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CURITIBA
2006
ADEMILDO PASSOS CORREIA
CURITIBA
2006
ii
CORREIA, Ademildo Passos. UMA ANÁLISE DOS FATORES DE RISCO DA
PROFISSÃO DO AGENTE PENITENCIÁRIO: CONTRIBUIÇÕES PARA
UMA POLÍTICA DE SEGURANÇA E SAÚDE NA GESTÃO
PENITENCIÁRIA. 2006. 66 páginas. Monografia no Curso de Especialização - Latu
Sensu - Gestão Penitenciária: Problemas e Desafios – Departamento de Ciências
Sociais, Universidade Federal do Paraná, 2006.
RESUMO
iii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................... 06
2 DESENVOLVIMENTO ..................................................................... 11
2.1. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................... 11
2.1.1. A Caracterização do Cotidiano Penitenciário: Uma Realidade
Vivida que não está Inscrita nas Redes de Proteção do Trabalho............. 11
2.1.2. O trabalho do Agente Penitenciário ............................................... 14
2.1.2.1 Ambiente Físico............................................................................ 14
2.1.2.2 Ambiente Psicológico........................................... ....................... 17
2.1.2.3 Ambiente Institucional................................................................. 19
2.1.2.3.1 A Lei de Execução Penal e o Trabalho Penitenciário.............. 19
2.1.3 Sistematização da Profissão: Do contrato À Prática....................... 20
2.1.4 Relações de Trabalho Sob os Aspectos Psicossociais..................... 23
2.1.4.1 Conjuntura Atual: Políticas de Governo...................................... 23
2.2. A SAÚDE FISICA E MENTAL DOS TRABALHADORES QUE ATUAM EM
PROFISSÕES DE CARATER PERIGOSO, PENOSO E INSALUBRE................................. 32
2.2.1 Sindrome de Burnout................................ ...................................... 33
2.2.2 Estresse............................................................................................ 37
2.3 MEDIDAS DE ORDEM LEGAL E OPERACIONAL PARA COMPOR AS
POLITICAS DE SEGURANÇA E SAUDE NO TRABALHO...................................... 42
2.3.1 As Contribuições da Medicina e Segurança do trabalho................. 43
2.4 METODOLOGIA DA PESQUISA................................................................ 44
2.4.1 Caracterização do universo da Pesquisa...................................... ... 44
2.4.2 Analise dos Dados ............................. ............................................ 45
2.4.2.1 Identificação.................................................................................. 45
2.4.2.2 Tempo de Serviço na Função de Agente Penitenciário................ 45
2.4.2.3 Formação Acadêmica.................................................................... 45
2.4.2.4 Informações de Caráter Sócio- Familiar...................................... 46
2.4.2.5 Informações de caráter econômico-financeiro.............................. 46
2.4.2.6 Informações de caráter de segurança e medicina do trabalho....... 46
2.4.2.7 Avaliação de Ordem Profissional................................................. 47
2.4.3 Interpretação dos Dados................................................................... 48
iv
3 CONCLUSÃO ..................................................................................... 52
REFERÊNCIAS ..................................................................................... 60
ANEXO I – Modelo de Questionário ................................................... 62
ANEXO II – Regimento Interno da PEL – Resolução nº. 121/93 –
SEJU ....................................................................................................... 63
ANEXO III – Manual de Saúde e Segurança do Trabalho ............... 64
ANEXO IV – Reportagens ................................................................... 65
v
1 INTRODUÇÃO
7
O problema que deu origem a esta pesquisa foi a real relação entre o
trabalho do Agente Penitenciário e uma série de agravos a saúde física e mental.
8
A metodologia utilizada neste estudo foi uma análise quantitativa e
qualitativa da pesquisa documental envolvendo a legislação e políticas públicas
referentes ao trabalho no Sistema Penitenciário do Paraná e à Medicina e
Segurança do trabalho, e também dos dados obtidos através de observação direta e
aplicação de questionário. Foram aplicados 27 questionários. Os sujeitos foram
escolhidos aleatoriamente entre os agentes penitenciários da Penitenciária Estadual
de Londrina.
9
Ao final foram elaboradas algumas possibilidades de sistematização
de políticas que visem atender às reais demandas dessa profissão.
10
2 DESENVOLVIMENTO
11
Esta facção que age no interior dos presídios do País foi responsável
pela execução sumária de inúmeros policiais civis e militares e vários agentes
penitenciários e civis no Estado de São Paulo.
