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Candidata:
Carlota Henriques
Nampula
2016
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
Nampula
2016
Índice
LISTA DE GRÁFICOS............................................................................................................vii
DECLARAÇÃO DE HONRA................................................................................................viii
AGRADECIMENTOS..............................................................................................................ix
DEDICATÓRIA.........................................................................................................................x
Resumo......................................................................................................................................xi
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO.............................................................................................12
1. Tema.....................................................................................................................................14
1.4. Justificativa........................................................................................................................14
1.6. Problematização.................................................................................................................16
1.7. Hipóteses............................................................................................................................17
1.8. Relevância..........................................................................................................................17
2.1.1. Valor...............................................................................................................................19
2.1.2. Cultura.............................................................................................................................19
2.1.3. Sociedade........................................................................................................................21
3.4.2. Amostra...........................................................................................................................44
Dra – Doutora;
H – Hipótese;
LISTA DE GRÁFICO
Gráfico 1: Anos de Serviço na Instituição................................................................................45
Declaro por minha honra que este trabalho é o resultado da minha investigação pessoal e das
orientações do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão
devidamente mencionadas no texto, nas referências bibliográficas.
Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma instituição para obtenção de
qualquer grau académico.
_____________________________________________
Nampula, aos ____ de _____________de 2016
AGRADECIMENTOS
Endereço os meus agradecimentos ao meu supervisor drAmérico Alberto Capena, pela sua
atenção, paciência e carinho que teve para supervisionar esta monografia;
Ainda vão também à minha família e o restante dos colegas do curso, que directas ou
indirectamente comparticiparam nesta batalha profissional, não só, mas também a minha mãe
por me ter apoiado ao longo deste percurso;
Aos meus irmãos pela coragem e dedicação e ajuda que têm me dado no quotidiano desta
nobre tarefa de cada um dos meus passos.
Neste capítulo fez-se menção dos aspectos introdutórios que situam a pesquisa levada a cabo.
É de salientar que os símbolos e práticas culturais dos povos são elementos que os distinguem
na relação entre si, na perspectiva endógena e exógena, e constituem elementos essências de
investigação para os antropólogos culturais, quanto ao conhecimento das populações que
pretendem investigar. O estudo das práticas culturais está também ligado ao conceito de etnia.
O trabalho versa sobre um dos temas que constitui grande importância na actualidade no
concernente aos Valores Culturais da Sociedade Makonde: Caso da Tatuagem do Planalto de
Mueda no Período de 2011-2015, pretendendo concretamente analisar o contributo da
tatuagem makonde como identidade da cultura de um povotendo em conta os reais factores
que condicionam a submeter um individuo ao processo de escarificação.
A presente pesquisa tem como tema: Valores Culturais da Sociedade Makonde: Caso da
Tatuagem no Planalto de Mueda no Período de 2011-2015.Sabe-se que a identidade cultural
é um conjunto vivo de conexões sociais e patrimónios simbólicos historicamente
compartilhados que constituem a uniformidade de determinados valores entre os membros de
uma sociedade.
O presente estudo tem como objecto: O contributo da tatuagem para a identidade da cultura
do povo makonde.
1.4. Justificativa
Todavia, pretendendo saber qual será o contributo das tatuagens como símbolo de identidade
da cultura Makonde.
As tatuagens no rosto das populações do distrito de Mueda são uma marca dos Makondes,
elas são feitas de uma forma um tanto quanto tradicional, e é exactamente isso que faz dessas
a autora pretende levar a cabo de modo a apurar as reais causas de existência dessas tatuagens,
e qual o significado na cultura da sociedade makonde.
Estudar e investigar a temática dos valores culturais é importante porque é uma das temáticas
que mais atenção tem merecido as análises socioculturais das próprias comunidades. Portanto,
a tatuagem como um factor de identidade da cultura de um povo constitui elementos que o
distingue na relação entre si, na perspectiva endógena e exógena, e constitui elemento
essencial de uma determinada cultura.
Os valores culturais como factor de identidade da cultura são processuais tal como a
sociedade e a unidade nacional da moçambicanidade. Por isso, devem ser alimentadas
quotidianamente por todos e cada um de nós.
Portanto, de acordo com o autor da pesquisa sustenta que objectivos são finalidades, metas a
serem alcançadas num determinado trabalho ou acção.
Se o escravo era do género feminino, os filhos não tinham likola, o que os colocava
socialmente numa posição semelhante, aos que tem um filho natural numa sociedade
europeia, nesse caso, eram as marcas que defendiam o Makonde, sendo portanto, pertença
dum grupo identificado como tal. Segundo relatos antigos havia indivíduos Makonde sem
likola própria (tinham likola por adopção), por provirem de um antepassado feito escravo,
através de linhagem de descendência uterina. Às vezes, estes filhos de escravos eram
adoptados por um chefe da povoação e vinham a suceder-lhe, sendo portanto oficializados
como Makonde de pleno direito.
Segundo BARROS (1999:28), ‘’toda a pesquisa tem origem num problema sentido, numa
perspectiva frustrada, numa dificuldade teórica ou frustrada.’’
Baseando-se neste autor, o problema desta monografia, parte logo a prior a pesquisadora notar
as marcas da tatuagem Makonde verificado nos residentes no Planalto de Mueda, distrito do
mesmo nome. Existem muitas provas arqueológicas que afirmam que tatuagens foram feitas
no Egipto entre 4000 e 2000 a.C. e também por nativos da Polinésia, Filipinas, Indonésia e
Nova Zelândia (maori), tatuavam-se em rituais ligados a religião.
A Igreja Católica na Idade Média baniu a tatuagem da Europa (Em 787, ela foi proibida pelo
Papa), sendo considerada como uma prática demoníaca, comummente caracterizando-a como
prática de vandalismo no próprio corpo, afirmando em sua doutrina como maneira de
vilipendiar o templo do Espírito Santo, o corpo, levando seus fiéis a uma forma
verdadeiramente recta de louvor a Deus.
Analisado este facto, constatou-se o seguinte problema: Até que ponto a tatuagem contribui
para a identidade cultural do povo makonde?
1.7. Hipóteses
RUDIO (1999:97), observa que, “Hipótese é uma suposição que se faz na tentativa de
explicar o que se desconhece. Esta suposição tem por características o facto de ser
provisória, devendo, portanto, ser testada para verificar sua validade.”
Segundo GIL, (1999:56) “hipótese é uma suposta resposta a ser investigada. E uma
proposição que se forma e que será aceite ou rejeitada somente depois de devidamente
testada”
Este posicionamento dá a ideia de que hipótese é um prognóstico que o pesquisador faz sobre
aquilo que vai pesquisar e que de certa forma, pode ou não ser aceite dependendo das
circunstâncias enfrentadas no terreno.
A tatuagem contribui para a identidade cultural da sociedade como um símbolo que identifica
o povo makonde;
H 1:A tatuagem contribui para a identidade cultural da sociedade makonde na aceitação dos
costumes ancestrais, sendo as tatuagens as mais objectivas expressões culturais que
simbolizam o conceito de pertença.
