Pratica de Direito Constitucional - OAB Segunda Fase PDF

Você também pode gostar

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 53

1

PRÁTICA DE
DIREITO
CONSTITUCIONAL
2

SUMÁRIO

1. Reclamação Constitucional.................................................................................….… 2

2. Mandado de Segurança................................................................................................ 14

3. Habeas Data..........................................................................................……………... 24

4. Ação Cível Pública..................................................................................................…. 26

5. Mandado de Injunção....................................................................................................33

6. Ação Direita de Inconstitucionalidade....................................................................….. 41

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


3

1. Reclamação Constitucional

EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO SUPERIOR


TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMPRESA TAL, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CGC/MF nº


xxxxxxxxxxxxxxxxxx, com sede na (endereço completo), por seus procuradores judiciais
infra-assinados, instrumento de mandato incluso, vem, mui respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, com fundamento no artigo 105, inciso I, alínea “f” da Constituição
Federal de 1988 e Resolução do STJ nº 12/2009, e ainda com base no que fora decidido no
MS 33.155 MA (incidente de repercussão geral), propor:

RECLAMAÇÃO COM PEDIDO DE LIMINAR

em face do V. acórdão proferido pela xª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado
do Paraná, nos autos do processo nº xxxxxxxxxxxxxxxxx, o que faz consubstanciada nos
fundamentos fáticos e jurídicos a seguir delineados.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


4

I – DA TEMPESTIVIDADE

A Reclamante foi intimada da decisão em 26/06/12, e conforme disposto no artigo 1º da


resolução 12/2009, a Reclamante tem o prazo de 15 dias para oferecer Reclamação contados
da ciência da decisão que impugna.

Desta forma mostra-se tempestivo o protocolo da presente Reclamação, visto que o prazo
final findar-se-á em 11/07/12.

II - DO CABIMENTO DA MEDIDA

A presente Reclamação Constitucional tem como fundamento o artigo 105, inciso I, alínea
“f” da Constituição Federal, na Interpretação que lhe atribuiu o Superior Tribunal de Justiça
no julgamento do Mandado de Segurança nº 33.155 MA, tendo em vista que o ato atacado
ignorou as decisões em casos análogos, que visam a redução de “astreintes” para patamares
compatíveis com o caso em questão.

Todavia, a grande maioria das ações judiciais com fundamento nesta questão de direito
tramitam perante os juizados Especiais, cujas decisões, por falta de previsão constitucional,
não permitem o controle de legalidade por este C. Superior Tribunal de Justiça via Recurso
Especial (Súmula 203 do STJ).

Neste sentido, assentou o Superior Tribunal de Justiça no julgamento do Mandado de


Segurança nº 33.155 MA, devendo os Juizados Especiais respeitarem o entendimento
firmado pelo órgão competente, sob pena de incorrerem em ofensa aos artigos 5º caput
(segurança jurídica e isonomia), e 105, inciso III da Constituição Federal (competência do
STJ para promover a uniformização de interpretação da legislação federal) de tal forma que
o remédio jurídico cabível, caso persistisse a insurgência, se daria pela propositura de
Reclamação.

Assim, de modo a garantir a autoridade das decisões proferidas por este C. Tribunal na
qualidade de Guardião da Legislação Federal, interpõe-se a presente RECLAMAÇÃO, nos
termos do art. 105, I, “f” da CF/88, tendo como reclamada a xª Turma Recursal dos Juizados
Especiais do Estado do Paraná, nos autos do processo nº

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


5

xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que decidiu de forma contrária ao entendimento


proclamado pelo E. Superior Tribunal de Justiça na resolução da mesma controvérsia.

III – DOS FATOS

Ingressou o interessado Marcelo Marcos Cardoso com ação reclamatória, cujo trâmite
ocorrera perante o 1º Juizado Especial Cível da comarca de Iporã – PR, alegando em síntese
ter solicitado a portabilidade numérica dos acessos 44 xxxxxxxxxx e 44 xxxxxxxxxxxxx da
empresa TIM para a empresa Reclamante em dezembro de 2010.

Alegou que passados alguns dias recebeu o chip relativo ao acesso 44 xxxxxxxxxxx bem
como teve a portabilidade do mesmo concluída, porém, relatou que o outro acesso não fora
portado, o que inviabilizou o cancelamento contratual com a empresa Vivo. Afirma ainda
que em contato com a Reclamante foi orientado a efetuar o cancelamento do acesso portado
e requerer a ativação de novo contrato.

Segundo seu relato, após o pleito de cancelamento nada fora solucionado, e sendo assim
ingressou judicialmente pleiteando antecipação da tutela para reativação imediata do
terminal 44 xxxxxxxxxxx sob pena de multa diária, bem como indenização por supostos
danos morais sofridos.

Ante o pedido formulado, foi deferida tutela determinando à ora Reclamante, que reativasse
a linha telefônica no prazo de 48 horas, sob pena de multa diária de R$ 300,00.

Inconformada com tal decisão a Reclamante impetrou Mandado de Segurança, sendo o


mesmo indeferido de plano, ante o entendimento da Turma Recursal, que entendeu não ser
cabível Mandado de Segurança contra decisão interlocutória em sede de Juizado Especial.

Ato contínuo após apresentação da defesa, sobreveio sentença julgando procedente o pedido
inicial, confirmando a tutela anteriormente deferida.

Irresignada, a Reclamante apresentou Recurso Inominado, alegando em síntese o


cumprimento da determinação judicial, sendo portanto necessário a reforma da sentença,
sendo o mesmo ao final negado provimento.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


6

Desta forma a parte interessada iniciou a execução alegando o descumprimento da liminar


deferida nos autos, executando o valor de R$ 68.262,22 (sessenta e oito mil, duzentos e
sessenta e dois reais e vinte e dois centavos), o que foi objeto de impugnação pela
Reclamante, cuja sentença manteve tal valor, sendo tal sentença objeto de Recurso
Inominado.

Ao final sobreveio acórdão, acolhendo parcialmente os argumentos da parte Reclamante,


para o fim de reduzir a multa inicialmente fixada em R$ 300,00 (trezentos reais), para R$
150,00 (cento e cinqüenta reais), totalizando o importe de R$ 36.484,55 (trinta e seis mil,
quatrocentos e oitenta e quatro reais e cinqüenta e cinco centavos).

Não obstante todo o embate processual ocorrido, verifica-se que a questão de fundo não foi
analisada, uma vez que o valor fixado em sede de “astreintes”, configura hoje o valor de R$
36.484,55 (trinta e seis mil quatrocentos e oitenta e quatro reais e cinqüenta e cinco
centavos), o que afronta o principio da razoabilidade e promove o enriquecimento sem causa
do interessado.

IV– DA NECESSIDADE DE GARANTIR-SE A AUTORIDADE DA DECISÃO


PROFERIDA PELO STJ NO TOCANTE A FIXAÇÃO DE MULTA COMO
ESTABELECIDA

Inicialmente cumpre esclarecer que a presente reclamação não tem o escopo de discutir o
mérito da ação ou se a aplicação da “astreinte” foi ou não devida.

Observar-se-á, apenas, o seu montante final que tornou-se extremamente excessivo.

Conforme as considerações acima já feitas, tem-se que a manutenção do valor em questão


está em total desconformidade com o que preconiza o nosso ordenamento jurídico.
Sobre a matéria em questão, é pacifico na doutrina e jurisprudência que a multa deve atender
aos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, além de guardar certa proporção com a
obrigação inadimplida e que esta desempenhe o papel de coercibilidade em consonância
com os critérios da suficiência e compatibilidade, a fim de, principalmente, evitar-se o
enriquecimento ilícito (patente no presente caso)

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


7

Ressalta-se ainda, que a aplicação do artigo 461 do Código de Processo Civil, parágrafo 6º,
assegura ao juiz, de ofício, a modificação do valor ou a sua periodicidade quando verificar
que se tornou insuficiente ou excessiva.

Nesse sentido LUIZ GUILHERME MARINONI:

“Ora, se a multa já assumiu valor despropositado, e assim não se constituiu mais em meio de
pressão sobre a vontade do réu, não há razão para não admitir a redução do seu valor,
tornando-o compatível com a situação concreta posta em juízo. Reduzindo-se o valor da
multa que se tornou despropositado, e dando-se ao inadimplente nova oportunidade de
adimplir a sua obrigação, reafirma-se a função da multa, que é a de compelir o demandado a
adimplir, e não de retirar patrimônio do demandado para – o que é pior – permitir o
enriquecimento sem qualquer justificativa ao autor” .

Ainda, corroboram a tese defendida pela executada, as astreintes não podem servir de
propósito para enriquecimento ilícito, devendo tal valor ser reduzido, considerando ainda
que não existe coisa julgada nestes casos, como segue o entendimento da Quarta Turma, in
verbis:

PROCESSO CIVIL. MULTA. ALTERAÇÃO DE VALOR. INSUFICIENTE OU


EXCESSIVO. NÃO CONFIGURADA COISA JULGADA.
1. A multa prevista no art. 461, § 6º, do Código de Processo Civil não faz coisa
julgada material, podendo ter seu valor alterado pelo juiz a qualquer tempo, desde
que tenha se tornado insuficiente ou excessivo.
2. Agravo regimental desprovido.

Frisa-se ainda que a opção pelo procedimento da Lei nº 9.099/95 implica na


renuncia do valor excedente ao teto do Juizado que eventualmente a parte possua.

Pois é o que determina o art. 3º, §3º da Lei nº 9.099/95, vejamos:


“A OPÇÃO PELO PROCEDIMENTO PREVISTO NESTA LEI IMPORTARÁ
EM RENÚNCIA AO CRÉDITO EXCEDENTE AO LIMITE ESTABELECIDO
NESTE ARTIGO, EXCETUADA A HIPÓTESE DE CONCILIAÇÃO.”

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


8

Ou seja, a única oportunidade de ser negociado um valor superior à alçada do Juizado, seria
em caso de conciliação entre as partes, o que não é o caso em comento, visto tratar-se de
multa (astreintes).

Desta, forma qualquer valor superior a 40 salários mínimos, estaria confrontando


diretamente com a lei que regulamenta as ações perante os juizados especiais, sendo
portanto vedada a presente execução no valor que se encontra.

V – DA VALORAÇÃO EM CASOS ANALOGOS

Em que pese a explanação acima, o que por si só caracteriza o absurdo jurídico ocorrido na
presente ação, segue abaixo considerações acerca dos parâmetros utilizados para a questão
em comento.

