1 np+1

p k
+ n < + n
p + 1 p + 1 k=0 k p + 1 k=0 k

que equivale , equiparando coeficientes que


   
p+1 p (p + 1)! (p + 1)!
< (p + 1) ⇔ < ⇔
k k k!(p + 1 − k)! k!(p − k)!
(p − k)! < (p + 1 − k)!
np+1 X n+1
(n + 1)p+1
p p
que é uma desigualdade verdadeira, logo vale + (n + 1) < k e <
p+1 k=1
p+1
np+1
+ (n + 1)p daı́ por transitividade
p+1

np+1 X n+1
+ (n + 1)p < kp
p+1 k=1

que é a última parte da desigualdade que queremos provar, por isso concluı́mos

X
n
(n + 1)p+1 X p
n+1
p
k < < k
k=1
p+1 k=1

e o resultado fica demonstrado por indução sobre n .

1.7 Produtórios e desigualdades

b Propriedade 28. Sejam a ∈ Z e duas funções f e g definidas de Z → R tal


que f(k) > g(k) e g(k) > 0 para todo k ≥ a então

Y
n Y
n
f(k) > g(k)
k=a k=a

para todo n ≥ a.
1.7. PRODUTÓRIOS E DESIGUALDADES 37

ê Demonstração. Vamos provar por indução , pelo limite superior do pro-


dutório, para n = a temos
f(a) > g(a)

que vale. Seja agora por hipótese que

Y
n Y
n
f(k) > g(k)
k=a k=a

vamos provar que


Y
n+1 Y
n+1
f(k) > g(k).
k=a k=a

Multiplicando a hipótese por f(n + 1) > 0 temos

Y
n Y
n
f(n + 1) f(k) > f(n + 1) g(k)
k=a k=a

Y
n Y
n
e temos também f(n + 1) g(k) > g(n + 1) g(k) logo
k=a k=a

Y
n Y
n
f(n + 1) f(k) > g(n + 1) g(k) .
k=a k=a

Z Exemplo 18. Mostrar que (n + 1)! > 2 n


para n ≥ 2. Temos que

Q2
n+

Y Y (k)
(n + 2)! Y
n+1 n+2 n+1
k=2
k + 1 > 2, (k + 1) = (k) = = > 2 = 2n
2 2
k=2 k=3 k=2

assim (n + 2)! > 2n+1 para n + 1 ≥ 2, tomando n + 1 = y temos (y + 1)! > 2y para
y ≥ 2.

b Propriedade 29. Se (xk ) é uma sequência tal que vale 0 < xk < 1 então a
Y
n
sequência dada pelo produtório pn = xk é decrescente.
k=1
38 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

Y
n
ê Demonstração. Vale 0 < xn+1 < 1, multiplicando por xk de ambos lados,
k=1
segue
Y
n Y
n
xn+1 xk < xk
k=1 k=1

daı́ pn+1 < pn , o que implica que a sequência é decrescente.

$ Corolário 9. Nas condições da propriedade acima pn é limitada inferiormente


por 0 e decrescente, então existe o limite lim pn .

bPropriedade 30. Se (xk ) é uma sequência, tal que seus termos satisfazem
Y
n
xk > 1 ∀ k ∈ N, então pn = xk é crescente.
k=1

Y
n
ê Demonstração. Vale xn+1 > 1 como xk > 1 então multiplicando segue
k=1

Y
n Y
n
xn+1 xk > xk
k=1 k=1

logo pn+1 > pn , o produto é crescente.

$ Corolário 10. O produto é convergente sse é limitado superiormente, no caso


acima.

♣ Lema 1. A desigualdade (2n + 1)2 (3n + 4) < (2n + 2)2 (3n + 1) é verdadeira pois
valem as equivalências

(4n2 + 4n + 1)(3n + 4) < (4n2 + 8n + 4)(3n + 1) ⇔

subtraindo (3n + 1)(4n2 + 4n + 1) de ambas desigualdades

3(4n2 + 4n + 1) < (4n + 3)(3n + 1) ⇔ (12n2 + 12n + 3) ≤ (12n2 + 13n + 3)

onde essa última desigualdade é verdadeira.


(2 n + 1 ) 1
De (2n+1)2 (3n+4) < (2n+2)2 (3n+1) tem-se que √ <p
(2n + 2) 3n + 1 3(n + 1) + 1
para n > 0, n ∈ N.
1.7. PRODUTÓRIOS E DESIGUALDADES 39

Z Exemplo 19. Mostrar que


Y
n
(2k − 1) 1
≤√ .
2k 3n + 1
k=1

Y
n
(2 k − 1 ) 1
A desigualdade ≤√ é verdadeira para n = 1, supondo para
2k 3n + 1
k=1
n, vamos provar para n + 1

Y
n+1
(2k − 1) 1
≤p .
2k 3(n + 1) + 1
k=1

Y
n
(2 k − 1 ) 1 (2 n + 1 )
Na desigualdade ≤√ multiplicamos por em ambos
2k 3n + 1 (2 n + 2 )
k=1
lados, resultando em

Y
n+1
(2 k − 1 ) (2n + 1) 1
≤ √ <p
2k (2 n + 2 ) 3n + 1 3(n + 1) + 1
k=1

como querı́amos demonstrar.