H 2:A tatuagem contribui para a identidade cultural da sociedade, na medida em que após
sujeitas as práticas identitárias, o tatuado torna-se makonde por assimilação e
automaticamente pertence ao clã.
1.8. Relevância
A presente Monografia de pesquisa científica está centrado nos valores culturais da sociedade
makonde como símbolo de identidade da cultura de um povo sendo as tatuagens as mais
expressivas. Portanto, este tema é de grande relevância no âmbito social, pois assenta-se na
falta de conhecimentos da cultura de um povo perante a sociedade. Que com este estudo,
poderá dinamizar o conhecimento sobre a tatuagem como símbolo de identidade dos valores
culturais da sociedade makonde.
Entretanto, cada sistema cultural tem a sua própria lógica, e não passa de um acto primário do
etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro, considerando lógico apenas
o seu, e atribuindo aos demais, um alto grau de irracionalidade. A coerência de um hábito
cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence, pois cada cultura
ordenou a seu modo o mundo que a circunscreve.
Portanto, o estudo da tatuagem makonde traz conhecimento, prazer, e diversos bens que para
as pessoas tem grande relevância.
Na nova geração, seja nos seus vários segmentos, percebe-se que muitas vezes se faz um
julgamento precoce dos indivíduos, apenas por considerar errado alguns aspectos culturais
existentes em sua cultura, não sabendo diferenciar e nem respeitar que tais factos mesmo não
sendo considerados correctos, pertencem àquela determinada cultura e que isto não o torna
irracional, mas sim, diferente.
É neste contexto que a tatuagem makonde irá contribuir para nova geração a ter
conhecimentos de que a cultura faz parte da totalidade de uma determinada sociedade, nação
ou povo. Essa totalidade diz respeito a tudo que configura o viver colectivo. São os costumes,
os hábitos, a maneira de agir, de pensar, as técnicas que ao serem utilizadas levam ao
desenvolvimento e a interacção do homem com a própria natureza, tudo o que diz respeito a
essa sociedade.
CAPÍTULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1.1. Valor
Para a autora da pesquisa entende o termo valor crenças que fazem parte da cultura de um
povo e que ajudam esse povo a viver em harmonia e interpretar melhor o mundo que lhe
rodeia.
Valor é uma relação de não-indiferença entre o homem e os elementos com que ele se
defronta. Eis porque o valor pode ser positivo ou negativo. Na relação de não-indiferença
temos a atitude de valoração. Assim, uma situação compreende uma multiplicidade de
elementos que, em si mesmos, não valem nem deixam de valer, simplesmente são, estão aí.
Mas quando se relacionam com o homem, passam a ter significado, passam a valer e isto nos
permite entender o valor como uma relação de não-indiferença. Podemos, pois, afirmar que o
homem é o lugar único da valorização, (SAVIANI, 2000:19).
2.1.2. Cultura
ROCHA (1984:187), que a cultura “é uma série de itens identificáveis, unitários, separados, mas
que formam um todo complexo. Que a mudança nas sociedades se daria pela invenção,
consequência do aperfeiçoamento do “eu” demaneira que por trás do ser “civilizado”, fôssemos
séries de homens até o seu irmão mais primitivo”..
Nas diversas culturas, essas dimensões podem assumir significações diferentes, de acordo
com a hierarquia de valores nelas dominante. Mediante as representações mentais cada
sociedade elabora uma imagem de si mesma. Deste modo a vida humana recebe da cultura o
seu sentido e a sua orientação.
Ainda com FERNANDES (1988:18), “é a cultura que oferece a totalidade de sentido e que
confere a autentica finalidade de existência”. Por outras, palavras, é ela que, clarificando a
quotidianidade, permite ao homem através de representações vividas, descobrir-se como ser
os outros no mundo, isto é, enquanto ser ao mesmo tempo individual e social, e unificar os
seus anseios pessoais em projectos colectivos.
A cultura aparece tanto mais unificada quanto mais também os valores, que são os seus
núcleos principais da integração, se apresentam hierarquizados. Nas sociedades tradicionais
ela assenta em valores considerados como essenciais e centrais, que actuam como princípio
organizador e exercem uma função reguladora dando fundamento às normas, legitimando os
saberes e enformando a vida. Assim configurada, ela assegura a coerência toda a trama social,
tanto na sua acção material como na sua função fabuladora e de representação.
Na sua expressão mais acabada, essas culturas encontram a sua forma apropriada nas
sociedades sacrais. Em tal situação histórica, os valores religiosos, que cimentam os
sistemasde relação e apontam o destino aos homens aparecem no mesmo tempo como
fundadores, legitimadores e unificadores.
2.1.3. Sociedade
Portanto, a sociedade pode ser vista como um grupo de pessoas com semelhanças étnicas,
culturais, políticas e/ou religiosas ou mesmo pessoas com um objectivo comum. As
sociedades humanas são formadas por entidades populacionais cujos habitantes e o seu
entorno se inter-relacionam num projecto comum que lhes outorga uma identidade de
pertença. O conceito também implica que o grupo partilhe laços ideológicos, económicos e
políticos.
O exterior exerce um importante papel na formação de nossa identidade, que está presente no
nosso imaginário e é transmitida, fundamentalmente, por meio da cultura. A identidade é o
que nos diferencia dos outros, o que nos caracteriza como pessoa ou como grupo social. Ela é
definida pelo conjunto de papéis que desempenhamos e é determinada pelas condições sociais
decorrentes da produção da vida material.
Ainda com o autor em alusão, a identidade muda de acordo com a forma como o sujeito é
interpelado ou representado, ela não é automática. Ele apresenta-nos três concepções de
sujeito e suas respectivas identidades: o sujeito do Iluminismo, o sujeito sociológico e o
sujeito pós-moderno.
A diversidade cultural são diferenças culturais que existem entre o ser humano. Há vários
tipos, tais como: a linguagem, danças, vestuário, religião e outras tradições como a
organização da sociedade. A diversidade cultural é algo associada à dinâmica do processo de
aceitação da sociedade. Pessoas que por algumas razões decidem pautar suas vidas por
normas pré-estabelecidas tendem a esquecer suas próprias idiossincrasias (Mistura De
Culturas). Por outras palavras, o todo vigente impõe-se às necessidades individuais. O
denominado "status quo" deflagra natural e espontaneamente, e como diria Hegel, num
processo dialéctico, a adequação significativa do ser ao meio. A cultura insere o indivíduo
num meio social.
