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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:

Reflexões e Propostas para Ação

2012 www.dialogosnacionais.org.br

Realização:
Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

2012 www.dialogosnacionais.org.br

Realização:
FICHA TÉCNICA
Título: Diálogos Nacionais sobre Economia Verde: Reflexões e Propostas para Ação

Realização: Vitae Civilis – Instituto para o Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz

Pesquisa e Redação do Conteúdo: Aron Belinky, Barbara Carvalho Gonçalves, Fabrizio Violini, Gustavo Ferroni, Nina Best,
Pilar Cunha e Rubens Harry Born.

Capa e Diagramação: Nathany Paola da Silva

Apoio Institucional:

O Instituto Vitae Civilis, é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos cujo objetivo é contribuir para a
construção de sociedades sustentáveis, mediante o apoio à implementação participativa de políticas públicas integradas;
o fortalecimento de iniciativas geradoras de renda e emprego associadas à sustentabilidade ambiental; geração e
disseminação de conhecimentos e práticas nas áreas de clima, energia, águas, ecoturismo, conservação de florestas e de
serviços ambientais; e fortalecer organizações e iniciativas de sociedade civil em tais áreas. O nome Vitae Civilis, que em
latim significa “para a sociedade civil”, reforça a orientação do Instituto em servir ao fortalecimento da cidadania e das
organizações da sociedade.

Presidente do Conselho Deliberativo: Percival Maricato


Vice-Presidente do Conselho Deliberativo: Francisco Rodrigues
Conselheiros: Alceu Rodrigues de Freitas, Bianca Regina Zello Pereira, Julio Weiner, Neide Yumie Takaoka.
Coordenador Executivo: Marcelo Cardoso
Coordenador Executivo Adjunto: Rubens Harry Born
Coordenadora Financeira Administrativa: Danny Rivian
Coordenadora de Projetos: Pilar Cunha
Coordenador de Processos Internacionais: Aron Belinky

Equipe do Vitae Civilis: Bárbara Gonçalves, Carlos Krieck, Carolina Derivi, Carolina Ramalhete Vieira, Délcio Rodrigues,
Eduardo Rombauer, Fabrizio G. Violini, Francisco Biazini, Gabriella Contoli, Gustavo Ferroni, Morrow Gaines Campbell III,
Nathany Paola da Silva, Nina Best, Patrick Johann Schindler, Pedro Telles, Renata de Almeida Rodrigues, Silvia Dias.

Para saber mais acesse: www.vitaecivilis.org.br

Vitae Civilis – Instituto para o Desenvolvimento Meio Ambiente e Paz


Rua Itápolis, 1468 - CEP 01245-000 / Pacaembu - São Paulo – SP
Tel.: +55 11 3662-0158 / e-mail: vcivilis@vitaecivilis.org.br

Agradecimentos
O Instituto Vitae Civilis gostaria de agradecer a todos os membros do conselho consultivo dos diálogos nacionais, em
especial aos conselheiros que participaram dos seminários nacionais. Também gostaríamos de agradecer aos facilitadores
e a todos que se envolveram na produção dos seminários nacionais e regionais.

São Paulo, maio de 2012


ÍNDICE
Sumário executivo_____________________________________ 05

Engajamento com a Sociedade civil: os Diálogos Nacionais_____ 06

O conceito de Economia Verde___________________________ 07

Quadro referencial da Economia Verde_____________________ 08

Alertas e controvérsias_________________________________ 10

Propostas de ação_____________________________________ 12

Biblioteca sobre Economia Verde_________________________ 16

Utilizamos o termo Economia Verde (EV) - sem qualquer outro adjetivo - para nos

referirmos ao conjunto de propostas voltadas ao desenvolvimento sustentável ou, mais

especificamente, à transformação da economia global para padrões socialmente justos e

ambientalmente sustentáveis, num marco ético e democrático. Para mais informações sobre

este posicionamento acesse: www.economiaverde.org.br e/ou www.greeneconomy.org.br


Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

SUMÁRIO EXECUTIVO
A sociedade tem cobrado mudanças no atual modelo de desenvolvimento econômico. Previstas há muito tempo,
as consequências negativas deste modelo têm se tornado cada vez mais evidentes. Problemas ecológicos, crises
econômicas, desigualdade social e pobreza estão entre as suas principais conseqüências negativas.

Neste contexto, repensar o atual modelo se torna algo imperativo, e várias organizações e iniciativas no mundo
já embarcaram nesta empreitada. Ao propor uma discussão sobre “a transição para uma economia verde no
contexto da preservação do meio ambiente e da biodiversidade, na perspectiva da erradicação da pobreza e
das desigualdades” e sobre “o quadro institucional (instrumentos de governança) para que se implemente o
desenvolvimento sustentável” a Conferência da ONU para o desenvolvimento sustentável, a Rio+20, procurou
colocar no centro da agenda internacional o desafio de repensar o modelo econômico e as iniciativas já existentes
neste sentido.

Desde 2010, o Instituto Vitae Civilis em conjunto com a Green Economy Coalition, realizou uma série de debates
na sociedade civil brasileira com os objetivos de: consolidar e difundir o conceito de economia verde (EV) e
seu entendimento; identificar e articular atores da sociedade brasileira relevantes para este processo; produzir
propostas e demandas concretas relacionadas à EV no Brasil e no mundo; e incidir na agenda e resultados da
Rio+20 e também nas políticas públicas brasileiras.