Ressalta-se, mais uma vez, que a obrigação determinada em decisão que concedeu a liminar
não é o cerne do presente recurso.
Conforme decisão proferida pela Ministra Maria Isabel Gallotti, relatora do Julgamento do
Mandado de Segurança nº 33.155 MA (2010/0189145-8), cópia da integra em anexo:

“...Passo ao exame do mérito, a saber, a competência para execução de decisão cominatória


de multa em fase de cumprimento de sentença, que excedequarenta salários mínimos....
O valor da alçada é de quarenta salários mínimos calculados na data da propositura da ação.
Se, quando da execução, o título ostentar valor superior, em decorrência de encargos
inerentes à condenação, tais como juros, correção monetária e ônus da sucumbência, tal
circunstância não alterará a competência para a execução e nem implicará a renúncia aos
acessórios e consectários da obrigação reconhecida pelo título. A renúncia ao crédito
excedente à alçada, imposta pelo art. 3º, § 3º, é exercida quando da opção pelo ajuizamento
da ação no Juizado e, portanto, o valor deve ser aferido na data da propositura da ação, não
perdendo o autor direito aos encargos decorrentes da demora na solução da causa (correção e
juros posteriores ao ajuizamento da ação e ônus da sucumbência). Merece, a meu sentir,
tratamento diferenciado a questão da multa diária cominatória, a despeito da conclusão que
se poderia extrair dos precedentes citados acima, os quais cuidaram de multas de valores
bastante inferiores ao caso ora em exame.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


9

Já a multa cominatória não é estimada segundo critério objetivo correspondente ao conteúdo


material da obrigação que busca compelir o devedor a cumprir. Penso que a interpretação
sistemática dos dispositivos da Lei 9.099/95 conduz à limitação da competência do Juizado
Especial para cominar - e executar - multas coercitivas em valores consentâneos com a
alçada respectiva (art. 52, inciso V). Se a obrigação é tida pelo autor, no momento da opção
pela via do Juizado Especial, como de "baixa complexidade" a demora em seu cumprimento
não deve resultar em valor devido a título de multa superior ao valor da alçada. Anoto que,
na linha de reiterada jurisprudência do STJ, o valor da multa diária cominatória não faz coisa
julgada material, podendo ser revisto, a qualquer momento, se se revelar insuficiente ou
excessivo, conforme dispõe o art. 461, § 6º, do CPC (cf., entre
muitos outros, o acórdão da 4ª Turma já citado, no REsp 691.785/RJ, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, unânime, DJe de 20.10.2010). O valor executado a título de multa excedente à
alçada deve ser suprimido, sem que tal constitua ofensa a coisa julgada. Considero, portanto,
que o valor da alçada previsto no art. 3º, inciso I, da Lei 9.099/95, o qual tem em mira o
valor da obrigação principal na data do ajuizamento da ação (quarenta salários mínimos),
deve ser aplicado, por analogia, como o valor máximo a ser executado contra o devedor, a
título de multa cominatória...
Em face do exposto, dou provimento ao recurso ordinário para conceder, em parte, a
segurança para o fim de reduzir o valor executado a título de multa a quarenta salários
mínimos da época em que iniciada a execução com correção e juros a partir de então.”

No mesmo sentido em decisão Recente, na Reclamação 7746 do STJ publicada em


02/03/12, a Ministra Maria Isabel Gallotti, manteve seu posicionamento acerca do tema,
vejamos:

Conforme acórdão da 4ª Turma no RMS 33.155, de minha relatoria, tratando-se de Juizado


Especial, a interpretação sistemática dos dispositivos da Lei
9.099/95 conduz à limitação da competência do Juizado Especial para cominar – e executar -
multas coercitivas em valores consentâneos com a alçada respectiva (art. 52, inciso V). Se a
obrigação é tida pelo autor, no momento da opção pela via do Juizado Especial, como de
"baixa complexidade" a demora em seu cumprimento não deve resultar em valor devido a
título de multa superior ao valor da alçada. Reitero que, na linha de pacífica jurisprudência
do STJ, o valor da multa diária cominatória não faz coisa julgada material, podendo ser
revisto, a qualquer momento, se se revelar insuficiente ou excessivo, conforme dispõe o art.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


10

461, § 6º, do CPC (cf., entre muitos outros, o acórdão da 4ª Turma já citado, no REsp
691.785/RJ, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, unânime, DJe de 20.10.2010). O valor
executado a título de multa excedente à alçada deve ser, pois, suprimido, sem que tal
constitua ofensa a coisa julgada. Considero, portanto, que o valor da alçada previsto no art.
3º, inciso I, da Lei 9.099/95, o qual tem em mira o valor da obrigação principal na data do
ajuizamento da ação (quarenta salários mínimos), deve ser aplicado, por analogia, como o
valor máximo a ser executado contra o devedor, a título de multa cominatória. O periculum
in mora está claro na possibilidade de ser a reclamante compelida a pagar, a qualquer
momento, multa que, em outubro de 2010, já ultrapassava trezentos mil reais (e-STJ fls.
123/124)
Havendo, portanto, divergência jurisprudencial a ser dirimida, na inteligência do art. 1º da
Resolução n. 12/2009-STJ, admito a presente reclamação, nos termos do art. 2º do referido
ato normativo. Verificando, ainda, a presença dos requisitos da medida de urgência
pleiteada, concedo, parcialmente, a liminar, para o fim de limitar a execução da multa ao
valor equivalente a quarenta salários mínimos. Oficie-se à Segunda Turma Recursal Mista
da 3ª Região Judiciária da Comarca de Anápolis/GO, comunicando da decisão liminar e
solicitando informações, nos termos do art. 2º, II, da citada Resolução. Notifique-se a autora
da ação principal, Lúcia Aji Koumboz Gadia, para que se manifeste, querendo, no prazo de
cinco dias. Após, publique-se, na forma do inciso III, do art. 2º, da mesma Resolução, para a
ciência dos interessados e manifestação no prazo de 30 dias.”

Dessa forma, tendo em vista ter o direito envolvido natureza coletiva (individual
homogêneo), cumpria a Turma Recursal dos Juizados Especiais adotarem o entendimento
firmado pelo Órgão que constitucionalmente tem função de Guardião da Legislação Federal.

Percebe-se da conduta da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado do Paraná,


que este prestigia seu livre convencimento em detrimento do dever do Estado em promover
a prestação jurisdicional de forma isonômica e, por conseqüência justa.

Mais que isto, não reconhece a autoridade do entendimento firmado pelo E. Superior
Tribunal de Justiça na aplicação da legislação federal, nos termos da Interpretação dada pelo
Supremo Tribunal Federal ao artigo 105, inciso III, da CF/88.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


11

Tal conclusão e corroborada pelo fato de que o próprio E. Supremo Tribunal Federal
assentou que a controvérsia reside na adequada aplicação da legislação Federal.

Em demonstração a transcendência dos efeitos da decisão prolatada pelo STJ no julgamento


do MS nº 33.155 MA, no que tange ao controle das decisões proferidas pelos Juizados
Especiais por parte do STJ, registra/se que esta E. Corte vem discutindo, inclusive, alteração
regimental para melhor processar os feitos advindos do Micro Sistema, conforme noticiado
no Informativo de Jurisprudência do STJ nº 416 (Rcl. 3.752-GO).

VI – DA NECESSIDADE DE CONCESSÃO DE LIMINAR

Conforme autorizado pelo artigo 188, inciso II, do Regimento Interno do STJ, assim como
pelo próprio poder geral de cautela positivado no artigo 798 do CPC, cabe ao Min. Relator
da presente Reclamação determinar, para evitar dano irreparável, a suspensão do ato
impugnado.
Para tanto, necessária a demonstração do fumus boni júris e do periculum in mora. O
primeiro dos requisitos se manifesta pela razoável probabilidade da presente reclamação vir
a ser julgada procedente, enquanto o segundo se revela diante dos prejuízos suportados pela
Reclamante caso a interessada prossiga a execução do valor de R$ 36.484,55 (trinta e seis
mil, quatrocentos e oitenta e quatro reais e cinqüenta e cinco centavos), valor este superior a
alçada dos juizados especiais, enquanto esta ação não é definitivamente julgada

Dessa forma, diante da impossibilidade de ascensão de Recuso Especial ao STJ (súmula


203), vislumbrou que, em caso análogo, a única solução jurídica constitucionalmente
adequada à controvérsia foi a vislumbrada por esta Corte Superior, o que fez com base em
uma interpretação sistemática do artigo 5º, caput (isonomia e segurança jurídica), e artigo
105, inciso III (competência do STJ para promover a interpretação da legislação federal)
todos Constituição Federal.

Indo ainda mais além, aplicando o artigo 105, inciso I, alínea “f”, da Constituição Federal,
que outorga competência ao STJ para processar Reclamação destinada a garantir a
autoridade de suas decisões, asseverou que o entendimento firmado por esta Colenda Corte
teria o condão de vincular os Juizados Especiais, possibilitando a revisão de suas decisões
pelo Superior Tribunal de Justiça por meio de RECLAMAÇÃO.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


12

Assim, presentes os requisitos autorizadores a concessão de medida liminar, deve este


Exmo. Ministro Relator determinar a suspensão do ato impugnado, assim como o próprio
curso do processo até o julgamento definitivo da presente Reclamação.

VII – DOS PEDIDOS

Pelo exposto, a Reclamante, postulando o recebimento desta Reclamação, com fundamento


no artigo 105, inciso I, alínea “f”, da Constituição Federal de 1988, vem REQUERER:

a) Seja liminarmente determinada a suspensão dos efeitos do ato impugnado, com base no
art. 2º da Resolução 12/2009 do STJ, sobrestando a presente ação, com expedição do
competente ofício ao presidente da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado do
Paraná;

b) Sejam as autoridades reclamadas intimadas para prestar as informações que entenderem


pertinente a elucidar os fatos aqui articulados;

c) A intimação do Ministério Publico para que se manifeste no feito;

d) Por fim, seja provida a presente Reclamação para garantir a autoridade do entendimento
firmado por este C. Superior Tribunal de Justiça, para que seja analisada a questão de forma
a minorar-se o valor determinado a título de multa em R$ 36.484,55 (trinta e seis mil,
quatrocentos e oitenta e quatro reais e cinqüenta e cinco centavos), valor este que ultrapassa
a alçada dos Juizados Especiais Cíveis Estaduais, cassando-se a decisão proferida pela 2ª
Turma Recursal dos Juizados Especiais do Estado do Paraná reclamada, e adequando a
solução jurídica tida pelas Cortes Superiores como justa, que corresponde fixação de
“astreintes” ponderadamente de acordo com os ditames de razoabilidade.

Requer-se, outrossim, que todas as intimações sejam realizadas EXCLUSIVAMENTE em


nome da DRA. SANDRA REGINA RODRIGUES, OAB/PR 27.497, sob pena de nulidade.

Dá-se a causa o valor de R$ (...)

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


13

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


14

2. Mandado de Segurança

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DA ..... VARA DA JUSTIÇA


FEDERAL - SEÇÃO JUDICIÁRIA DO .....

FULANA LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º
....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada
neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional
da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu
advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório
profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência
impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

contra, SENHOR DIRETOR REGIONAL DE ARRECADAÇÃO E FISCALIZAÇÃO DO


INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, por ato praticado por este, podendo ser
encontrado na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., pelos motivos
de fato e de direito a seguir aduzidos.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


15

I- DOS FATOS

A Empresa ora impetrante tem seu objeto social destinado ao comércio atacadista de
produtos alimentícios, conforme se comprova pela certidão anexa, expedida pela Junta
Comercial do ........

No exercício de suas atividades comerciais, a Impetrante necessita de parceria com


Instituições Financeiras, necessitando de capitais de giro, financiamentos e de outras formas
de captação de recursos, pois, tal parceria, é imperiosa para qualquer atividade comercial,
principalmente nos dias de hoje.

Para tanto, é necessário apresentar para os bancos, semestralmente, certidões atualizadas dos
Órgãos Públicos, demonstrando que não há qualquer pendência junto a estes, para que as
Instituições Financeiras possam fazer atualizações cadastrais e, a partir daí, entabularem as
liberações de recursos ou concederem cartas de crédito para importações de produtos no
exterior, que também faz parte do objeto social da Impetrante.