Existem duas teorias básicas sobre a origem dos Bantu, dos quais descende ogrupo étnico
posteriormente designado Makonde. A primeira teoria, indicava que um grupo/linguístico do
Sueste da Nigéria era o mais próximodas restantes línguas Bantu. Este autor supunha que uma
dessas línguas se teriaespalhado para Sul e Leste, ao longo de centenas de anos. Outra teoria
diz que várias línguas Bantu eramas da Zâmbia e Sul da actual República Democrática do
Congo, propondo, como teoriaalternativa, dever ser esta região a originária dos Bantu. Esta
teoria é apoiada por fontesNorte-Africanas e do Médio Oriente que, porém, não falam da
existência de Bantu aNorte de Moçambique, antes do ano 1000 (GUTHRIE, 1948:87)..
Hoje em dia, é priorizada uma síntese daquelas duas teorias: assim os Bantuteriam tido
origem na região dos rios Benue-Cross, no Sueste da Nigéria e, terãoemigrado, primeiro, para
a região actualmente designada Zâmbia.
Por volta do segundo milénio a.C., provavelmente impelidos pela desertificaçãodo Sahara,
foram forçados a espalhar-se, numa primeira fase pelas florestas tropicais daÁfrica Central.
Cerca de 1000 anos mais tarde, iniciaram uma segunda fase deexpansão, mais rápida, para as
savanas da África Austral e Oriental.
Na terceira fase estes povos tinham alcançado o actual Zimbabwe e a África doSul, onde se
estabeleceu o primeiro grande império do hemisfério Sul e que teve comocapital o Grande
Zimbabwe e que controlou as rotas de comércio desde a África do Sulaté ao Zambeze e o
ouro, cobre, pedras preciosas, marfim e instrumentos de metal queeram trocados com os
comerciantes árabes da zona litoral (VANSINA, 1995:108).
Alguns Makonde, ainda hoje,mencionam que seus avós falavam na existência de homens
anões. Mas ignoravam ondee como viviam, apenas garantindo que habitavam fora do
planalto. Julga-se que estepovo apresenta traços culturais com os povos do Sul do Zaire, e
com os Chewa, quehabitam as margens do lago Niassa. Refere a tradição oral que a origem
deste povoentronca no citado lago, pelo que se pode ligar ao grupo Marave que em
dataindeterminada migraram ao longo do rio Lugenda até à confluência com o rio Rovuma.
Este povo acabou por se fixar na área de Negomano e os indivíduos que posteriormente se
alojaram nos planaltos passaram a designar-se Makonde, em consequência das características
do lugar.
Os membros da mesma etnia, mas que vivem nas zonas baixas do planalto (terras baixas), são
designados por Vandonde porque habitam Kudonde, “Terra onde há pedras”. Os que vivem
nas zonas baixas do Rovuma são designados por Valuma porque habitam Kuluma, isto é, o rio
em Shimakonde é Luma. Os que habitam no litoral marítimo são conhecidos por Vamanga,
visto que vivem Kumanga, porque às zonas baixas do litoral Índico, os Makondes chamam-
lhes Manga, (ROSEIRO, 2013:44-45).
Ainda com o mesmo autor, diz que a designação Makonde só pode ter começado a ser
usadadepois de um grupo de indivíduos se ter fixado no planalto de Mueda, seja qual for asua
origem. Sabemos, pois, que Makonde refere-se a um certo tipo de paisagem efecundidade da
terra, tornando-se a identificação do indivíduo que a habita. Makondeescrito com K significa
terra fértil, (KumakondeKukondaVinu) portanto: terra dosMakondeKukundaVinu.Postas estas
diferenças, independentemente das particularidades atrás expostasrelacionadas com o lugar de
habitação, neste trabalho usaremos a designação deMakonde para nos referirmos a todos os
membros desta etnia.
A permanência nas planícies não foi fácil nem pacífica, talvez por dois motivos, o primeiro,
terá sido devido às frequentes guerras travadas com os Maviti e os Angóni, também eles de
origem etnolinguísticabantu, em segundo, devido a prováveis alterações climáticas por altura
das migrações, em que a seca foi intensa e perdurou por vários anos, a ponto dos rios secarem,
da terra não produzir os recursos que necessitavam e da caça abandonar o território. É
provável que isso tivesse acontecido, não é todavia argumento que convença, pois deve ter-se
em linha de conta, que outros povos teriam também subido em massa às terras altas e aqui
fala-se dos Macua, Mantanbwé, Yao, Agoni, entre outros, que, se assim não fosse, teriam
sucumbido a essas alterações climatéricas. Não se sabe se os Makonde exploraram primeiro o
planalto, ou como obtiveram a certeza, de que este era habitável e possuidor de condições
climatéricas favoráveis e haver terras férteis. (ROSEIRO, 2013:48).
No refúgio dos planaltos, rodeados de inimigos, os Makonde imprimiam extrema violência na
defesa do seu espaço, não dando qualquer hipótese a que alguém ali penetrasse, fazendo assim
jus à lenda - invencíveis e temerários, no seu território e fora dele.
Para ROSEIRO (2013:44), “A grande identidade dos traços culturais dos Makonde com
alguns dos gruposoriundos da antiga Rodésia, Congo, Lunda e Libéria parece ser prova
suficiente de umpassado remoto comum, numa época em que, ainda unidos, iam dirigindo os
seuspassos para leste”.
Durante os confrontos com os Ajaua, os Makonde levaram sempre a melhor, não só pela sua
agressividade frente ao inimigo, mas sobretudo, pela magnífica posição geográfica defensiva
em que se encontravam, protegidos por escarpas a Norte, Sul eOeste, e por matagal espesso,
espinhoso e impenetrável a Este. Tirando partido das condições naturais, escondiam as suas
aldeias nos locais mais densos da floresta, criando os carreiros de acesso estreitos, sinuosos,
labirintos, onde os intrusos se perdiam neste emaranhado espinhoso das veredas. O mato
cerradíssimo servia de protecção, mas para maior segurança, todas as aldeias eram lugares
fortificados, cercados por paliçadas com uma ou duas entradas que à noite eram trancadas.
Além disso, por entre o mato que os cercavam, abriam fossos, dentro dos quais colocavam
estacas pontiagudas e disfarçadas, com ramagens. Estas eram armadilhas extremamente
perigosas e também uma das técnicas muito usadas na caça grossa.
É muito provável que nessa altura os Makonde tivessem, pela sua intervenção, contribuído
para a dispersão dos Ajaua. É até possível admitir que os ataques atribuídos aos Macua se
devessem de facto aos Makonde. Não sendo o objectivo deste trabalho a investigação da
ocupação deste território de Cabo Delgado por outros povos que não os Makonde, apenas se
referem alguns, por entendermos ser importante a sua referência, para melhor se avaliar o
carácter deste povo. Foram os Gwangara e os Maviti (e Angóni) que mais influenciaram as
populações do vale do Rovuma, com as suas constantes investidas, aniquilando e
desorganizando as populações que aí se fixaram.
Os Makonde das zonas baixas tiveram um maior contacto com os outros povos, contacto esse
que deu lugar a uma maior miscigenação. Muitos dos que emigraram e se radicaram no
Tanganica e mesmo os que não conhecem as tradições relativas às origens do seu povo,
entendem que os Makonde dos dois lados do Rovuma e os Andonde são seus parentes.