Foram realizados 2 seminários nacionais e 4 seminários regionais sobre economia verde, nos quais cerca de 720
pessoas participaram. Entre os principais resultados deste processo podemos destacar as seguintes demandas
para a transição rumo a uma economia verde:

• Redução da desigualdade não apenas no movimento de trazer os mais pobres para um patamar melhor
de qualidade de vida, mas também no sentido de diminuir o atual padrão insustentável de consumo dos
mais ricos, aproximando as duas pontas.

• Participação social nas principais instâncias e fóruns de tomada de decisão sobre a economia. A
participação social é um dos mecanismos mais poderosos para se criar accountability, controle social e
democratizar as instituições econômicas e financeiras.

• Desenvolvimento de planos internacionais, nacionais e subnacionais para a transição para a economia


verde e efetivação dos direitos humanos, que contemplem aspectos estratégicos e operacionais e
envolvam democraticamente todos os setores da sociedade.

• Utilização de instrumentos econômicos para incentivar práticas que contribuam com uma economia
verde, respeitando os direitos dos povos e a natureza, e para coibir práticas que resultem na exploração
insustentável e degradante do meio ambiente e das pessoas.

• Mitigação de riscos durante a transição para a economia verde, em especial para os trabalhadores e
populações vulneráveis. Uma economia sustentável e justa não pode ser estabelecida por um processo
que mantenha ou agrave a situação dos atores mais vulneráveis.

• Prevenir a especulação e financeirização da natureza com salvaguardas preventivas e efetivas contra as


disfunções na ação do mercado. Evitando que bens como a água, atmosfera ou biodiversidade sirvam de
base para uma nova bolha especulativa.

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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

ENGAJAMENTO COM A SOCIEDADE CIVIL:


OS DIÁLOGOS NACIONAIS SOBRE ECONOMIA VERDE
A mobilização da sociedade civil brasileira em relação ao tema economia verde, tendo em vista a Conferência
das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável, tratou-se de uma iniciativa global da Green Economy
Coalition (GEC – www.greeneconomycoalition.org), realizada no Brasil pelo Instituto Vitae Civilis com
participação e apoio de um relevante grupo de organizações, representando um amplo e diversificado arco dos
setores da sociedade nacional. Esta iniciativa foi denominada “Diálogos Nacionais – Rumo à Rio+20”.

A realização dos diálogos nacionais contou com o apoio das seguintes organizações: Market Analysis, Associação
Brasileira de Desenvolvimento de Lideranças (ABDL), Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil
– Seccional Amazonas, Instituto Akatu, Centro de Estudos de Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas
(GVCES), Conselho Empresarial Brasileiro pelo Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Confederação Nacional
da Indústria (CNI), Conselho Brasileiro de Manejo Florestal (FSC), Departamento Intersindical de Estatística e
Estudos Socioeconômicos (Dieese), ECOPRESS, Federação das Indústrias do Estado do Pará, Fundação Amazônia
Sustentável (FAS), Fundação SOS Mata Atlântica, Frente Parlamentar Ambientalista, Grupo de Trabalho
Amazônico (GTA), Global Reporting Initiative (GRI), Governo do Estado de Santa Catarina, Governo do Estado do
Pará, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Grupo de Articulação das ONGs Brasileiras para ISO 26000 (GAO),
Grupo de Gestão Ambiental de Pernambuco, (GAMBA) Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), Instituto Ethos,
Instituto Peabiru, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Instituto Socioambiental (ISA), International
Institute for Environment and Development (IIED), International Union for Conservation of Nature (IUCN),
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Ministério do Meio Ambiente, Secretaria do
Meio Ambiente do Estado de São Paulo, Rede Nossa São Paulo, Universidade Federal Rural de Pernambuco e
World Watch Institute.

Para a realização dos seminários nacionais e regionais contamos com a contribuição dos seguintes patrocinadores:
Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia em Identificação Digital, Fundação Avina, Banco do Nordeste,
Capital Recicláveis, Centro Sebrae de Sustentabilidade, Eletrobrás Furnas, Fundo Vale, Itaipu Binacional, Natura,
Santander, Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda do Governo do Pará, Telefônica, Trash Ambiental.

Foram realizados 2 seminários nacionais e 4 seminários regionais ao longo de 2010 e 2011. Os seminários
reuniram ao todo cerca de 720 pessoas, cobrindo todo o território nacional.

Durante todo o processo os participantes debateram e propuseram a partir de suas posições nos temas e na
sociedade, conceitos e propostas sobre economia verde. Os debates ocorreram sempre buscando identificar
o consenso entre os participantes, porém respeitando e registrando posições diferentes. Uma síntese do
resultado esta refletida nesta publicação. Maiores detalhes e documentação adicional estão disponíveis em
www.economiaverde.org.br.

