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São Paulo
2012
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2012
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2012
ALINE LIMA GONÇALVES
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
Prof (a).:
Prof (a).:
Prof (a).:
À Deus, meus pais e todos aqueles
que direta ou indiretamente me
ajudaram durante minha caminhada.
“Se a educação sozinha não pode
transformar a sociedade, tampouco sem
ela a sociedade muda.”
Paulo Freire
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo apresentar que apesar do expressivo crescimento nos
últimos anos, o Brasil ainda se constitui um país subdesenvolvido bem como apontar um dos
possíveis motivos para esse subdesenvolvimento. Para concluir sobre o subdesenvolvimento
brasileiro, são analisados indicadores como, PIB, PIB per capita, índice de Gini, índice de
desenvolvimento humano. E para que se possa melhor entender sobre a principal causa desse
subdesenvolvimento, é analisada a importância da educação para se alcançar patamares altos
de renda e consequentemente na construção de um país mais igualitário. São usadas também
teorias de desenvolvimento de autores que escreveram sobre esse tema, em especial os autores
da CEPAL, que com sua contribuição, foi possível entender as dificuldades e empecilhos ao
desenvolvimento dos países latinos. Como resultado desta análise, conclui-se que o Brasil não
conseguiu se desenvolver e hoje possui além do reconhecimento de sexta economia mundial,
o reconhecimento de um dos países mais desiguais da América Latina, isso devido, em grande
parte, não ter investido em educação quando iniciou sua trajetória desenvolvimentista.
Conclui-se, também, que a grande desigualdade existente no país provém da baixa
escolaridade de sua população que fica impossibilitada de se posicionar de forma que
consigam reivindicar, através do seu trabalho, a riqueza que o seu país produz.
This paper aims to present that despite the significant growth in recent years, Brazil is still an
underdeveloped country and to identify the reason for this underdevelopment. To conclude on
the Brazilian underdevelopment indicator such ass, GDP, GDP per capita, Gini index,
human development index are analyzed. And to understand about the primary cause of
underdevelopment of Brazil, is analyzed the importance of education in achieving higher
levels of income and consequently in building a more egalitarian country. Are also used
develop theories of writers on this subject, in particular the authors of CEPAL, whose
contribution, it was possible to understand the difficulties and impediments to the
development of the Latin countries. As a result of this analysis we conclude that Brazil failed
to develop, and today has beyond recognition sixth world economy, recognition of one of the
most unequal countries in Latin America, because it largely has not invested in education
began when their developmental trajectory. We also conclude that the vast inequality in the
country comes from poor education of its population that is unable to put themselves in a
good position, so that they are able to claim, through their work, the wealth that their country
produces.
LISTA DE QUADROS:
LISTA DE TABELAS:
LISTA DE GRÁFICOS:
Gráfico 1 – Evolução do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil_______________________17
Gráfico 2 – Evolução do Produto Interno Bruto per capita no Brasil____________________18
Gráfico 3 – Evolução do índice de Gini no Brasil___________________________________21
Gráfico 4 – Taxa de analfabetismo da população com 15 anos ou mais de idade no Brasil___28
Gráfico 5 - Despesas anuais das instituições públicas por aluno (2008)__________________30
Gráfico 6 – Gasto em relação ao PIB 2008________________________________________31
Gráfico 8 – Anos de Estudo Médio da População de 22 anos e Acima___________________33
Gráfico 10 – Número de Matrículas por Turno – Ensino Fundamental__________________34
Gráfico 11 – Taxa de Escolarização Bruta – Ensino Fundamental______________________35
Gráfico 12– Distorção Idade/Série - Ensino Fundamental____________________________35
Gráfico 13 – Atividade Praticada pelos Jovens de 15 a 17 anos________________________36
Gráfico 14 – Número de Matrículas por Turno – Ensino Médio________________________37
Gráfico 15 – Taxa de Escolarização Bruta – Ensino Médio___________________________37
Gráfico 16 – Distorção Idade/Série - Ensino Médio_________________________________38
Gráfico 17 – Total de Matrículas em Cursos de Graduação Presenciais__________________39
Gráfico 18 – Matrículas – Instituições Públicas e Privadas____________________________40
Gráfico 19 – Evolução do Número de Ingressos e de Concluintes em Cursos de Graduação_41
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO_____________________________________________________________1
1. TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO______________________3
1.1 AS TEORIAS CLÁSSICAS E NEOCLÁSSICAS________________________________3
1.1.1 Clássicos como a base para o entendimento do desenvolvimento________________3
1.1.2 Neoclássicos: Um novo enfoque para os problemas econômicos._________________5
1.2 A CEPAL: CONTRIBUIÇÕES PARA O DESENVOLVIMENTO REGIONAL._______6
1.2.1 A teoria de Prebisch_____________________________________________________7
1.2.1.1. Discussão doutrinária clássica e teoria da deterioração da relação de intercâmbio___7
1.2.1.2 Limites da industrialização e políticas anticíclicas__________________________10
1.2.2 A teoria do subdesenvolvimento de Furtado________________________________12
1.2.2.1 O processo do desenvolvimento pela dimensão histórica_____________________13
1.2.2.2 As estruturas do subdesenvolvimento (a teoria do subdesenvolvimento)_________14
2. O SUBDESENVOLVIMENTO BRASILEIRO_____________________________17
2.1 PAÍS DUALISTA E POR CONSEQUÊNCIA SUBDESENVOLVIDO______________19
2.2 CAUSAS DO SUBDESENVOLVIMENTO DO BRASIL________________________23
2.2.1 Breve análise histórica__________________________________________________23
2.2.1 A questão da educação__________________________________________________24
3. ASPECTOS DO SUBESENVOLVIMENTO: PANORAMA EDUCACIONAL
BRASILEIRO E MERCADO DO TRABALHO_________________________________27
3.1 DADOS GERAIS SOBRE EDUCAÇÃO NO BRASIL E NO MUNDO_____________27
3.2 OS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR NO BRASIL_____________32
2.2.1 O ensino fundamental___________________________________________________33
2.2.2 O ensino médio________________________________________________________36
2.2.2 O ensino superior______________________________________________________39
3.3 MERCADO DE TRABALHO______________________________________________42
CONCLUSÃO_____________________________________________________________46
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS__________________________________________48
ANEXOS__________________________________________________________________50
1. TERMO DE SUBMISSÃO À AVALIAÇÃO FINAL__________________________50
2. FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO DE MONOGRAFIAS_____________________51
INTRODUÇÃO
A atual conjuntura do Brasil mostra que este já não é mais definido como um país
pobre, mas como um país de renda média. Segundo Mello (2012), o Brasil é um país que está
se tornando um país com um grande poderio econômico devido sua significativa influência no
mercado global, devido sua importância nas commodities e pela crescente e considerável
participação no mercado de etanol. Entretanto, apesar de todo o crescimento alcançado, é
possível notar que o Brasil ainda não conquistou sua homogeneização social. E isso se
demonstra nas altas taxas de pobreza e miséria que ainda caracterizam a realidade brasileira e
que fazem questionar o porquê, apesar de tamanho crescimento, ainda é possível observar
essa realidade. Ao longo dos anos, a miséria e a pobreza no Brasil foram diminuindo, mas
vagarosamente. O Brasil parece ter potencial para acabar com esses problemas que o assola e
que o torna ainda um país subdesenvolvido, dessa forma, a pergunta que cabe a este trabalho
responder é por qual motivo isso não ocorre?