No entanto, uma das certidões solicitadas pelo Banco Oficial, sem a qual as negociações não
podem prosperar, é a Certidão Negativa de Débito (CND), expedida pelo INSS.

Assim sendo, a Impetrante veio a requerer junto ao INSTITUTO NACIONAL DO


SEGURO SOCIAL - INSS, o aludido documento e, através do Senhor Chefe do Posto de
Arrecadação e Fiscalização/....., a Autoridade Impetrada veio, arbitrariamente, DENEGAR a
emissão de tal certidão, sob alegação de que a Impetrante deixou de recolher a Contribuição
Previdenciária referente ao 13º salário de ......., conforme expressado no documento em
anexo.

A não concessão do referido documento adentra aos limites da arbitrariedade e da


ilegalidade, ficando a empresa impossibilitada de realizar financiamentos e obter cartas de
créditos para importação de produtos e, consequentemente, impossibilitada de exercer suas
atividades mercantis a contento, o que fez com que a mesma impetrasse o presente
"mandamus", com objetivo de ver salvaguardado os seus direitos líquidos e certos, a fim de
obter a pronta emissão da CND, uma vez que inexistem débitos que possam ensejar a não
concessão da aludida certidão. A negativa constitui óbice abusivo e manifestamente ilegal
para que a impetrante continue a exercer as suas atividades comerciais.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


16

II- DO DIREITO

Por assim o ser, fica evidenciado que o ato da Autoridade Impetrada, negando o
fornecimento da CND, está eivado de ilegalidade e inconstitucionalidade, pois impede, sem
fundamento juridicamente válido e ou lógico, que a impetrante obtenha documento assaz
necessário para que continue a desenvolver, normalmente, suas atividades, como está a lhe
garantir a Constituição Federal, no diploma citado no preâmbulo da exordial.

"A exigência do crédito tributário será formalizada em autos de infração ou notificação de


lançamento distinta para cada tributo"

Portanto, verificada a existência de crédito tributário, se houvesse, é imprescindível que sua


exigibilidade seja formalizada, através do respectivo auto de infração ou notificação de
lançamento, o que, "in casu", não ocorreu.

No mesmo sentido, manifesta-se A.A. Contreras de Carvalho, em doutrina abaixo


colacionada:

Formalizar a exigência de um crédito tributário é tornar viável, segundo as regras da Lei, a


cobrança do tributo que lhe corresponde, é dar forma aos instrumentos pelos quais a
exigência se concretiza. Esses instrumentos são o auto de infração e notificação de
lançamento.

Quando estabelece a lei certas formalidades e que considera indispensáveis à eficácia do ato,
a validade deste passa, evidentemente, a depender de sua observância, tanto mais que o
legislador fez questão de tornar expressa essa obrigatoriedade." (In Processo Administrativo
Tributário, 2ª Edição, Ed. Rezenha Tributária, 1.978.)

Como o Auto de infração ou o Lançamento visam a documentar a verificação de um fato


que constitui uma infringência à lei, criando ao infrator a obrigação de pagamento de
determinado tributo acrescido das devidas cominações legais, a falta de tais atos impede a
efetiva constituição do crédito tributário, inexistindo assim, qualquer obrigação de
pagamento.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


17

Por outro lado MM. Juiz, apenas como argumento, a Constituição Federal de 1.988, ao
dispor sobre o financiamento da Seguridade Social, assim prescreveu:

"Art. 195 - A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e
indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais:

I - dos empregadores, incidente sobre a folha de salário, o faturamento e o lucro" (grifos


nossos).

É por demais sabido que a Constituição Federal não cria tributos, mas apenas e tão somente
dá autorização aos entes competentes para instituí-los, com fundamento nos estritos limites
do Texto Magno.

E, nesse caso, sobre a folha de salário, o faturamento e o lucro, a partir da vigência da


Constituição Federal de 1988 foram criadas as contribuições sociais respectivas, sendo que,
algumas já existentes anteriormente, foram recepcionadas pelo atual regramento jurídico
(princípio da recepção da norma que não colide com outra de hierarquia superior).

No caso específico das contribuições previdenciárias, foi editada pelo legislador


infraconstitucional a Lei n.º 7.787/89 e Lei n.º 8.212/91, onde estabeleceu-se as obrigações
tributárias dos empregadores, com fundamento no art. 195, I, do Texto Magno, no que tange
à folha de salário.

Em especial, foi criada a contribuição previdenciária incidente sobre o 13º SALÁRIO, com
fundamento constitucional no art. 195, I, da Constituição Federal.

Questão relevante é saber se o 13º salário confunde-se efetivamente com o conceito de


salário, para o efeito de tributação.

É que o art. 110 do Código Tributário Nacional, ao dispor sobre a "interpretação e


integração da legislação tributária", afirma categoricamente, que:

"Art. 110 - A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos,
conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


18

Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito
Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias" (grifos nosso).

Tal vedação nasceu com o intuito de limitar competências tributárias dos entes políticos que,
de forma alguma, poderão alterar os conceitos e o alcance de institutos provenientes do
direito privado.

No caso em apreço, a legislação ordinária que criou a incidência da contribuição


previdenciária sobre o 13º salário ampliou o conceito da palavra "salário", para fins de
tributação, o que é vedado pelo art. 110 do CTN.

Na acepção de MARIA HELENA DINIZ, o termo salário tem o seguinte significado:

"Remuneração paga pelo empregador ao empregado, como contraprestação do serviço que


lhe prestou".

Já 13º SALÁRIO, para a mesma professora, tem o seguinte significado:

"Pagamento anual obrigatório que o empregador deve efetuar até o dia 20 de dezembro.
Consiste numa modalidade de abono ou gratificação salarial".

Melhor explicando, o conceito de 13º salário não equipara-se, de forma alguma, ao de


salário. Aquele representa uma GRATIFICAÇÃO (natalina), enquanto que esse último
caracteriza-se como uma remuneração mensal ao trabalho desenvolvido.

Ora, em sendo verdadeira gratificação, de cunho indenizatório, não pode o 13º salário ser
tributado com base no art. 195, I, da CF, que elegeu como base de cálculo a folha de salário.

Melhor explicando, se salário não é, mas sim mera gratificação natalina, não há base
constitucional para criação do tributo incidente sobre essa verba anual devida ao empregado.

Sabe-se que a legislação tributária deve ser interpretada restritivamente, de acordo,


inclusive, com entendimento do Senhor Ministro Marco Aurélio de Mello, cujo pensamento
foi reproduzido em Agravo de Instrumento que determinou a remessa de Recurso

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


19

Extraordinário para apreciar questão similar à presente, cuja notícia foi veiculada pelo
periódico ".........."

Na interpretação do ilustríssimo Ministro do STF, "o salário mencionado na Constituição


deveria ser entendido de forma restrita, ou seja, apenas como contraprestação pelo trabalho
ajustado sob as regras da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)".

Aliás, pela própria exposição de motivos da legislação ordinária que criou a gratificação
natalina denominada "13º salário" é possível denotar que a intenção do legislador foi a de
proporcionar ao trabalhador o recebimento de uma verba, anualmente, para cobrir as
despesas extraordinárias de final de ano.

Destarte, se interpretado restritivamente a amplitude do termo "salário", não há como


suportar a incidência da contribuição previdenciária sobre o 13º SALÁRIO, nos termos ora
impugnados.

E nem se diga que a legislação em apreço foi recepcionada pela atual Constituição Federal,
já que, como prevê o § 4º do art. 195 do Texto Magno, "a lei poderá instituir outras fontes
destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguridade social, obedecido o disposto
no art. 154, I", que trata da exigência de lei complementar.

Pelo exposto, patente está a ilegalidade da exigência em questão, decorrente da


inconstitucionalidade da lei que criou a contribuição previdenciária sobre o 13º SALÁRIO.

Ainda, inexiste no presente caso, qualquer formalidade que torne exigível o crédito
tributário, aludido no despacho do Senhor Chefe de Arrecadação, razão pela qual não pode o
INSS, sob pena de violação a direito líquido e certo, se negar a conceder a respectiva
certidão negativa. Pelo simples motivo de que, SE NÃO HÁ NOTIFICAÇÃO DE
LANÇAMENTO, NÃO HÁ OBRIGAÇÃO DE PAGAMENTO.

Assim, não existe qualquer obstáculo lógico e condizente que possibilite fundamentar a
denegação da CND pelo INSS, assentando-se, portanto, que a impetrante tem o direito
líquido e certo de obter tal documento.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


20

A certidão ora negada pela Autoridade Coatora, ocasiona à impetrante, problemas para que
se continue a desenvolver as suas atividades comerciais, no que se refere a obtenção de
recursos para capital de giro e carta de crédito para importação de produtos alimentícios, os
quais são comercializados pela mesma, possuindo ainda a premente necessidade de praticar
atos mercantis inadiáveis, cuja demora está a lhe causar enormes e irrecuperáveis prejuízos,
evidenciando-se assim, incontestavelmente, o "periculum in mora" pelo não fornecimento da
CND.

Quando a Autoridade Coatora dá origem a ato administrativo inconstitucional, de imediato


este ato, devido ao princípio da auto executoriedade, fere direito individual líquido e certo.

Necessário, então, que o "mandamus", antes de ser apreciado em seu mérito, seja precedido
de medida liminar que faça de imediato cessar a auto executoriedade do ato administrativo
para que não atinja um direito individual líquido e certo, garantido pela norma
constitucional. O que se tem por escopo é apenas fazer com que a autoridade coatora paute
sua conduta em consonância com os preceitos legais.

Desse modo, faz-se imprescindível a concessão da medida liminar, pois ela é o remédio
eficaz para impedir a auto execução do ato administrativo, que já nasceu com o vício da
ilegalidade e não está revestido da forma preceituada pela lei, e que, por este fato, fulmina
direito líquido e certo.

III- DOS PEDIDOS

Isto posto, revestindo-se de liquidez e certeza do direito que tem a impetrante de obter de
imediato a Certidão Negativa de Débito (CND), requer a Vossa Excelência a concessão da
segurança pleiteada, bem como a concessão de MEDIDA LIMINAR, determinando-se que a
Autoridade Impetrada, em não havendo débito da impetrante, regularmente lançado,
conceda-lhe a certidão negativa reclamada, uma vez preenchidos os requisitos essenciais que
a autorizam, pois tal negativa por parte da autoridade coatora poderá trazer à parte prejuízo
de difícil e incerta reparação, bem como a ineficácia da segurança, se for, somente no final,
concedida.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


21

Requer, ainda, seja oficiada à D. Autoridade Impetrada, no sentido de dar integral


cumprimento às determinações de Vossa Excelência, inclusive com relação à liminar, acaso
deferida, bem como para, querendo, prestar as informações que julgar necessárias.

Requer, finalmente, seja determinada a ouvida do Agente do Ministério Público,


protestando-se pela manifestação quanto a eventuais documentos que se façam acompanhar
das informações.

Dá-se à causa o valor de R$ .....

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


22

3. Habeas Data

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA


COMARCA DE .....

Distribuição por dependência ao Processo n.°: (...)

FULANO DE TAL....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de .....,


portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., por intermédio de seu (sua) advogado(a) e bastante
procurador(a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº
....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui
respeitosamente à presença de Vossa Excelência, com fulcro no art. 5º, inciso LXXII, da
CF,impetrar

HABEAS DATA

em face do Exmo. Sr. Governador do Estado do ...., autoridade pública que negou o
fornecimento das informações de que necessita o Impetrante, pelos motivos de fato e de
direito a seguir aduzidos.