Podemos provar tal√ desigualdade sem uso da indução da seguinte √ maneira,
(2n + 1) 3n + 1 (2 k + 1 ) 3k + 1
como <p , vale para n > 0 então ≤p
(2n + 2) 3(n + 1) + 1 (2 k + 2 ) 3(k + 1) + 1
Y
n−1
vale para k ≥ 0, pois para k = 0 temos a igualdade. Aplicamos o produtório
√ k=0
(2k + 1) 3k + 1
em ambos lados de ≤p e usamos que no lado direito temos
(2k + 2) 3(k + 1) + 1
um produto telescópico, daı́

Y
n−1
(2k + 1) 1
≤√
k=0
(2k + 2) 3n + 1

portanto
Y
n
(2k − 1) 1
≤√ .
k=1
(2k) 3n + 1
40 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

Z Exemplo 20. Mostre que para todo n ∈ N vale


1 Y
n
2k − 1
√ ≤ .
2 n 2k
k=1

Antes vamos provar um lema, vale que

(n + 1)(2n + 1)2 ≥ n(2n + 2)2 ⇔ ∀ n ∈ N

(n + 1)(4n2 + 4n + 1) ≥ n(4n2 + 8n + 4) ⇔

subtraindo (n)(4n2 + 4n + 1) temos que a desigualdade é equivalente a

(4n2 + 4n + 1) ≥ n(4n + 3) ⇔ 4n2 + 4n + 1 ≥ 4n2 + 3n

que é uma desigualdade verdadeira.


Do lema tem-se √
k 2k + 1
√ ≤
k+1 2k + 2
Y
n−1
aplicando o produtório tem-se por produto telescópico
k=1

1 Y 2k + 1 Y 2k − 1
n−1 n
√ ≤ =
n 2k + 2 2k
k=1 k=2

que implica
1 Y
n
2k − 1
√ ≤ .
2 n 2k
k=1

1 Y 2k − 1
n
1
1.7.1 √ ≤ ≤√ .
2 n 2k 3 n + 1
k=1

$ Corolário 11. Temos então

1 Y 2k − 1
n
1
√ ≤ ≤√ .
2 n 2k 3n + 1
k=1
1.8. FUNÇÕES CONVEXAS E CÔNCAVAS 41

Z Exemplo 21. Mostrar que


1 Y 2k − 150
1
≤ ≤ .
15 2k 12
k=1

Usando a desigualdade anterior com n = 50 tem-se

1 Y 2k − 1
50
1 1 1
√ ≤ ≤√ <√ =
2 50 2k 3.50 + 1 144 12
k=1

vale também que


1 1 √ √
√ > pois equivale a 5.3 > 2.5 2 ⇔ 3 > 2 2 ⇔ 9 > 8 que é verdadeira.
2 50 15

1.8 Funções convexas e côncavas

b Propriedade 31. Uma função f : II → R, duas vezes derivável no intervalo


I é convexa sse f 00 (x) ≥ 0 para todo x ∈ I e convexa se f 00 (x) ≤ 0 para todo x ∈ I.

ê Demonstração.

b Propriedade 32 (Desigualdade de Jensen). Seja f uma função convexa no


intervalo [a, b], (xk )n1 ∈ [a, b] e (uk )n1 então vale
P
n Pn
uk f(xk )  uk xk 
k=1 1
P
n ≥ f k=Pn
uk uk
k=1 k=1

se a função é côncava vale

P
n Pn
uk f(xk )  u k xk 
k=1 1
P
n ≤ f k=Pn .
uk uk
k=1 k=1

ê Demonstração.
42 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

1
$ Corolário 12. Se uk = tem-se se a função é convexa
n
P
n Pn
f(xk )  xk 
k=1
≥ f k=1
n n

Pn

Xn  xk 
k=1
f(xk ) ≥ nf
k=1
n
se a função é côncava vale

Pn

Xn  xk 
k=1
f(xk ) ≤ nf
k=1
n

X
n
Z Exemplo 22. Se Ak = π com 0 < Ak < π então
k=1

X
n
π
sen(Ak ) ≤ nsen( ).
k=1
n

π
Vale f 00 (x) = −sen(x) ≤ 0 para x ∈ [0, ] logo a função é côncava e vale a
2
desigualdade de Jensen com o corolário anterior

X
n
π
sen(Ak ) ≤ nsen( ).
k=1
n

$ Corolário 13 (Desigualdade das médias). Ainda do corolário anterior tomando


xk = ln ak com a função convexa de lei f(x) = ex tem-se
P Q
X X Y
n n n n n
ln ak 1 ln ak 1 1
ln ak
e = ak ≥ n(ek=1 ) = n(e
n k=1 ) n = n( ak ) n
k=1 k=1 k=1
1.9. DESIGUALDADES E BINÔMIO DE NEWTON 43

logo
P
n
ak Y
n
k=1 1
≥( ak ) n
n k=1

valendo para a≥ 0, que é a desigualdade das médias aritmética e geométrica.

1.9 Desigualdades e binômio de Newton

Z Exemplo 23. Mostrar que


3n > n2 ∀ n ∈ N.

X
∞  
n
 
n
 
n
n k 2
Temos que 3 = 2 e n = n + n(n − 1) = +2 logo
k 1 2
k=0

    X ∞  
n 2n n n k
3 −n =1+ +2 + 2 ≥ 1.
1 2 k
k=3

Da mesma maneira concluı́mos que 3n > 2n2 .

1.10 Desigualdades numéricas

1.10.1 Quem é maior eπ ou πe ?

b Propriedade 33. Vamos mostrar que eπ > πe .


ln(x)
ê Demonstração. A função dada por f(x) = é decrescente para x > e
x
pois
1
ln(x) x − ln(x) 1 ln(x)
D( )= x 2
= 2 − 2 <0
x x x x
1 ln(x)
pois é equivalente à 2 < que equivale à ln(x) > 1.
x x2
ln(e) ln(π)
Como π > e segue que > e daı́ ln(eπ ) > ln(πe ) de onde segue eπ > πe
e π
pois o logaritmo é uma função crescente .