1
forma, é possível entender, a partir desses pontos de vista, uma parte do motivo do
subdesenvolvimento do Brasil. Ao longo do trabalho são apresentadas possibilidades que
procuram explicar o elemento principal a ser investigado nessa pesquisa: se o Brasil ainda é
subdesenvolvido por que não investiu em educação, ou melhor, se existe relação entre o
atraso do desenvolvimento brasileiro e a reduzida dimensão ou falta de investimentos em
educação ao longo de toda sua história.
Para cumprir com os objetivos propostos nessa investigação, este trabalho foi
segmentado em três capítulos. No primeiro capítulo é feito um estudo sobre algumas teorias
do desenvolvimento que serviram de base para o melhor entendimento do assunto,
principalmente os estudos direcionados aos problemas enfrentados pela América Latina. Ao
segundo capítulo cabe apresentar os dados do subdesenvolvimento brasileiro de forma a
introduzir o assunto e também expor alguns motivos pelos quais o Brasil ainda pode ser
considerado um país subdesenvolvido. Por fim, no último capitulo é apresentado um
panorama educacional brasileiro para apresentar a realidade do ensino no Brasil e também
apresentar o impacto que a educação possui sobre o mercado de trabalho.
2
1. TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
A teoria clássica tem sua origem com Adam Smith e seu livro “A riqueza das Nações”
e tem contribuições de David Ricardo e o seu trabalho “Princípios da economia política e
tributação” e também de Thomas Malthus com “Princípios de economia política”. Neste
estudo serão abordadas apenas as contribuições de Smith e Ricardo devido a sua importante
influência na construção de outras linhas de pensamento sobre desenvolvimento, que seriam
elaboradas mais a diante pelos pensadores da escola neoclássica e dos teóricos da CEPAL.
3
segundo princípio de Smith diz respeito à divisão do trabalho, que traz consigo o aumento da
produtividade e, por consequência, o excedente de produção, resultado da propensão do
homem a trocar, e que juntamente a ampliação de novos mercados se torna possível a riqueza
(ARAÚJO, 2008). O último princípio fundamental de Smith é a resposta a sua busca pelas
causas do crescimento de longo prazo, ou seja, a poupança. Para ele, esse era o capital
financeiro necessário para contratar trabalhadores produtivos e aumentar o nível do produto e,
para isso, enquanto as taxas de lucros fossem positivas, haveria capital que se tornaria
investimento e, enquanto o mercado não estivesse saturado, haveria crescimento (SOUZA,
2012).
1
Uma das teorias de Malthus, e a do “principio da população”, que diz que enquanto a produção de alimentos
cresce aritmeticamente, o crescimento populacional se dava de forma geométrica não sendo possível a suficiente
produção de alimentos para todos. (SOUZA, 2012)
4
Essa teoria fora amplamente criticada pela teoria cepalina, que será vista em tópicos
posteriores.
5
distribuição de recursos, e é aí que se inicia uma nova visão sobre desenvolvimento, dessa vez
de forma a incluir o bem estar da população como uma das principais variáveis do
desenvolvimento.
A CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe) foi criada pela
ONU em 1948 e segundo Bielschowsky, (2000, p. 16), “o ponto de partida para o
entendimento da contribuição da CEPAL à história das ideias econômicas deve ser o
reconhecimento de que se trata de um corpo analítico específico, aplicável a condições
históricas próprias da periferia latino-americana”. Dessa forma, a comissão se desenvolveu
como uma escola, que buscou encontrar nos países estudados seus principais problemas e
entraves ao desenvolvimento e, também, um rumo econômico para os mesmos.
A primeira etapa dos estudos da CEPAL foi muito criticada por sua defesa à
industrialização. A desaprovação veio de intelectuais, da oligarquia agrário-exportadora, e até
mesmo do governo norte americano, pois a ordem era que se mantivesse a vigente lógica
6
ricardiana de comércio internacional (SOUZA, 2012). Dessa forma, essa corrente de
pensamento veio com o fim de fazer com que houvesse um entendimento das dificuldades
enfrentadas pelos países periféricos, criando nestes, o entendimento de sua condição
problemática e de suas possibilidades e entraves.
Nesse tópico, como dito, serão estudas as obras de Prebisch e Furtado. Prebisch por
ser o ponto de partida para o entendimento da real situação latino-americana e Furtado pela
sua percepção do subdesenvolvimento como algo intrínseco aos países periféricos, onde
mesmo com a industrialização, tais países, em especial o Brasil, ainda não conseguiam
apresentar homogeneização social.
7
O esquema das vantagens comparativas, criticado por Prebisch, trazia a ideia de que os
preços dos produtos industrializados nos países centrais chegariam aos países periféricos de
forma reduzida devido à incorporação do progresso técnico nesses produtos, e por outro lado,
como na produção de produtos primários não havia nenhuma ou muito pouca incorporação de
tecnologia, um aumento da demanda dos países centrais devido ao aumento de renda, faria
com que o preço dos produtos primários aumentasse e o beneficio da divisão internacional do
trabalho poderia ser repassado a todos os países participantes do comércio internacional
(SOUZA, 2012), “(...) sendo assim, [os países periféricos] não precisam se industrializar-se.
Ao contrário, sua menor eficiência os faria perderem irremediavelmente os benefícios
clássicos do intercâmbio” (Prebisch, 2000, p. 72). A falha desse raciocínio é percebida por
Prebisch ao analisar a relação entre os preços dos produtos primários e dos artigos finais da
indústria (os preços médios de importação e exportação): o autor pode perceber a nítida
deterioração dos termos de intercâmbio em favor dos países de produção industrial, pois com
uma mesma quantidade de produtos primários, em 1946-47, era possível comprar apenas
68,7% dos produtos industrializados pelos países centrais (Prebisch, 2000).