I- DOS FATOS

O Impetrante promove em face do Estado do .... ação de rito ordinário, onde almeja a
declaração de nulidade de ato administrativo que o desclassificou de concurso público, com

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


23

a conseqüente nomeação para o cargo de Agente Fiscal III (Autos nº ..../.... - ....ª Vara da
Fazenda Pública). O fundamento jurídico do pedido do Impetrante lastreia-se na completa
nulidade do exame psicológico/psicotécnico que o teria eliminado do referido certame.
Diante da identidade de objeto entre o presente Habeas Data e essa ação ordinária, impõe-se
a conexão das causas, nos moldes do art. 103, do CPC.

II- DO DIREITO

O Impetrante participou de Concurso Público promovido pelo Impetrado, para provimento


do cargo de Agente Fiscal III, nos termos do Edital nº ..../.... - DRH/SEAD. Sua eliminação
do certame ocorreu mercê de constatação por parte da respectiva comissão de concurso de
que:

"O candidato não apresenta no momento os requisitos necessários para o preenchimento do


cargo de agente fiscal, de acordo com resultados obtidos na avaliação psicológica a qual foi
submetido."

O mencionado documento ainda consignou que:

"Preservado o sigilo profissional, informamos que o candidato poderá receber orientação


através de entrevista previamente marcada, para ciência das informações constantes do laudo
psicológico a serem dadas pelo psicólogo ou psiquiatra desta Secretaria."

Logo após a ciência dessa decisão, iniciou a peregrinação do Impetrante na tentativa de ter
acesso aos motivos que o teriam levado à eliminação do certame face o referido exame
psicológico. Engendrou tentativas através de procurador judicial devidamente constituído,
não logrando êxito.

Após, enviou correspondência ao Exmo. Sr. Governador do Estado do ...., expondo as razões
de seu pleito consistente no fornecimento do laudo com os motivos de sua eliminação no
exame psicológico.

Após tecer algumas considerações de ordem fática e jurídica, respondeu-se negativamente


ao requerimento do Impetrante, ressaltando o Exmo. Sr. Governador de Estado que:

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


24

"Como as informações são confidenciais, efetivamente os laudos somente poderão ser


exibidos judicialmente, com as cautelas da lei."

Diante dessa negativa por parte da Administração Pública, outra alternativa não resta ao
Impetrante senão promover o presente Habeas Data.

Em que pese o sigilo invocado pelo Impetrado para negar o fornecimento do documento
solicitado pelo Impetrante, tem-se que:

"Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou
de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo de lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado."
(CF, art. 5º, XXXIII).

É certo que o sigilo no interesse da segurança da sociedade e do Estado constituem óbices


impeditivos à ampla publicidade outorgada ao cidadão brasileiro. Contudo, óbice dessa
espécie, não pode ser posto à frente do cidadão quando as informações almejadas, são de seu
exclusivo interesse particular, como ocorre no caso dos autos.

Assim, considerando-se a garantia constitucional outorgada ao cidadão acima enunciada, em


liame com o princípio da publicidade (CF, art. 5º, XXXIV, e 37, caput) e o remédio do
Habeas Data que objetiva dar efetividade às referidas regras constitucionais, é plenamente
cabível a presente medida, máxime pelo fato de ter havido a recusa de informações por parte
da autoridade administrativa competente (cf. Súmula nº 02/STJ). Imunidade tributária - Não
recolhimento de custas e despesas processuais - Habeas Data - (CF, art. 5º, LXXVII).

III- DOS PEDIDOS

Face ao exposto, é a presente para requerer a Vossa Excelência, digne-se em ordenar ao


Impetrado, para que preste as informações de que carece o Impetrante, consistentes no
fornecimento de laudo escrito fundamentado e demais documentos que tiver em seu poder a

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


25

respeito do exame psicológico/psicotécnico que o desclassificou no concurso público para


provimento do cargo de Agente Fiscal III, conforme Edital nº ..../.... - DRH/SEAD.

Requer-se, outrossim, seja ordenada a citação do Impetrado, para que preste as informações
supra, bem como para que apresente a defesa que tiver, no prazo e forma legais, sob as penas
da lei.

Requer-se provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos (CF, art. 5º,
LIV e LV).

Requer-se a condenação do Impetrado ao pagamento de honorários advocatícios a serem


arbitrados por Vossa Excelência.

Dá-se à causa o valor de R$ .....

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


26

4. Ação Cível Pública

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ..... VARA DA FAZENDA PÚBLICA DE .....

O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL por seu Representante neste Juízo, no


exercício de suas atribuições legais e na condição de Promotor dos Direitos Constitucionais
do Cidadão desta Comarca, com base nos artigos 127, caput, e 129, incisos III e IX, primeira
parte, ambos da Constituição da República, e 26, inciso V, alínea a, da Lei Complementar
Estadual n° ...../...., vem propor a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER

contra o ESTADO do ....., Pessoa Jurídica de Direito Público, representada, nos termos do
artigo 103, caput, primeira parte, da Constituição Estadual, pela Senhora Procuradora-Geral
do Estado, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

I- DOS FATOS

Através da Portaria n° .............., foi instaurado no âmbito desta Promotoria dos Direitos
Constitucionais do Cidadão, o Inquérito Civil Público n° ..../...., com o propósito de
demonstrar o ferimento ao direito constitucional dos comarcanos necessitados de Pedreiras
em ter assegurada, pelo Estado, a assistência jurídica integral e gratuita prevista no artigo
134 combinado com o artigo 5° , inciso LXXIV, ambos da Constituição da República.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


27

Consoante apurado, desde ..... de ......., portanto há mais de cinco anos, encontra-se em vigor
a Lei Complementar Estadual no 19, que "dispõe sobre a organização e funcionamento da
Defensoria Pública do Estado", sem jamais haver sido realizado concurso público para
provimento dos oitenta e cinco cargos de Defensor Público, criados em seu artigo 59.

Não obstante a imprescindibilidade de tal providência, informou a Procuradoria-Geral da


Defensoria Pública do Estado do ............., já efetivamente em funcionamento, às fls. ... dos
inclusos autos de Inquérito Civil Público, que a Instituição já se encontra "praticamente
instalada, cumprindo assim o preceito constitucional de prestar assistência jurídica integral e
gratuita aos que são considerados por lei necessitados" (sic, fls. ...), aduzindo, ainda, que "a
despeito das dificuldades encontradas a Defensoria Pública do Estado já tem ramificações
nas cidades de ........., ........., ....., .... e ....." (sic, fls. ...), desenvolvendo, também, suas
atividades na Capital, ..........

É notório, entretanto, o que, pelo artigo 334, inciso I, do Código de Processo Civil,
dispensaria até mesmo a produção de qualquer prova, que as atividades a que se deveria
dedicar a Defensoria Pública, conforme disposto no artigo 134 combinado com o artigo 5° ,
inciso LXXIV, ambos da Constituição da República, não têm sido efetivamente cumpridas
neste Estado. E não poderia ser diferente, tendo em vista que o quadro de Defensores
Públicos antes referido não se encontra preenchido, não obstante o já mencionado lapso
decorrido desde o início da vigência da Lei que o criou.

Tal realidade, frustrando a efetivação de um comando constitucional, tem trazido sérios


prejuízos aos cidadãos residentes nesta Comarca de ........... não parecendo ser outra a
situação do restante do Estado, tendo em vista o teor das informações de fls. ..., ..., ..., ..., que
se vêem privados de ter possibilitado o acesso à prestação jurisdicional, uma vez que grande
parte da população se encontra em situação de hipossuficiência financeira e não conta com
qualquer serviço oficial, ainda que precário, de assistência judiciária ou jurídica, o que os
obriga, quando não lhes resta outra alternativa ou quando não se conformam com a própria
infelicidade, à humilhação de suplicar pela defesa ou o patrocínio gratuito de um ou outro
advogado militante na cidade, que, por não receber qualquer contraprestação por seus
serviços quer por parte do interessado desvalido, quer por parte do próprio Estado, muitas
vezes não se encontra em condições de oferecer a dedicação necessária (fls. ...).

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


28

A inexistência de um serviço organizado de assistência jurídica, por parte da Defensoria


Pública do Estado do ..........., cria, ainda, uma situação de aprofundamento da
estigmatização comumente sofrida pelos acusados em Ações Penais nesta Comarca,
materializada em deficiente defesa técnica a eles dispensada, através da nomeação de
advogados dativos que, pela razão acima exposta, aliada à grande demanda, não têm
condições de promover-lhes efetiva assistência.

Em pesquisa realizada entre os presos custodiados na Delegacia Regional de Polícia de


......... (fls. ....), chegou-se à conclusão de que a maioria (87,5%) manteve apenas um ou
nenhum contato com seu defensor, durante toda a instrução processual, sendo a atuação dos
mesmos expressivamente avaliada como de baixa qualidade (62,5%). Tais dados crescem
em importância quando se constata que 87,5% dos acusados têm renda familiar abaixo de
um salário mínimo, o que os identifica como destinatários em potencial dos serviços de
assistência jurídica que deveriam ser oferecidos pela Defensoria Pública, e que, das duzentas
e sessenta e cinco ações penais ajuizadas durante os anos de ..... a ........, atualmente em
tramitação nas três Varas que integram esta Comarca, excetuando-se os processos de réus
foragidos, cento e sessenta e três (61,51% do total) tiveram nomeação de defensor dativo aos
acusados, conforme informações prestadas pelas Escrivanias locais, às fls. .../..., .../..., .../...,
.../...

Acrescente-se, ainda, que a situação de falta de defesa técnica satisfatória, além de provocar
prejuízo direto aos acusados, também é causa, em grande parte, do atraso na prestação da
tutela jurisdicional, conforme observado em correição efetuada pela ..... Vara desta
Comarca, em cujo relatório observou o Magistrado que "os processos criminais são os que
estão com andamento mais atrasado, principalmente por falta de defensor".

Igualmente, em se tratando de ações de natureza cível, nota-se ser grande a demanda por
assistência jurídica. Assim é que, nesta Comarca de .........., de quatrocentas e dezessete
ações de prestação de alimentos, divórcio, guarda e retificação de registros públicos,
ajuizadas nos anos de ......., ......., ...... e ...., trezentas e trinta e quatro (80,09% do total)
foram oferecidas com pedido de assistência judiciária gratuita, o mesmo ocorrendo, quanto a
ações de concessão de alvará judicial e interdição, oferecidas entre os anos de ....... e .....,
quando, de cento e setenta, noventa e seis (56,47% do total) foram oferecidas com o mesmo
requerimento.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


29

A necessidade de efetiva implantação da Defensoria Pública na Comarca de .........., e, por


extensão, em todo o Estado, bem como os prejuízos causados com sua inexistência, quer aos
acusados pobres, grande maioria da clientela do sistema penal, quer aos suplicantes
hipossuficientes, são, portanto, bastante visíveis, segundo ilustrado pelos dados estatísticos
acima expostos.