A religião, tal como a magia, decorrem de situações que originam tensão emocional tais como
“crises da vida, lacunas emobjectivos, morte e iniciação nos mistérios tribais, infelicidade no
amor e ódio nãomitigado. Tanto a magia como a religião permitem escapes para tais situações
eimpasses, e só proporcionam uma saída empírica, passando pelo ritual e pela crençapara o
domínio do sobrenatural, (MALINOWSKY, 1990:88).
Embora religião e magia possam ter a mesma origem, elas diferenciam-se na prática.
Enquanto a técnica da magia é muito própria, limitada e circunscrita ao feitiço, rito e estado
do praticante, a religião é algo muito mais complexo, tanto nas técnicas como nos objectivos.
Enquanto na magia o poder reside no homem (mágico ou feiticeiro que a exerce) para que se
obtenha os efeitos desejados, na religião o poder encontra-se na fé no sobrenatural,
envolvendo dogmas e crenças inquestionáveis para quem a prática.
Eles acreditam num criador único ou divindade suprema - é uma divindade longínqua, que
criou o mundo e se distanciou dele, deixando a administração a seus filhos, divinizados, que
são ancestrais fundadores de linhagens. Por isso, essa divindade ou deus único só raramente é
objecto de culto colectivo, geralmente reservado às divindades secundárias, espíritos
ancestrais. São estes que fazem o elo entre os homens e o deus único, criador de tudo o que
existe no mundo Bantu, (ROSEIRO, 2013:61).
Costuma-se reduzir e simplificar as religiões dos povos Bantu pelo culto dos ancestrais. Essa
energia ou força vital, cuja fonte é o próprio deus criador, é distribuída, em ordem
decrescente, aos ancestrais e defuntos que fazem parte do mundo divino; em seguida ao
mundo dos vivos, numa relação hierárquica, começando pelos chefes de aldeias, de linhagens,
pais e filhos e finalmente, ao mundo animal, vegetal e mineral.
Trata-se de uma visão antropocêntrica, na qual o homem constitui o centro e o interesse maior
de toda a obra de Deus. A força vital explica a existência da vida, da doença e da morte, do
sofrimento, da depressão ou fadiga, de qualquer injustiça ou fracasso, da felicidade, da
riqueza, da pobreza, da miséria, entre outros (ERIKSON, 1990:87).
Contudo, os Makonde não fogem à pressão dos novos interesses económicos que se espalham
por todo o território de Moçambique, bem como dos novos cultos religiosos emergentes e
também ali procuram a sua difusão.
Os rituais nos Makonde acontecem durante as mudanças mais significativas pelas quais
passam em suas vidas: nascimento, entrada na vida adulta, casamento e morte.Em muitas
outras sociedades, não africanas, aparentemente sem tradição iniciática, estes quatro
acontecimentos, são marcados por rituais seculares ou religiosos, sendo entendidos como a
concepção circular da vida.
Até mesmo entre os Makonde, não se fala abertamente dos aspectos mais privados dos rituais
de iniciação. Circuncisão, escarificações, exposição prolongada ao frio ou ao calor, resistência
a provas físicas, cicatrizes de combates ou tatuagens resultantes dos ritos de iniciação,
possuem um carácter bastante emblemático, da transição entre o jovem e o adulto nas
sociedades tradicionais. Estes rituais parecem encerrar em si um quê de tortura cruel, gratuita,
desnecessária, a quem não pertence ao grupo.
Para GENNEP (1978:26), “as sociedades menos evoluídas são aquelas em que o mundo
sagrado se sobrepõe ao profano, dada a natureza essencial dos ritos, a religiosa e o facto de o
indivíduo pertencer a uma sociedade configura a obrigatoriedade das passagens de uma
sociedade a outra, ou de uma situação social a outra”.
2.3.1. Rituais de Passagem
São funções dos rituais manter a cultura integrada e estabelecer ligações com o passado dos
indivíduos envolvidos, para que eles possam reviver determinadas experiências já vividas por
seus antepassados.
Os rituais de iniciação, mais do que uma cerimónia, são o marco mais importante da vida do
Makonde. Constituem um período de provação e promoção, em que o iniciado passa a ser um
elemento válido na comunidade. Só depois de integrado, será mais uma peça pertencente ao
corpo e espírito da aldeia. Trata-se de uma lei imutável, que ninguém discute e todos
respeitam, não devendo ser profanada, nem sequer pela inconfidência, para com os estranhos
aos clãs.
A iniciação parece-se em muitos aspectos com um 'sacramento' que põe em contacto como
transcendente, quer porque lhe revela parte do sagrado (o iniciado conhece os mistérios), quer
porque sacraliza o homem.A iniciação é, portanto, a “forma sintética dos ritos de passagem,
por meio dos quais ela opera”. Mas a iniciação é mais do que simplesmente um rito de
transição, ela é um rito de formação. Esta formação vai diferenciar os participantes ou o
círculo dos neófitos dos “de fora”, daqueles exactamente não-iniciados. Numerosas iniciações
contam com ritos de inscrição nos corpos de marcas, signos visíveis da formação e
transformação de nova identidade (escarificações, circuncisões, modificação do formato dos
dentes, perfurações no nariz ou lábios etc.) (BOURDIEU, 1986:115).
Contudo, os Makonde, assim como muitos outros povos, dãomuita importância aos rituais de
passagem, sendo os mais importantes os de iniciaçãomasculina e feminina. Intimamente
ligado aos rituais de iniciação masculina está oMapiko, tal como o Lingundunbwe está para o
feminino.
2.3.2. A Velhice e o Espírito dos Antepassados
A velhice apresenta-se como um assunto não contornável. Para a maior parte das culturas pré-
industriais o último capítulo da vida está associado à resignação diante do inevitável: perda de
poder, impotência sexual, queda da saúde e vitalidade e perda do status familiar e social. O
termo terceira idade (do original francês, troisième age) foi criado no século XX, em França.
O termo generalizou-se um pouco por todo o mundo e serve para designar pessoas que
chegaram à velhice. No entanto, a percepção do “papel dos velhos” nas dinâmicas familiares e
sociais, não é homogénea, (ROSEIRO, 2013:120).
Os velhos Makonde são venerados pelos mais novos, para além do que eles possam
representar na sociedade, respeitam-nos, principalmente, porque são “os mais velhos.”
À medida que aumenta a expectativa de vida e cresce o percentual de pessoas idosas, elas
deixam de ser os depositários da “Memória” da experiência ou conhecimento, deixam de ser a
“biblioteca” porque passaram a ser muitos, ao mesmo tempo que cresce a sabedoria entre os
mais novos. Tem sido observado uma mudança radical no significado do envelhecimento e na
maneira de ver os idosos (SILVA, 2008:24).
