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Organização Mundial do Comércio

Tipo Organização internacional


Fundação 1 de janeiro de 1995 (25 anos)
Sede Genebra
 Suíça
Membros 164 (até 29 de julho de 2016)[1]
Línguas oficiais inglês, espanhol e francês
Diretor Geral  Roberto Azevêdo
Empregados 640[2]
Sítio oficial www.wto.org

Organização Mundial do Comércio (OMC) é uma organização criada com o objetivo


de supervisionar e liberalizar o comércio internacional. A OMC surgiu oficialmente em
1 de janeiro de 1995, com o Acordo de Marraquexe, em substituição ao Acordo Geral
de Tarifas e Comércio (GATT), que começara em 1947.[3] A organização lida com a
regulamentação do comércio entre os seus países-membros; fornece uma estrutura para
negociação e formalização de acordos comerciais e um processo de resolução de
conflitos que visa reforçar a adesão dos participantes aos acordos da OMC, que são
assinados pelos representantes dos governos dos Estados-membros[4] e ratificados
pelos parlamentos nacionais.[5] A maior parte das questões em que a OMC se concentra
são provenientes de negociações comerciais anteriores, especialmente a partir
da Rodada Uruguai (1986-1994). A rodada de negociações atualmente em curso - a
primeira da OMC (as anteriores eram rodadas do GATT) - é a Rodada Doha.

História
Após a Segunda Guerra Mundial, instituições mercantilistas dedicadas à cooperação
social internacional foram criadas pelos Acordos de Bretton Woods: o Banco Mundial,
o Fundo Monetário Internacional e a Organização Internacional do Comércio.[6] Esta
não se materializou e a saída para a regulação no comércio foi o Acordo Geral de
Tarifas e Comércio (GATT), até quando no fim do século XX, uma organização
intergovernamental foi estabelecida, a OMC.

Antecedentes
Os economistas Harry White (à esquerda) e John Maynard Keynes (à direita) durante
a Conferência de Bretton Woods. Ambos foram fortes defensores de um ambiente de
comércio internacional liberal e recomendaram a criação de três instituições:
o FMI (para questões fiscais e monetárias), o Banco Mundial (por questões financeiras e
estruturais) e a OIC (para a cooperação econômica internacional).[7]

Em Agosto de 1942, os Estados Unidos convidaram seus aliados de guerra a iniciar


negociações a fim de criarem um acordo bipolar para a redução recíproca das tarifas de
comércio de bens. Para realizar este objetivo, tentou-se criar a Organização
Internacional do Comércio (em inglês, International Trade Organization - ITO). Um
Comitê Preparatório teve início em fevereiro de 1946 e trabalhou até novembro de
1947. Em Março de 1943 as negociações quanto à Carta da Organização Internacional
do Comércio (OIC) não foram completadas com sucesso em Havana. Esta Carta tentava
estabelecer efetivamente a OIC e designar as principais regras para o comércio
internacional e outros assuntos econômicos. Esta Carta nunca entrou em vigor, foi
submetida inúmeras vezes ao Congresso dos Estados Unidos que nunca a aprovou.
Em fevereiro de 1946 um acordo foi alcançado, o GATT. Finalmente, em 29 de
novembro de 1949, 148 países assinaram o “Protocolo de Provisão de Aplicação do
Acordo Geral de Tarifas e Comércio” com o objetivo de evitar a onda protecionista que
marcou os anos 40. Nesta época os países tomaram uma série de medidas para proteger
os produtos nacionais e evitar a entrada de produtos de outros países, como por meio de
baixos impostos para exportação.

Na ausência de uma real organização internacional para o comércio, o GATT supriu


essa demanda, como uma instituição provisória. O GATT foi o único
instrumento multilateral a tratar do comércio internacional de 1947 até o
estabelecimento, em 1994, da OMC. Apesar das tentativas de se criar algum mecanismo
institucionalizado para tratar do comércio internacional, o GATT continuou operando
por quase meio século como um mecanismo semi-institucionalizado.

Criação
Após uma série de negociações frustradas, na Ronda do Uruguai foi criada a OMC, de
caráter permanente, substituindo o GATT. Importante ressaltar que qualquer um de seus
membros pode dela se retirar, após o transcurso de seis meses da sua comunicação,
através de correspondência encaminhada ao diretor-geral da Organização.
O surgimento da OMC foi um importante marco na ordem internacional que começara a
ser delineada no fim da Segunda Guerra Mundial. Ela surge a partir dos preceitos
estabelecidos pela Organização Internacional do Comércio (OIC), consolidados na
Carta de Havana, e, uma vez que esta não foi levada adiante pela não aceitação
do Congresso dos Estados Unidos, principal economia do planeta, com um PIB maior
do que o das outras potências todas somadas, imputou-os no GATT de 1959, um acordo
temporário, que acabou vigorando até a criação efetiva da OMC após as negociações
da Rodada do Uruguai em 1993.