A existência de convênio entre o Estado do ........, através de sua Gerência de Administração


e Modernização, e da Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil, datado de .... de ..... de
....... (fls. .../...), não supre essa lacuna nem minimiza os danos verificados contra o exercício
da cidadania. A cláusula terceira desse instrumento limita a vinte e oito advogados,
acompanhados de vinte e oito estagiários, o número de profissionais destinados à prestação
de assistência judiciária gratuita, restrita, inicialmente, à cidade de ......, remetendo a um
incerto futuro a possibilidade de extensão do benefício a outras Comarcas.

Insofismável, por conseqüência, o dano ao direito e à garantia fundamental do cidadão de ter


possibilitado seu acesso à Justiça e o exercício de sua ampla defesa, assistido juridicamente
de forma ampla e gratuita, tratando-se de pessoa financeiramente necessitada.

II- DO DIREITO

A Constituição da República em seu artigo 129, inciso III, atribui ao Ministério Público
legitimidade, para ajuizar a Ação Civil Pública em proteção do patrimônio público e social,
do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
Esta a redação do mencionado dispositivo:

"Art. 129 - São funções institucionais do Ministério Público:


I - ...
II - ...
III - promover o inquérito civil e ação civil pública, para proteção do patrimônio público e
social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos."

Ademais, também é disposição constitucional, materializada no artigo 127, caput, da Carta


Política Brasileira, que o Ministério Público corresponde a "instituição permanente essencial

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


30

à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime


democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis".

Também a Lei n° 7.347/87, que disciplina a Ação Civil Pública, estabelece, em seu artigo 5º,
que poderá o Órgão Ministerial, dentre outros agentes legítimos, ajuizar ação principal e
cautelar para os fins de responsabilizar causadores de dano ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e a
qualquer outro interesse difuso ou coletivo.In casu, a garantia de assistência jurídica integral
e gratuita, por parte do Estado, encontra-se prevista no artigo 134 combinado com o artigo 5,
inciso LXXIV, ambos da Constituição da República, e constitui interesse difuso da
sociedade, pela sua própria natureza: trata-se de previsão incluída dentre os Direitos e
Garantias Fundamentais, constantes do Título II da Carta Magna.

Consoante leciona MAZZILLI (in A Defesa dos Interesses Difusos em Juízo. 7a ed. rev.
ampl. ataul., São Paulo : Saraiva, 1995, p. 8):

"Em sentido lato, ou seja, de maneira mais abrangente, podemos dizer que os interesses
coletivos compreendem uma categoria determinada, ou pelo menos determinável de pessoas,
distinguindo-se dos interesses difusos, que dizem respeito a pessoas ou grupos de pessoas
indeterminadamente dispersas na coletividade" (destaques constantes no original).

E continua o ilustre doutrinador:

"Tratando-se da defesa de interesses difusos, pela abrangência dos interesses, a atuação do


Ministério Público sempre será exigível. Já em matéria de interesses coletivos (...), o
Ministério Público atuará sempre que: a) haja manifesto interesse social evidenciado pela
dimensão ou pelas características do dano (mesmo o dano potencial); b) seja acentuada a
relevância do bem jurídico a ser defendido(...)" (op. cit., p. 116; destaques constantes do
original).

Dúvida não existe, portanto, quanto à legitimidade ativa do Ministério Público.

A Lei n° 7.347/87 limitou o universo de pessoas com legitimidade para propor Ação Civil
Pública, mas não o fez em relação àquelas que poderiam figurar no pólo passivo da relação
processual. Isto porque qualquer que seja o causador do dano ou do perigo de dano ao

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


31

interesse tutelado há de ser responsabilizado por sua atividade, seja ele ente particular ou
público.

A legitimidade passiva do ESTADO DO ........., na presente ação não oferece qualquer


dúvida. Estando vigente, desde .... de ......... de ....., a Lei Complementar Estadual n° ...., que
organiza a Defensoria Pública do ..............., jamais essa Instituição foi efetivamente
instalada nas várias Comarcas do Estado, tornando ineficaz o dispositivo constitucional que
determina a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos necessitados.

O nexo de causalidade entre esta atitude do Poder Público Estadual, não implementação
efetiva da Defensoria Pública no Estado, e o dano causado ao direito constitucional que tem
o cidadão de contar com assistência jurídica integral e gratuita, nos moldes previstos no
artigo 134 combinado com o artigo 5o, inciso LXXIV, ambos da Constituição da República,
é claro o bastante e suficiente para fixar a responsabilidade que instala o ESTADO DO
........... no pólo passivo da presente relação processual.

Ademais, consoante observa REIS NETO (in A Responsabilidade Civil por Dano Moral no
Ordenamento Jurídico Brasileiro. São Luís : UFMA, 1996, p. 23-24. Monografia
apresentada para obtenção do grau de Bacharel em Direito):

"A teoria objetiva, adotada no nosso Direito para caracterizar a responsabilidade do Estado,
se apoia no mandamento da igualdade dos encargos sociais. Para esta teoria é absolutamente
desnecessária a idéia de culpa para que seja determinada a responsabilidade pelo dano. O
que estriba a imputação da responsabilidade é o nexo de causalidade entre o evento danoso
ocasionado, enquanto fato consumado, e a conduta do causador do dano.

A responsabilidade objetiva consagrada na nossa Ordem Jurídica, através do artigo 37, § 6°


da Constituição Federal, existirá sempre que o dano for praticado por agente de pessoa
jurídica de direito público de ou direito privado prestadora de direito público" (sic).

Encontra-se perfeitamente demonstrada, portanto, a legitimidade passiva ad causam do ora


Réu.

Quanto à competência, se de âmbito regional (entendido aqui como um grande número de


comarcas de um mesmo Estado) a lesão (ou ameaça) proporcionada a determinado interesse

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


32

supra-individual, a competência será da justiça comum estadual e a demanda ajuizada no


foro da efetiva lesão ou ameaça, sempre considerando a ressalva feita acima, sobre a
prevenção" (Sublinhou-se).

No mesmo sentido é a lição de MANCUSO (in Ação civil pública em defesa do meio
ambiente, patrimônio cultural e dos consumidores. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo : Revista
dos Tribunais, 1994. p. 47), quando lembra:

"...um aspecto que por certo será ocorrente na tutela dos interesses difusos, considerando-se
duas de suas características: a indeterminação dos sujeitos e a indivisibilidade do objeto.
Trata-se da fixação do foro competente quando o dano ao interesse difuso se espraie para
além de uma circunscrição judiciária. A espécie veio lembrada por Galeno Lacerda: '...na
hipótese de um dano generalizado, um dano que abarque, suponhamos, uma extensão maior
do que uma comarca, como p. ex., o emprego de um defensivo agrícola nocivo, o emprego
generalizado, qual o juízo competente para esta ação? A meu ver o problema se resolve pela
prevenção. Se efetivamente a extensão do dano abranger área superior a uma comarca, a
ação poderá ser proposta em qualquer dos territórios afetados'. Parece-nos correta a
colocação, dado que a prevenção é, efetivamente, critério assegurador (não 'determinativo')
da competência, conforme a lição de Moacyr Amaral Santos: 'O juiz que conhecer da causa
em primeiro lugar, terá sua jurisdição preventa. Ele, que era cumulativamente competente
com outros juízes, igualmente competentes, para conhecer de determinada causa, pelo fato
de haver tomado conhecimento dela em primeiro lugar passou a ser o único competente. A
prevenção, portanto, firma, assegura a competência de um juiz, já competente'" (Sublinhou-
se).

Assim, inexistindo qualquer outro já prevento, não há qualquer dúvida de que cabe a este
Juízo o processamento e o julgamento da presente ação ainda que não restrito o dano a esta
Comarca.

A integralidade da assistência a cargo da Defensoria Pública abrange,como bem observado


pelo Juiz paulistano Álvaro Luiz Valery Mirra (nos autos da Ação Civil Pública nº 532/96,
fls. 182-183, da 1ª Vara da Comarca de Jaboticabal -SP), "desde a recepção e atendimento
dos necessitados que o procurem até o deslocamento do profissional junto àqueles que não
podem procurá-lo (como os detentos - art. 16 da Lei de Execução Penal), com dedicação
exclusiva, como previsto na Constituição (art. 134, p.u.), e com independência garantida

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


33

para litigar até mesmo contra o próprio Estado, se for o caso, como estabelecido na Lei
Complementar 80/94 (...)".

Nenhum serviço dessa natureza, porém, é oferecido no Estado do .........

III- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer digne-se Vossa Excelência a julgar procedente o pedido, citando-se
os interessados na forma da lei.

Protesta pela produção de todo gênero de provas admitidas em juízo, inclusive depoimentos
pessoais, juntada de novos documentos e perícia.

Dá-se à causa o valor de R$ .....

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura]

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


34

5. Mandado de Injunção

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA


COMARCA DE ....., ESTADO DO .....

FULANA LTDA....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º
....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada
neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional
da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu
advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório
profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe
notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

MANDADO DE INJUNÇÃO

contra o MUNICÍPIO DE ..............., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

I- DOS FATOS

A requerente, empresa prestadora de serviços de transportes via motocicleta, teve indeferido


pela autoridade impetrada, em data de ........ de ........... de ........, pedido de ALVARÁ DE
LICENÇA para a exploração da atividade denominada "moto-táxi".

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


35

Tal se deu pelo fato desta atividade não ter sido ainda regulamentada neste município, haja
vista a Resolução do CETRAN / MS n. 009 de 31 de março de 1997, e publicado no Diário
Oficial n. 4.498 de 03 de abril de 1997, que, em seu art. 1º, estabelece o que segue:

"art. 1º Fica proibido o serviço de transporte individual de passageiros prestado por


motocicletas, de forma remunerada, no Estado de Mato Grosso do Sul até que seja
regulamentado nos termos do art. 42 do Código Nacional de Trânsito".

Por seu turno, apregoa o art. 42 do CTN, atual 107:


"art. 42. Os veículos de aluguel, destinados ao transporte individual de passageiros, ficarão
subordinados ao regulamento baixado pela autoridade local e, nos Municípios com
população superior a cem mil habitantes, adotarão exclusivamente o taxímetro como forma
de cobrança do serviço prestado."

Corolário disso, o Secretário do Planejamento, Sr. .........., atendendo a requerimento da


Secretaria Municipal de Obras e Serviços Urbanos desta cidade, expediu parecer (doc.
anexo) contrário à concessão do ALVARÁ DE LICENÇA pleiteado pela requerente, tendo
nele deixado consignado o seguinte:

"Para conceder alvará é preciso a criação do serviço no âmbito do Município, o que ainda
não foi feito."

Cumpre-nos lembrar, Exa., que este não foi o primeiro requerimento pleiteando ALVARÁ
DE LICENÇA para possibilitar o exercício da atividade mencionada.

Com efeito, já em .........., foi denegado um pedido no mesmo sentido (doc. anexo), desta vez
levado a efeito pela empresa ...............

Na época, a referida empresa - .............. - tentou, junto ao Poder Executivo e Legislativo


local, a regulamentação de tal serviço, não tendo logrado o mínimo de êxito em razão do
"lobby" efetivado pelos taxistas locais, que se sentiram e se sentem, até hoje, ameaçados
com a possibilidade da referida atividade ser regulamenta, haja vista que em ocorrendo tal
fato a população desta cidade não mais precisaria se submeter aos preços não acessíveis
cobrados pelos mesmos, que malgrado, acreditamos, sejam lícitos, estão distantes do
importe permitido pela lógica e pelo bom senso.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


36

Estes obstáculos, é da sabença geral, não são exclusivos desta cidade. Tal resistência é e foi
percebida em todas as cidades brasileiras onde se tentou regulamentar tal ofício.