1.11 Desigualdade de números não negativos


44 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

b Propriedade 34. Sejam 0 ≤ x e 0 ≤ y. Se x2 ≤ y2 então x ≤ y.

ê Demonstração.
Vale (x − y)(x + y) ≤ 0
como 0 ≤ x + y deve valer (x − y) ≤ 0 daı́ x ≤ y .

$ Corolário 14. Sejam 0 ≤ x e 0 ≤ y. Se x2 < y2 então x < y.


Como tem-se x2 < y2 então vale x ≤ y, não pode valer x = y pois se valesse
x2 = y2 , então temos x < y.

Z Exemplo 24. Provar que |x| ≤ x 2


+ 1, vale |x| ≥ 0 e x2 + 1 ≥ 0, então basta
provar que
|x|2 ≤ (x2 + 1)2 ⇔ x2 ≤ x4 + 2x2 + 1

que é uma desigualdade verdadeira.

1.12 Desigualdade e sequências

Z Exemplo 25. Mostre que 2 n


> 2n + 1 para n ≥ 3 ∈ N.
Seja xn = 2n − 2n − 1, vale x3 = 1 e ∆xn = 2n − 2 > 0 para n > 1 portanto para
n ≥ 3 a sequência é crescente e assume valores positivos, logo

2n > 2n + 1, n ≥ 3.

1.13 Estudo de desigualdades elementares

b Propriedade 35. nn > n! para n > 1.

ê Demonstração. Por indução sobre n. Para n = 2 vale a desigualdade pois


22 = 4 > 2! = 2. Suponha que nn > n! então vamos provar que (n + 1)n+1 > (n + 1)!.
Vale (n + 1)n > nn daı́ (n + 1)n+1 > (n + 1)nn > (n + 1)!.
1.14. DESIGUALDADE E COMBINATÓRIA 45

1.14 Desigualdade e combinatória

Z Exemplo 26. Vale que n n


≥ n!.
Seja A = {1, · · · , n} o número de funções de A em A é nn e o número de
bijeções é n!, como o conjunto das bijeções está contido no conjunto das funções,
segue que
nn ≥ n!.

Se n > 1 sempre existem mais funções que bijeções, então para n > 1 tem-se
nn > n!, pois sempre podemos considerar a função que faz f(x) = 1∀ x ∈ A .

1.15 Desigualdade de Nesbit

b Propriedade 36. Se x, y, z são reais então

x2 + y2 + z2 ≥ xy + xz + yz.

ê Demonstração. Temos que (x − y)2 ≥ 0, (x − z)2 ≥ 0 e (y − z)2 ≥ 0 logo temos





2 2
 x + y ≥ 2xy
x2 + z2 ≥ 2xz


 y2 + z2 ≥ 2yz

somando ambas desigualdades

2(x2 + y2 + z2 ) ≥ 2(xy + xz + yz) ⇒

(x2 + y2 + z2 ) ≥ (xy + xz + yz).

b Propriedade 37 (Desigualdade de Nesbitt). Se x, y, z, k são positivos então

x y z 3
+ + ≥ .
ky + z kz + x kx + y k+1

ê Demonstração. Usamos a desigualdade de Cauchy

< u, v >≤ |u| |v| ⇒< u, v >2 ≤ |u|2 |v|2


46 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

p p p x y z
tomamos u = ( kxy + xz, kyz + xy, kxz + yz), v = ( √ ,√ ,√ )
kxy + xz kyz + xy kxz + yz

x2 y2 z2
(x + y + z)2 ≤ [(kxy + xz) + (kyz + xy) + (kxz + yz)]( + + )⇒
kxy + xz kyz + xy kxz + yz

cancelando os termos no numerador e no denominador

(x + y + z)2 x y z
≤( + + )⇒
[(kxy + xz) + (kyz + xy) + (kxz + yz)] ky + z kz + x kx + y

x2 + y2 + z2 + 2xy + 2xz + 2yz x y z


≤( + + )⇒
[(k + 1)(xy + yz + xz)] ky + z kz + x kx + y
usando x2 + y2 + z2 ≥ xy + xz + yz chegamos finalmente na desigualdade

x y z 3
+ + ≥ .
ky + z kz + x kx + y k+1

ê Demonstração.[2 Por desigualdade MA ≥ MH] Usando desigualdade entre


média aritmética e média harmônica tem-se

x+y+z 3
≥ 1 1 1

3 x
+ y
+ z

1 1 1
(x + y + z)( + + ) ≥ 9
x y z
tomando x = b + c, y = c + a e z = a + b segue que

1 1 1
2(b + c + a)( + + )≥9⇔
b+c c+a a+b

efetuando a multiplicação e simplificando as frações, chegamos em

a b c 9
+ + +3≥ ⇔
b+c c+a a+b 2

simplificando finalmente

a b c 3
+ + ≥ .
b+c c+a a+b 2
Podemos generalizar, partindo da desigualdade MA ≥ MH.

X
n
xk n
≥ P
n ⇔
k=1
n 1
xk
k=1
1.16. DESIGUALDADES COM RAÍZES 47

X
n Xn
1
( xk )( ) ≥ n2
k=1 k=1
x k

tomamos agora xk = ak + ak+1 com an+1 = a1 .