Após a análise anterior, Prebisch chega a três conclusões: a) os preços não diminuíram
de acordo com o progresso técnico nos países centrais; b) Se a renda fosse igual em países
centrais e periféricos e, dada a maior produtividade industrial, os preços primários teriam
aumentado mais em detrimento aos produtos industrializados e; c) a renda, nos centros
industriais, dos empresários e dos fatores produtivos foi maior que sua produtividade, à
medida que, nos centros periféricos, proporcionalmente menor. Isso posto, fica claro que, para
o autor, os países industrializados estavam recebendo o produto gerado internamente pelos
países periféricos, como é visto no trecho: “em outras palavras, enquanto os centros
preservaram integralmente o fruto do progresso técnico de sua indústria, os países periféricos
transferiam para eles uma parte do fruto do seu próprio progresso técnico.” (Prebisch, 2000, p.
83). Este “fenômeno” de deterioração dos termos de troca é explicado pelo autor por meio da
teoria do ciclo, pois, se levando em conta o movimento cíclico da economia com a sua
particularidade de crescimento, pode-se perceber, como as variações do volume do lucro estão
ligadas à desigualdade desse crescimento nos países da América Latina.
8
segunda é a fase descendente, onde ocorre o inverso. No primeiro estágio do ciclo, os
produtores primários recebem os lucros dos empresários do centro e, se há muita concorrência
e se o tempo para dilatar a produção primária é muito grande, maiores são os lucros
deslocados para os produtores primários e, segundo o autor, “os preços primários tendem a
subir mais acentuadamente do que os produtos finais, em virtude da grande parcela de lucros
que é transferida para a periferia” (Prebisch, 2000, P. 86). Entretanto, na fase descendente do
ciclo, os preços primários descem com muito mais velocidade que os preços finais, dessa
forma, o lucro expande na fase ascendente e adstringe na fase descendente, diminuindo a
diferença entre oferta e demanda. A razão para isso é explicada por Prebisch (2000, p. 87), da
seguinte forma:
Durante a fase ascendente, uma parte dos lucros vai-se transformando em aumento
de salários, em virtude da concorrência dos empresários entre si e da pressão
exercida em todos eles pelas organizações trabalhistas. Quando, na fase
descendente, o lucro tem que se contrair, a parte que se transformou nos citados
aumentos, perde sua liquidez no centro, em virtude da conhecida resistência a queda
dos salários. A pressão desloca-se então para a periferia, com força maior do que a
naturalmente exercível, pelo fato de não serem rígidos os salários ou os lucros no
centro, em virtude das limitações da concorrência. Assim, quanto menos a renda
pode contrair-se no centro, mais ela tem que fazê-lo na periferia.
Para Prebisch, o único meio dos países da América Latina poderem captar os frutos do
progresso técnico, das vantagens do comércio entre as nações e de melhorar o padrão de vida
de sua população, seria mediante industrialização do seu país. O autor acreditava que por
haver um mercado estabelecido no país, seria possível através da substituição de importação,
se proteger da ciclicidade dos países centrais e dar a população melhores condições de vida.
No entanto, o autor pôde perceber em sua teoria, que poderia haver alguns empecilhos à
9
industrialização, pois algumas das condições econômicas e estruturais da América Latina
colaboravam enormemente para que esses países permanecessem em sua condição de
subdesenvolvidos e dependentes de tecnologia, mercado consumidor e principalmente de
capital financeiro dos países centrais (Souza, 2012).
A primeira limitação à indústria que fora observada por Prebisch, diz respeito à baixa
renda per capita. Essa é uma variável essencial, pois é necessário que haja alta renda interna
no país que seja capaz de gerar consumo e também poupança para que movimente a indústria.
Para Prebisch, esse aumento da renda só poderia ser alcançado através do aumento da
produtividade e do salário por trabalhador, na indústria primária, equiparada a renda nos
países industrializados.
10
Entretanto Prebisch também coloca em questão o quanto proveitoso seria para a indústria,
deslocar fatores de produção do setor primário para este último e, se do ponto de vista geral,
não acabaria por ocorrer uma perda real de renda. Este, segundo o autor, seria um limite de
caráter dinâmico e que poderia ser solucionado, à medida que as economias fossem se
desenvolvendo, pois, nesse ponto, a perda de renda já não seria preocupante dado que o
objetivo de bem-estar seria aos poucos alcançado.
Ao se voltar para países centrais, o autor pôde perceber que países como Estados
Unidos, agiam claramente em seu governo com políticas anticíclicas procurando proceder sua
atuação nos volumes de investimento quando do movimento ondulatório, para adicionar
dinamismo a sua economia. Dessa forma, Prebisch levanta sua primeira hipótese, a de
intervenção do governo, como é visto no trecho: “(...) trata-se de atenuar ou contrabalancear
os efeitos das oscilações da exportação na atividade interna, mediante uma política de caráter
compensatório que fizesse os investimentos variarem, principalmente nas obras públicas, num
sentido inverso ao das citadas oscilações” (Prebisch, 2000, p. 125). E não apenas com obras
públicas, para Prebisch, o governo também deveria atuar no controle de gastos privados para
que, na fase ascendente do ciclo, não houvesse escoamento de divisas para o exterior, devido
aos gastos supérfluos, e pudesse haver acumulação de capital necessária no momento da fase
decrescente.
Furtado destaca em sua obra que os países eram subdesenvolvidos devido às técnicas
avançadas que foram absorvidas por suas economias primitivas sem que houvesse
posteriormente avanço das mesmas, e segundo ele (1983, p. 95), “a economia brasileira
constitui exemplo interessante de quanto um país pode avançar no processo de
industrialização sem abandonar suas principais características de subdesenvolvimento”.
2
Até meados dos anos 70, os países latinos puderam desfrutar de grande crescimento econômico, por volta de
6,7% a.a, também de crescimento das exportações e liquidez internacional. Entretanto o choque do petróleo
estes países continuaram a se endividar o que agravaria ainda mais sua situação alguns anos depois.
(Bielschowsky, 2000)
12
identificando em sua estrutura as variáveis econômicas determinantes de sua taxa de
crescimento (Furtado, 2000). A crítica de Furtado está em tomar o ponto de vista citado,
constituí-lo em um modelo irreal e generalizá-lo para todas as economias ignorando a
perspectiva histórica que cada país apresenta.