Ora, a bem do Estado Democrático de Direito e dos mais comezinhos preceitos


constitucionais, o Poder Judicante não pode permitir que a requerente seja prejudicada por
esta omissão, que acreditamos voluntária, por parte principalmente do Poder Legislativo
local, que, "no passo que anda", pode chegar ao segundo milênio sem ter possibilitado o
exercício desta profissão em nossa urbe, enquanto que na cidade de Dourados, Campo
Grande e em várias outras de nosso Estado e de todo o país, tal atividade já é comum, sendo
certo que tem em muito beneficiado a população, notadamente a mais carente, pois, se por
um lado propicia uma prestação de serviço eficiente e de baixos custos, por outro oferece
empregos.

A requente, cumpre lembrar, vem bater às portas do Poder Judiciário no escopo único e
exclusivo de conseguir a chance de exercer a função que, segundo brocardo antigo,
"dignifica o homem", o trabalho. Isto quando, é forçoso reconhecer, muitos neste país
tentam, e no mais das vezes conseguem, viver do ilícito, à margem da lei.

II- DO DIREITO

Com efeito, não nos permite o bom senso deixar de olvidar as palavras da Lex Legum pátria,
que preconiza:

"Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e
Município e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como
fundamentos:

I - soberania;

II - a cidadania;

III - a dignidade da pessoa humana;

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


37

IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;..." (grifo nosso)

Ainda, sob o título de DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, reza a CF/88:


"art. 5º. (Omissis)

"XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as


qualificações profissionais que a lei estabelecer;" (grifo nosso)

E incisivamente estabelece o seguinte:

"Art. 5º (omissis)

§1º As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata. "
(grifo nosso)

Outrossim, o art. 6º da CF erige o direito ao trabalho como um direito social, senão vejamos:

"Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a
previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição." (grifo nosso)

Em seu art. 170 e 193, prega a CF:

"Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e da livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social,..". (grifo nosso)

"Art. 193. A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como objetivo o bem-
estar e a justiça sociais." (grifo nosso)

No celebrado "Curso de Direito Constitucional Positivo", do ilustre JOSÉ AFONSO DA


SILVA, 8ª edição, Ed. Malheiros, 1992, encontramos os seguintes ensinamentos:

"O art. 6º define o trabalho como direito social, mas nem o art. 7º trazem norma expressa
conferindo o direito ao trabalho. Este, porém, ressai do conjunto de normas da Constituição

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


38

sobre o trabalho. Assim, no art. 1º, IV, se declara que a República Federativa do Brasil tem
como fundamento, entre outros, os valores sociais do trabalho; o art. 170 estatui que a ordem
econômica se funda na valorização do trabalho, e o art. 193 dispõe que a ordem social tem
como base o primado do trabalho.
Tudo isso tem o sentido de reconhecer o direito social ao trabalho, como condição da
efetividade de uma existência digna (fim da ordem econômica) e , pois, da dignidade da
pessoa humana, fundamento, também, da República Federativa do Brasil (art. 1º, III). E aqui
se entroncam o direito individual ao livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão,
com o direito social ao trabalho, que envolve o direito de acesso a uma profissão, à
orientação e formação profissional, à livre escolha do trabalho, ..." (grifo nosso)

Outrossim, como para cada direito há uma ação correspondente e como, também, a lei não
excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito, a Carta da República
previu que quando um direito, in casu o direito ao trabalho, não puder ser exercitado em
função da ausência de uma norma regulamentadora, é cabível o MANDADO DE
INJUNÇÃO, senão vejamos.

A Carta da República, em seu art. 5º, inciso LXXI, estabelece o seguinte:


"art. 5º ... (omissis)

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora


torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania;"

À respeito, encontramos respaldo, dentre outros, nos sábios ensinamentos de HELY LOPES
MEIRELLES, in MANDADO DE SEGURANÇA, Ed. Malheiros, 14ª edição, onde ensina:

"Mandado de injunção é o meio constitucional posto à disposição de que se considerar


prejudicado pela falta de norma regulamentadora, que torne inviável o exercício dos direitos
e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à
cidadania (CF, art. 5º, LXXI)."

"O objeto, portanto, desse mandado é a proteção de quaisquer direitos e liberdades


constitucionais, individuais ou coletivos, de pessoa física ou jurídica, e de franquias relativas

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


39

relativas à nacionalidade, à soberania popular e à cidadania, que torne possível sua fruição
por inação do Poder Público em expedir normas regulamentadoras pertinentes."

"Entendemos cabível, eventualmente, até mesmo a medida liminar como providência


cautelar para evitar lesão a direito do impetrante do mandado de injunção, desde que haja
possibilidade de dano irreparável se se aguardar decisão final da Justiça. Se tal medida é
cabível para a defesa de direito individual ou coletivo amparado por lei ordinária, com mais
razão há de ser para proteger os direitos e prerrogativas constitucionais asseguráveis pelo
mandado de injunção, desde que ocorram os pressupostos do fumus boni iuris e do
periculum in mora."

"A liminar não é uma liberalidade da justiça, é medida acauteladora do impetrante, que não
pode ser negada quando ocorrem os seus pressupostos".

O E. Ministro Eduardo Ribeiro, ainda no TRF, nos agracia com o ensinamento seguinte:

"Consoante tenho explicitado em diversos outros casos, a lei estabelece que a liminar será
deferida, uma vez presentes os pressupostos exigidos". (MS n. 121.078 - fls. 202)

Isto posto, MM. Juiz, comprovado que está que a requerente teve e tem restringido seu
direito ao trabalho pela injustificável inação do Poder Público local em regulamentar tal
atividade, é de rigor a concessão do MANDADO DE INJUNÇÃO LIMINARMENTE,
inaudita altera parte, a fim de que possa a mesma, desde já, exercer sua atividade.

É de se reconhecer, MM. Julgador, que presentes estão todos os requisitos para a concessão
da medida liminar, senão vejamos:

"Fumus boni iuris"

Se revela nas normas invocadas e está assentado no direito ao trabalho agasalhado por
preceitos constitucionais, in casu restringidos pela falta de uma norma regulamentadora da
atividade da requerente, consoante já demonstrado.

"Periculum in mora"

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


40

Reside na possibilidade de lesão irreparável ou de difícil reparação caso não seja deferido
liminarmente o mandamus requerido, haja vista que em razão da mora do Poder Legislativo
local, não pode a requerente laborar e colher os frutos de sua atividade, ainda mais após ter
montado toda uma estrutura para servir de modo proficiente a população desta cidade e
circunvizinhas, sendo que é certa, ainda, a presença do lucro cessante.

Se consubstancia, ainda mais, na impossibilidade de exercício dos direitos fundamentais


previstos na carta magna, o direito ao trabalho.

III- DOS PEDIDOS

Ante ao todo exposto, requer:

a.seja concedida a medida liminar, "inaudita altera parte", autorizando a requerente a exercer
sua atividade ("moto-táxi") até que seja a mesma regulamentada;

b.seja o presente mandado de injunção julgado procedente, condenando-se a suplicada nas


custas processuais, honorários advocatícios e demais cominações legais;

c.seja citado o representante legal da suplicada para, querendo, contestar a presente;

d.Provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos;

Dá-se a causa o valor de R$ .........

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


41

6. Ação Direta de Inconstitucionalidade

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR MINISTRO PRESIDENTE DO EXCELSO


SUPERIOR TRIBUNAL FEDERAL.

FULANA LTDA, CNPJ n. ..........., com sede e foro em .........., ............ Quadra .....,
Bloco ...., Sala ...., e base territorial em todo o país, entidade sindical de terceiro grau do
sistema confederativo, representativa dos trabalhadores dos estabelecimentos de ensino na
forma de seus estatutos, neste ato representada por sua Coordenadora Geral e seus
advogados constituídos (m.j), vem respeitosamente e de conformidade com o disposto no
art. 103, inciso IX, da Constituição Federal à presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO DIRETA DE DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE


COM PEDIDO CAUTELAR

de suspensão dos efeitos da norma questiona, pelas razões de fato e de direito a


seguir aduzidas.

I- DA LEGITIMIDADE "AD CAUSAM" DA CONFEDERAÇÃO. REQUISITO DA


PERTINÊNCIA TEMÁTICA.

A legitimidade da Autora decorre de preceito inserido no Texto Constitucional, artigo 103,


Inciso IX,

"Podem propor ação de inconstitucionalidade:

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


42

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional".

A Autora é representante dos professores e dos auxiliares de administração escolares,


empregados em instituições particulares de ensino, em todo o Brasil, base territorial em todo
o país - entidade sindical de terceiro grau do sistema confederativo e de caráter permanente,
representativa dos trabalhadores dos estabelecimentos de ensino da educação básica
(infantil, fundamental e médio), superior e posteriores - exceto as das redes públicas
estaduais e federal, da educação infantil, cursos de arte e de formação, especialização
profissional, pré-vestibulares, supletivos e demais cursos livres.
A Requerente tem como filiados a ela as Entidades Sindicais de Primeiro e Segundo Graus,
do Sistema Confederativo Brasileiro a seguir descritas:
.........................................
De acordo com dados fornecidos pelo Ministério do Trabalho (anexo), as entidades filiadas
congregam em torno de quatrocentos mil trabalhadores na área de representação da Autora.
Atendido de igual modo, o requisito da pertinência temática, em estrita observância à
jurisprudência consolidada nessa Corte Suprema como visto na ementa a seguir transcrita,
"CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE:
SEGUIMENTO NEGADO PELO RELATOR. COMPETÊNCIA DO RELATOR (RISTF,
art. 21, § 1º; Lei 8.038, de 1.990, art. 38): CONSTITUCIONALIDADE. AÇÃO DIRETA
DE INCONSTITUCIONALIDADE: LEGITIMIDADE ATIVA: PERTINÊNCIA
TEMÁTICA. I. - Tem legitimidade constitucional a atribuição conferida ao Relator para
arquivar ou negar seguimento a pedido ou recurso intempestivo, incabível ou improcedente
e, ainda, quando contrariar a jurisprudência predominante do Tribunal ou for evidente a sua
incompetência (RI/STF, art. 21, § 1º; Lei 8.038/90, art. 38), desde que, mediante recurso -
agravo regimental, por exemplo - possam as decisões ser submetidas ao controle do
colegiado. Precedentes do STF. II. - A legitimidade ativa da confederação sindical , entidade
de classe de âmbito nacional, Mesas das Assembléias Legislativas e Governadores, para a
ação direta de inconstitucionalidade, vincula-se ao objeto da ação, pelo que deve haver
pertinência da norma impugnada com os objetivos do autor da ação . III. - Precedentes do
STF: ADIn 305-RN (RTJ 153/428); ADIn 1.151-MG ("DJ" de 19.05.95); ADIn 1.096-RS
("LEX-JSTF", 211/54); ADIn 1.519-AL, julg. em 06.11.96; ADIn 1.464-RJ, "DJ" de
13.12.96. IV. - Inocorrência, no caso, de pertinência das normas impugnadas com os
objetivos da entidade de classe autora da ação direta. Negativa de seguimento da inicial.
Agravo não provido".