X
n X
n
1
( ak + ak+1 )( ) ≥ n2
k=1 k=1
ak + ak+1

X
n X
n X
n
1
( ak + ak + an+1 )( ) ≥ n2
|{z} ak + ak+1
k=1 k=2 =a1 k=1

X
n X
n
1
(2 ak )( ) ≥ n2
k=1 t=1
at + at+1

P
n

X
n ak
k=1 n2
( )≥
at + at+1 2
t=1

P
n

X
n ( ak ) − at at+1
k=1 n2
( + 1) ≥
at + at+1 2
t=1

P
n

X
n ( ak ) − at at+1
k=1 n2 n(n − 2)
( )≥ −n=
at + at+1 2 2
t=1

logo concluı́mos que

P
n

X
n ( ak ) − at at+1
k=1 n(n − 2)
( )≥ .
at + at+1 2
t=1

1.16 Desigualdades com raı́zes

b Propriedade 38. Valem que

√ √ 1 √ √
2( k + 1 − k) < √ < 2( k − k − 1)
k
48 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

ê Demonstração. Racionalizamos
√ √ √ √
√ √ ( k + 1 − k)( k + 1 + k) k+1−k 1
( k + 1 − k) = √ √ =√ √ =√ √
k+1+ k k+1+ k k+1+ k
portanto
√ √ 2 1
2( k + 1 − k) = √ √ <√ ,
k+1+ k k
√ √ √
pois 2 k < k + 1 + k,
da mesma forma temos que
√ √ 1
( k − k − 1) = √ √ ,
k+ k−1
valendo que
1 2
√ <√ √
k k+ k−1
pois
√ √ √
k+ k − 1 < 2 k.

$ Corolário 15. Aplicando a soma de ambos lados na desigualdade


√ √ 1 √ √
2( k + 1 − k) < √ < 2( k − k − 1),
k

usando soma telescópica, tem-se

Xn
√ √ Xn
1 Xn
√ √
2 ( k + 1 − k) < √ <2 ( k − k − 1)
k=2 k=2
k k=2

√ √ Xn
1 √
2( n + 1 − 2) < √ < 2( n − 1).
k=2
k

Z Exemplo 27. Calcule


X
10000
1
b √ c.
k=2
k
Pela desigualdade anterior temos que

p √ X 1
10000

2( 104 + 1 − 2) < √ < 2( 104 − 1) = 2(100 − 1) = 198
k=2
k
1.17. DESIGUALDADES E LIMITES 49


mas temos que 2 > 1, 4, logo
p √
2( 104 + 1 − 2) > 2(102 − 1, 4) = 2.(98, 6) = 197, 2,

e daı́

X
10000
1
197 < √ < 198,
k=2
k
por isso seu piso é 197 .

1.17 Desigualdades e limites

b Propriedade 39. Prove que se vale para todo x ∈ R

X
n
| ak xk | ≤ |x|n+1
k=1

então cada ak = 0 ∀ k.

ê Demonstração. Suponha por absurdo que exista algum ak não nulo . Seja o
conjunto B = {k | ak 6= 0}, tal conjunto de números naturais é não vazio , logo possui
Xn Xn
k
um elemento minimo digamos s, temos então que ak x = ak xk , aplicando na
k=1 k=s
desigualdade

X
n
|as x +
s
ak xk | ≤ |x|n+1−s |x|s
k=s+1

com x 6= 0 , divivindo por |x| de ambos lados


s

X
n
|as + ak xk−s | ≤ |x|n+1−s
k=s+1

tomando agora x → 0 temos

|as | ≤ 0

e daı́ as = 0 absurdo da suposição que s é o menor elemento tal que as = 0.


Então cada ak é nulo .
50 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

1.18 Desigualdade de Young

b Propriedade 40 (Desigualdade de Young). Sejam p, q reais positivos, con-


jugados, isto é,
1 1
+ = 1,
p q
então para quaisquer a, b positivos tem-se

ap bq
a.b ≤ + .
p q

ê Demonstração.[1-Usando convexidade]
Temos que
1 1
a.b = eln(a.b) = eln(a)+ln(b) = e p p ln(a)+ q q ln(b) ≤
1 1
usando o fato que ex define função convexa e + = 1, tem-se
p q
1 ln(ap ) 1 ln(aq ) ap bq
≤ e + e = + .
p q p q
ê Demonstração.[2-Usando concavidade] Sejam x e y positivos, t ∈ (0, 1), a
função ln é côncava, daı́ temos que

t ln(x) + (1 − t) ln(y) ≤ ln(tx + (1 − t)y),

usando que a exponencial é crescente, segue que

et ln(x)+(1−t) ln(y) = et ln(x) e(1−t) ln(y) ≤ tx + (1 − t)y,

segue que
xt .y1−t ≤ tx + (1 − t)y.
1 1
Tomando finalmente t = , 1 − t = , x = ap , y = bq , temos
p q
ap bq
a.b ≤ + .
p q
ê Demonstração.[3-Usando TVM] Suponha que b > a > 0 e a função f :
[a, b] → R com f(t) = t1−t , onde t ∈ (0, 1). Tal função é derivável. Pelo teorema do
valor médio, existe c ∈ (a, b) tal que

b1−t − a1−t = (b − a)(1 − t)c−t ,


1.18. DESIGUALDADE DE YOUNG 51

como c > a então ct > at que implica a−t > c−t e daı́

b1−t − a1−t < (b − a)(1 − t)a−t ,

multiplicando ambos lados por at , segue que

at b1−t − a < (b − a)(1 − t) ⇒ at b1−t < ta + (1 − t)b,

concluı́mos então que


at b1−t < ta + (1 − t)b,

de onde a desigualdade segue como na demontração anterior.

$ Corolário 16 (Desigualdade de Young e Desigualdades com Peso). Em especial


se p = q = 2, são conjugados então

a2 b2
a.b ≤ + .
2 2
Tal desigualdade vale para a e b reais quaisquer e podemos demonstrar de forma
direta. Temos que (a − b)2 ≥ 0, logo a2 − 2ab + b2 ≥ 0, de onde segue

a2 + b2
≥ ab.
2

Podemos deduzir também uma desigualdade importante que é a desigualdade


de Cauchy com peso ε.

b22
ab ≤ εa + , a, b, ε > 0.

