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Resumo: Com a expansão sem limites da globalização e, por essa conseqüência, com a diminuição das
barreiras alfandegárias, alguns países para proteger suas economias criaram barreiras técnicas ao
comércio, exigindo que produtos vindo de outros países tenham o mesmo nível de qualidade dos produtos
nacionais ou que sigam recomendações ou normas internacionais de qualidade. É nesse contexto que está
inserida a ILAC, conhecida no Brasil por Cooperação Internacional de Acreditação de Laboratórios,
tendo como objetivo principal a conscientização das indústrias e de órgãos reguladores que os resultados
de calibrações e/ou ensaios de empresas acreditadas sejam válidos internacionalmente.
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Acreditação é o reconhecimento formal por um órgão acreditador, que no caso do Brasil é o Inmetro, de
que um Organismo de Avaliação da Conformidade - OAC (laboratório, organismo de certificação ou
organismos de inspeção), atende a requisitos previamente definidos e demonstra ser competente para
realizar suas atividades com confiança. [1] É mediante a acreditação que se formaliza, perante o mercado,
a credibilidade e competência técnica de um OAC, através da avaliação independente (terceira parte),
garantindo que os resultados dos serviços são confiáveis. Possui um caráter voluntário e é concedido para
uma gama de serviços. [2] A acreditação possibilita às empresas as seguintes vantagens:
Para os usuários dos serviços dos laboratórios acreditados, as seguintes vantagens podem ser citadas:
Em 1977, a ILAC iniciou como uma conferência, com o objetivo de desenvolver uma cooperação
internacional para facilitar o comércio através da promoção da aceitação de ensaios e resultados de
calibração acreditados. Em 1996, a ILAC tornou-se uma cooperação formal e, como dito acima, realizou
uma integração entre laboratórios em diversas partes do mundo. Foi dotada de privilégio para estabelecer
uma rede de acordos de reconhecimento mútuo (MRAs) entre os organismos de acreditação que se
prestam a esse propósito. Na ocasião, 44 organismos nacionais assinaram um MoU (memorando de
entendimento) em Amsterdam.
MoU é um documento descrevendo um acordo bilateral ou multilateral que expressa a convergência de
vontades entre as partes, indicando uma linha de ação comum pretendida, muito utilizado em casos em
que não se implica um comprometimento legal ou em situações em que as partes não podem criar um
acordo legalmente executável.
No final do ano 2000, houve uma reunião para promover a aceitação de ensaios técnicos e dados de
calibração para produtos exportados, criando uma rede internacional de apoio ao comércio internacional
pela superação de barreiras técnicas. Mas somente em janeiro de 2001 o acordo passou a vigorar. [3]
2. DEFINIÇÕES E COMPETÊNCIAS
Conhecida como a Cooperação Internacional de Acreditação de Laboratórios e fundada para auxiliar na
superação de barreiras técnicas ao comércio, a ILAC é uma cooperação internacional de laboratórios de
calibração e ensaio e organismos de certificação e inspeção e é a autoridade máxima no assunto. Ela está
envolvida com o desenvolvimento de procedimentos e práticas de acreditação de laboratórios, promoção
da acreditação como um instrumento de facilitação do comércio, com a assistência ao desenvolvimento de
sistemas de acreditação e do reconhecimento de testes competentes e de instalações de calibração em todo
o mundo.
Os Acordos de Reconhecimento Mútuo (MRA) promovem e reforçam a confiança entre organismos de
acreditação através da sua capacidade de determinar a competência de um laboratório para a realização de
ensaios ou calibrações. Por sua vez, esta confiança facilita a aceitação de ensaio e calibração entre as
economias, quando os resultados são originados a partir de laboratórios acreditados. O MRA é claramente
de apoio ao comércio global, removendo a necessidade de re-ensaios, cada vez que um produto entra em
um novo mercado, o que é caro e demorado e pode ser interpretado como uma barreira técnica ao
comércio. A ILAC utiliza uma frase simples que resume o que foi dito anteriormente: "testado uma vez,
aceito em toda parte".
2.1. Estrutura e participantes
O acordo da ILAC se baseia no desenvolvimento de tratados regionais estabelecidos em todo o mundo.