Todavia, os Makonde consideram os idosos como garante dos costumes e do saber, sendo
figuras de referência na sociedade étnica e as conversas com eles, curiosamente calmos e
tranquilos, confrontam-se com a agressividade de outrora e a “esperteza” de muitos jovens,
agora em luta pela sobrevivência.
As sociedades criam mitos e estabelecem ritualidades, sejam em clãs, tribos ou estados e que
desempenham papéis úteis, fundamentais, na compreensão dessas sociedades: “talvez os
mitos sirvam como uma espécie de “ciência”, que explica por que o mundo é como é, por que
há homens e mulheres, como foi criado o fogo, os fenómenos da natureza e assim por diante”.
São os velhos que melhor mantêm, reproduzem e constroem os mitos e eles sabem da função
do mito na conservação das tradições e identidade cultural. Os velhos são os reprodutores da
história, são eles que os jovens escutam e com eles aprendem os segredos da vida.
Durante o trabalho de campo, foi possível notar que os dentes afilados e as tatuagensdefinem
o Makonde, em oposição aos não Makonde, sobretudo em relação àspopulações Macua
espalhadas nas regiões. Estas marcas conferiam aos Makonde adiferença e davam-lhes
também a imagem de aguerridos, fortes, e pouco dispostos a brincadeiras, que não convinha,
de forma alguma, hostilizar.
Os Makondes tiveram contacto, uns comos outros, essas evidências estão presentes nos
objectos de adorno pessoal, costumes de escarificação, tatuagem e mutilação dentária. Ora
sabe-se que o contacto é factor importante no caldeamento e na mistura de culturas, transfere
destas elementos, tradições e novos olhares sobre outras realidades, porém a origem
longínqua da linhagem Bantu mantém presentes memórias comuns. O uso generalizado da
escarificação, das argolas no nariz, e pratos labiais, bem como exemplos de solução de
continuidade dos dentes foram, e alguns ainda são, sinais étnicos que se verificam por quase
toda a África negra subsariana (WEULE, 2000:201).
Do ponto de vista social, os Makonde há muito que partiram para a corrida do futuro e não
tarda que do seu passado restem apenas registos dos estudiosos, histórias ou rituais simulados,
tradições perdidas ou reinventadas, durante as festas tradicionais mais ou menos folclóricas,
que servem para o encontro de famílias e vizinhos e são momentos que os distanciam da
realidade do presente, encarados quase sempre como actividade lúdica e social.
O corpo é um mistério para o próprio homem e este, aspirando à eternidade, inventa a alma
para além do corpo e, como não a pode decorar por etérea, grava os seus símbolos da entidade
física biológica, em que se revê. O corpo, em particular para os povos de culturas africanas,
representa a possibilidade em si da permanência dos seus ancestrais. No corpo, a história dos
seus antepassados permanece viva (ROSEIRO, 2013:126).
As tatuagens são as suas insígnias e que determinam o seu lugar na sociedade, a sua posição
terra. A configuração esquemática das tatuagens varia, em geral, segundo o sexo e a parte do
corpo onde incide. A escarificação, é feita por meio, do “silambelodinembo” uma espécie de
faca afiada, empregando-se na sua elaboração substâncias cáusticas e matérias corantes, à
mistura com cinza, que serve, simultaneamente, para obter altos e baixos-relevos, dar cor e
desinfectar. O fogo é o agente geral que facilita e purifica a operação.
Segundo OLIVEIRA (2007:101) “a história dos ancestrais africanos permanece inscrita nos
corpos porque é através dele que se tem acesso à ancestralidade. Na análise feita em assuntos
como tatuagens, escarificações,mutilações e deformações corporais, observamos que
aparentemente a maioria dasmarcas corporais tem incidência nas sociedades primitivas, onde
há um maiorenraizamento da cultura na natureza, as quais mantêm tradicionalmente essas
formas dealterar as cores e/ou contornos da pele”
Portanto, as marcas na pele tem um poder simbólico para o indivíduo como pertença da tribo,
uma vez que esses códigos incrustados na pele determinam semelhanças entre as pessoas
marcadas e, por meio disso, o sentimento de pertença a essa mesma cultura, à mesma “Tribo”,
á mesma ordem politica ou religiosa (COSTA, 2003:57).
Além das sociedades imprimirem uma identidade cultural colectiva nos corpos dos
indivíduos, elas determinam um período para que a aplicação das marcas seja realizada. Esse
tempo específico acontece em rituais de transição, sendo o desenvolvimento da sexualidade
especialmente marcado dessa forma.
A cultura de uma sociedade está impressa no corpo do sujeito na forma de vestimenta,
comportamento e/ou marcas corporais. Por isso, este conjunto singular de expressão corporal,
fora do seu contexto, expressa a cultura a que pertence, visto que é o corpo a primeira forma
de visibilidade do homem. O corpo também é divulgador, dir-se-ia mesmo a montra, do que
se passa na mente humana, sendo os sentimentos do indivíduo impregnados nas marcas
corporais que possui. A relação entre o corpo e a cultura reflecte-se mutuamente, pois estes
mudam juntamente com os interesses da sociedade a que pertencem. Assim, a construção
social dos corpos dá-se pela imitação, uma vez que as características prestigiosas são
transmitidas, de geração para geração, mediante uma imagem montada pela cultura, para ser
copiada por todos os seus membros, (ROSEIRO, 2013:127).
Dessa forma, a estética corporal é artificial, já que o corpo é moldado para se adaptar à visão
moral de uma esfera sócio cultural em que está inserido. Este corpo padronizado
esteticamente para atender um estatuto social é submetido a inúmeras práticas corporais,
como: tatuagens, escarificação, circuncisão e deformações pelo uso do botoque ou outros
objectos em qualquer parte do corpo (MAUSS, 1979:85).
É notório que a mulher Makonde de Moçambique não tem o costume de perfurar as orelhas,
como as de Tanganica que no início do século vinte, usavam rodelas de madeira no lóbulo
auricular, sendo comum entre elas o uso da ndona, apenas com algumas diferenças em relação
às mulheres Makonde - a espessura do prato e a cor da madeira utilizada.Outro elemento
diferenciador era a Dona yaNkalinga, usual nas Makonde deMoçambique. O uso da ndona,
obrigava à perfuração do lábio superior das raparigas porvolta dos dez ou onze anos e a
intervenção, era feita com um arame bem afiado ou umaagulha, próximo do septo nasal.
O processo tem que ser repetido até que a cicatriz fique proeminente e distinta, de acordo com
o desejado. Depois de concluído o processo, resulta uma marca cicatricial,perceptível à vista e
ao tacto.O aspecto tridimensional da escarificação transmite a sensação de alto e baixo-relevo.
Ao ser escarificado por fases, a pele reage surgindo uma irritação cicatricial.Quando a pele é
ferida, as células multiplicam-se para preencher o espaço que ficou vazio devido à morte
celular. Quando as células se reproduzem, mesmo após o preenchimento deste espaço, o
resultado é uma cicatriz hipertrófica, designada na literatura médica como um quelóide.
