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Carolina Todesco
UFRN/Departamento de Ciências Sociais e Humanas
Caxambú/MG
Outubro de 2014
Resumo
1
Projeto intitulado “Desvelando a indústria da reciclagem dos materiais no Brasil”, chamada
MCTI/CNPq nº 14/2013, processo nº 484013/2013-0.
acerca do que se convencionou chamar de crise ecológica ou problemática
ambiental. Nessa seara, conforme expõe Harvey (2004), temos um caldeirão de
argumentos, conceitos e dificuldades de ordem política que são a base de
intermináveis debates acadêmicos, intelectuais, teóricos e filosóficos:
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Usaremos o termo países centrais para designar o grupo de países ricos economicamente e
países periféricos para aqueles denominados emergentes e pobres.
com a celebração da Conferência de Estocolmo à Rio+20 de 2012. Para
O‟Connor (2004), a ecologização da questão ambiental marca a posição dos
verdes reformistas, que não enfrentam as condições do sistema vigente, mas
adaptam, aperfeiçoam e usam técnicas diante das novas exigências e
demandas sociais e econômicas.
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Consagrado do documento Agenda 21, produzido na Conferência Rio 92, a hierarquia dos 3r
implica em uma forma considerada socioambiental para o manejo dos resíduos.
passo que discriminam e condenam outras. O uso da reciclagem como
ferramenta para a gestão de resíduos sólidos se justifica por seus aspectos
ambientais, econômicos e sociais, conforme quadro 1 acima.
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Para PNRS, o manejo ambientalmente adequado dos resíduos implica em uma série de
procedimentos, dos quais, a gestão fundamentada nos 3r, tratamento final em aterros sanitários
e/ou outros processos que favoreça a recuperação de energia. Ver BRASIL (2014).
da PNRS bem como a formulação de planos estratégicos de gestão em
conformidade com a nova lei5:
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O prazo final para a eliminação dos lixões foi 02/08/2014, porém, conforme o Ministério do
Meio Ambiente, a maioria dos lixões continua em funcionamento, pois os planos municipais de
gestão integrada de resíduos sólidos ainda estão em processo de elaboração pelas Prefeituras.
Quadro 2: Aspectos relacionados à inclusão sócio produtiva de catadores previstos na Política Nacional de Resíduos Sólidos
Orçamento
Ministério Ações Executado (R$)
Trabalho e Fomento para a organização e o desenvolvimento de
Emprego cooperativas atuantes com resíduos sólidos 24.511.681,89
Desenvolvimento institucional para a gestão integrada de
Meio Ambiente resíduos sólidos urbanos 3.698.737,90
Des. Social e Fomento para a organização e o desenvolvimento de
Combate à Fome cooperativas atuantes com resíduos sólidos 1.819.919,23
Meio Ambiente Implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos 1.062.089,24
Meio Ambiente Gestão e administração do programa de resíduos sólidos 807.803,81
Meio Ambiente Gestão da Política Nacional de Resíduos Sólidos 351.458,28
Implementação de projetos de coleta e reciclagem de
Saúde - FUNASA materiais 179.820,00
Fomento a projetos de gerenciamento e disposição de
Meio Ambiente resíduos em municípios de médio porte 148.352,00
Apoio a projetos de gerenciamento e disposição de resíduos
Meio Ambiente industriais e perigosos 120.924,18
Apoio a sistemas públicos de manejo de resíduos sólidos
em municípios com mais de 50 mil habitantes ou integrantes
Cidades de regiões metropolitanas 6.062,72
Total 32.706.849,25
Fonte: Elaboração própria a partir de Geral da União de 2003 a 2013 (2014)
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Entrevista com o ccoordenador de iinformações sobre resíduos ssólidos, Departamento de
Ambiente Urbano da Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano, Ministério do Meio
Ambiente, realizada no dia 20 de junho de 2014, Brasília/DF.
implementam programas de coleta seletiva com participação de catadores), e
ainda, a ação requisitada pelos agentes do setor dos resíduos (financiamento
governamental a iniciativas que apoiem o avanço da reciclagem no país),
demonstram a opção oficial pelo modelo que prioriza a reciclagem como a
principal estratégia na gestão dos resíduos no país.
