1) No século XVII houve uma separação entre Filosofia e Ciência, com o desenvolvimento das Ciências Exatas, Naturais e Humanas.
2) As Ciências Naturais se desenvolveram com base no método científico de Galileu, enquanto as Ciências Humanas emergiram no século XIX.
3) Existe um debate sobre se as Ciências Humanas podem ser consideradas verdadeiramente científicas, dado seu objeto de estudo envolver subjetividade.
Descrição original:
Título original
CIÊNCIAS NATURAIS E CIÊNCIAS HUMANAS - SEPARAÇÃO E DISTINÇÃO ENTRE FILOSOFIA E CIÊNCIA
1) No século XVII houve uma separação entre Filosofia e Ciência, com o desenvolvimento das Ciências Exatas, Naturais e Humanas.
2) As Ciências Naturais se desenvolveram com base no método científico de Galileu, enquanto as Ciências Humanas emergiram no século XIX.
3) Existe um debate sobre se as Ciências Humanas podem ser consideradas verdadeiramente científicas, dado seu objeto de estudo envolver subjetividade.
1) No século XVII houve uma separação entre Filosofia e Ciência, com o desenvolvimento das Ciências Exatas, Naturais e Humanas.
2) As Ciências Naturais se desenvolveram com base no método científico de Galileu, enquanto as Ciências Humanas emergiram no século XIX.
3) Existe um debate sobre se as Ciências Humanas podem ser consideradas verdadeiramente científicas, dado seu objeto de estudo envolver subjetividade.
Na Idade Moderna, com a chamada revolução científica do século
XVII, teve início a separação e a distinção entre a Filosofia e a Ciência, com o conseqüente desdobramento da última, nos séculos posteriores, em Ciências Exatas, Naturais e Humanas ou Sociais, ou melhor, em diferentes maneiras de realização do ideal de cientificidade. É comum dizer-se que a Ciência, como um modo de conhecer o real, distinto daquele da Filosofia, só teve o seu advento no século XVII, com os trabalhos de Galileu e Descartes, visando estabelecer método, conceitos e objetos de estudo, a partir da experimentação e do modelo da linguagem matemática. Observa- se, assim, primordialmente, a matematização da Natureza e, neste caso, a concepção de Ciência de Galileu é exemplar, porque, para ele, "o grande livro da Natureza está escrito em caracteres matemáticos", estando ausente dessa concepção de ciência toda a referência ao subjetivo e ao qualitativo (tal como concebido por Aristóteles). Para Galileu, fazer Ciência corresponde a analisar os corpos da Natureza através de suas características quantitativas e objetivas, ou seja, de sua forma, espaço, tempo,movimento, extensão e não de suas cores, sabores e odores, tendo em vista um saber verdadeiro, identificado ao saber matemático, cujas verdades são necessárias,universais, rigorosas, precisas e objetivas. Desde então, falar em Ciência significa perseguir um ideal de objetividade e de cientificidade, nos moldes da Matemática e não da Filosofia, voltada para o sujeito do conhecimento. Ciência significa, portanto, objetividade do conhecimento.Tendo por objeto de estudo a Natureza, as Ciências Naturais (Física, Química,Biologia, Geografia) se separam da Filosofia a partir do século XVII, tomando como modelo o ideal de cientificidade calcado na Matemática e validado pela experimentação. Como essas Ciências são capazes de estudar a Natureza de modo preciso, rigoroso e, de certo modo, acabado, só restará à Filosofia dedicar-se ao estudo do Homem. No entanto, no século XIX e no início do século XX, surgem as Ciências Humanas ou Sociais (Sociologia, História, Antropologia, Psicologia, Linguística, etc.), que reivindicam para si a propriedade de estudar esse objeto em conformidade com o modelo das Ciências Naturais. O aparecimento das Ciências Humanas termina por separar e distinguir a Filosofia da Ciência. Não há, então, mais algum modo de relacionar a Filosofia e a Ciência? Não tem mais a Filosofia nenhum papel na compreensão da Natureza e do Homem? É preciso, assim, retomar a relação entre Filosofia e Ciência como formas distintas de colocar problemas.