Os diálogos nacionais estiveram conectados, por meio de seus participantes ou pelas organizações que o
promoveram, com os fóruns mais relevantes onde o tema economia verde vem sendo discutido. Podemos
destacar a relação com o trabalho sendo desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), que foi constante. Além disso, no início de 2012, o Instituto Vitae Civilis, a Central Única dos
Trabalhadores, o Instituto Ethos, o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais e o Instituto Democracia
e Sustentabilidade promoveram quatro debates com lideranças de diversos segmentos sobre a transição
para uma economia a serviço do desenvolvimento sustentável. Também houve engajamento com a iniciativa
desenvolvida pela organização alemã Adelphi e o Vitae Civilis sobre “Clima, Cooperação e Conflito”, assim como,
os diálogos do FUNBIO sobre economia verde e a plataforma do Instituto Ethos por uma economia inclusiva,
verde e responsável.

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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

Veja abaixo a linha do tempo dos diálogos nacionais:

1º Seminário • 10-11/11/2010 Seminário • 03/08/2011


Nacional • 135 participantes regional do • 110 participantes
• São Paulo centro-oeste • Brasília

Seminário
• 23/09/2011 Seminário • 27/08/2011
regional do
• 143 participantes regional • 143 participantes
sul (e Triplice
do norte
fronteira) • Foz do Iguaçu • Belém

• 18-19/10/2011 Seminário • 16/11/2011


2º Seminário
• 130 participantes regional do • 60 participantes
Nacional nordeste
• São Paulo • Recife

O CONCEITO DE ECONOMIA VERDE


Este conceito foi um dos principais pontos trabalhados durante os diálogos nacionais. Os participantes
debateram e propuseram aspectos chave que deveriam estar refletidos no conceito. Foi reconhecida que a
redação de uma definição para o termo “economia vede” é uma difícil tarefa, e que um texto curto dificilmente
refletirá todos os aspectos de um conceito complexo, porém pode ser uma importante ferramenta para sua
divulgação.

Veja a redação final da proposta de definição para o conceito de economia verde abaixo:

“É o conjunto de atividades econômicas que resulta na melhoria do bem-estar humano com


equidade e justiça social, ao mesmo tempo em que preserva e reconhece o valor inerente da
Natureza, reduzindo significativamente os impactos e riscos sobre os recursos do ecossistema
e a sociedade. Uma economia verde se caracteriza por instituições, instrumentos, atividades
de produção/consumo e investimentos que, visam o desenvolvimento sustentável, respeitando
os direitos humanos e os limites do planeta.”

O conceito busca alinhar fortemente o modelo de desenvolvimento econômico com o uso sustentável dos
recursos naturais e a geração de relações sociais mais justas, que contribuam para a equidade. A economia
verde, neste sentido, fica colocada como uma das contribuições para que a sociedade atinja o desenvolvimento
sustentável.

Além do conceito vários outros aspectos foram discutidos para caracterizar economia verde, conforme esta
refletido no quadro referencial e nos “alertas e controvérsias” a seguir.

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Reflexões e Propostas para Ação

