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e reflexões
RESUMO
ABSTRACT
This article is a part of a master's dissertation in Teaching that aimed to discuss the
continuing education of teachers of the Brazilian federal institutes of education (offering
technical and higher education levels). For this, we made dialogue circles with six
professors who teach at different bachelor's degrees available in one of these higher
education institutions, in the north part of the state of Rio de Janeiro. The objective of
the research was to investigate what this group conceives as continuing education and
whether it considers it relevant or not in the development of its teaching career. We
supported five meetings with the following subjects: continuing education, teacher
identity, challenges of teaching practice in higher education and reports of experiences.
It was possible to conclude that the model of continuing education proposed in this
research and practiced by the group, that is the continuingeducation in service, came to
be considered by them as "the most important formation". They pointed out that
meetings like these, with exchange of experiences and reflections about theirs practices,
were an important tool for changing the paradigm and for the empowerment of the
group and the teaching profession. Thus, we hope that this article brings reflections to
the importance of continuing education in service and that other groups of teachers and
institutions stimulate space / time for such powerful meetings among education
professionals can happen.
RÉSUMÉ
Cet article est le résultat d’un mémoire de maîtrise sur l’enseignement qui visait à
discuter de la formation continue des enseignants des instituts fédéraux de formation
(offrant un enseignement technique et supérieur). Pour cela, nous avons organisé des
groupes de paroles avec six enseignantes qui travaillent dans les cours de premier cycle
proposés dans l’un de ces établissements, dans la région nord de l’État de Rio de
Janeiro. L'objectif de la recherche était d'examiner ce que ce groupe conçoit comme une
formation continue et s'il le considère pertinent ou non pour le développement de sa
carrière d'enseignant. Nous avons animé cinq réunions sur les thèmes suivants :
formation continue, identité de l'enseignant, défis de la pratique de l'enseignement dans
l'enseignement supérieur et comptes rendus d'expériences. Nous pouvons conclure que
le modèle de formation continue proposé dans cette recherche et mis en pratique par le
groupe, à savoir la formation continue en service, était considéré par les participants
comme « la formation la plus importante ». La rencontre entre pairs pour partager leurs
expériences et réfléchir à leur pratique a été désignée comme un outil important pour le
changement de paradigme et pour l’autonomisation du groupe et de la profession
enseignante. Nous espérons donc que cet article amène des réflexions sur l’importance
de la formation continue en service et que d’autres groupes d’enseignants et
d’institutions osent donner de l’espace / du temps voulus pour des réunions aussi
enrichissantes entre professionnels de l’éducation.
RESUMEN
INTRODUÇÃO
Saber lidar com essas subjetividades e emoções e com suas próprias emoções
não é tarefa fácil para o professor, que se desdobra em tantas outras atividades
profissionais e também pessoais. Não devemos nos esquecer que o professor é um ser
humano, não uma máquina, como pode parecer. “O professor é uma pessoa; e uma parte
importante da pessoa é o professor” (Nias, 1991 apudNóvoa, 1992, p. 15).
Como pessoa, o professor também possui dilemas, crises existenciais e
profissionais. Há dias em que ele se sente o “super-homem” ou a “mulher maravilha”,
capaz de enfrentar os maiores e mais difíceis obstáculos. E há dias em que está tão
desanimado que sua resposta a um “bom dia” é: “e o que ele tem de bom?”. Manter o
“encantamento”, manter-se motivado e motivando também é outro desafio na profissão
docente, ainda mais quando se trata de professores que atuam em cursos que formam
futuros professores.
O professor sabe, ele tem consciência de que há uma grande responsabilidade
em suas mãos, a responsabilidade de formar pessoas, antes mesmo de profissionais.
Essa consciência denota outra dimensão do trabalho docente: a dimensão política, que
nada mais é que o comprometimento com o bem comum e com a diminuição das
desigualdades sociais. Para Paulo Freire (1989), o papel do professor não é nem
doutrinador, nem tão pouco espontaneísta e sim libertador. A educação libertadora é
aquela que promove a emancipação dos alunos, aquela que os auxilia a superar a visão
ingênua, alcançando uma visão crítica do mundo.
O reconhecimento de tamanhos desafios, comuns ao exercício da docência na
educação superior e no Instituto Federal, nos conduz a reafirmarmos o quão necessário é
que este professor seja formado contínua e permanentemente por meio de um modelo de
formação continuada que lhe forneça subsídios para o enfrentamento desses desafios,
acolhendo as subjetividades, fortalecendo o grupo, valorizando suas experiências e
contemplando a realidade cotidiana da sala de aula. Mas infelizmente, esta formação -
a formação continuada em serviço - ainda não é praticada pelos professores nos
institutos federais e uma das razões para isso é a falta de incentivo legal e de valorização
institucional.