1 b
Pois podemos escrever ab = [2ε 2 ][ 1 ], logo aplicando a desigualdade de young
(2ε) 2

2εa2 b2 b2
ab ≤ + = εa2 + .
2 2ε2 4ε

Podemos deduzir também uma desigualdade de Young com peso ε,

ab ≤ εap + c(ε)bq , a, b > 0, ε > 0,


52 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

1
−q
e c(ε) = (εp) p.
q
Para mostrar isso, escrevemos
!
 1
 b ap bq
ab = (εp) a p
1 ≤ εp + p = εap + c(ε)bq .
(εp) p p (εp) q
q

1.18.1 Desigualdade de Hölder (sequências de lp )

m Definição 2 (Espaços lp .). Apresentamos inicialmente as definições dos


espaços lp . Temos que lp (N) = {X = (xn ) ∈ KN | ||X||p < ∞}.
 !1/p

 X ∞

 |xk |p
, se p ∈ [1, ∞),

||X||p = k= 1




 sup |xn |, se p = ∞.
n∈N

b Propriedade 41 (Desigualdade de Hölder). Em l1 , a desigualdade diz que,


se (an ) ∈ lp e (bn ) ∈ lq são sequências positivas, então
!1/p !1/q
X
∞ X
∞ X

ak bk ≤ apk bqk ,
k=0 k=0 k=0

ou
X

ak bk X ∞
≤1⇔ ak bk ≤ ||(an )||p ||(bn )||q .
k=0
||(an )||p ||(bn )||q k=0

ê Demonstração.[Demonstração direta para o caso de lp .] A demonstração do


caso lp está contida no caso anterior, porém iremos apresentar também uma prova
direta. p = 1 ⇔ q = ∞, neste caso temos que

bk ≤ sup ||bn ||, ∀ k,


n

multiplicando por ak e somando, segue que

X
∞ X

ak bk ≤ sup ||bn || ak ,
n
k=0 k=0
1.18. DESIGUALDADE DE YOUNG 53

e o resultado está provado. Caso 1 < p, q < ∞ conjugados e

||(an )||p = ||(bn )||q = 1,

pela desigualdade de Young,


apk bqk
ak bk ≤ + ,
p q
somando, segue que

X
∞ X

ap X

bq 1 1
ak bk ≤ k
+ k
= + = 1 = ||(an )||p ||(bn )||q ,
k=0 k=0
p k=0
q p q

como querı́amos demonstrar. No caso geral, podemos assumir ||(an )||p , ||(bn )||q não
nulos (pois se não uma sequência possui todos elementos nulos e a igualdade vale).
Definindo
an bn
xn := , yn = ,
||(an )||p ||(bn )||q
o que implica ||(xn )||p = ||(yn )||q = 1, pelo que percebemos no argumento anterior,
temos que
X

xk y k ≤ 1,
k=0
o que equivale

X

ak bk X ∞
≤1⇔ ak bk ≤ ||(an )||p ||(bn )||q ,
k=0
||(an )||p ||(bn )||q k=0

como querı́amos demonstrar.

1.18.2 Desigualdade de Cauchy-Schwarz (sequências de lp )

$ Corolário 17 (Desigualdade de Cauchy-Schwarz). Se p = q = 2, então

||f.g||1 ≤ ||f||2 .||g||2 .

1.18.3 Desigualdade de Minkowski(sequências de lp )

F Teorema 1 (Desigualdade de Minkowski). Sejam p ∈ [1, ∞], f, g ∈ lp , então


54 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

f + g ∈ lp e
||f + g||p ≤ ||f||p + ||g||p .

ê Demonstração.[Caso lp ] Caso p = 1. Sejam X = (xn ), Y = (yn ) ∈ l1 .

X
∞ X
∞ X

||x + y||1 = |xk + yk | ≤ |xk | + |yk | = ||x||1 + ||y||1 .
k=1 k=1 k=1

Caso p = ∞. Temos que

|xk + yk | ≤ |xk | + |yk | ≤ ||X||∞ + ||Y||∞ ,

como supremo é a menor das cotas superiores, temos que

||X + Y||∞ ≤ ||X||∞ + ||Y||∞ .

1 1 1
Assumimos então p ∈ (1, ∞), daı́ < 1, existe então q tal que + = 1. Obtemos
p q p
que
|xk + yk |p = |xk + yk |p−1 |xk + yk | ≤ |xk + yk |p−1 (|xk | + |yk |) ,

somando temos
X
∞ X
∞ X

|xk + yk | ≤p
|xk ||xk + yk | p−1
+ |yk ||xk + yk |p−1 ≤
k=0 k=0 k=0

aplicando a desigualdade de Hölder


!1/p !1/q !1/p !1/q
X
∞ X
∞ X
∞ X

≤ |xk |p |xk + yk |(p−1)q + |yk |p |xk + yk |(p−1)q
k=0 k=0 k=0 k=0

1 1 1 1 p−1 p
usando que + =1⇒ =1− = ⇒ p = q(p − 1) e = p − 1, concluı́mos
p q q p p q
que
||(xn + yn )||pp ≤ ( || (xn ) ||p + || (yn ) ||p ) || (xn + yn ) ||p/q
p ,

||(xn + yn )||pp ≤ ( || (xn ) ||p + || (yn ) ||p ) || (xn + yn ) ||p−


p
1

o que implica
||(xn + yn )||p ≤ || (xn ) ||p + || (yn ) ||p ,

como querı́amos demonstrar.