Em África as escarificações não têm o mesmo significado nos povos que praticam, mas
concluímos que os Makonde usam a escarificação como uma marca distintiva da etnia a que
pertencem e também como um ornamento de beleza. Assim a escarificação, insere-se
inicialmente na necessidade que o sujeito tem de se diferenciar dos demais e ser reconhecido
por alguma característica pessoal particular e intransferível e refere-se, ainda, ao desejo de se
sentir inserido num grupo social e em contexto semelhantes (PIRES, 2005:80).
Relativamente aos desenhos corporais, os próprios Makonde referem que devido ao uso de
instrumentos de corte mais afiados, tem sido possível evoluir para padrões mais elaborados,
do que os que se faziam antigamente. Observou-se que as marcas ainda visíveis no rosto de
algumas mulheres e homens, estão atenuadas devido à passagem do tempo e ao
envelhecimento natural da pele.
Também se sabe que as escarificações podem ser efectuadas ao longo da vida, em momentos
considerados importantes ao ponto de deverem ser assinalados, como por exemplo, a
passagem à puberdade, à fase adulta, ao casamento, aos feitos de caça ou guerreiros, o que
uma vez mais confirma que o importante, são os sinais que registamos.
Estes mostram de forma visível e informativa a sua passagem pelos acontecimentos marcantes
da sua vida, quer a nível pessoal, quer a nível colectivo. Assim, a função mais importante dos
estigmas corporais é ajudar a construir uma identidade social para o indivíduo, bem como a
cultura em que esse indivíduo se insere.
Os padrões e diversificação das linhas e formas, ajudam a criar uma linguagem visual através
da qual, as pessoas podem comunicar, ler e fazerem os padrões em uso na aldeia, cuja
simbologia é passada de pais para filhos. Os Makonde acreditam que esse tipo de
comunicação visual, ajuda a criar ordem e forma na sociedade e acreditam também que a
escarificação tem uma função mágica e sobrenatural.
Os Makonde não usam os padrões de escarificação para fazer distinções entre as classes
sociais, portanto qualquer um é livre de escolher e optar por um destes desenhos ornamentais
(DIAS &DIAS, 1964:197).
As tatuagens processam-se no corpo por meio de cortes, nos quais esfregam um pó de carvão
vegetal. Quando a operação é feita de uma só vez, a pele fica lisa e as cicatrizes formam
ligeiras depressões, onde sobressai o desenho num tom escuro, esta técnica dá mais carácter à
tatuagem.
Quando se fala na etnia Makonde não devemos deixar de falar de arte. Esta surge sempre
como símbolo distintivo deste povo, nascido de mistérios desconhecidos e inventados, fruto
da lenda das coisas simples ou absurdas, tão ao jeito dos criadores de histórias e identidades
adjectivadas, quantas vezes divulgadas e contadas em qualquer esquina por romanceiros
cantadores. A verdade é que dos artistas muitas vezes desconhecidos, nascem primorosas
obras de arte conservadas em museus e residências privilegiadas, enquanto os criadores na
maioria dos casos, para sobreviver, regressam às origens, tratando da machamba, conservando
apenas a memória nos catálogos e, de vez em quando, para deleite de algum político, esses
artistas são celebrados e dados como parte da história e da glória efémera, que dura apenas o
tempo do discurso (ROSEIRO, 2013:141).
Os Makonde elevam a arte ao nível dos afectos e das representações reais da natureza.
Executam obras perfeitas e complexas, de razoável porte, que representam tantas vezes o seu
cosmos e que falam das suas raízes imaginárias ou reais. Falam dos seres vivos e dos espíritos
dos mortos. A arte Makonde não pode nem deve ser tida como expressão da arte Menor.
Como em todo o mundo existem bons e maus artistas, e nesta região de África existe uma arte
típica e exclusiva deste povo hábil e curiosamente sensível. A inspiração artística Makonde é
mais expressiva na escultura, onde não existem padrões escolásticos e académicos, o que lhes
dá uma liberdade total.
A arte nasce naturalmente das mãos dos artistas ao sabor da espontaneidade. Pode-se
classificar os estilos da estatuária Makonde do seguinte modo: a tradicional, durante o período
colonial e a moderna que vai até aos dias de hoje.
Durante o período colonial a produção deste tipo de artesanato foi encorajada pelos
administradores e missionários que queriam lembranças do seu tempo em
Moçambique para exposições coloniais na Europa. O gosto dos Makonde pela escultura em
madeira foi facilitado, porque a madeira é um recurso local. Tal facto, possibilitou o
desenvolvimento deste tipo de artesanato, muito comum mas valioso na economia local.
Estas mudanças vieramimpor um estilo diferente, que viria a ser conhecido como estilo
Shetani. O autor quelhe deu início foi Samaki, natural do planalto de Mueda. Shetani, é
também umapalavra, usada para traduzir os espíritos Nandenga do universo Makonde, que
tambémsão representados no Mapiko. (espíritos benignos e malignos) representados por
figuras com um só dedo e uma só perna, um só olho, um só cabelo (SUGLER, 2003:17).
A palavra Shetani, pode ainda ser usada, para descrever qualquer figura ou espírito não
identificado, como animais de diferentes tamanhos, principalmente nocturnos e misteriosos.
Cada Shetani têm o seu próprio nome e ambiente geográfico. Os Shetanis não explicam o
mundo, mas com todas as suas fábulas ajudam a passar as dificuldades que podem ocorrer no
dia-a-dia.
Actualmente a escultura Makonde encontrou o seu caminho, convivem os vários estilos que
reflectem as origens e o percurso deste povo. Como exemplo dessa geração, conhecemos
NtalumaArrone nascido em Nanhagaia, um escultor que desenvolveu um estilo muito próprio,
com obras expostas por todo o mundo desde 1992. Para ele, uma imagem não é só um
simulacro provido de qualidades vivas, é também uma forma de o homem manifestar o seu
imaginário.
CAPÍTULO III: METODOLOGIA DE PESQUISA
Neste capítulo fez-se referência aos métodos que foram usados para a realização desta
pesquisa e tornaram possível a obtenção de dados para se fazer esta monografia. Nisto versa a
metodologia e os procedimentos a serem usados para a descrição do tema do presente estudo.
Para tais efeitos, na obtenção de dados necessários e que deram vida a monografia científica,
optou-se pelos métodos de observação directa, pois permitea facilitação rápidaao acesso a
dados sobre situações habituais em que o povo makonde faz as escarificações e tatuagens no
corpo, todavia, procurando-se saber qual será o contributodas tais tatuagens para a identidade
da cultura nas sociedades makonde.
No concernente ao tipo de pesquisa usada nesta monografia, importa referir que tratou-se de
uma pesquisa qualitativa porque permitiu a pesquisadora fazer uma análise compreensiva e
crítica dos dados ou informações obtidas no terreno. O uso de uma pesquisa qualitativa se
deve ao tipo de instrumentos que foram empregues: observação e questionário.