❼❼ Promover processos de produção e disseminação do conhecimento, PRIORIDADES


O QUADRO REFERENCIAL DA potencializando a contribuição da educação, da ciência e da cultura para o (identificadas com base nos aspectos positivos e negativos do atual cenário
estabelecimento de práticas e valores compatíveis com a sustentabilidade, brasileiro frente à transição para a EV):
ECONOMIA VERDE visando reorientar as aspirações sociais e o entendimento do que é bem-estar.
❽❽ Garantir o respeito à liberdade, responsabilidade de escolha, opinião ❶❶ Aproveitar a realização da Rio+20 e de grandes eventos internacionais
O quadro referencial é uma ferramenta didática que busca resumir os e expressão, a democracia, o estado de direito, os direitos humanos,
principais aspectos relacionados ao tema da economia verde. Nele são para fortalecer e dar visibilidade à EV e suas práticas no país, e criar
coletivos e difusos, e a valorização de todas as formas de diversidade. mecanismos para a discussão do tema com todas as camadas sociais.
destacadas tanto questões conceituais quanto diretrizes para a ação.
O quadro também foi amplamente debatido durante os diálogos nacionais e ❾❾ Assegurar sistemas de governo, organização social e regulação ❷❷ Desenvolver planejamento estratégico, tático e operacional sustentáveis
seu resultado pode ser visto abaixo: abertos à efetiva participação da sociedade nos processos decisórios para diminuir a desigualdade social e promover o trabalho decente,
e na governança dos países, dos mercados e das demais organizações, geração de renda e os meios de vida sustentáveis.
CONCEITO fortalecendo as políticas públicas com transparência, responsabilidade e
ética.
❸❸ Promover alternativas para o consumismo/sociedade de consumo e
A economia verde deve ser definida como: privilegiar a educação e as iniciativas sociais/culturais, visando reorientar
❿❿ Contemplar na integralidade os tratados, pactos, convenções e
as aspirações sociais e o entendimento do que é qualidade de vida.
É o conjunto de atividades econômicas que resulta na melhoria do bem-estar documentos internacionais relativos ao meio ambiente e aos direitos
humano com equidade e justiça social, ao mesmo tempo em que preserva humanos.
❹❹ Utilizar e desenvolver instrumentos econômicos para incentivar a EV,
e reconhece o valor inerente da Natureza, reduzindo significativamente incluindo, por exemplo, políticas fiscais e tributárias, mecanismos de
os impactos e riscos sobre os recursos do ecossistema e a sociedade. Uma
PERSPECTIVAS: financiamento e investimento, compras públicas sustentáveis, taxação de
economia verde se caracteriza por instituições, instrumentos, atividades de A implementação dos princípios da EV, adequada à realidade brasileira, deveria externalidades.
produção/consumo e investimentos que, visam o desenvolvimento sustentável, considerar uma perspectiva holística, integrada, sistêmica e abrangente que
respeitando os direitos humanos e os limites do planeta. contemple: ❺❺ Garantir o cumprimento da legislação ambiental, promover a adoção
da Política Nacional de Mudanças Climáticas, da Política Nacional de
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ECONOMIA VERDE I - Seu alcance em termos de: Segurança Alimentar, e lutar por um Código Florestal que seja de fato
sustentável.
Atividades e instituições favoráveis à transição para a EV se caracterizam por: ▪▪ Tempo (curto, médio e longo prazo);
▪▪ Espaço (local, regional, nacional, global, virtual, público e privado); ❻❻ Promover a valorização do patrimônio natural através de mecanismos
❶❶ Fortalecer um sistema que enfatiza uma lógica econômica que promova a ▪▪ Interrelações (entre seres humanos, sistemas naturais e econômicos). que privilegiem a sua conservação e/ou preservação.
ruptura com uma visão centrada na produção e consumo, priorizando as
dimensões da sustentabilidade e bem estar humano. II - As esferas de atuação (individuais, institucionais ou coletivas): ❼❼ Promover a participação e mobilização em prol da educação, da
democratização da informação, das ações sociais e das políticas públicas
❷❷ Promover a elaboração e disseminação do conhecimento, através de ▪▪ Legislação e Políticas Públicas; para a transição rumo à EV, e incluir a criação de espaços de tomada de
práticas educativas, científicas e culturais, na ótica da sustentabilidade ▪▪ Mercados e sistemas/relações produtivas; decisão para os grupos sociais mais vulneráveis.
com ênfase no envolvimento da sociedade, instituições e agentes dos ▪▪ Gestão pública e privada;
▪▪ Ciência, Tecnologia e Inovação; ❽❽ Proteger os pequenos produtores ao gerar trabalho, renda e prosperidade,
sistemas produtivos, no curto, médio e longo prazo.
▪▪ Educação formal e informal por meio do suporte técnico e institucional aos povos tradicionais, povos
▪▪ Cultura e Comportamento indígenas, agricultores familiares, campesinato, pequenos agricultores e
❸❸ Considerar todos os fatores necessários ao funcionamento da economia, empreendedores, fomentando a agricultura sustentável e as tecnologias
▪▪ Comunicação
respeitando o trabalho humano decente, a cultura, o ambiente natural sociais. Ao mesmo tempo, impedir a transformação da cultura tradicional,
e todas as formas de vida não só como fatores de produção, mas como III - Os objetivos e instrumentos de implementação: dos bens públicos e serviços ecossistêmicos em meras mercadorias, os
valores intrínsecos. protegendo da especulação financeira.
▪▪ Métricas/ indicadores
❹❹ Construir uma economia voltada para a criação e distribuição justa de ▪▪ Governança e relações de poder ❾❾ Prevenir o uso inadequado da expressão “economia verde” promovendo
bens e redução das desigualdades sociais e econômicas, visando a ▪▪ Mecanismos de participação de stakeholders e controle social os conceitos e práticas a ela relacionados.
promoção da qualidade de vida, bem estar e a busca da felicidade. ▪▪ Adesão a agendas publicas
▪▪ Analises de custo-benefício socioambiental ❿❿ Inserir conteúdos de EV na educação formal e informal, como tema
❺❺ Promover, valorizar e disseminar processos de produção do transversal, garantindo a educação de qualidade que considere a
conhecimento, inclusive dos povos indígenas, comunidades tradicionais, IV - A abordagem: superação de todas as formas de analfabetismo. Capacitar docentes e
potencializando o conhecimento tradicional associado a biodiversidade, multiplicadores para disseminar os conteúdos da EV.
alidado ao conhecimento existente na educação, na ciência e nas ▪▪ Temática (enfocando-as a partir de temas como agricultura, energia,
atividades culturais para estabelecer práticas e valores compatíveis com água, alimentos, pobreza, biodiversidade, etc.)
o desenvolvimento sustentável. ▪▪ Transversal (enfocando-as a partir de questões que perpassam todos
os temas, como empregos, território, educação, políticas fiscais e
❻❻ Reconhecer como valor o patrimônio imaterial de grupos, localidades, econômicas, equidade, gênero, discriminação, etc.)
regiões e países. ▪▪ Matricial (cruzando as informações entre as abordagens temática e
transversal e os instrumentos econômicos e de implementação)

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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

ALERTAS E CONTROVÉRSIAS
Um grande consenso acerca da EV é que não será possível construir uma sociedade sustentável sem que ocorram
profundas mudanças nos sistemas econômicos, que precisam modificar tanto seu objetivo último (colocando a
melhoria das condições globais de vida e bem-estar no lugar do mero crescimento no fluxo de bens e serviços),
quanto sua noção de custos (que precisa incorporar de modo mais completo tanto o valor dos insumos utilizados
no processo produtivo quanto os impactos de sua utilização).

A discussão sobre EV incorpora disputas estruturais que há muito dividem a humanidade tanto em termos
geopolíticos, econômicos e comerciais quanto em termos ideológicos, éticos e filosóficos.