1.19. DESIGUALDADES E INTEGRAIS 55

1.19 Desigualdades e integrais

1.19.1 Desigualdades básicas

b Propriedade 42. Seja f : R → R crescente então vale que


Z1 Z1
1
xf(x)dx ≥ f(x)dx.
0 2 0

ê Demonstração. Provar tal desigualdade é equivalente a mostrar que


Z1
(2x − 1)f(x)dx ≥ 0.
0

1 1
(2x − 1) é negativa para x < e positiva para x > . Como f é crescente, no
2 2
1
compacto [0, ] então
2
1
f(x) ≤ f( ),
2
Z1
2
multiplicando por 2x − 1 e aplicando , lembrando que o termo é negativo e daı́
0
inverte a desigualdade, temos que

Z1 Z1
2 1 2
(2x − 1)f(x)dx ≥ f( ) (2x − 1)dx. (1.1)
0 2 0
1
Agora para x > , temos que
2
1
f(x) ≥ f( ),
2
multiplicando por 2x − 1 que é positivo e portanto não altera a desigualdade, e depois
Z1
aplicando segue que
1
2
Z1 Z1
1
(2x − 1)f(x)dx ≥ f( ) (2x − 1)dx. (1.2)
1
2
2 1
2

Somando (1.1) e (1.2) segue que


Z1 Z 1
1 1 1 2
(2x − 1)f(x)dx ≥ f( ) (2x − 1)dx = f( )(x − x) = 0,
0 2 0 2 0
logo
Z1
(2x − 1)f(x)dx ≥ 0,
0

como querı́amos mostrar.


56 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

1.19.2 Integração e produto interno

m Definição 3 (Produto interno em R). Seja V um espaço vetorial real, um


produto interno sobre V é uma função que associa a cada par de vetores v, w de
V um número real < v, w >, satisfazendo as propriedades

1. Positividade . hv, vi ≥ 0 e hv, vi = 0 sse v = 0.

2. Linearidade . hav + bw, ui = ahv, ui + bhw, ui.

3. Simetria . hv, wi = hw, vi.

∀ v, w, u vetores de V e a, b números reais.

m Definição 4. Seja V um espaço com produto interno h, i, definimos a norma


(ou comprimento) de um vetor v em relação a esse produto interno por

p
kvk := hv, vi.

b Propriedade 43 (Desigualdade de Schwarz).

kwk kvk ≥ |hv, wi|.

ê Demonstração. Para v = 0 vale a igualdade, pois kvk = 0 e h0, wi = 0, então


seja v 6= 0, para qualquer t real vale

htv + w, tv + wi ≥ 0

logo
t2 hv, vi + 2thv, wi + hw, wi ≥ 0

como hv, vi é sempre positivo, temos que ter o discriminante negativo, logo

4hv, wi2 − 4hv, vi hw, wi ≤ 0

donde segue
kwk kvk ≥ |hv, wi|.
1.19. DESIGUALDADES E INTEGRAIS 57

Se hv, wi ≥ 0 temos
kwk kvk ≥ hv, wi

se hv, wi < 0 ainda temos


kwk kvk ≥ hv, wi

pois a norma é um número não negativo.

b Propriedade 44. No espaço vetorial das funções contı́nuas em [a, b]


Zb
< f, g >= f(x)g(x)dx
a

define um produto interno.

ê Demonstração. As propriedades de linearidade e simetria são decorrentes


da linearidade da integral e o produto ser comutativo, falta mostrar a positividade,
Zb
tal propriedade segue de: se f for não nula em ponto em [a, b] então f(x)2 dx > 0
a
por propriedade de funções contı́nuas , então para que o produto interno seja nulo é
necessário que f seja identicamente nula.

$ Corolário 18 (Desigualdade de Cauchy Schwarz para integrais). Se f, g :


[a, b] → R são contı́nuas então pela propriedade de produto interno
Zb Zb Zb
s s
2
g(x) dx f(x) dx ≥ | g(x)f(x)dx|
2
a a a

que implica, ao elevarmos ao quadrado que


Zb Zb Zb
2 2
[ g(x)f(x)dx] ≤ g(x) dx. f(x)2 dx.
a a a

ê Demonstração.[2]
Sejam f, g : [a, b] → R integráveis, então [f(x) + tg(x)]2 é integrável ∀ t ∈ R,
definimos Zb
h(t) = [f(x) + tg(x)]2 dx
a

e vale h(t) ≥ 0, expandindo e usando linearidade da integral temos que


58 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

Zb Zb Zb
2
h(t) = [f(x)] dx + 2 f(x)g(x)dx tdx + [g(x)]2 dx t2
|a {z } | a
{z } |a {z }
c b a

uma equação de segundo grau satisfaz essa condição quando ∆ = b2 − 4ac ≤ 0, isto

Zb Zb Zb
2 2
[ g(x)f(x)dx] ≤ g(x) dx. f(x)2 dx.
a a a
Perceba que a propriedade vale para f e g integráveis, não necessariamente continuas,
porém para ter o produto interno as funções devem ser contı́nuas.