Cabe agora notar, que os países latinos não passaram pela segunda fase do
desenvolvimento, pois seu modelo de industrialização importou dos países centrais o
progresso técnico que fora conquistado externamente e manteve no seu interior a
13
concentração de renda a favor da classe capitalista, reforçando a vocação agrário-exportadora
e não permitindo que sua economia conseguisse atingir fases avançadas de desenvolvimento
como conseguiram os países centrais. Dessa forma, segundo Furtado (2000, p. 251), “a
dualidade óbvia que existe e se agrava, cada dia mais, entre as economias desenvolvidas e as
subdesenvolvidas, exige uma formulação desse problema em termos distintos”.
Essa fase de penetração da indústria nas estruturas não desenvolvidas aparenta a primeira fase
da expansão indústria com uma diferença importante no que diz respeito aos salários. Eles não
foram, em seu início, determinados pela produtividade da indústria, mas pelas condições de
vida da população, em geral, de subsistência.
14
Dessa forma, o subdesenvolvimento era dado, segundo Furtado, pelas condições de
expansão da economia periférica no sistema capitalista. Era inserido neste, uma moderna
estrutura de produção em suas estruturas obsoletas, e esta por fim não se modifica em
consequência dessa inserção, pois, segundo Furtado (2000, p. 254)
Como a empresa capitalista está ligada à região onde localizou quase que
exclusivamente como um agente criador de massa de salários, seria necessário que o
montante dos pagamentos ao fator trabalho alcançasse grande importância relativa
para provocar modificações na estrutura econômica.
3
Para Furtado o aumento na renda de uma população poderia resultar de ao menos três diferenciados tipos de
processos, são eles: “a) o desenvolvimento econômico: isto é, acumulação do capital e adoção de processos
produtivos mais eficientes; b) a exploração de recursos naturais não renováveis; e c) realocação de recursos
visando a uma especialização num sistema de divisão internacional do trabalho” (Furtado, 1986, p. 97).
15
Como fora apresentado, os países periféricos apresentaram um processo de
acumulação - que não chegou ao desenvolvimento, distinto dos países centrais. Segundo
Furtado (2000, p. 260), “a etapa superior do subdesenvolvimento é alcançada quando se
diversifica o núcleo industrial e este fica capacitado a produzir parte dos equipamentos
requeridos pela expansão de sua capacidade produtiva”. Nesse sentido, foi um grave erro dos
países latinos americanos, em especial do Brasil, não investir no capital humano, e iniciar sua
trajetória desenvolvimentista pelo lado da demanda, inserindo máquinas de produção moderna
em lugares onde a maior parte de sua produção estava adaptada apenas à colheita manual de
produtos primários. Deste modo, é necessário expor que, em se passando tantos anos
investindo-se em modernização, a necessidade que tem chamado atenção é a de agregar valor
às atividades internas do país. E entende-se que a industrialização é parte de um estímulo à
demanda, mas, no interior de uma economia, a real urgência é a de investir em uma real
melhora do padrão de vida da população e vencer, dessa forma, o ciclo vicioso de Nurkse
(baixo nível de renda, de poupança e reduzida acumulação de capital) (SOUZA, 2012).
16
2. O SUBDESENVOLVIMENTO BRASILEIRO
Após mais de uma década desde o controle da inflação no Brasil, uma política
econômica conservadora, disciplina nos gastos públicos, fortalecimento da democracia,
estabilidade política social e cultural, associados ao fortalecimento das instituições legais e
regulatórias e melhorias na distribuição de renda, foi o caminho encontrado para um
crescimento econômico relativamente contínuo, estruturado no Brasil. O governo está agora
retomando os investimentos públicos em infra estrutura, para suprir o déficit de duas décadas
sem investimentos (um total de 935 bilhões de dólares deverão ser investidos pelo governo ao
longo dos próximos 8 anos, de acordo com o IBGE).
5.00 10%
8%
4.00
6%
4%
PIB em Trilhões BRL
3.00
2%
2.00
0%
-2%
1.00
-4%
... -6%
1996
1997
1998
1999
2000
2001
1990
1991
1992
1993
1994
1995
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
17
No ano de 2011, o PIB foi de 2,11 trilhões de dólares e em relação a 2010,
aumentou 2,7%, o que, segundo o IBGE, foi fruto do crescimento de 2,5% no valor
adicionado e 4,3% nos impostos. Neste mesmo ano, o Brasil ficou em 6º lugar no ranking dos
maiores PIBs do mundo, e foi reconhecido como a sexta economia do mundo, atrás apenas
dos EUA, China, Japão, Alemanha e França.
O Brasil conseguiu ao longo dos anos, após o último plano de estabilização, seu
equilíbrio econômico. A economia brasileira se tornou sólida e vista com confiança por outros
países, com inflação sobre controle, as taxas de juros diminuindo e desemprego na casa de 6%
(alguns analistas consideram que o Brasil esteja vivendo o pleno emprego), e também o sexto
maior PIB do mundo, ultrapassando o Reino Unido em 2011.
24,000 8%
22,000
6%
20,000
18,000 4%
16,000
2%
PIB em R$ / Trilhões
14,000
12,000 0%
10,000
-2%
8,000
6,000 -4%
4,000
-6%
2,000
0 -8%
1996
1997
1998
1999
2000
2001
1990
1991
1992
1993
1994
1995
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
O PIB per capita, que é definido como a divisão do valor corrente do PIB pela
população residente no meio do ano, apresentado do Gráfico 2, mostra que embora este
permaneça baixo quando comparado aos países centrais, triplicou na última década alcançado
números consideráveis, ano após ano, e em 2011, chegou ao valor de R$ 21.252 por ano,
apresentando aumento de 1,8%, em volume, em relação a 2010.
18
Conforme apresentado, o Brasil tem passado por diversas mudanças positivas em sua
economia, o que tem trazido considerável crescimento econômico. Entretanto contemplar
apenas os dados da riqueza econômica de um país, não quer necessariamente dizer que esta se
reflete em sua população, como será visto no próximo tópico.
O expressivo crescimento econômico do Brasil dos últimos anos, ainda não tem
trazido seus frutos para toda população, ou seja, não tem se mostrado suficiente a ponto de
elevar o padrão de vida de todos os brasileiros. A pobreza e a miséria são chagas resultantes
da condição de país subdesenvolvido que persistem em acompanhar a trajetória brasileira ao
longo dos anos.