Segundo CHIZZOTTI, (1998:79) “Pesquisa qualitativa permite uma relação entre o mundo
real e o sujeito uma interdependência viva entre o mundo, o sujeito e o objecto e a
subjectividade do sujeito integrante”. É a modalidade que foi usada na recolha de dados para
obtenção das informações que foram úteis na elaboração do trabalho final.
Portanto, este tipo de pesquisa permitiu a investigadora mergulhar no desenrolar de factos de
vários intervenientes em determinado período sem, contudo interferir directamente nos
princípios, valores do grupo alvo.
A pesquisa realizada foi qualitativa. Na visão de SILVA & MENEZES (2001:33), “não se
requer uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte directa para a
colecta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. Os pesquisadores tendem a analisar
os seus dados indutivamente”.
Na visão da autora desta monografia, sustenta que a pesquisa realizada foi do tipo qualitativa,
visto que esta insere-se interacção dinâmica entre o pesquisador e o objecto de estudo, onde o
pesquisador colhe os dados com a sua originalidade, a partir das fontes primárias e credíveis.
Uma pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos obtidos no contacto directo
com a situação estudada. Qualquer espécie de pesquisa, em qualquer área, supõe e exige uma
pesquisa de género de forma prévia, quer para o levantamento da situação da questão, quer
para a fundamentação teórica ou ainda para justificar os limites e contribuições da própria
pesquisa, para além de que procura explicar um problema a partir de referências teóricas
publicadas em documentos.
3.1.3. Quanto aos Procedimentos
Segundo MARCONI & LAKATOS (1991:47), “o método indutivo consiste num processo
mental que, partindo-se de dados particulares, suficientemente constatados, infere-se uma
verdade geral ou universal, não contida nas partes examinadas”.
Esse método prevê que pela indução experimental o pesquisador pode chegar a uma lei geral
por meio da observação de certos casos particulares sobre o objecto (fenómeno/facto)
observado. Nesse sentido, o pesquisador sai das constatações particulares sobre os fenómenos
observados até as leis e teorias gerais. Pode-se concluir que a trajectória do pensamento vai de
casos particulares a leis gerais sobre os fenómenos investigados.
Nessa perspectiva, o exercício metódico do conhecer afirma uma posição indutiva do sujeito
em relação ao objecto, na qual a investigação científica é uma questão de generalização
provável, a partir dos resultados obtidos por meio das observações e das experiências.
A escolha deste método surge no sentido de que logo à prior, a perceber-se duma lacuna, no
que tange ao contributo da tatuagem para a identidade cultural do povo Makonde no Planalto
de Mueda. Nisto, formularam-se hipóteses que possibilitarão a confirmação ou rejeição do
problema já detectado.
Para a materialização do presente trabalho, diversas técnicas e métodos foram utilizadas com
intuito de colectar informações, desde dos dados primários que permitiram o estudo, contacto
com a amostra e análise de documentos já existentes acerca do tema em causa, é o caso das
obras e teses; os dados primários que ainda não sofreram nenhum estudo e análise, é o caso da
observação e entrevista como técnicas de colecta de dados.
3.3.1. Colecta de Dados Primários
Segundo GIL (1999:100) “a observação não é nada mais que o uso de sentidos com vista a
adquirir os conhecimentos necessários para o quotidiano.”.
Como toda técnica, os questionários, tem suas vantagens e suas limitações, atingirem um
grande número de indivíduos mesmo que em regiões afastadas uma das outras, gasto zero
com pessoal qualificado para aplicar o questionário porque não é necessário o treinamento dos
pesquisadores, permitirem que as pessoas respondam ao questionário na hora que
determinarem oportuna, garantir o anonimato das respostas, são algumas das vantagens de se
fazer um questionário para a obtenção de dados.
De salientar que as técnicas supracitadas anteriormente para a colecta de dados, como são o
caso da observação e questionários procedeu-se de acordo com a disponibilidade dos
pesquisados (residentes, funcionários da casa cultural e régulos de bairros) do Planalto de
Mueda, para além da observação que dispensa a qualquer contributo da população alvo.
3.3.2. Colecta de Dados Secundários
Neste trabalho, a consulta bibliográfica serviu para a confrontação das informações escritas e
os dados recolhidos no local da pesquisa, isto é, os dados apurados nas entrevistas a serem
realizadas pelos residentes, funcionários e régulos de bairros.
3.4.1. População
3.4.2. Amostra
Amostra abaixo, foi definida com base nesse ideal. Reconhecendo que esta pesquisa é de
grande amplitude, a pesquisadora optou em definir a amostra de 15 (quinze) pessoas, sendo
10 (dez)residentes; 3 (três) funcionários da Casa Cultura; e 2(dois)régulos de bairros do
Planalto de Mueda.
Esta amostra é não probabilística, pois os elementos da pesquisa tem a mesma oportunidade
de serem escolhidos, isto é, existem possibilidades iguais para todos elementos. Todavia, a
escolha aleatória teve como objectivo garantir a representatividade da amostra, tendo
permitido que ela tivesse todas as características do universo em alusão.
CAPÍTULO IV: ANÁLISE, APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DE DADOS
O tema desta monografia diz respeito aosValores Culturais da Sociedade Makonde: Caso da
Tatuagem do Planalto de Mueda no Período de 2010-2014.
Esta pesquisa, foi possível com a participação dos residentes, funcionários da casa cultura e
régulos dos bairros que constituíram um total de 15 elementos, cuja escolha foi de forma
aleatória. Os questionários oferecem as respostas dadas pelos inqueridos sobre o tema em
estudo.
30%
40%
7 Anos
4 Anos
2 Anos
30%
No concernente, a terceira pergunta na qual queria-se saber: Que relação tem a cultura
makonde com as marcas de tatuagem? Nesta pergunta, 7 inqueridos equivalentes a 70%
responderam que a tatuagem é um símbolo que identifica a cultura makonde visto que a
cultura é uma série de itens identitários que formam um complexo, e 3 (30%) disseram que a
relação assenta-se no reconhecimento de pertença de um indivíduo.
Para a autora desta monografia sublinha que a relação da tatuagem com a cultura maconde
está na identidade do povo makondenas crenças, as ideias e os valores que formam o
conteúdo da cultura.
30%
Simbologia Cultural e
Identitaria que Formam
um Complexo
Reconhecimento de
Pertenca de um
Individuo
70%
Para a quarta questão queria se saber o seguinte:O que simboliza a tatuagem makonde para
com a sociedade? Portanto, nesta questão 50% dos inqueridos responderam que a tatuagem
makonde para a sociedade simboliza a hereditariedade e personalidade de base makonde, e
50% disseram que simbolizam a pertença de um grupo, ou seja, pertença de uma tribo ou
clã.Portanto, das respostas auferidas validam a hipótese secundária segunda que diz: a
tatuagem contribui para a identidade cultural da sociedade, na medida em que após sujeitas
as práticas identitárias, o tatuado torna-se makonde por assimilação e automaticamente
pertence ao clã.