1.20 Desigualdades básicas do Espaço Lp


Relembramos a definição dos espaços Lp .

m Definição 5 (Espaços Lp ). Seja (X, A, µ) espaço de medida, se p ∈ [1, ∞)


definimos

Lp (X, A, µ) = {f : X → R, C | f é mensurável e ||f||p < ∞},

onde
Z  p1
||f||p = |f(x)| dµ ,
p
X

com convenção que duas funções iguais q.s definem o mesmo elemento de Lp e
∞p = ∞. Podemos usar também as notações Lp (µ), Lp (X), Lp , quando ficar claro
no contexto a medida e o espaço que estamos tomando .

m Definição 6 (Espaço L∞ ). Definimos

L∞ (X 0 , A, µ) = {f : X → R, C | fé mensurável e ||f||∞ < ∞},


1.20. DESIGUALDADES BÁSICAS DO ESPAÇO LP 59

onde
||f||∞ = inf {a > 0 | µ(x ∈ X 0 | |f(x)| > a) = 0},

ainda com a convenção de que duas funções iguais q.s , definem o mesmo
elemento de L∞ . Aqui também usamos a definição inf (∅) = ∞, pois ∞ é uma
cota inferior de ∅, pois caso contrário haveria x no vazio menor que o infinito,
mas o vazio não possui elementos . Além disso ∞ é a maior cota inferior na reta
estendida, pois não existe elemento maior que ele, portanto é o ı́nfimo.

1.20.1 Desigualdade de Hölder em Lp

b Propriedade 45 (Desigualdade de Hölder). Sejam as funções f ∈ Lp (Ω),


1 1
g ∈ Lq (Ω) e q o expoente conjugado de p, isto é, + = 1, então f.g ∈ L1 (Ω) e
p q
Z
|f.g|dx ≤ ||f||Lp (Ω) ||g||Lq (Ω) .

ê Demonstração. Temos que f.g é mensurável. Se p = ∞,

|f(x).g(x)| ≤ ||f||∞ |g(x)|,

integrando dos dois lados, obtemos que

||fg||1 ≤ ||f||∞ .||g||1 ,

se p = 1 então q = ∞ e podemos usar o mesmo argumento. Suponha agora que


p ∈ (1, ∞) o resultado é trivial se ||f||p = ||g||q = 0, pois neste caso f.g = 0 q.s
e o termo da esquerda é nulo . Além disso o resultado segue se ||f||p = ∞ ou
||g||q = ∞, logo, suponha que 0 < ||f||p , ||g||q < ∞. Usando a desigualdade de Young
|f(x)| |g(x)|
com a = , b= , temos que
||f||p ||g||q
|f(x)| |g(x)| |f(x)|p |g(x)|p
. ≤ + ,
||f||p ||g||q p||f||pp q||g||pq
integrando de ambos lados, tem-se
|f(x)g(x)|1 1 1
≤ + =1⇒
||f||p ||g||q p q
|f(x)g(x)|1 ≤ ||f||p ||g||q ,
como querı́amos demonstrar.
60 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

1.20.2 Desigualdade de Cauchy-Schwarz em Lp

$ Corolário 19 (Desigualdade de Cauchy-Schwarz). Se p = q = 2, então

||f.g||1 ≤ ||f||2 .||g||2 .

1.20.3 Desigualdade de Minkowski em Lp

F Teorema 2 (Desigualdade de Minkowski). Sejam p ∈ [1, ∞], f, g ∈ Lp (µ), então


f + g ∈ Lp (µ) e
||f + g||p ≤ ||f||p + ||g||p .

ê Demonstração.
Se f, g ∈ Lp (µ) então

|f(x) + g(x)|p ≤ (2 max{|f|, |g|})p ≤ 2p (|f(x)|p + |g(x)|p )

o que implica que f + g ∈ Lp (µ). A desigualdade é trivial se p = 1 ou p = ∞, pois


segue direto da desigualdade triangular

|f(x) + g(x)| ≤ |f(x)| + |g(x)|

integrando ou tomando o supremo. A desigualdade também vale se f + g = 0 q.s,


por positividade dos módulos e normas. Caso p 6= ∞ e p 6= 1 então 1 < p < ∞ e daı́
1 1 1
< 1, existe então q tal que + = 1.
p q p
|f + g|p = |f + g||f + g|p−1 ≤ (|f| + |g|)(|f + g|p−1 ) = |f||f + g|p−1 + |g||f + g|p−1 ,

integrando dos dois lados,


Z Z Z
|f + g| dµ ≤ |f||f + g| dµ + |g||f + g|p−1 dµ ≤
p p−1

p
usando a desigualdade de Hölder com q = , tem-se
p−1
Z
p−1
≤ ||f||p || (|f + g|) p−1
||q + ||g||p ||(|f + g| p−1
) ||g ≤ (||f||p + ||g||p ) ( |f + g|p ) p .

Logo, deduzimos que

||f + g||pp ≤ ( ||f||p + ||g||p ) ||f + g||p−


p ,
1
1.20. DESIGUALDADES BÁSICAS DO ESPAÇO LP 61

o que implica finalmente


||f + g||p ≤ ||f||p + ||g||p .

Valem também as versões discretas


! p1 ! q1
X X X
∞ ∞ ∞

ak bk ≤ |ak |p |bk |q .



k=1 k=1 k=1
! p1 ! p1
X
∞ X
∞ X

|ak + bk |p ≤ |ak |p + |bk |p .
k=1 k=1 k=1

1.20.4 Desigualdade de Holder Geral


Xm
1
Seja pk ∈ [1, ∞] com = 1, cada uk ∈ Lpk (U), k ∈ Im . Então,
k=1
p k

Y
m Y
m
k uk kL1 (U) ≤ kuk kLpk
k=1 k=1

1.20.5 Desigualdade de Interpolação

b Propriedade 46. Sejam p e q tais que 1 ≤ p < q < r ≤ ∞. Então Lp ∩Lr ⊂ Lq


e vale a desigualdade de interpolação

||f||q ≤ ||f||λp . ||f||1r−λ ,


1 λ 1−λ
onde = + , λ ∈ [0, 1].
q p r

ê Demonstração. Suponha que f ∈ Lp ∩ Lr , se r = ∞ , temos que


Z Z Z
|f| =
q
|f| .|f|
p q−p
≤ ||f||q−p
∞ . |f|p ,

logo
q−p
 Z  p1  qp
1− p p

||f||q ≤ ||f||∞ .
q
|f|p = ||f||∞ q ||f||pq = ||f||1∞−λ ||f||λp ,

1 λ 1−λ 1 λ p
onde usamos aqui que = + com r = ∞ se torna = logo λ = , que
q p r q p q
usamos na passagem acima, por isso concluı́mos que

||f||q ≤ ||f||1∞−λ ||f||λp .