As entidades que participam destes acordos são responsáveis por manter a confidencialidade necessária
nos organismos de acreditação regionais que são os respectivos signatários locais. Os grupos regionais
devem respeitar os requisitos da ILAC definidos em documentos próprios. Como exemplo de grupos
regionais que aceitam o MRA, podemos citar a Cooperação Européia para Acreditação (EA), Cooperação
para acreditação de Laboratórios da Ásia-Pacífico (APLAC) e a Cooperação para acreditação Inter-
Americana (IAAC). Além destes, existem àquelas regiões que estão concluindo suas interações de
reconhecimento mútuo, como o organismo Sul Africano de Desenvolvimento Comunitário em
Acreditação (SADCA). E ainda existem àqueles que estão em fase inicial para aceitação deste acordo, por
exemplo, o organismo da Ásia Central para Cooperação em Metrologia, Qualidade e Acreditação (CAC-
MAS-Q).
Mesmo existindo grupos regionais (como os citados acima), tais organizações são formadas por países
membros que defendem interesses próprios, sem ultrapassar barreiras pré-definidas e sem atrapalhar a
economia de sua região. Abaixo estão relacionados alguns exemplos de países membros dessas
organizações e que, logicamente, são signatários do ILAC. Nesta lista conterá como informações
adicionais o nome do organismo acreditador, o escopo para realizar acreditações e a data de assinatura
deste acordo.
IAAC
País Órgão acreditador
Argentina OAA
Brasil CGCRE/INMETRO
Chile INN
Costa Rica ECA
Uruguai LATU
EA
País Órgão acreditador
Alemanha DAkks
Espanha ENAC
França COFRAC
Inglaterra UKAS
Portugal IPAC
APLAC
Órgão
País acreditador
Austrália NATA
Índia NABL
Japão JAB
Coréia do Sul KOLAS
Russia AAC Analitica
Honh Kong /
China HKAS
Esses signatários, por sua vez, foram avaliados, e mostraram competência em cumprir os critérios da
ILAC
Associates
Os organismos de acreditação que, embora ainda não sejam signatários do Acordo ILAC, usufruam de
certos privilégios como os listados abaixo:
Affiliates
São descritos nas situações abaixo:
Stakeholders
São representantes de organizações internacionais, regionais e nacionais com um interesse no trabalho da
ILAC. Pode-se inclui entidades como associações de laboratórios, associações de profissionais de
laboratório, as associações de inspeção, organizações de compras, as autoridades reguladoras, associações
de consumidores e organizações comerciais.
3. CONCLUSÃO
Este artigo abordou, com uma abrangência simplificada, a estrutura e a inserção dos países na ILAC. Vale
ressaltar que é uma organização que visa à padronização das estruturas e procedimentos dos organismos
acreditadores nacionais e por conseqüência, dos laboratórios acreditados. Fazendo uma contextualização
com Brasil em sua posição de liderança na América do Sul, tal padronização é imprescindível para que
haja uma maior interação entre os países participantes do bloco local, fato que hoje ainda não acontece
com grande peso.
De outro modo, com a globalização, empresas brasileiras que trabalham com exportação, utilizando
ensaios/calibrações de empresas acreditadas, conseguem uma melhor confiabilidade nos resultados de
seus produtos e evitam algumas barreiras técnicas quando a comercialização é feita com países que
utilizam os MRA’s. De maneira inversa, o mesmo ocorre com produtos importados que não precisam ser
re-ensaiados ao chegarem no Brasil, quando são provenientes de países integrantes do ILAC e que
utilizaram serviços acreditados em seus processos. Em ambos os casos, é notório que ocorre uma
diminuição grande do custo desses respectivos produtos e um menor tempo de espera no recebimento do
mesmo.
Dessa maneira, é possível afirmar que no cenário atual da economia, os países que não estiverem
engajados com a mentalidade descrita neste trabalho estarão prejudicando sua economia, visto que as
indústrias terão maior dificuldade para exportar suas manufaturas e a população ficará refém de ações
governamentais desfocadas da real conjuntura global.
4. REFERÊNCIAS
[1] INMETRO. http://www.inmetro.gov.br/credenciamento/oqe_acre.asp. 2010.
[2] SAMPAIO, Leandro Sanches. Incerteza de medição aplicada à calibração de balanças e sua
importância na confiabilidade metrológica e redução de custos. Rio de Janeiro. 2010.
[3] ILAC. http://www.ilac.org/role.html. 2010.
[4] ILAC. http://www.ilac.org/membershicriteria.html#regional. 2010.