A questão da objetividade e da cientificidade na Ciência e nas Ciências
Humanas
A partir da Revolução Científica do século XVII, o estatuto de
cientificidade da Ciência passa a ser definido em função de um método rigoroso, pautado numa linguagem matemática, exata, objetiva, universal e necessária, desvinculada de toda a subjetividade e valor. A Ciência deve, assim, ser entendida como uma forma de conhecimento, cuja tarefa é a de apropriar-se do real e explicá-lo de modo objetivo, mediante o estabelecimento de leis universais e necessárias entre os fenômenos, leis estas previsíveis e passíveis de controle experimental. Observa-se, deste modo, uma relação intrínseca entre a cientificidade e a objetividade de uma ciência.O modelo de cientificidade e de objetividade da Matemática e das Ciências da Natureza torna-se o ideal de cientificidade e de objetividade a ser procurado nas Ciências Humanas. Toda esta busca suscita uma série de questões: as Ciências Humanas, tendo uma especificidade própria, não devem ser construídas segundo o modelo de explicação das Ciências Naturais? Se elas não seguem este modelo, podem ser ditas Ciências? Se o modelo de cientificidade das Ciências Naturais se estrutura na objetividade, na ausência de aspectos subjetivos e qualitativos, como fazer com que as Ciências Humanas sejam Ciências, se o seu objeto de estudo, o Homem, é o domínio da subjetividade, dos valores? Sendo assim, podem ser construídas segundo outro modelo de cientificidade? Em suma, questiona-se a cientificidade da Ciência em termos restritos à objetividade. São as Ciências Humanas apenas o domínio da subjetividade? Não são estas Ciências subjetivas e objetivas no que se refere aos seus objetos de estudo? O mesmo não poderia ser dito das Ciências Naturais?Todas estas questões apontam para a problemática da subjetividade e da objetividade nas Ciências Naturais e nas Ciências Humanas. Neste aspecto, a crise dos fundamentos, ocorrida no final do século XIX e no decorrer do século XX, tornou possível pensar a construção de um modelo de cientificidade para as Ciências Humanas e a Filosofia, em moldes distintos daqueles das Ciências Naturais. "Adaptado de http://www.sectec.rj.gov.br/redeescola/especialistas/filosofia/tema02 /fil-tm02.html"
EXPLICAÇÃO E COMPREENSÃO O século XIX assiste a um despertar e a um desenvolvimento do estudo do homem, da sua história, da sua linguagem e dos seus costumes, equivalente àquele que no século XVII se verificara relativamente ao estudo da natureza. Ou seja: tal como as Ciências da Natureza nascem, na sua cientificidade própria e específica, no século XVII, também as Ciências Humanas, as Ciências Sociais ou Ciências do Espírito nascem efetivamente no século XIX. Não nascem, todavia, pacificamente. Esse nascimento é marcado por um conflito de modelos de inteligibilidade [...].Neste conflito entre modelos de inteligibilidade, um dos pólos é representado pelo positivismo, que [...] procura, na concretização desse sonho, transpor para as Ciências Humanas o ideal da inteligibilidade em que assenta a cientificidade das Ciências da Natureza. [...]Ao primado metodológico das Ciências da Natureza sobre as Ciências do Espírito defendido pelo positivismo, vai opor-se um grupo de autores extremamente significativo na segunda metade do século XIX, de que é justo destacar Droysen e Dilthey, que virão a cunhar definitivamente os conceitos de explicação e compreensão e a pugnar tenazmente pela autonomia metodológica das Ciências do Espírito.[...] É neste quadro que se insere a reformulação do binômio metodológico entre as Ciências da Natureza e as Ciências do Espírito, por Droysen e por Dilthey. O primeiro cunha definitivamente a distinção entre explicar e compreender, como indícios e marcas de dois processos distintos no âmbito do saber: assim, ao método científico físico-matemático corresponderia um conhecimento explicativo e ao método científico histórico corresponderia um conhecimento compreensivo. Dilthey aprofunda esta distinção institucionalizando correlativamente a expressão Ciências do Espírito. Assim, para ele, as manifestações da vida e as objetivações do homem no mundo social e histórico constituem o principal ponto de abordagem das Ciências do Espírito e a via de acesso a elas é a compreensão, a qual definirá a atitude hermenêutica face à história".J. M. André (1993). "Natureza e espírito", 0 Professor, 35, Nov/Dez, pp. 8-10.