62 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

Apenas r pode ser infinito, pois as outras desigualdades são estritas. Se r < ∞
p r
usamos a desigualdade de Holder com os expoentes conjugados e , que
λq (1 − λ)q
são realmente conjugados pois
 
λq (1 − λ)q λ 1−λ q
+ =q + = = 1,
p r p r q
logo, Z Z
|f| =
q p .|| |f|
|f|λq |f|(1−λ)q ≤ || |f|λq || λq (1−λ)q
|| (1−λ)q
r =
Z Z
λq (1−λ)q
= ( |f| ) ( |f|r ) r = ||f||λq
p p
p ||f||r
(1−λ)q
,

como querı́amos demonstrar.

1.21 Desigualdades e trigonometria



Z Exemplo 28. Vale que |sen(x) − cos(x)| ≤ 2, pois isso equivale a escrever

1
√ |sen(x) − cos(x)| ≤ 1,
2

1 2
porém √ = e ficamos com
2 2
√ √
2 2
| sen(x) − cos(x)| ≤ 1,
2 2
√ √
π π π 2 2
porém temos cos(x + ) = cos( )sen(x) − cos(x)sen( ) = sen(x) − cos(x),
4 4 4 2 2
π
mas | cos(x + )| ≤ 1 então a desigualdade fica provada.
4

1.22 Séries e desigualdades

b Propriedade 47. 1. Se
ak ≤ bk , ∀ k,
1.22. SÉRIES E DESIGUALDADES 63

supondo as séries convergentes, então

X
∞ X

ak ≤ bk .
k=1 k=1

Isto é, as séries respeitam a ordem.

2. Se
ak < bk , ∀ k,

supondo as séries convergentes, então

X
∞ X

ak < bk .
k=1 k=1

ê Demonstração.

1. Se
ak ≤ bk , ∀ k,

supondo as séries convergentes, então


X
n X
n
ak ≤ bk ,
k=1 k=1

como limite respeita desigualdade então, aplicando n → ∞, tem-se


X
∞ X

ak < bk .
k=1 k=1

2. Se
ak < bk , ∀ k,

supondo as séries convergentes, então


X
∞ X

ak ≤ bk ,
k=1 k=1

do item anterior, porém não podemos ter a igualdade pois, se assim fosse
X

(bk − ak ) = 0,
k=1

valendo ∀ k, bk − ak > 0, porém


X
∞ X
n
(bk − ak ) ≥ (bk − ak ) ≥ b1 − a1 > 0,
k=1 k=1
64 CAPÍTULO 1. DESIGUALDADES

e daı́ terı́amos um absurdo, portanto não pode valer a igualdade e como vale
X
∞ X

ak ≤ bk ,
k=1 k=1

então a desigualdade é estrita


X
∞ X

ak < bk ,
k=1 k=1

como querı́amos provar.

Outra demonstração, sabemos que


X
∞ X

ak ≤ bk ,
k=2 k=2

e a1 < b1 , então somando as duas desigualdades, segue que


X
∞ X

ak < bk .
k=1 k=1

1.23 Desigualdade de Potências

1.23.1 (x + y)p < xp + yp , p ∈ (0, 1).

b Propriedade 48. Se x, y ∈ (0, ∞) e p ∈ (0, 1) então

(x + y)p < xp + yp .

ê Demonstração. Fixe y > 0. Tome f(x) = (x + y)p − (xp + yp ). Temos que


f(0) = 0 além disso derivando f temos
 
0 p−1 p−1 1 1
f (x) = p(x + y) − px =p 1 −p
− 1−p < 0.
(x + y) x
A expressão anterior é negativa pois (x + y)γ > xγ , pois a função potência é crescente
((xγ ) 0 = γxγ−1 > 0 e daı́
1 1 1 1
γ
> γ
⇒ γ
− γ < 0.
x (x + y) (x + y) x
Portanto f(x + y) < 0 e daı́
(x + y)p < xp + yp .
1.23. DESIGUALDADE DE POTÊNCIAS 65

b Propriedade 49. Para todo β > 1 e ε > 0 reais existe C := C(ε, β) > 0
constante tal que
s ≤ εsβ + C(ε, β), ∀ s ≥ 0.

1 1
ê Demonstração. Tomamos C ≥ . Para s ≤ temos que
ε1/(β−1) ε1/(β−1)
f(s) = s − εsβ − C < 0.
1
Além disso f é decrescente para s > , pois
ε1/(β−1)
1
s> ⇒ εβsβ−1 > εsβ−1 > 1 ⇒ 0 > 1 − βεsβ−1 = f 0 (s).
ε1/(β−1)
Como a função f assume apenas valores negativos então f(s) ≤ 0 e daı́

s ≤ εsβ + C(ε, β), ∀ s ≥ 0.

b Propriedade 50. Seja (xk ) uma sequência positiva e p real, então


!p
Xn Xn
xk ≤ np xpk .
k=1 k=1

ê Demonstração. A função f(x) = xp é crescente para x > 0 pois f 0 (x) =


pxp−1 > 0, seja M = max{x1 , . . . , xn } então
!p
X n X
n
xk p
≤ (nM) ≤ np
(xpk ).
k=1 k=1

Você também pode gostar