Não encontramos em qualquer legislação, norma, plano ou regulamentação a
garantia ou incentivo à formação continuada em serviço de professores da educação
superior. Em consonância com a lei nº 9394/96 (BRASIL, 1996), a lei nº 8112/90
(BRASIL, 1991) que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos federais,
prevê apenas o afastamento do servidor, por um tempo determinado, para participação
em cursos de capacitação profissional e de pós-graduação lato e/ou stricto sensu.
Essa constatação, aliás, demonstra o nível de importância, ou o lugar que a
educação e seus profissionais ocupam nas políticas estatais brasileiras. A desvalorização
da educação pública e de seus professores é notória nas ações governamentais de
desmonte, de corte de verbas, bolsas e investimentos na formação docente, prova disso é
o, já citado, número discrepante de cursos de licenciatura ofertados em instituições
privadas, no turno noturno e na modalidade a distância.
[...] Formação continuada na minha cabeça é bastante coisa, não sei se é uma coisa só.
Talvez o objetivo seja o mesmo, mas eu acho que ela pode se dar, se desdobrar em
diferentes ramificações, né? Então eu conceituei como um aprimoramento ou um
aprofundamento dos conhecimentos que foram construídos na formação inicial, na
medida em que você está num outro tempo enquanto profissional e parte então, como
pontapé inicial, de uma primeira formação, que é de onde você vem. Então esse
caminho de prosseguir a formação, que é fundamental para nós professores, você vai
também além de poder aprofundar conhecimentos, digamos prévios, que foram
estabelecidos num primeiro momento, você vai adquirindo novas habilidades, novas
competências, novos saberes e essa aquisição pode e deve se dar em serviço.[...] Há
possibilidades formalizáveis e informais. Você vai se formando à medida que vai
estudando todos os dias. Você se forma e informa todos os dias. Os alunos nos
desafiam a estudar, a se formar. [...] Então, pra finalizar eu também considero como
formação continuada um tipo de especialização, dependendo do que você escolhe ou do
que você pretende com a sua formação continuada e ao mesmo tempo esse processo
que é direto, dialético, enfim, de permanência de conhecimentos e saberes, de
atualização e ressignificação de saberes do eu profissional. (Professora Angélica)
Basicamente eu entendo como todo e qualquer tipo de formação que ocorre depois de
concluído o ensino inicial, a formação inicial né – no ensino superior –, desde que
registrados formalmente, que tenham essencialmente carga horária, conteúdo
programático. Pode ser extensão, pós-graduação, pode ser lato sensu, stricto sensu,
todo tipo de formação que se dá depois de concluída a formação inicial. (Professora
Susana)
Na primeira fala observa-se que a professora Angélica conceitua formação
continuada de maneira bastante ampla e detalhada. A professora Susana, contudo, foi
mais sucinta, expressando que compreende como formação continuada apenas cursos
“formais”, que ela denominou como aqueles que são “registrados formalmente”.
Também observamos que a professora Angélica cita a formação em serviço
como uma das possibilidades de formação continuada. Sobre este modelo de formação
as participantes consideram que:
Eu acho que é uma grande dificuldade das instituições: promover uma formação
continuada em serviço dentro de um horário que está programado milimetricamente
para aulas e planejamento e etc. Então muitos profissionais acabam se alienando da
própria formação continuada por uma questão estrutural, já que eles não são
viabilizados no sentido de estarem em serviço se formando, eles precisam, além de toda
essa carga horária, dispor de uma outra carga horária, das madrugadas, nos finais de
semana, para se formar. (Professora Angélica)
Pra ser bem sincera, depois que a gente começa a trabalhar e começa a compartilhar
com os colegas e a se encontrar, pra mim fica como sendo a formação mais importante.
Hoje a formação mais importante pra mim é esse tipo de formação, ele (a formação
continuada em serviço) é orgânico, ele te conecta com pessoas que compartilham da
missão que a gente escolhe, a missão profissional, e dá exatamente isso que você falou
um tipo de empoderamento que é político, que é de grupo, que é de ter a sua opinião
ouvida dentro de um contexto, não só institucional não porque vai além. (Professora
Susana)
Eu acho que precisa ser uma tendência (a formação continuada em serviço), porque
toda a proposta do sistema educacional como um todo, seja em que nível for de
formação, é muito solitário, é muito individual. Você vai para o seu caminho e às vezes
você não compartilha das suas angústias, dos seus saberes, desse compartilhamento
como um todo nem com quem está ao seu lado. Então eu acho que isso é muito humano
e nós precisamos desse humano [...]. (Professora Rosa)
Considerações finais
Referências
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