12
Toda uma dinâmica de vida sofreu uma adaptação forçada marcada
principalmente pela abstinência de um convívio social mais livre, pela busca de
mecanismos de defesa como a omissão de sua profissão ou qualquer indicio que
possa revelar suas atividades profissionais, por exemplo, não expor seu colete de
identificação profissional nem mesmo para secar ao sol, evitando evidencias no local
onde reside.
O clima de terror é ainda pior para aqueles que suspeitam fazer parte
da “lista” de funcionários marcados para morrer elaborada pelos líderes das facções
criminosas.
13
Conforme se verifica nos anexos, as notícias divulgadas nos jornais
na última década ilustram com muita propriedade este momento histórico no qual se
consolida a profissão do agente penitenciário como a atividade meio para a
contenção, a custódia, e o tratamento penal.
14
Centro de Detenção Provisória de São José dos Pinhais - CDPSJP
Centro de Detenção e Ressocialização de Piraquara – CDRPQA.
15
Comparativamente é possível demonstrar esta polarização
observando-se a dinâmica adotada nas unidades penais como, por exemplo, as
Penitenciárias Estaduais de Maringá e de Piraquara.
16
humanos, através das assistências social, psicológica, jurídica, pedagógica,
odontológica, médico-psiquiátrica, laborativa e religiosa, previstas em lei e que
devem considerar a individualidade e rede social de cada um.
17
O agente penitenciário trabalha consciente de que violência gera
violência. No dia-a-dia, isso se torna concreto quando é requisitado pelo preso a
resolver problemas simples como uma dor física, moral ou psicológica pela perda de
um benefício jurídico, de um ente querido, de um amor.
18
2.1.2.3. Ambiente Institucional
19
decisão criminal proporcionando as condições para uma harmônica integração social
do condenado e do internado.
20
vulnerabilidade no sistema penitenciário. Por isso, é indispensável que se exija uma
vocação para tais funções, uma preparação profissional adequada e uma seleção
que exclua o candidato que não tem bons antecedentes.” (Mirabete, 1990: 230).
21
estabeleça no corpo da lei a Gratificação prevendo esses fatores de risco da
profissão. Segundo a descrição da profissão no Quadro Geral do Executivo – QPPE
LEI Nº. 13666 - 05/07/2002 Publicado no Diário Oficial Nº. 6265 de 05/07/2002:
22
de gratificações de insalubridade e periculosidade e Efetivar os Levantamentos
necessários para constatação de Riscos Ambientais.
23
Para que o Estado cumpra seu papel na garantia dos direitos básicos
de cidadania é necessário que a formulação e implementação das políticas e ações
de governo sejam norteadas por abordagens transversais e intersetoriais. “Nessa
perspectiva, as ações de segurança e saúde do trabalhador exigem uma atuação
multiprofissional, interdisciplinar e intersetorial capaz de contemplar a complexidade
das relações produção – consumo - ambiente e saúde”.
24
Ao editar as Diretrizes, o Governo se compromete com uma Política
Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador – PNSST buscando a superação da
fragmentação, desarticulação e superposição, das ações implementadas pelos
setores Trabalho, Previdência Social, Saúde e Meio Ambiente.
Significa dizer que emerge daí um esforço amplo, que abrange todas
as esferas e órgãos do Governo onde se define as diretrizes, as responsabilidades
institucionais e mecanismos de financiamento, gestão, acompanhamento e controle
social, que deverão orientar os planos de trabalho e ações intra e intersetoriais.
25
Para o Ministério do Trabalho (2007), esquematicamente, pode-se
dizer que o perfil de morbimortalidade dos trabalhadores no Brasil, na atualidade,
esta caracterizado pela coexistência de:
26
centrados na idéia de responsabilidade coletiva que marca a. gestão dos interesses
comunitários.
27
mesmo período, foram registrados 105.514 casos de doenças relacionadas ao
trabalho.
28
A Lei 8.213/91 em seus artigos 19, 20, e 21 definem em que consiste
o acidente do trabalho.
29
Médico-Periciais em Doenças Profissionais ou do Trabalho, para
aplicação a partir de 1ºde setembro de 1999.”
30
violência ligada às relações de gênero e o assedio moral, caracterizada pelas
agressões entre pares, chefias e subordinados.