O debate sobre pobreza e as tentativas de sua mensuração não são assuntos recentes.
Inúmeros órgãos brasileiros e internacionais têm usado diversas metodologias a fim de trazer
à luz, as estatísticas sobre pobreza e miséria. A CEPAL, por exemplo, para traçar a linha de
pobreza, utiliza o custo de uma cesta de alimentos que contemple as necessidades de consumo
calórico mínimo de uma pessoa. O Banco Mundial utiliza o dólar PPC, pois este elimina as
diferenças de custo de vida entre os países. No Brasil uma das metodologias (considerada
como oficial), utiliza o salário mínimo na mensuração, para delimitar a pobreza extrema
(indigência) 1/4 do salário mínimo familiar per capita e para pobreza 1/2 salário mínimo
familiar per capita (IBGE, 2012).
19
Extrema Pobreza
Porcentagem de extremamente pobres 17,5 8,8 50%
Hiato de extrema pobreza 7,3 3,7 51%
Severidade da extrema pobreza 4,4 2,4 54%
De acordo como IPEA, entre os anos de 1995 e 2008, sairam da condição de pobreza
absoluta 12,8 milhões de pessoas, o que fez com que a taxa nacional de pobreza absoluta
diminuísse 33,6%, saindo de 43,4% para 28,8%. No caso da taxa de pobreza extrema, foram
13,1 milhões de brasileiros que conseguiram sair dessa condição, fazendo com que a taxa
dessa categoria fosse de 10,5%, em 2008, uma redução de 49,8%. Entretanto, observando a
Tabela 1 acima, nota-se que em, em 2008, ainda havia 25,3% da população na condição de
pobreza e 8,8% na condição de extrema pobreza, o que mostra em valores absolutos que ainda
havia 65 milhões de brasileiros vivendo com rendimentos de até R$ 187,5 por mês.
20
avanço analisado tem, em grande parte, sua origem no próprio critério utilizado para definir o
que (ou quanto, em valores) é a pobreza brasileira.
O salário mínimo atual (2012) está fixado em R$ 622,00 ao mês, o que já não é capaz
de atender ao preceito constitucional de que este seja capaz de atender às necessidades vitais
do individuo nem as de sua família, como moradia, alimentação, educação, saúde, lazer,
vestuário, higiene, transporte e previdência social (Constituição da República Federativa do
Brasil, capítulo II, Dos Direitos Sociais, artigo 7º, inciso IV). Se o atual salário mínimo não é
capaz de minimamente atender esses critérios, também uma renda abaixo de duzentos reais
mensais não o consegue. Se o critério de renda para delimitar a linha da pobreza fosse de um
salário mínimo, em 2010, segundo o IBGE, um terço dos brasileiros poderia ser considerado
pobre, o que mostra a fragilidade dos indicadores de pobreza e indigência em expor a real
situação da população.
Como pôde ser visto, o PIB per capita é uma média que não reflete a real situação da
população brasileira. Visto que uma grande parte da população vive com menos de um salário
mínimo, dessa forma, outro dado importante que se deve analisar para que se entenda a real
situação econômica social do Brasil é a medida de desigualdade na distribuição da renda.
21
0.59
0.57
0.55
0.53
0.51
0.49
1995
1997
1999
2003
2004
2005
2007
2009
1996
1998
2001
2002
2006
2008
2010
Índice de Gini
Um fato importante que esse índice mostra com relação a realidade brasileira, é que a
desigualdade continua caindo, mas em um ritmo um pouco mais lento. O Gráfico 3 mostra
que a queda da desigualdade da renda domiciliar per capita, que iniciou em 1995, continua
com uma pequena piora em 2009. Entretanto, a evolução do Coeficiente de Gini mostra que o
ritmo dessa queda se reduziu um pouco. Segundo o PNUD, as medidas tomadas pelo governo
que promoveram a distribuição da renda e garantiram acesso à educação, explica a diminuição
da desigualdade de renda no Brasil que tem ocorrido nos últimos anos. Entretanto, o Brasil
ainda possui a uma das piores desigualdades do mundo, segundo o PNUD. No relatório do
órgão chamado “Atuar sobre o futuro: romper a transmissão intergeneracional da
desigualdade”, publicado em 2010, o Brasil é o quarto país mais desigual da América Latina,
ficando atrás apenas do Equador, Haiti e Bolívia.
22
posição em classificação do IDH e obteve um valor de 0,718, subindo uma posição de 2010
para 2011, esse valor é considerado de elevado desenvolvimento humano. Apesar da
evolução, o Brasil ainda perde para Jamaica (79º), Bósnia (74º) e Líbano (71º). Com relação
aos vizinhos latino-americanos, o Chile está em 44º lugar, Argentina em 45º, Uruguai em 48º
e Cuba em 51º, ou seja, mesmo o Brasil sendo economicamente melhor que este país ainda
ficou atrás deles em desenvolvimento humano.
De uma expansão comercial nasce a história do Brasil. Este país não se constituiu de
uma necessidade de deslocamento de população devido a uma pressão demográfica como fora
o caso de alguns países, entre eles os Estados Unidos. O comércio europeu precisava
restabelecer o abastecimento de algumas linhas de produtos que havia encontrado algumas
barreiras. Dessa forma, a descoberta das Américas foi, por mais de meio século, um episódio
secundário para os portugueses que apenas se interessaram em ocupar o novo mundo por
questões protecionistas. Havia esperança de se encontrar metais preciosos na nova terra e as
pressões de outros países sobre Portugal para que este ou ocupasse as terras ou deixasse que
outras Nações o fizessem, obrigou Portugal a desviar recursos para o Brasil, iniciando assim a
trajetória agrícola do Brasil (FURTADO, 1968). Portanto é possível encontrar, de imediato,
23
duas fissuras na história brasileira: a primeira é que não se tinha interesse em constituir esse
lugar enquanto uma nação, pois a única intenção era a de obter dele facilmente alguma
riqueza; e a segunda é que já nos fora entregue o destino brasileiro – a dependência do
mercado externo.
A crise da economia cafeeira, por consequência da crise mundial de 1929, foi o ponto
de partida para a Revolução Industrial brasileira. O grande atraso da industrialização no Brasil
se deveu em grande parte à elite brasileira que insistia em manter o país sobre o seu controle.
Dessa forma a industrialização ocorreu sem a fase de pesquisa e desenvolvimento de
tecnologia própria. Fora absorvida uma parte da tecnologia criada externamente, nos países
desenvolvidos. Assim, havia grande dificuldade em se modificar as estruturas obsoletas onde
as técnicas modernas de produção tinham se instalado.