20%
Danças Mapiko e
escultura
Rituais de iniciação, de
morte e de caça.
80%
Portanto, a resposta valida a hipótese secundária primeira que diz: a tatuagem contribui para
a identidade cultural da sociedade makonde na aceitação dos costumes ancestrais, sendo as
tatuagens as mais objectivas expressões culturais que simbolizam o conceito de pertença.
Para a primeira questão procurava-se saber: Porque o povo makonde faz a tatuagem nos
rostos? Como resposta 1 funcionário equivalente a 33,3% disse que os makondes fazendo as
tatuagens nos rostos como forma de exibir a sua beleza, 2 inquiridos equivalentes a 66,7%
responderam que fazem a tatuagem com o propósito de ser um indivíduo que passou aos
rituais de passagem e automaticamente pertencente ao clã ou a uma tribo.
Entretanto, esta resposta valida a hipótese secundária segunda na qual diz: a tatuagem
contribui para a identidade cultural da sociedade, na medida em que após sujeitas as
práticas identitárias, o tatuado torna-se makonde por assimilação e automaticamente
pertence ao clã.
34%
Exibição da Beleza
Indivíduo Rituado e
pertencente ao clã ou a
uma tribo.
66%
33%
Todavia, valida a hipótese secundária primária na qual sustenta: a tatuagem contribui para a
identidade cultural da sociedade makonde na aceitação dos costumes ancestrais, sendo as
tatuagens as mais objectivas expressões culturais que simbolizam o conceito de pertença.
No que refere a quinta estão na qual diz: Actualmente, um indivíduo não submetido à
tatuagem pode considerar-se makonde? Porque?Em resposta, todos foram unânimes em dizer
que “sim” visto que nos tempos actuais a tatuagem já não é obrigatória e com a diversidade
cultural, ou seja, ao contacto com outras culturas, as marcas nos rostos foram abandonadas
por vários makondes.
A sexta questão procurava saber o seguinte:Que relação tem a tatuagem com a religião da
sociedade makonde? Nesta pergunta, todos os inqueridos optaram em deixar a resposta em
branco dizendo que faziam menir ideia. De acordo com a autora desta monografia, a relação
assenta-se na espécie de protecção, de amuleto na medida em que lhes dá um sentido religioso
e também determinam uma identidade colectiva. Isto significa que partilham um único sentido
cultural.
Para a autora, nos tempos actuais, a cultura makonde vem sofrendo alterações ou mudanças
devido a diversidade cultural caracterizada por existência de uma multiplicidade de culturas
ou de identidades culturais onde as pessoas tendem esquecer da sua própria cultura.
No que refere a quarta questão na qual pretendia saber: No período colonial, como era
caracterizada a cultura do povo makonde? Nesta questão todos foram unânimes em
responder que o governo colonial havia contrariado os rituais de iniciação e foram presos
vários mestres Vanalombwa, visto que não tinham essência, moral ofendiam os princípios
religiosos.
Neste passo, vai-se revelar a sorte final das hipóteses com o objectivo de evidenciar a resposta
do problema “Até que ponto a tatuagem contribui para a identidade cultural do povo
makonde?”
Das respostas dadas pelos residentes, funcionários da casa cultura e os régulos de bairros do
Planalto de Mueda, prende-se no facto de que a tatuagem contribui para a identidade cultural
da sociedade makonde na aceitação dos costumes ancestrais e crenças culturais que
simbolizam o conceito de pertença.
No questionário submetido aos funcionários da casa cultura, das respostas dadas revelam que
a tatuagem contribui no reconhecimento da cultura do povo makonde na aceitação dos
costumes ancestrais e crenças culturais, sendo as tatuagens as mais objectivas expressões
culturais que simbolizam o conceito de pertença. Validando a hipótese secundária primeira, e
refutando a hipótese primária e secundária segunda.
Conclusão
Todavia, é de realçar que cada povo tem a sua maneira “de ser” e “estar” e estas são
ancoradas nastradições, nos princípios, nos costumes e no modo de vida da sua comunidade.
Nestesentido, cada povo tem características específicas, que são o reflexo das suas qualidades,
neste casoo povo Makonde não foge a este princípio.
Na actualidade as práticas culturais mais expressivas, que persistem, são os ritosde iniciação.
Estes, embora decorram num espaço de tempo mais reduzido de queacontecia há décadas
atrás, por imposição da vida actual, continuam a manter umcarácter sagrado e secreto,
envolvendo variadíssimas cerimónias.
Quanto às tatuagens, as mesmas continuam a ser visíveis, com maiorrelevância nas mulheres
também de mais idade. Esta forma de arte decorativa do corpo,com padrões próprios
representativo de uma cultura, encontra-se também em fase deextinção.
O estudo dos resultados dos dados recolhidos no campo de estudo leva-nos aconcluir que o
povo Makonde, não podendo ficar imune às mutações impostas pelaaldeia global em que
todos vivemos, persistirá em preservar a sua identidade,principalmente através das crenças,
das manifestações de grupo e da arte plástica. Esta,por ser uma manifestação que, em algumas
formas, permite a criação individual, cadavez mais sairá do seu reduto. A necessidade, a
vontade ou o simples direito de ir pelomundo à procura de novos espaços são características
do ser humano, nos nossos dias,ao que o Makonde não é indiferente. Actualmente existem
obras de arte Makonde, feitasem diferentes materiais, espalhadas por diferentes partes do
mundo.
De acordo com o problema levantado nesta pesquisa, conclui-se que a tatuagem tal como as
escarificações contribuem para a identidade da cultura do povo Makonde na aceitação dos
costumes ancestrais, um indivíduo tatuado que simbolizam o conceito de pertença ao um clã
ou tribo.
A conclusão dada nesta monografia foi possível com uso das técnicas de observação directa,
questionário que consistiriam numa interacção directa entre a pesquisadora, objecto de estudo
e a população alvo. E ainda, usou-se como técnica de sustentabilidade a revisão bibliográfica
que serviu para a confrontação das informações escritas e os dados recolhidos no local da
pesquisa. Assim sendo, os objectivos propostos para a realização desta pesquisa foram
devidamente alcançados. Os resultados obtidos através dos instrumentos da metodologia
usada são testemunho do alcance dos objectivos.
Sugestões
No concernente a questão colocada nesta pesquisa “Até que ponto a tatuagem contribui para a
identidade cultural do povo makonde?No que refere o principal motivo da aplicação das
tatuagens por meio de escarificações no corpo deste povo. Recomendam-se as seguintes
sugestões:
Que as escolas do Planalto de Mueda abordem a história local de modo a dar entender
os alunos sobre a história da sua comunidade;
Que a nova geração valorize as crenças, costumes e hábitos de forma a preservar a sua
cultura;
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