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


43

No mesmo sentido a lição de Rodrigo Lopes Lourenço,


"Já se afirmou que o controle abstrato é o exercido no sentido da verificação da adequação
da norma jurídica impugnada as regras da Constituição da República, independentemente da
solução de qualquer caso concreto. Tal método, pois, pode ser utilizado ainda que a regra
jurídica impugnada nunca tenha sido aplicada.

"Ocorre que a jurisdição é a atividade de aplicação coativa definitiva (Constituição da


República, art. 5º, XXXV), mediante provocação e por órgão estatal independente de ato
normativo ao caso concreto, com o fim de solucionar uma lide".
Assim, demonstrado o requisito da pertinência temática, pois a norma violada dos preceitos
constitucionais, parágrafos 2º e 3º do art. 114 disciplinado pela Emenda Constitucional
45/2004, normatizam procedimentos sobre dissídios coletivos trabalhistas, matéria atribuída
às entidades sindicais, representando a categoria profissional - dos trabalhadores,
objetivando a solução através da negociação coletiva e esgotada toda a via negocial, se
socorrer da garantia constitucional de acesso à justiça pedindo a prestação jurisdicional.

II- DA NORMA CONSTITUCIONAL IMPUGNADA.

De acordo com o disposto no art. 1º da Emenda Constitucional nº 45, de 08 de dezembro de


2004, publicada em 31 de dezembro do mesmo ano, o art. 114 da vigente Carta Federal
sobre a competência da Justiça do Trabalho, parágrafo 2º. passou a ter a seguinte redação,
"Recusando-se qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às
mesmas, DE COMUM ACORDO , ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica,
podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições mínimas legais
de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas anteriormente." (sem grifos no
original).
O artigo 114 da Constituição, parágrafo 3º. ficou assim redigido,
"§ 3º Em caso de greve em atividade essencial, com possibilidade de lesão do interesse
público, o Ministério Público do Trabalho poderá ajuizar dissídio coletivo, competindo à
Justiça do Trabalho decidir o conflito."

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


44

III- "EXTINÇÃO" DO PODER NORMATIVO DA JUSTIÇA DO TRABALHO.


MODIFICAÇÃO DE CLÁUSULA PÉTREA DA CONSTITUIÇÃO. IMPEDIMENTO
DE ACESSO À JUSTIÇA.

Ao prescrever a Emenda Constitucional 45, em disposição expressa o ajuizamento de


dissídio coletivo condicionado ao "comum acordo" das partes (entidade sindical da categoria
profissional - empregados e da categoria econômica - empregadores), excluiu pela via
indireta, o dissídio coletivo trabalhista, ´banindo´ do ordenamento jurídico as sentenças
normativas proferidas pela Justiça do Trabalho, mesmo sendo esse um meio de acesso à
Justiça garantido legalmente aos trabalhadores há tanto tempo - imprescindível na defesa dos
interesses coletivos dos trabalhadores e importante instrumento de justiça social e de
distribuição da renda nacional.
A extinção dos processos de dissídio coletivo ante o texto impugnado ocorrerá desde o
primeiro momento de vigência a norma, em face da exigência de ´comum acordo´ para
ajuizamento da ação. Não existe outra conclusão possível a quem tenham a menor
experiência com as relações entre o trabalho e o capital.
Nesse momento difícil que atravessa o nosso País, com a implementação de várias medidas
ainda ineficazes contra o desemprego, os baixos índices de crescimento da economia, o
achatamento salarial e os lucros como alvo do capital em meio à crise, é óbvio que, se o
empregador não estiver disposto a negociar, com mais razão irá negar o seu consentimento à
submissão de cláusulas assecuratórias de direitos e garantias trabalhistas, ao crivo da Justiça
do Trabalho.
E como conseqüência de sua recusa, não poderá ser ajuizada a ação coletiva pelo sindicato
profissional, cujos representados deverão contentar-se em perder as conquistas asseguradas
por instrumentos coletivos findos nas datas bases e não renovadas por negativa dos
empregadores, tanto ao processo de negociação quanto ao ingresso com o dissídio coletivo.
Isso significará o retrocesso dos trabalhadores que passarão a contar apenas com o mínimo
garantido em lei, no caso de salário - o mínimo estabelecido na legislação pertinente, perder
as correções salariais antes garantidas à categoria, perder benefícios como correção salarial,
aumento real, vale-refeição, auxílio-creche, estabilidade pré-aposentadoria, gestante,
representação sindical.
Não é necessário reforçar o quanto esse dispositivo da Emenda Constitucional 45 contribuiu
para o retrocesso do Direito Coletivo do Trabalho no Brasil e sem dúvidas afetará as
relações capital-trabalho causando transtornos, insatisfações e prejuízos aos agentes - tanto
aos trabalhadores quanto aos empregadores.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


45

IV. DAS INCOSTITUCIONALIDADES DA EMENDA CONSTITUCIONAL


IMPUGNADA.

Está consolidado nessa Excelsa Corte o entendimento favorável ao acolhimento da


declaração de inconstitucionalidade, em ação direta e concentrada, de norma do constituinte
derivado em conflito com as cláusulas pétreas ou os princípios sistêmicos da Constituição
Federal.
A norma ora questionada, o parágrafo 2º. do artigo 114, acrescido à Constituição através da
Emenda Constitucional 45/2004 é flagrantemente inconstitucional e atentatório a preceitos
da Carta Magna, inclusive de garantia de direitos individuais não sujeitos a modificações
através de emenda.
Dispõe a aludida garantia de nossa vigente Carta da república que "a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito".
E vale ressaltar que a Constituição de 1988, conhecida por suas inovações como
Constituição Cidadã, trouxe grandes inovações e dentre elas, a que
o estendeu a tutela jurisdicional à ameaça de direito;
o não restringiu o direito tutelável a direito individual, porém estendeu o protecionismo a
todos os direitos, individuais ou coletivos, por não mais adjetivar e restringir, ou distinguir,
o termo "direito". Neste sentido é tranqüila a doutrina;
E nesse passo, não faria nenhum sentido a instituição constitcional do mandado de segurança
coletivo ou do mandado de injunção, se o acesso à justiça fosse reservado exclusivamente à
tutela dos direitos individuais.
Não seria razoável admitir a criação de embaraço insuperável, como a completa
inviabilização de ação coletiva trabalhista destinada à fixação de normas aos contratos de
trabalho, uma vez que submetido seu ajuizamento ao arbítrio do empregador ou de seu
representante da categoria sindical esse faltamente não assentirá, o que vulnera a cláusula
pétrea de acesso, salvaguarda tanto dos direitos individuais como coletivos. Assim, não
existe motivo que justifique a subsistência da modificação trazida pela Emenda 45/2004 ante
a garantia originária da Constituição.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


46

V- OFENSA AO ARTIGO 5º., INCISOS II e XXXV, DOS DIREITOS E DEVERES


INDIVIDUAIS E COLETIVOS e ARTIGO 60, PÁRAGRAFO 4º., INCISO IV.

Mais especificamente, a Constituição Federal em seu artigo 5º., Inciso XXXV, tratando ´dos
direitos e deveres individuais e coletivos´ estabelece expressamente,
"Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e estrangeiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à
vida, à liberdade, à igualdade, à seurança e à propriedade, nos termos seguintes:
"II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;"
A absoluta impossibilidade de extinção desses direitos através de emenda decorre do próprio
texto da nossa Constituição, artigo 60, parágrafo 4º., inciso IV,
"A Constituição poderá emendada mediante proposta: (...)
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
IV - os direitos e garantias individuais".
Corrobora essa assertiva a reiterada jurisprudência dessa Excelsa Corte. Na doutrina, a lição
de José Afonso da Silva em referência doutrinária a respeito da limitação à reforma da
Constituição no que concerne às cláusulas pétreas assim definidas no artigo 60 da nossa
Constituição Federal,
"A Constituição, como dissemos antes, ampliou o núcleo explicitamente imodificável na via
da emenda, definindo no art. 60, parágrafo 4º., que não será objeto de deliberação a proposta
de emenda tendente a abolir: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e
periódico; a separação dos Poderes; os direitos e garantias individuais.
É claro que o texto não proíbe apenas emendas que expressamente declarem: "fica abolido o
voto direto"..., " ...ou ainda, "fica extinta a liberdade religiosa, ou de comunicação.... A
vedação atinge a pretensão de modificar qualquer elemento conceitual da Federação, ou do
voto direto, ou indiretamente restringir a liberdade regliosa, ou de comunicação ou outro
direito e garantia individual; basta que a proposta de emenda se encaminhe ainda que
remotdamente, "tenda" (emendas tendentes, diz o texto) para a sua abolição" (p.67, 2º. e 3º.
Parágrafos, sem grifos no original).
Na emenda constitucional, os dispositivos anteriores da Lei Fundamental que se mostrarem
incompatíveis são irremediavalmente inconstitucionais. É que as emendas devem absoluta
reverência ao Texto Constitucional. Em caso de violação sujeitam-se ao controle de
constitucionalidade e ao conseqüente pronunciamento de invalidade conforme tem decidido
com reiteração essa Excelsa Corte.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


47

VI- VIOLAÇÃO CONSTITUCIONAL. ARTIGOS 114, PARÁGRAFOS 2º. E 3º. E


ARTIGO 8º, INCISO III.

Além das violações apontadas, a norma legal introduzida pela Emenda Constitucional n.
45/200 viola frontalmente o artigo 8º., inciso III da Constituição Federal,
"Art. 8º.: É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:
"III. ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria,
inclusive em questões judiciais e administrativas".
A nova redação do parágrafo 2º do art. 114, da Constituição Federal da Emenda
Constitucional 45, exige para o ingresso com o dissídio coletivo de natureza econômica, o
mútuo acordo das partes, sob pena do Poder Judiciário não conhecer do dissídio por falta de
legitimidade do impetrante.
O parágrafo 3º do art. 114, da Constituição, aditado pela mesma Emenda atribui
exclusivamente ao Ministério Público do Trabalho a legitimidade para ajuizar o dissídio
coletivo, no caso de greve em atividade essencial, excluindo os legítimos representantes dos
trabalhadores, principais interessados em ver o deslinde do impasse provocador da
paralisação.
Além de conflitar, flagrantemente, com disposições constitucionais e com a lógica interna do
ordenamento jurídico nacional, a Emenda Constitucional 45/2004 se traduz em retrocesso,
além de se posicionar na contramão do ponto de vista da evolução histórica do Direito e do
Processo do Trabalho.
O acesso à Justiça hoje se dá de forma denodada através da criação dos juizados especiais
cíveis, criminais, federais e a justiça itinerante deixando de lado quaisquer restrições de
acesso a jurisdição, o que é totalmente contrário ao significado textual da referida Emenda
Constitucional, ao exigir o mútuo acordo entre as partes para a prestação jurisdicional. Está
em conflito com todo ordenamento jurídico vigente em nosso Estado Democrático de
Direito e com a realidade do nosso País.
Sem mais argumentações a respeito do mérito da restrição do direito de representação
atribuídos as entidades sindicais, haja vista ser flagrante a sua inconstitucionalidade ante a
Constituição Federal, deve-se observar que conceder tal prerrogativa exclusivamente ao
Ministério Público do Trabalho, além da inconstitucionalidade, representa desconhecer o
papel histórico e atual das entidades sindicais frente às conquistas e aos direitos das
categorias por elas representadas.
As conseqüências nefastas dessa disposição podem ser claramente extraídas da grande
quantidade de trabalhadores que ficarão sem qualquer representação judicial, eis que foi

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


48

tirada a legitimidade de representação das entidades sindicais para impetrarem dissídios


coletivos em defesa de direitos para toda categoria representada.