Este capítulo aponta algumas áreas de controvérsias que foram identificadas durante os diálogos nacionais. Estes
pontos de conflito não devem ser vistos como antagonismos intransponíveis e paralisantes, mas como alertas
que devem ser cuidadosamente considerados enquanto avançamos na urgente e inevitável transição para uma
economia verde. Abaixo estão alguns destaques, e não uma lista exaustiva, desses alertas e controvérsias.

Falta de informação e a discussão do nome

É comum observarmos posicionamentos automáticos que são favoráveis ou contrários a economia verde. Porém
muitos desses posicionamentos se baseiam apenas na discussão semântica, de que seria uma economia apenas
voltada para questões ambientais (por causa do nome), ou que qualquer novo conceito se trata apenas de uma
armadilha para desviar o foco dos problemas reais, que seriam o sistema capitalista e a mercantilização. O nome
neste caso é o menos importante, e debater e consolidar o conceito e as práticas por trás do nome deveria ser
o alvo de todos os interessados.

Posições pró e anti- mercado

O ceticismo quanto à possibilidade do mercado oferecer soluções para as crises atuais é justificável tendo
em vista os problemas da recente globalização neoliberal. Por outro lado existem posições que colocam a EV
apenas como uma oportunidade para ampliar seus negócios sem provocar mudanças reais. A saída de nossa
crise civilizacional passa pela economia, não há dúvida, pois não temos outro instrumento para atingir a escala
e o volume necessários no curto tempo que dispomos. Mas não a economia alucinada e sem fronteiras, que nos
trouxe às bolhas especulativas, à crise global e à hiper-concentração.

Greenwashing e oportunismo

Os termos como economia verde, sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são muito atraentes para setores
da mídia, da publicidade e mesmo políticos descompromissados. Frequentemente estes termos são usurpados e
utilizados como forma de propagar produtos e interesses que não são alinhados com os conceitos. A capacidade
de controlar e coibir o mal uso é algo muito limitado, no entanto, permanece como uma preocupação constante
daqueles que pretendem efetivar a proteção ambiental e a justiça social como pilares de uma nova economia.

Falsas soluções

As discussões sobre economia verde muitas vezes ficam presas ao mundo da tecnologia e da eco-eficiência.
Apesar de serem dois aspectos essenciais, não existirá uma solução milagrosa para o desenvolvimento
sustentável. Este é um processo onde escolhas difíceis deverão ser feitas e transformações profundas de
paradigmas e instituições são necessárias. A quebra de paradigmas e a transformação de instituições requer
condições políticas e sociais específicas para ter sucesso, porém a necessidade e urgência de tais mudanças não
necessariamente esta alinhada com o tempo da conjuntura e interesses do status quo.

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Reflexões e Propostas para Ação

Transição justa

A justa divisão dos custos e benefícios de uma transição para a economia verde também são um aspecto
controverso. Historicamente quando a sociedade enfrenta grandes crises os custos de sair destas crises são
pagos pela população em geral, e em especial pelos trabalhadores ou camadas de menor renda. Soluções para
problemas ambientais também já foram defendidas em detrimento de questões sociais, ou o enfrentamento
de desafios da superação da pobreza e da desigualdade buscam abrir mão de considerações de conservação
ambiental, gerando controvérsias adicionais e afastando as agendas ambiental e social. Nenhum modelo que
rompa com os nossos desafios atuais poderá repetir os mesmos erros do passado. A transição para a economia
verde deve ser pautada pela geração de empregos verdes e decentes e ao mesmo tempo proteger e restaurar a
resiliencia e integridade dos processos ecológicos essenciais.

Neste sentido, o atual cenário internacional onde alguns países exportam matérias primas e produtos feitos
com mão de obra barata e sem garantias ambientais deverá ser repensado. Não podemos ficar presos numa
discussão que coloque o direito ao desenvolvimento dos países mais pobres como o mesmo caminho que os
países ricos percorreram, ou pior, como uma autorização para poluir ou explorar pessoas. Os problemas atuais
do mundo deverão ser enfrentados com soluções atuais, justas e solidárias.

Visão de curto prazo

A predominância de critérios de curto prazo para a tomada de ação, tanto na esfera pública como na privada
também são um ponto em disputa. Uma das dificuldades encontradas em se formar consenso esta na conciliação
de interesses que tem uma expectativa de retorno (político ou financeiro) num prazo mais curto, e mudanças
que precisam ser desenvolvidas com um prazo mais longo.

Ao mesmo tempo, diversos segmentos sociais já investiram seus recursos com uma expectativa de futuro e a
mudança e repactuação de regras poderia afetá-los de maneira profunda. Este é um aspecto que não deve ser
ignorado ao se buscar uma transição que inclua todos os públicos de maneira ampla e irrestrita.

Equidade e discrepâncias na efetivação de direitos e acesso ao consumo:

A transformação nos padrões de produção e consumo é essencial para a economia verde. A lógica da produção
e do consumo deverá ser reorientada para que o excesso no modo de vida de poucos não inviabilize os direitos
humanos de todos. Porém, quando se fala em consumo uma mudança nos padrões significará uma diminuição
no acesso a bens materiais supérfluos e privilégios. O padrão consumista estabelecido pela sociedade ocidental
é completamente insustentável, e a realização dos direitos das populações excluídas implicará na transformação
dos padrões de consumo das populações mais ricas.