24
conseguia investir no país sem que houvesse um grande fluxo de capitais dos países
desenvolvidos (SOUZA, 2012).
25
Diferentemente de muitos outros países, o Brasil constitui exemplo de um país cujo
principal foco, durante toda sua história, foi a formação de uma base industrial a qualquer
custo. Como citado por Fajnzylber (2000, p. 857),
26
3. ASPECTOS DO SUBESENVOLVIMENTO: PANORAMA EDUCACIONAL
BRASILEIRO E MERCADO DO TRABALHO
A ideia de Estado mínimo, que avançou profundamente nas políticas públicas a partir
da década de 90 no Brasil, trouxe inúmeras consequências negativas para diversos setores do
serviço público. Nos países centrais, a privatização ocorreu com a permanência do Estado
como regulador dos serviços privados, já nos países periféricos a onda privatizante ocorreu de
forma a ausentar demasiadamente o Estado dos serviços que foram privatizados e este, por
sua vez, continuamente e de forma crescente aumentava o estímulo da oferta desses serviços
pelo setor privado, o que causou o sucateamento dos serviços públicos, em especial no que diz
respeito à educação e a saúde (Barros e Brunacci, 2010).
27
Antígua e Barbuda 99 Bolívia 90,7 Eslovênia 99,7 Croácia 98,9
Trinidad e Tobago 98,9 República Dominicana 90,1 Lituânia 99,7 Hungria 98,9
Uruguai 97,9 Brasil 90 Ucrânia 99,7 Bulgária 98,2
Argentina 97,8 Peru 89,6 Federação Russa 99,6 Áustria 98
São Cristóvão e Névis 97,8 São Vicente e Granadinas 88,1 Moldávia 99,4 Espanha 97,9
Chile 96,9 Dominica 88 Polônia 99,3 Romênia 97,7
Costa Rica 96,3 Jamaica 87,3 Alemanha 99 Grécia 97,4
Venezuela 95,2 Honduras 83,6 Bélgica 99 Macedônia 97,4
Santa Lúcia 94,8 El Salvador 82 França 99 Bósnia e Ezer. 96,7
Paraguai 94,6 Guatemala 75,3 Holanda 99 Sérvia 96,4
Panamá 93,9 Belize 75,1 Irlanda 99 Portugal 95,8
México 92,8 Haiti 65,3 Itália 99 Malta 92,4
Fonte: World Fact Book 2012, IBGE 2012 e Human Development Report 2011
Ao olhar para os dados de analfabetismo no Brasil, nota-se que houve um lento porém
contínuo progresso desde 1992, quando quase 20% da população era analfabeta. Nos últimos
resultados da PNAD (Pesquisa Anual por Domicilio), a taxa de analfabetismo da população
de 15 anos ou mais de idade caiu para 8,6% em 2011, ou seja, em quase vinte anos, a taxa de
brasileiros analfabetos conseguiu cair pela metade, o que mostra um grande avanço, porém
insuficiente, pois mostra que ainda há no Brasil quase 13 milhões de analfabetos, segundo
resultados da PNAD de 2012.
20%
17.2%
18% 16.4%
16% 14.6%
15.5% 13.8%
14% 14.7% 12.4%
13.3% 11.6%11.2%
12% 10.9%
11.8% 9.9% 9.7% 9.6%
10% 8.6%
10.2% 10.0%
8%
6%
4%
2%
0%
1992
1993
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
28
18,9%, em 2011 esse percentual caiu para 16,9%, correspondendo, segundo IBGE, a 6,8
milhões de analfabetos ou 52,7% do total de analfabetos, entretanto, e devido a isto, a região
Nordeste que possui a maior taxa de analfabetismo, aproximadamente o dobro da nacional, foi
a região que obteve o maior declínio em sua taxa, de 2009 para 2011, o equivalente a 1,9
ponto percentual.
Tabela 2 – Taxa de analfabetismo por Região e Gênero 2009 (15 anos e mais)
Outro dado importante de ser analisado diz respeito sobre os gastos públicos com
educação (Gráfico 5), e o que se pode perceber é que há uma grande defasagem no
investimento por aluno na escola pública brasileira, quando comparado aos investimento
feitos pelos países da OECD. Enquanto um país membro da OECD investe cerca de 8,5 mil
dólares por ano com cada aluno, no Brasil esse número não alcança a marca de 3 mil dólares
anuais. Considerando o valor investido pelo governo brasileiro mensalmente, apenas 200
dólares são despendidos com um estudante para que ele possa ter acesso a uma melhor
29
condição de vida por meio de uma educação de melhor qualidade. Um país como a Suíça,
desembolsa aproximadamente 15 mil dólares anualmente com seus estudantes, um valor
muito acima da média da OECD, e mais que seis vezes o montante de gastos brasileiro.
16,000
14,000
Montante de Gastos Anuais em US$
12,000
10,000
8,000
6,000
4,000
2,000
0
ça a a a a a a a a a a l a a a a il
í eg arc and and ndi anh eni anh ndi ore tuga hec ngri vac ntin ras
Su ru m ol Irl Islâ Esp slov lem inlâ K or c o ge B
No ina aT Hu Esl
D
H E A F P
il c a Ar
b ic
pú ú bl
R e p
Re
30
10%
9%
8%
7%
6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
31
3.2 OS ENSINOS FUNDAMENTAL, MÉDIO E SUPERIOR NO BRASIL
Desde 1970 houve grandes esforços na direção de expandir para toda a população o
acesso à escola. E isso muito refletiu no nível escolar da população ao longo do tempo, pois
como pode ser visto no Gráfico 4 abaixo, o nível de pessoas com até 4 anos de escolaridade
tem diminuído no brasileiro de mais de 10 anos de idade. E por outro lado, o número de
pessoas com 11 anos de estudo, tem aumentado consideravelmente desde 2001 até 2011, o
que mostra que as pessoas estão concluindo tanto o Ensino Fundamental quanto o Ensino
Médio. Já os brasileiros com mais de 15 anos de estudo, que é a população com nível superior
de ensino, conseguiu dobrar de tamanho apenas em 2011, quando o número de 6,5 milhões
em 2001, foi para 13,1 milhões de pessoas em 2011, ou seja, levou quase dez anos para que
aproximadamente 7% dos brasileiros conseguissem chegar ao nível de ensino superior.