3%
2% Matéria orgânica
13% Outros
Plástico
14% 51%
Papel, papelão e tetrapak
Metais
17%
Vidro
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O sistema de informação para os resíduos sólidos no Brasil ainda é pouco confiável. Apesar de
desde 2002 o Ministério das Cidades produzir o relatório “Diagnóstico do Manejo de Resíduos
Sólidos Urbanos”, autores como Figueiredo (2011) e Waldman (2010) apontam que a coleta de
dados baseada no preenchimento de questionário pelos gestores municipais pode levar a uma
inadequação entre a real gestão dos resíduos e as informações prestadas no questionário.
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O Chorume, proveniente dos resíduos orgânicos, é um líquido percolado de alta carga
poluidora, produzido pela decomposição das substâncias orgânicas contidas nos resíduos
sólidos e que tem como características principais: cor escura, odor desagradável e uma elevada
DBO - demanda bioquímica de oxigênio - (ABRELPE, 2007, p. 124).
resíduo Outros que aparece na figura 2 é compostos por materiais como óleo
lubrificante (menos de 1%) e que apesar de ser percentualmente baixo este
material possui um elevado poder contaminante9, portanto, também passível de
cuidado especial por parte do manejo dos resíduos. No outro extremo, materiais
como metais diversos, vidros e papelão deveriam ser preteridos no que tange à
urgência nas estratégias de destino final adequado já que possuem baixo poder
de contaminação.
Fonte: Elaboração própria a partir de CEMPRE (2014), ABRELPE (2013), Figueiredo (2012),
ABRELPE (2007), Calderoni (2003)
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Conforme ABRELPE (2007), os óleos lubrificantes são classificados como resíduos perigosos
classe II, extremamente perigoso já que uma tonelada pode contaminar um manancial de água
subterrânea capaz de abastecer 40.000 pessoas.
final por processos de compostagem de orgânicos, reciclagem de materiais e
rerrefino de óleo lubrificante, tomando os anos de 1999-2003-2007 e 201210.
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Optamos por esta série histórica em virtude da facilidade em encontrar dados para a maior
quantidade possível de materiais.
programas permanentes para a reciclagem, apoiados por forte apelo midiático
onde se apresentam os benefícios da reciclagem desse material. O apelo à
reciclagem desse material faz que desde o ano de 2003 o Brasil venha obtendo
êxito na reciclagem das latas. Conforme a Associação Brasileira do Alumínio
(ABAL, 2014), o país é o maior reciclador mundial em termos percentuais do
material, reciclou 98% em 2013, e, este percentual se deve a eficiente rede de
coleta do material e a abundância na oferta das latas.
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Dentre diversas entidades que representam a indústria da reciclagem nos seus diversos
setores, destacamos a destacamos a Associação Brasileira da Indústria do Alumínio (ABAL),
Associação Brasileira das Latas (ABRALATAS), Associação Brasileira do Papel Ondulado
(ABPO), Associação Brasileira do Plástico PET (ABIPET), Associação Técnica Brasileira das
Indústrias Automáticas do Vidro (ABIVIDRO).
entidade que congrega as recicladoras difunda o discurso da sustentabilidade, o
que se sobressai é a reciclagem com fins econômicos:
5. Considerações Finais
Referências
ALIÓ, Maria Àngels. La difícil transición hacia la prevención: una visión desde el
análisis de las políticas sobre el reciclaje de residuos urbanos. Scripta Nova.
Barcelona: Universidad de Barcelona. Disponível em: <http://www.ub.es/geocrit/-
xcol/75.htm>. Acesso em: 14 de março de 2014
HUDSON, Ray. The costs of globalization: producing new forms of risk to health
and well-being. Risk Management, v. 11, p. 13-29, 2009. Disponível em:
<http://www.palgrave-journals.com/rm/journal/v11/n1/abs/rm200813a.html>.
Acesso em: 04 de março de 2014