Economia verde e o desenvolvimento sustentável

Pensar que a EV substituti o desenvolvimento sustentável é um grande equívoco, visto que a EV é um meio
para efetivar o desenvolvimento sustentável. Tanto no âmbito local quanto internacional a sociedade já discute
há muitos anos as questões relativas ao desenvolvimento sustentável e efetivação dos direitos humanos. Uma
discussão sobre a transição para a economia verde não pode ignorar todo o conhecimento e experiência já
acumulados em processos como, por exemplo, o da Agenda 21¹ e outros. Novas iniciativas devem partir das
outras, não tentando substituí-las, mas sim inovando e agregando valor.

¹A Agenda 21 foi um dos produtos da ECO92 e pode ser entendida como um instrumento participativo de planejamento voltado para o desenvolvimento
sustentável.

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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

PROPOSTAS DE AÇÃO
Durante os seminários regionais realizados em 2011, os participantes produziram propostas concretas para a
transição para uma economia verde no contexto brasileiro. Foram criadas mais de 120 propostas que foram
sistematizadas em 27 grupos e debatidas no 2º Seminário Nacional. As propostas foram então consolidadas
em 10 grandes categorias: agricultura, incentivos fiscais, Amazônia, governança e participação social, cidades
sustentáveis, energia, resíduos sólidos e educação. Dentro de cada categoria os diversos temas que foram
debatidos estão contemplados.

Apesar das propostas abordarem especificidades de cada tema, um aspecto esta presente transversalmente em
todas: a necessidade de maior participação social e mecanismos de controle da sociedade civil sobre políticas
públicas e o mercado.

Um aspecto a ser destacado das discussões sobre as propostas são as questões relativas a uma nova governança
social. Uma dinâmica participativa e colaborativa, onde a sociedade civil seja contemplada e haja um maior
controle social sobre o setor público e privado, foram questões presentes nas propostas, independentemente
dos temas debatidos.

Abaixo apresentamos um resumo de cada um destes grandes grupos. As propostas detalhadas estão disponíveis
no site: www.vitaecivilis.org/economiaverde

Agricultura

A agricultura brasileira vive um paradoxo, as políticas para o modelo da agroindústria não conversam com o
modelo do pequeno produtor e agricultura familiar. Talvez sejamos o único país do mundo com dois ministérios
para a área! O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e o Ministério do Desenvolvimento Agrário.

Uma das principais questões levantada foi a necessidade de se incentivar a produção familiar de produtos
orgânicos e agroecológicos. Para tanto sugeriram mais apoio financeiro e técnico aos agricultores familiares que
adotam produção agrícola tradicional e queiram migrar para o sistema orgânico.

As propostas elaboradas apontam que o uso criterioso dos agrotóxicos (o Brasil é o país onde mais se usa
agrotóxico) seria um ponto essencial para o Brasil e atuaria como um vetor que levaria também a outras
mudanças da agricultura na direção de uma economia mais verde. Para tanto são necessários um melhor
controle e fiscalização do seu comércio e da sua utilização; o treinamento adequado para um maior cuidado na
sua aplicação e controle da saúde dos trabalhadores e consumidores.

A questão da biodiversidade também foi abordada, em especial com a extinção de abelhas ocorrendo no centro-
oeste brasileiro. Recomendou-se regulamentar a profissão de apicultor e técnico em apicultura e meliponicultura,
e criar canais para maior aporte teórico e maior qualificação dos produtores.

A necessidade de se promover diálogos com o setor agrícola foi outra questão proposta. Mas para isso seria
necessário fortalecer as organizações dos agricultores familiares primeiro. Estes diálogos teriam o intuito de
incentivar que o setor debatesse questões associadas à transição do modelo agrícola tradicional para outra mais
sustentável.

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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

Incentivos fiscais

Os incentivos fiscais, apesar de serem uma importante ferramenta para o desenvolvimento do país, são em geral
utilizados de maneira muito aquém de seu potencial. Empresas e setores empresariais recebem isenções fiscais
na forma de um “cheque em branco”.

Para atacar tal problema foi sugerido sempre adicionar condicionantes trabalhistas e ambientais para os setores
que receberem incentivos fiscais, e que seu controle e monitoramento sejam feitos com a participação da
sociedade civil. A falta de mecanismos que desincentivem as atividades econômicas predatórias também foi
lembrada.

Foi identificada uma falta crônica de incentivos ao desenvolvimento de soluções e tecnologias sustentáveis, em
especial com relação aos empreendedores nacionais. No mesmo sentido se sugeriu criar mecanismos e canais
que facilitem o acesso das pequenas e médias empresas para incentivos.

A criação de uma política fiscal voltada para a economia verde e que dê segurança e clareza aos tomadores de
decisão de todos os setores, foi sugerida como algo essencial.

O risco de que ocorra perda de postos de trabalho na transição para economia verde impõe a necessidade de
que seja feito um planejamento nacional identificando os setores mais vulneráveis e que medidas e incentivos
podem ser adotados para atenuar e mitigar esse risco.