40,000
35,000
30,000
25,000
Em milhares
20,000
15,000
10,000
5,000
0
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2011
Sem instrução e menos de 1 ano 4 anos 8 anos 11 anos 15 anos ou mais
Gr
áfico 7 – Perfil Escolar do Brasileiro de Mais de 10 anos de idade (anos de estudo)
Fonte: PNAD, 2012
2.0
0.0
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
22 anos de idade Acima de 22 anos de idade
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0% % de Jovens que não Estudam nem Trabalham % de Jovens que Estudam e Trabalham
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
% de Jovens que Só Trabalham % de Jovens que Só Estudam
Gráfi
co 9 – Atividade Praticada pelos Jovens de 7 a 14 anos
Fonte: Panorama Educacional Brasileiro INSPER, 2012.
O Gráfico abaixo reforça a ideia do gráfico anterior, que os alunos em idade de cursar
o ensino fundamental, em sua grande parte estão matriculados no curso do período diurno,
dando-lhes maior de um melhor rendimento escolar e mostrando que esses alunos estão se
dedicando mais aos estudos do que a outras atividades.
16,000,000
12,000,000
10,000,000
8,000,000
6,000,000
4,000,000
Diurno Noturno
34
Gráfico 10 – Número de Matrículas por Turno – Ensino Fundamental
Fonte: Censo Escolar INEP / MEC, 2011
No Gráfico 11 é apresentada a taxa de escolarização bruta, ou seja, a taxa bruta de
matrícula, que considera o total das pessoas que frequentam um determinado nível de ensino
sobre o total de população que se encontra na faixa etária adequada a este nível, e que pode
superar 100%, pois ele capta também os alunos que deveriam estar no ensino médio e dessa
forma estão atrasados.
100
98
96
94
92
90
88
86
84
82
80
1992
1993
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
Gráfico 11 – Taxa de Escolarização Bruta – Ensino Fundamental
Fonte: PNAD, 2010
O gráfico anterior apresenta um dado a principio animador, pois 98% dos alunos que
se encontram com idade adequada para estudar estão na escola. Entretanto ao observar os
dados do Gráfico abaixo, nota-se que, em 2006, quase 30% da população que estava
estudando não estava no nível escolar adequado para sua idade.
100
90
80
70
60
50 44 41.7 39.1 36.6
40 33.9 31.5 30 28.6
30
20
10
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
35
Gráfico 12– Distorção Idade/Série - Ensino Fundamental
Fonte: IBGE, 2009
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
É possível notar no Gráfico 13 acima, que a partir dos 15 anos é a idade em que mais
se começa a trabalhar, quase metade dos jovens estavam comprometidos com trabalho e
estudo ou apenas trabalhando. Nos dados abaixo pode-se notar que em todos os anos, pelo
menos metade das matrículas, eram feitas para o período noturno, o que é uma característica
muito marcante em países subdesenvolvidos, pois como dito, em países desenvolvidos os
jovens costumam começar a trabalhar apenas na idade adulta.
36
6,000,000
5,481,841
5,249,888
5,096,097
4,917,279
5,000,000
4,000,000
3,452,090
3,270,003
3,087,272
3,000,000 2,875,834
2,000,000
1,000,000
0
2007 2008 2009 2010
Diurno Noturno
Já com relação aos dados de escolarização para o ensino médio, as estatísticas não são
tão animadores quanto os do ensino fundamental. Em 2009 a taxa bruta de escolarização era
de apenas 85,2% e quando olhamos para a distorção idade/série, os dados são ainda mais
alarmantes. Apesar da melhora de 2006 para 2009, os dados ainda são animadores.
100
90 84.1 85.2
81.1 81.5 82.4 81.9 81.7 82.2 82.1
76.5 78.5
80 73.3
69.5
70 66.6
59.7 61.9
60
50
40
30
20
10
0
1992
1993
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
37
Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2009
aproximadamente um terço ou 31,9% dos estudantes que deveriam estar no Ensino Médio não
conseguiram concluir o Ensino Fundamental e apenas pouco mais da metade (50,9%) dos
jovens de 15 a 17 anos estavam na etapa adequada de ensino para sua faixa de idade.
100
90
80
70
60 54.8 54.9 53.3 51.1 49.3
50 47.6 46.3 44.9
40
30
20
10
0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
38
Sudeste 5,3 4,3 3,8
Sul 5,1 4,3 4,1
Centro-Oeste 4,9 4,1 3,5
Fonte: Anuário todos pela educação, 2012
Infelizmente é possível notar que a meta estipulada pelo MEC, será uma árdua tarefa
de alcançar, visto que a média desse índice para os três ciclos de estudo é pouco mais de 4.
Também se pode notar que o ensino médio em todas as regiões, é sempre o que possui o pior
índice em comparação aos outros ciclos, o que prova que há graves problemas em relação a
qualidade das redes de ensino não apenas para o ensino médio mas para todos os ciclos do
currículo escolar.
6,000,000
5,000,000
4,000,000
3,000,000
2,000,000
1,000,000
0
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
39
públicas federais. O gráfico abaixo apresenta os dados das matriculas por dependência
administrativa, e pode-se notar que as matriculas na esfera pública aumentaram pouquíssimo
durante todos os 12 anos apresentados.
6,000
5,000
4,000
Em Milhares
3,000
2,000
1,000
-
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
Outro dado relevante sobre o ensino superior no Brasil é quanto dos alunos que
ingressam em um curso de graduação conseguem concluir todo o ciclo de estudo, ou seja,
conseguem sair formados da faculdade. No Gráfico abaixo é possível observar a imensa
disparidade do número de ingressos e numero de concluintes do ensino superior. Apenas um
pouco mais da metade dos alunos Brasileiros conseguem concluir sua graduação.
É significativo também notar que em 2011, a população brasileira era de 196 milhões
de pessoas e apenas, 6,5 milhões estavam cursando ensino superior, ou seja, apenas 3% da
população estavam cursando nível superior.
40
1600
1400
1200
1000
800
Em Mil
600
400
200
0
1980
1985
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Ingressos Concluintes
41
3.3 MERCADO DE TRABALHO
Este tópico tem por objetivo apresentar uma seleção de indicadores sobre o mercado
brasileiro de forma a construir um panorama do impacto da educação sobre a ocupação e seus
rendimentos. Dessa forma, tentar entender melhor a relação entre educação, trabalho e
desenvolvimento de forma a beneficiar o indivíduo que se especializa e consequentemente o
país em sua totalidade.