A OMC entrou em funcionamento em 1 de janeiro de 1995 [8]. Em 23 de


julho de 2008, Cabo Verde tornou-se membro.[9] Em 16 de dezembro de 2011,
a Rússia tornou-se membro.

Doha
Lançada em 2001, a Rodada Doha possui foco explícito em atender as necessidades
dos países em desenvolvimento. Em junho de 2012, o futuro da Rodada Doha
continuava incerto: o programa de trabalho apresenta 21 temas em que o prazo original
de 1 de janeiro de 2005 foi perdido e a rodada continua incompleta. [10] O conflito sobre
o livre comércio de bens industriais e de serviços, está entre a manutenção
do protecionismo em subsídios agrícolas para os setores agrícolas nacionais (defendido
pelos países desenvolvidos) e o compromisso da liberalização internacional do comércio
justo de produtos agrícolas (defendido pelos países em desenvolvimento), o que
continua a ser o principal obstáculo das negociações. Estes pontos de discórdia têm
impedido qualquer progresso de novas negociações na OMC, além da Rodada Doha.
Como resultado deste impasse, tem havido um número crescente de assinaturas
de acordos de livre comércio bilaterais.[11]

Em 7 de maio de 2013, o diplomata brasileiro Roberto Azevêdo foi eleito diretor-geral


da organização, após concorrer ao cargo com um mexicano, e assumiu em setembro de
2013.[12] Azevêdo lidera uma equipe de mais de 600 pessoas em Genebra, Suíça, onde
fica a sede da organização.
Funções
As suas funções são:
gerenciar os acordos que compõem o sistema multilateral de comércio[13]
servir de fórum para comércio nacional (firmar acordos internacionais)
supervisionar a adoção dos acordos e implementação destes acordos pelos membros da
organização (verificar as políticas comerciais nacionais).

Outra função muito importante na OMC é o sistema de resolução de controvérsias [14], o


que a destaca entre outras instituições internacionais. Este mecanismo foi criado para
solucionar os conflitos gerados pela aplicação dos acordos sobre o comércio
internacional entre os membros da OMC.
Além disso, a cada dois anos a OMC deve realizar pelo menos uma Conferência
Ministerial.

Existe um Conselho Geral que implementa as decisões alcançadas na Conferência e é


responsável pela administração diária. A Conferência Ministerial escolhe um diretor
geral com o mandato de quatro anos. Atualmente o Diretor geral é o brasileiro Roberto
Azevêdo.

A OMC foi criada com a conclusão da Ronda do Uruguai, em 15.12.1993, e com a


assinatura de sua Ata Final, em 15.4.1994, em Marrakech[15].

Princípios
A atuação da OMC pauta-se por alguns princípios na busca do comércio náutico e
também nas rivalidades entre os países.[16]

Princípio da não-discriminação: este princípio envolve duas considerações. O artigo I


do GATT 1994, na parte referente a bens, estabelece o princípio da nação mais
favorecida. Isto significa que se um país conceder a outro país um benefício terá
obrigatoriamente que estender aos demais membros da OMC a mesma vantagem ou
privilégio. O artigo III do GATT 1994, na parte referente a bens, estabelece o princípio
do tratamento nacional. Este impede o tratamento diferenciado aos produtos
internacionais para evitar desfavorecê-los na competição com os produtos nacionais.

Princípio da Previsibilidade: para impedir a restrição ao comércio internacional este


princípio garante a previsibilidade sobre as regras e sobre o acesso ao comércio
internacional por meio da consolidação dos compromissos tarifários para bens e das
listas de ofertas em serviços. Regula também outras áreas da OMC, como
TRIPS* Página oficial sobre o Acordo TRIPs (em inglês) , TRIMS Acordo Geral de
Tarifas e Comércio, Barreiras Técnicas e SPS.

Princípio da Concorrência Leal: este princípio visa garantir um comércio internacional


justo, sem práticas desleais, como os subsídios (alguns Estados dão dinheiro aos
agricultores de seus países, permitindo a produção de itens mais baratos e mais
competitivos perante os itens/produtos dos outros países), e está previsto nos artigos VI
e XVI. No entanto, só foram efetivados após os Acordos Antidumping e de Subsídios,
que, além de regularem estas práticas, também previram medidas para combater os
danos delas provenientes.
Princípio da Proibição de Restrições Quantitativas: estabelecido no Art. XI do GATT
1994 impede que os países façam restrições quantitativas, ou seja, imponham quotas ou
proibições a certos produtos internacionais como forma de proteger a produção
nacional. A OMC aceita apenas o uso das tarifas como forma de proteção, desde que a
lista de compromissos dos países preveja o uso de quotas tarifárias.