Por último foi lembrada a necessidade de uma reforma tributária, pois o modelo atual reforça a desigualdade e
injustiça social no Brasil. Já que hoje os pobres pagam proporcionalmente mais que os ricos por causa dos altos
impostos sobre o consumo, e os baixos impostos sobre a renda e a propriedade.

Amazônia

Uma das principais questões abordadas na discussão foi a regularização fundiária e a necessidade de se fortalecer
o sistema público de regularização, com controle social, participação e transparência. As propostas foram no
sentido de que a regularização na região deve ser balizada pelo fim da arrecadação de terras públicas e um
zoneamento étnico-econômico-ecológico. Também se discutiu a necessidade de avançarmos nas discussões
sobre uma legislação que regulamente REDD² e Pagamento por Serviços Ambientais, sob o ponto de vista da
importância dos assentamentos fundiários na Amazônia.

Diversos outros pontos foram abordados como a criação de fundos que garantam a sustentabilidade social,
ambiental e cultural das áreas impactadas por grandes empreendimentos. E que periodicamente se realize
uma avaliação dos empreendimentos do passado (em termos de erros e acertos) para ser incorporada no
planejamento dos novos.

O Plano Amazônia Sustentável (PAS) foi apontado como referência para as Políticas Públicas na Amazônia,
inclusive para as obras do PAC. Foi proposta a criação de um comitê gestor do PAS, com participação e controle
social. Outra questão debatida foi a elaboração de um marco legal diferenciado para a região, com o objetivo de
fomentar a transição para a economia verde.

² REDD (Redução de emissões por degradação e desmatamento)

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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

Governança e participação social

A discussão sobre propostas foi principalmente cunhada pela questão do acesso à informação e da criação de
instâncias de participação social na transição para uma economia verde. O fato de o ambiente econômico ser
muito fechado em relação à participação da sociedade civil foi levantado, e com isso a necessidade de maior
controle social de seus agentes.

Para tanto seria necessário propagar a discussão sobre economia verde na sociedade. Propostas foram feitas
no sentido de estimular ações para debater os conceitos de economia verde na academia, em organizações
empresariais e nos mais diversos setores da sociedade. A discussão deveria ocorrer considerando as peculiaridades
de cada segmento de atividade, assim como as diferenças em cada região. A transição para a economia verde
deve ser adaptada às realidades sociais, considerando os públicos afetados na montagem das estratégias. A
Agenda 21 foi apontada como um instrumento de governança que deveria ser reforçado nas discussões de
economia verde.

De maneira geral, o tema de governança esta presente transversalmente em todos os outros temas discutidos.

Como instrumentos de massificação e divulgação deste debate foram apontados as experiências de rádios
comunitárias, rádios escola e rádios na web. Assim como a produção de material didático e paradidático para
escolas públicas e privadas, focando no público jovem.

Uma articulação (coalizão de redes) da sociedade civil com a academia foi sugerida para trabalhar comunicação
sobre a economia verde para o restante da sociedade.

Educação

A educação para a cidadania e a formação de profissionais para a sustentabilidade foram apontados como
importantes vetores na de transformação das comunidades rumo à economia verde.

Um dos pontos abordados foi a educação ambiental. Propostas foram feitas no sentido de garantir a
interdisciplinaridade da educação ambiental, e sua inclusão em todos os processos formais e não formais de
ensino. O Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global foi apontado
como um documento orientador neste caso.

Considerando necessidade de melhoria da educação como um todo, foi levantada necessidade de se garantir
um orçamento maior para educação pública, garantindo um mínimo a ser aplicado por estados e municípios.

Energia

A necessidade de um planejamento integrado do sistema energético, que considere um menor impacto


socioambiental do setor e que viabilize a geração descentralizada foi o que balizou as discussões. Um dos
questionamentos foi sobre a formulação da política energética, que é feita por um grupo pequeno, sem
participação democrática. Propôs-se a democratização do Conselho Nacional de Políticas Energéticas,
transformando-o em uma instituição com a prerrogativa, composição e atribuições simililares as do CONAMA.

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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

Outra sugestão foi a valorização da eficiência energética, com a criação de uma Política Nacional de Eficiência
Energética. Outra sugestão referente a políticas públicas foi a inclusão na Política Nacional de Energia de
dispositivos que obriguem os municípios a elaborarem seus planos municipais de energia, contemplando a
geração local, distribuição e consumo de energia, com ênfase na geração de baixo impacto. Ainda neste sentido
foi proposta a inclusão nos códigos de obras da obrigatoriedade de implantação de sistemas de aquecedores
solares em todas as residências, nas regiões em que for aplicável.

O biogás foi apontado como uma oportunidade sendo desperdiçada no Brasil. Sugeriu-se a consolidação do
biogás como produto agrícola, e para tanto seria necessária sua precificação como uma commodity. A demanda
de tratamento de milhões de toneladas de resíduos da pecuária, indústria e esgoto urbano seriam um estimulo
para a utilização do biogás, e a resolução da ANEEL 390-395/2009 que permite a geração descentralizada de
energia já permitiria que o setor se desenvolvesse.

Cidades

A maioria da população brasileira esta concentrada em grandes cidades, logo a incorporação dos conceitos,
princípios, perspectivas e prioridades da economia verde às políticas públicas urbanas são essenciais para
atingirmos a sustentabilidade.