31
perdido anualmente devido aos acidentes de trabalho seja de 106 milhões de dias,
apenas no mercado formal, considerando-se os períodos de afastamento de cada
trabalhador.
32
2.2.1. Síndrome de Burnout
33
doença faz com que a pessoa perca a maior parte do interesse em sua relação com
o trabalho, de forma que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço
pessoal passa a parecer inútil.
34
Segundo a autora no âmbito institucional, os reflexos do burnout se
fazem sentir tanto na diminuição da produção como na qualidade do trabalho
executado, no aumento do absenteísmo, na alta rotatividade, no incremento de
acidentes ocupacionais, na visão negativa da instituição denegrindo a imagem desta
e, tendo como resultado importantes prejuízos financeiros.
35
autora, essas diferentes abordagens “confundem e muitas vezes, dificultam um
levantamento de pesquisas na área”.
2.2.2. Estresse
36
Segundo o manual de doenças do trabalho SPRINGHOSE
CORPORATION (2005) para que ocorra qualquer tipo ou forma de estresse é
preciso que haja a disposição pessoal do portador do estresse e as circunstâncias
favorecedoras ou agentes ocasionais. Significa dizer que sem a disposição pessoal,
os agentes estressores ocasionais não seriam capazes, por si só, de produzir a
reação de estresse.
37
As conseqüências desse processo de estresse é que qualquer tipo
de doença psicossomática pode se manifestar no paciente ansioso e estressado.
Além disso, do ponto de vista emocional o estresse está intimamente relacionado à
Depressão, à Síndrome do Pânico, ao burnout, aos Transtornos da Ansiedade e às
Fobias. Isso tudo sem contar uma vasta lista de sintomas (não doenças) que
acompanham o paciente estressado.
38
Enxaqueca, seqüelas de AVC, hidrocefalias, epilepsia; Otorrino: Labirintopatias,
síndromes vertiginosas, zumbidos; Endócrinologia: Diabetes, insuficiência
suprarenal, Cushing não iatrogênica, tireóide; Clínica Geral: Reumatismos, Lupus,
doença de Reynauld, imunopatias; Ginecologia: Endometriose, esterilidade,
insuficiência ovariana; Ortopedia: Lombalgias, ostofitose, osteoartrose.
39
No entanto, no caso dos agentes penitenciários tudo indica que o
fluxo principal é do trabalho para a família funcionando como um importante
desestabilizador do equilíbrio familiar. Foram recorrentes os depoimentos de
agentes penitenciários que estabeleceram uma relação entre trabalho e
desequilíbrio familiar, quando não indicaram o trabalho na prisão como elemento
determinante da separação do casal ou mesmo da dissolução da família”.
Godinho (2006) explica que o sujeito passa a ser mais exigente com
as pessoas mais próximas. O excesso de tensão também pode comprometer a
comunicação, quando as mensagens não são transmitidas integralmente por falta de
paciência ou tolerância. Parece que o estressado cobra ser compreendido por seus
próximos além da capacidade deles entendê-lo.
* Depressão, angústia
* Palpitações cardíacas
* Dores generalizadas
40
* Queixas físicas sem constatação médica
* Insônia
* Indigestão
* Tiques nervosos
* Isolamento e introspecção
* Alterações do sono
41
a redação dada pela Lei 6.514, de 22 de dezembro de 1977. O Ministério do
Trabalho, por intermédio da Portaria nº. 3.214, de 8 de junho de 1978, aprovou as
Normas Regulamentadoras - NR - previstas no Capítulo V da CLT.
42
lhe permitam assumir sua parcela de responsabilidade no que diz respeito à
segurança. Os profissionais do SESMT devem estar sempre atentos a práticas e
condições que possam expor o trabalhador a algum risco, assumindo ações que
visem corrigir e eliminar as irregularidades observadas”
43
O objetivo dessa unidade é dar cumprimento às decisões judiciais
privativas de liberdade, nos termos do Regimento Interno do DEPEN.