Princípio do Tratamento Especial e Diferenciado para Países em Desenvolvimento:


estabelecido no Art. XXVIII e na Parte IV do GATT 1994. Por este princípio os países
em desenvolvimento terão vantagens tarifárias, além de medidas mais favoráveis que
deverão ser realizadas pelos países desenvolvidos.

Estrutura
O Conselho Geral tem os seguintes órgãos subsidiários que supervisionam comitês em
diferentes áreas:

Centro William Rappard, sede da OMC em Genebra, Suíça.


Conselho para o Comércio de Bens
Existem 11 comitês sob a jurisdição do Conselho de Bens, cada um com uma tarefa
específica. Todos os membros da OMC participam das comissões. A Supervisão dos
Têxteis é separada dos outros comitês, mas ainda sob a jurisdição do Conselhos de
Comércio. O corpo tem seu próprio presidente e apenas 10 membros, além de também
ter vários grupos relacionados aos têxteis.[17]

Conselho para os Aspectos dos Direitos de Propriedade Intelectual


Informações sobre propriedade intelectual na OMC, notícias e registros oficiais das
atividades do Conselho TRIPS e os detalhes do trabalho com outras organizações
internacionais no domínio da OMC.[18]

Conselho para o Comércio de Serviços


O Conselho para o Comércio de Serviços opera sob a orientação do Conselho Geral e é
responsável por supervisionar o funcionamento do Acordo Geral sobre Comércio de
Serviços (GATS). É aberto a todos os membros da OMC e pode criar órgãos
subsidiários conforme necessário.[19]

Comitê de Negociações Comerciais


O Comitê de Negociações Comerciais (CNC) é a comissão que lida com as atuais
rodadas de negociações de comércio. O presidente é o diretor-geral da OMC. Em junho
de 2012, o comitê foi encarregado da Rodada Doha.[20]

O Conselho Federal tem três órgãos subsidiários: serviços financeiros, regulamentos


internos, as regras do GATS e compromissos específicos. [17] O Conselho Geral tem
vários comitês e grupos de trabalho diferentes.[21] Existem comitês sobre o seguintes
temas: Comércio e Meio Ambiente; Comércio e Desenvolvimento (Subcomissão de
Países menos Desenvolvidos); acordos regionais de comércio; balança de pagamentos e
restrições; Orçamento, Finanças e Administração, Adesão, Comércio, Dívida e Finanças
e Comércio e Transferência de Tecnologia.

Rodadas
Ver artigo principal:  Rodadas da Organização Mundial do Comércio
As negociações no âmbito do antigo GATT e hoje na OMC são chamadas de rondas. A
cada ronda é lançada uma agenda de temas que serão discutidos entre os membros da
OMC para firmarem acordos.

O Art. DXIV do GATT prevê as rondas como forma dos membros da OMC negociarem
e decidirem sobre a diminuição das tarifas de importação e a abertura dos mercados, por
exemplo.

No GATT (1941 a 1954) ocorreram 17 Rondas de Negociação e na OMC em 2003


iniciou-se a Rodada de Doha ainda em curso.

O resumo das Rondas de Negociação na história do sistema multilateral de comércio:[22]


1ª ronda: Genebra - 1947 - 23 países participantes - tema coberto: tarifas
2ª ronda: Annecy - 1949 - 13 países participantes - tema coberto: tarifas
3ª ronda: Torquay - 1950-51 - 38 países participantes - tema coberto:tarifas
4ª ronda: Genebra - 1955-56 - 26 países participantes - tema coberto:tarifas
5ª ronda: Dillon - 1960-61 - 26 países participantes - tema coberto: tarifas
6ª ronda: Kennedy - 1964-67 - 62 países participantes - temas cobertos: tarifas e
medidas antidumping
7ª ronda: Tóquio - 1973-79 - 102 países participantes - temas cobertos: tarifas, medidas
não tarifárias, cláusula de habilitação
8ª ronda: Uruguai - 1986-93 - 123 países participantes - temas cobertos: tarifas,
agricultura, serviços, propriedade intelectual, medidas de investimento, novo marco
jurídico, OMC.
9ª ronda: Doha - 2001 até os dias atuais - 149 países participantes - temas cobertos:
tarifas, agricultura, serviços, facilitação de comércio, solução de controvérsia, "regras"

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