Algumas questões que surgiram apontaram para a priorização do automóvel como um grande problema.
Para tanto se sugeriu ampliar os espaços de uso público e reduzir os espaços de circulação de automóveis,
com ciclovias, corredores exclusivos de transporte público, ruas fechadas para pedestres, praças ao invés de
estacionamentos, etc.

O apoio a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) de ‘plano de metas’ para municípios que está em tramitação
no Congresso Nacional foi apontado como essencial nesta questão. Neste sentido seria necessário estimular o
debate público para a criação e adoção obrigatória de metas e indicadores de organização e funcionamento de
cidades sustentáveis.

A implementação da Agenda 21 em toda cidade brasileira e fortalecimento dos fóruns de Agendas 21 existentes
também surgiu como uma necessidade. Neste caso, se reforçou a percepção da Agenda 21 como um instrumento
de governança e planejamento participativo voltado para o desenvolvimento sustentável.

O legado dos grandes eventos também foi debatido. A necessidade de garantir mecanismos de governança em
que participem as organizações da sociedade civil e representantes das populações afetadas pelas obras foi
apontada como um ponto chave para seu sucesso.

Resíduos sólidos

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi considerada uma gigantesca conquista de toda a sociedade
brasileira, porém ela esta ameaçada pela sua lenta adoção e implementação. Promover a rápida e apropriada
adoção do PNRS foi o mote das discussões.

As propostas ressaltaram a necessidade de se garantir que a gestão de resíduos sólidos seja descentralizada,
compartilhada e realizada com a participação dos catadores de materiais recicláveis.

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Diálogos Nacionais sobre Economia Verde:
Reflexões e Propostas para Ação

A criação e fortalecimento de redes de comercialização de materiais recicláveis foi apontada como essencial
para a mudança de hábitos de consumo, assim como, a educação ambiental no âmbito formal e não-formal.

A transparência por meio da discriminação da porcentagem do IPTU referente ao gasto com resíduos sólidos
(atualmente esse valor está embutido) foi sugerida como uma importante forma de conscientização da
importância desta questão para a população em geral.

Como forma de estímulo a eco-eficiência foi sugerido aumentar os impostos sobre materiais descartáveis e
desonerar os retornáveis e os recicláveis. A necessidade da obrigatoriedade da reciclagem e reutilização de
resíduos da construção civil também foi levantada.

A compostagem caseira, de bairro e em locais públicos foi apontada como uma importante maneira de se reciclar
resíduos de maneira descentralizada e com baixo custo, ao mesmo tempo em que contribui na manutenção das
áreas verdes em especial nas cidades. Para tanto se sugeriu a elaboração de uma política urbana de compostagem.
A exigência de equiparação de investimentos em aterros com os investimentos em reciclagem por meio de
legislação também foi sugerida.

BIBLIOTECA SOBRE ECONOMIA VERDE


Existem inúmeras definições, estudos e iniciativas que discutem o conceito de economia verde. A idéia de um
modelo econômico que contribua para o desenvolvimento sustentável não pode ser atribuída a um grupo ou
setor específico. Pelo contrário, pela sua própria natureza é uma idéia que se propõe ser predominante.

As discussões sobre EV geraram diferentes visões, que por vezes chegam a ser conflitantes e opostas. Neste
sentido é importante que os interessados tenham uma dimensão dos vários estudos e documentos que abordam
o tema, quem os desenvolveu e qual sua visão.

Abaixo destacamos algumas das principais referências sobre economia verde disponíveis hoje. Uma lista
completa de publicações relacionadas ao tema, informações e dados atualizados pode ser encontrada em:
www.vitaecivilis.org/economiaverde

Nome do documento
Autor ou Organização Responsável
El cuento de la economia verde Visão 2050 A nova agenda para as Acordo para o desenvolvimento Economia verde: Desafios e
Agencia Latinoamericana de empresas sustentável Oportunidades. Política Ambiental.
Información CEBDS Conselho de Desenvolvimento Conservação Internacional
Econômico e Social CDES
Who Will Control the Green Economy? Fórum Social Temático: Crise Brochura sobre a Green Economy Nine Principles for a Green Economy
ETC Group Capitalista, Justiça Social e Ambiental Coalition Green Economy Coalition
GRAP Green Economy Coalition
Proposta da Green Economy Coalition Green Economy: gain or pain for the Plataforma por uma economia Adapting for a Green Economy:
para a agenda da Rio+20 Earth’s poor? inclusiva, verde e responsável Companies, Communities and Climate
Green Economy Coalition IBON Instituto Ethos Change
Oxfam International
Rio+20 o caminho das pedras Povos Resilientes, Planeta Resiliente Decoupling - natural resource use and Empregos verdes: trabalho decente
Página 22 Painel Global de Sustentabilidade environmental impacts from economic em um mundo sustentável com baixas
growth emissões de carbono
PNUMA PNUMA e OIT
Green Economy Report Rumo a uma economia verde – síntese Revista Contracorrente#3 Risks and Uses of the Green Economy
PNUMA para tomadores de decisão Rede Brasil sobre Instituições Concept in the Context of Sustainable
PNUMA Financeiras Multilaterais Development, Poverty and Equity
South Centre
Prosperity without Growth? – The Building an equitable green economy
transition to a sustainable economy The Danish 92 Group Forum for
Sustainable Development Sustainable Development
Commission

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