2.4.2.1. Identificação
44
2.4.2.2. Tempo de serviço na função de Agente Penitenciário:
· De 11 a 15 anos: (16)
· Incompleto: (07)
· Possui filhos oriundos de outros relacionamentos conjugais, além dos atuais, aos
quais presta auxilio de ordem financeira, pensão alimentícia, etc.? Sim (10) Não
(17)
45
· Esta situação interfere no seu ciclo de amizades? Sim (14) Não (13)
· Seus compromissos financeiros estão de acordo com o seu salário? Sim (17)
Não (10)
· Já esteve inscrito em algum serviço de proteção ao credito? Sim (19) Não (08)
· Faz uso de medicação continuada para tratamento de alguma doença? Sim (15)
Não (12)
· Dores sem causa física: cabeça, abdominais, pernas, costas, peito e outras
características. Sim (25) Não (03)
· Perda de energia: desânimo, desinteresse, apatia, fadiga fácil. Sim (17) Não (10)
46
· Baixo desempenho: alterações sexuais, memória, concentração, tomada de
decisões. Sim (14) Não (13)
47
um nível de escolaridade acima do nível requerido como pré-requisito para a
admissão na carreira que o nível médio.
48
constantes ameaças das facções criminosas aos agentes penitenciários 26 dos
sujeitos da pesquisa informam que vivem sob o signo do medo em relação aos
riscos de sua profissão para os membros de suas famílias. Na verdade, apenas um
sujeito da amostra informa não estar preocupado com essa questão. No mesmo
nível de analise as relações
49
No que diz respeito à saúde física e mental atual constatou-se que 25
agentes são acometidos de dores sem causa física: cabeça, abdominais, pernas,
costas, peito e outras características. Dezenove queixam-se de alterações do sono:
insônia ou sonolência excessiva.
Vale alertar para o significado dos dados coletados que cada um dos
plantões, de acordo com as escalas de serviço atual, sobretudo, no período noturno
em que o efetivo em significativamente menor, são formados por no máximo XX
agentes. Isso significa que estimativamente mais de cinqüenta por cento do efetivo
50
por escala de serviço apresenta um quadro de comprometimento no que se refere à
saúde e à segurança do trabalho.
51
3 CONCLUSÃO
52
4. Existe uma demanda, portanto, de que o Estado e, sobretudo o Depen
implementem um Programa de Segurança e Saúde do Servidor Penitenciário, não
apenas porque assim o determina as Diretrizes da Política nacional de Saúde e
Segurança do Trabalho, mas, em razão da urgência de suas funções sociais e legais
de estabelecer uma Política de Saúde e Segurança do Trabalho no âmbito de suas
unidades à medida que este departamento se agiganta, assim como se tornam
complexas as suas demandas nesta área.
53
programa preventivo, de implementação de equipamentos de segurança; de
medidas de redução e reparação de danos e de suporte psicossocial para todos os
Agentes Penitenciários;
54
Instituir a obrigatoriedade de publicação de balanço de SST para as
unidades penais, a exemplo do que já ocorre com os dados contábeis.
Contemplando incidentes com presos, internamentos, afastamentos para tratamento
de saúde, óbitos, programa de acompanhamentos a doenças do trabalho;
55
Reestruturação da Formação em Saúde do Trabalhador e em
Segurança no Trabalho e incentivo a capacitação e educação continuada dos
trabalhadores responsáveis pela operacionalização da PESST (Política Estadual de
56
integrando uma rede de colaboradores para o desenvolvimento técnico - cientifico na
área;
57
Caberá à Comissão propor a revisão periódica da Política e
estabelecer os mecanismos de validação e controle social.
58
No que se refere aos recursos financeiros deve ser previsto na
programação orçamentária anual do DEPEN recursos para a área da segurança e
saúde do trabalhador de modo adequado e permanente no orçamento da SEJU,
mediante programa específico
59
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAHALI, Yussef Sai. Org. Código Civil; Código de Processo Civil; Constituição
Federal. 8ª ed. Revista dos Tribunais. SP – SP. 2006
60
Ministério do Trabalho. Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador:
Proposta para Consulta Pública - Arquivo PDF (46kb) Brasil. DF.
http://www.mte.gov.br/
REIS, Roberto Salvador. Segurança e Medicina do Trabalho Ed. Yendis. 2007 2ª.
Edição – SP - SP
SALEM NETO, Jose. Direito Acidentário do Trabalho. Ed. jurídica Brasileira. SP. Sp.
2000.
SONFELD, Carlos Ari. Fundamentos de Direito Publico. 4ª ed. Malheiros. São Paulo-
SP. 2001.
61
ANEXO I
Modelo de Questionário
62
ANEXO II
63
ANEXO III
MANUAL DE SAUDE E SEGURANÇA DO TRABALHO:
64
ANEXO IV
REPORTAGENS
65