VII- DO PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE, DO DEVIDO PROCESSO LEGAL E


O CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS.

A análise de temas de igual relevância não prescinde do exame do Principio Hermenêutico-


Constitucional com freqüência aplicado por essa Magna Corte na relevante tarefa exegética
para adequar as normas infraconstitucionais como as emendas do poder derivado, ao sistema
lógico do direito positivo e do texto constitucional fundante - a razoabilidade exida de
qualquer comando normativo.
O Principio da R azoabilidade tem sua origem na história constitucional do direito dos povos
de várias nações, sempre ligado ao devido processo legal.
A Norma Constitucional impugnada afronta de forma explícita, por tudo que aqui foi
exposto, o PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE, o mesmo que ampara essa Excelsa Corte a
declarar inconstitucionalidades de normas legais, sem com isso interferir na esfera dos
diferentes Poderes da República.

Nesse passo, a lição de Luís Roberto Barroso


"O princípio da razoabilidade é um mecanismo de controle da discricionariedade legislativa
e administrativa. Ele permite ao Judiciário invalidar atos legislativos ou atos administrativos
quando: (a) não haja relação de adequação entre o fim visado e o meio empregado; (b) a
medida não seja exigível ou necessária, havendo meio alternativo para chegar ao mesmo
resultado com menor ônus a um direito individual; (c) não haja proporcionalidade em
sentido estrito, ou seja, o que se perde com a medida é de maior relevo do que aquilo que se
ganha.
Um certo positivismo arraigado na formação jurídica nacional retardou o ingresso do
princípio da razoabilidade na jurisprudência brasileira, por falta de previsão expressa na
Constituição. Inequivocamente, contudo, ele é uma decorrência natural do Estado
democrático de direito e do princípio do devido processo legal. O princípio, naturalmente,
não liberta o juiz dos limites e possibilidades oferecidos pelo ordenamento. Não é de
voluntarismo que se trata. A razoabilidade, no entanto, oferece uma alternativa de atuação
construtiva do Judiciário para a produção do melhor resultado, ainda quando não seja o

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


49

único possível ou mesmo aquele que mais obviamente resultaria da aplicação acrítica da lei"
(op.cit., p.245/6, sem grifos no original).
Não se pode admitir que uma das partes fique na dependência da outra (no caso em
comento, o trabalho dependendo da aquiescência do capital) para o exercício de seu direito a
obter do Estado-Juiz a entrega da prestação jurisdicional através da sentença normativa.
A exigência contida no parágrafo 2º do art. 114 viola o objetivo de preservação dos direitos
dos trabalhadores através da prestação jurisdicional e fomenta a solução dos dissídios
coletivos de natureza econômica extra judiciário, a ponto de condicionar o acesso à
jurisdição além da tentativa de negociação coletiva ou arbitragem, ao mútuo acordo entre as
partes conflitantes exigindo-se o consentimento do réu para a viabilização da demanda.
Todos os atos, legais ou administrativos devem ser razoáveis - manter certa
proporcionalidade entre os fins almejados e os meios empregados, sob pena de não coadunar
com a vigente Constituição da República e de conseqüência ter declarada a sua
inconstitucionalidade.
Nesse sentido preleciona Rodrigo Lopes Lourenço,
"Inicialmente, esclareça-se que a violação ao principio da razoabilidade seria causa de
inconstitucionalidade material, nunca formal ou subjetiva".
E mais,
"Em outras palavras, a declaração de inconstitucionalidade baseada no fato de o ato do
legislativo ser desproporcional, por suplantar os lindes estritamente jurídicos, traduzindo, em
última instância, grave censura às opções políticas do legislador, deve ser realizada, apenas
no controle abstrato de constitucionalidade, isto é, pelo Supremo Tribunal Federal.
"O Supremo Tribunal Federal, sempre julgando ações diretas de inconstitucionalidade, vem
reconhecendo a obrigação, imposta pela Constituição da República, de o legislador produzir
atos que guardem proporcionalidade entre sua finalidade e os ônus deles decorrentes,
declarando alguns atos normativos contrários à Constituição pelos mesmos não obedecerem
ao principio da razoabilidade".
Assim, tanto o parágrafo 2º como o 3º., do art. 114 introduzidos pela Emenda Constitucional
nº 45/2004 são inconstitucionais por violar os princípios da: Autodeterminação,
Inafastabilidade do Poder Judiciário, Razoabilidade, Liberdade Individual, esculpidos no art.
5 o , II, XXXV, e inciso IV do § 4º do art. 60 da Lei Maior.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


50

VIII- DA OFENSA AO INCISO XXVI DO ART. 7º DA CONTITUIÇÃO FEDERAL.

Assegura o preceito, como direito fundamental dos trabalhadores urbanos e rurais, o "o
reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho". Reconhecimento pelo
Estado, por meio da cominação - absolutamente legítima - de intervenção do Estado, para
estipulação das normas, substitutivas do acordo ou da convenção não alcançados pelas
partes. Está evidente que a partir da edição da norma impugnada os empregadores se
furtarão a negociar. Primeiro para não ter as cláusulas vigentes garantidas pelo Estado-Juiz,
depois, porque a única alternativa para os trabalhadores será negociar e esta fica
inteiramente na dependência da vontade do empregador, que por óbvio não terá nenhum
interesse em manter cláusulas de benefícios que findarão sem possibilidade de serem
renovadas ou de integrar os contratos individuais.
De nada adianta a consagração do direito material ou o reconhecimento constitucional das
negociações coletivas. Se o Estado não fornece ao jurisdicionado meios idôneos à sua
consecução. Sem um instrumento eficaz de coerção nenhum direito se materializa, tornando
a sua existência apenas abstrata. A partir da norma impugnada, é certo que não mais haverá
acordos ou convenções coletivas, visto que o Estado extirpou o instrumento eficaz ao seu
reconhecimento - o ajuizamento de ação, caso não celebrados acordos ou convenções
coletivas.
De outro lado, a norma impugnada criou um paradoxo ao estabelecer que, ajuizado o
dissídio (após a hipotética concordância do réu), a Justiça do Trabalho fixará cláusulas para
além das disposições mínimas legais de proteção ao trabalho e as convencionadas
anteriormente. Por certo, as disposições convencionadas anteriormente desaparecerão, dada
sua vigência contratual por tempo determinado.
É possível prever as graves tensões que em breve marcarão as relações trabalhistas no
Brasil, a persistir no ordenamento jurídico as normas impugnadas, e as tensões aumentarão
em muito à medida que os trabalhadores perceberem que irão fatalmente perder os
benefícios garantidos em normas coletivas por longos anos.
Será a parda pelos trabalhadores de benefícios trabalhistas consolidado ao longo de décadas,
e que agora não mais dispõem de mecanismo judicial para assegura-los.

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


51

IX- REQUISITOS PARA A MEDIDA LIMINAR REQUERIDA

Com amplamente exposto, presentes os requisitos para a concessão de liminar, no caso em


exame.
O atinente ao fumus boni juris decorre da flagrante violação aos preceitos constitucionais
supra-referidos, além de conflitar com a tendência nacional de ampliação do direito de
acesso ao Poder Judiciário.
O requisito de periculum in mora decorre de já estar em vigor a Emenda Constitucional
nº45/2004, cujas normas dificultam ou restringem a possibilidade de ingresso no Poder
Judiciário, conforme já deixou expresso o Tribunal Superior do Trabalho, in verbis :
"TST realiza audiência no dissídio com nova regra da Reforma
"A Casa da Moeda do Brasil (CMB) e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Indústria
Moedeira e de Similares (SNM) inauguraram a mudança de regra nos dissídios coletivos,
estabelecida na Reforma do Judiciário. O vice-presidente do Tribunal Superior do Trabalho,
ministro Ronaldo Lopes Leal, conduziu ontem (16) audiência de conciliação com os
representantes das duas partes, com a adoção da nova regra que exige comum acordo para a
instauração do dissídio coletivo" . ( Processo: DC - 120773/2004-000-00-00.4 ).
A iniciativa de ingressar com o dissídio foi do sindicato, mas o ministro considerou que
houve anuência da Casa da Moeda quando esta pediu a retirada da última proposta e
anunciou a decisão de aguardar o julgamento do processo pelo TST." (grifado)
Com este entendimento o TST preconiza que é obrigatório o comum acordo entre as partes
nas negociações coletivas ou quando submetida a questão ao juízo arbitral, sob pena de,
apesar da lesão ou ameaça ao direito, não poder ser prestada a jurisdição.
Quanto ao juízo arbitral não se deve olvidar, desde que de acordo com o disciplinamento da
Lei 9.307/96.
Ocorre, contudo, que as partes apesar de não se terem recusado à negociação coletiva, que é
uma das opções dada pelo texto impugnado, não pode ser obrigada a chegar ao acordo
coletivo, independentemente do teor da negociação, isto é, sujeitar-se incondicionalmente ao
entendimento da parte ex-adversa, sob pena de ser admitido que se recusou à negociação, e
por esse motivo, só poderá ajuizar dissídio coletivo com o mútuo acordo da parte contraria.
Por óbvio é absurdo.
Existe ainda, a conveniência da suspensão das normas impugnadas em decorrência da
possibilidade iminente de abusos face às negociações coletivas, pois uma das partes estará
sabendo que a outra somente poderá ajuizar o dissídio coletivo de natureza econômica, com
seu consentimento e dificilmente manifestará o seu assentimento, com o que nada poderá

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


52

fazer a parte ex-adversa, pois a norma constitucional exige o mutuo acordo para o ingresso
em juízo.

X- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino


- CONTEE, ora impetrante, requer:

a) a concessão de medida LIMINAR, de acordo com o art. 102, I, p, do texto constitucional,


initio litis et inaudita altera parte , para suspender, até decisão final da presente ação, a
eficácia dos § 2º e 3º do art. 114, da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda
nº 45/2004, em especial:
1 - a supressão do texto constitucional da expressão "de comum acordo", constante do § 2º,
por criar obstáculo a prestação jurisdicional, restringindo os direitos individuais e coletivos;
2 - a supressão do parágrafo 3º do artigo 114, por retirar das entidades sindicais a
legitimação que permite o acesso ao judiciário, em dissídios coletivos de natureza
econômica, em situação de greve;

b) o conhecimento e processamento da presente Ação Direta de Inconstitucionalidade para, a


final, ser julgada procedente, declarando-se a inconstitucionalidade do disposto no § 2º do
artigo 114 da Constituição Federal, na parte que refere a "de comum acordo", e do § 3º do
mesmo artigo, em sua totalidade, ambos com a redações dadas pela Emenda Constitucional
nº 45, de 2004;

c) a oitiva do Procurador-Geral da República;

d) a intimação para manifestarem, se assim o desejarem, do Presidente do Congresso


Nacional e do Advogado Geral da União;

e) a permissão de sustentação oral, a ser produzida na oportunidade adequada, por um dos


procuradores da autora.

Dá-se a causa para fins processuais, o valor de R$700,00 (setecentos reais).

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br


53

Nesses Termos,
Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]

Todos os Direitos reservados à CS Tecnologia de Informática www.provasdaoab.com.br

Você também pode gostar