A Tabela 3 abaixo apresenta os dados da PEA em cada região brasileira de acordo com
gênero. É possível notar o grande número de pessoas em idade ativa e considerando a
população total do Brasil de 191,5 milhões de habitantes (em 2009), percebe-se que o país
vive uma situação de bônus demográfico.
Fonte: Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda - DIEESE 2010 – 2011
Rendimento (em
Centro-
Salários Norte Nordeste Sudeste Sul Brasil
Oeste
Mínimos)
Até 1 36,4 48,9 20,9 18,3 26,1 29,4
Mais de 1 a 2 29,4 20,8 37,1 35,8 34,5 31,8
Mais de 2 a 3 8,7 5,3 13,1 13,6 11,3 10,7
Mais de 3 a 4 7,2 4,5 11,4 11,7 9,3 9,2
Mais de 5 a 10 4,0 2,7 6,4 6,6 6,5 5,3
Mais de 10 a 20 1,3 1,1 2,6 2,3 3,1 2,1
Mais de 20 0,4 0,3 0,8 0,7 1,3 0,7
Sem Rendimento 11,2 15,4 4,4 9,9 6,5 8,8
Sem Declaração 1,4 1,0 3,4 1,1 1,5 2,1
TOTAL 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: Anuário do Sistema Público de Emprego, Trabalho e Renda - DIEESE 2010 – 2011
Ao construir uma conexão entre os dados de educação apresentados nos tópicos acima,
é possível notar que as regiões com os melhores índices de desenvolvimento educacional e
com a maior parte de absorção das matriculas em cursos superiores no Brasil, são as Regiões
com percentual de habitantes com melhores rendimentos.
Dessa forma, cabe aqui analisar mais profundamente as informações referentes aos
rendimentos, entretanto com um enfoque maior sobre as relações entre esses rendimentos e a
escolaridade da população. A tabela abaixo apresenta um estudo realizado pelo Cadastro
Central de Empresas (CEMPRE), onde são apresentadas informações referentes ao gênero e
ao nível de escolaridade das pessoas assalariadas.
43
Tabela 4 – Rendimentos de Acordo com Gênero e Escolaridade (2009)
Salário Médio
Pessoal Ocupado Salários e Outras Mensal
Sexo e Nível de
Assalariado Remunerações (salários
Escolaridade
mínimos)
Absoluto Relativo (%) Absoluto Relativo (%)
Total 40.212.057 100 781.881.723 100 3,3
Sexo
Homens 23.376.125 58,1 494.141.127 63,2 3,6
Mulheres 16.835.932 41,9 28.740.596 36,8 2,9
Nível de
escolaridade
Sem nível Superior 33.580.487 83,5 471.298.465 60,3 2,4
Com nível Superior 6.631.570 16,5 310.583.258 39,7 7,8
Como é possível notar, e isso costuma ser recorrente em todos os estudos realizados,
os homens ainda ganham mais que as mulheres. Na média os salários recebidos pelos homens
eram de 3,6 salários mínimos, e o recebido pelas mulheres de 2,9 salários mínimos, ou seja, o
salário recebido pelos homens era 24,1% maior que o recebido pelas mulheres que recebiam o
equivalente a 80,6% do salário recebido pelos homens. No entanto, a pesquisa não olhou
apenas para as disparidades entre os gêneros, e ainda constatou que as maiores disparidades
não estavam situadas sobre essa variável.
Por fim, cabe expor que educação no Brasil passou por algumas transformações
benéficas ao longo do tempo, mas que não foram suficientes para gerar ao país uma grande
alteração nas condições de vida da população. Como apresentado acima, são poucos os
indivíduos que conseguem chegar ao nível superior de ensino. Até mesmo para uma economia
considerada a sexta do mundo, o seu crescimento futuro fica comprometido quando sua
população não está suficientemente preparada. Pois para um país é importante que sua
população esteja devidamente qualificada para que este consiga ter competitividade
44
mundialmente e para o individuo a educação se transforma no único meio de tomar parte das
riquezas que seu país gera.
CONCLUSÃO
Visto que o Brasil não é mais definido como um país pobre e que este tem sido
considerado um país com um relevante poder econômico, com o presente trabalho buscou-se
encontrar os motivos do Brasil ainda não ter conseguido conquistar sua homogeneização
45
social. O que foi apresentado é que os países periféricos apresentaram um processo de
acumulação distinto dos países centrais. Em todos os casos pode-se perceber em todos os
países, em especial o Brasil, o fato de não se ter investido no capital humano, prejudicou
enormemente o Brasil, ou seja, o Brasil iniciou sua trajetória desenvolvimentista absorvendo
as técnicas modernas de produção de países desenvolvidos, mas dessa forma não conseguiu se
desenvolver, pois ainda era um país dependente dos países centrais.
46
optaram por prioridade a transformação radical da educação no país, o que lhes conferiu um
grande potencial humano para que suas economias fossem baseadas em tecnologia e
exportação.
Por fim, foi possível notar a forte relação entre escolaridade e renda e que com uma
melhora do perfil da escolaridade poderá sim, haver uma redução considerável na
desigualdade de renda, pois investir em educação de forma a realizar uma grande
transformação nesta, não é de utilidade apenas para crescimento do grau de conhecimento,
mas porque, quando há distribuição de conhecimento o indivíduo consegue se colocar em
melhor posição para reivindicar, através do seu trabalho, a riqueza que ele mesmo produz.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
47
BARROS & BRUNACCI. Superação e permanência: políticas públicas da educação brasileira
e neoliberalismo. In MARQUES, Rosa Maria (Org.). O Brasil sobre a nova ordem. São
Paulo: Saraiva, 2010
Centro de Políticas Públicas do Insper. Panorama educacional brasileiro. São Paulo 2012
IPEA. Dimensão, evolução e projeção da pobreza por região e por estado no Brasil.
Disponível em:
http://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/100713_comuni58pobreza.pdf Acesso em
7 de novembro de 2012.
SEGNINI, Liliana Rolfsen Petrilli. Educação e Trabalho: uma relação tão necessária
quanto insuficiente. São Paulo Perspec. vol.14 no.2 São Paulo Abr./Jun 2000
Todos pela educação. Anuário Brasileiro da Educação Básica 2012 (Anuário TPE).
Disponívelem:http://www.todospelaeducacao.org.br//arquivos/biblioteca/anuario_finaleducac
ao_prova06_ok_capas.pdf Acesso em 07 de Outubro de 2012.
49
Em conformidade aos termos da Resolução nº 04/2007 do Conselho Nacional de
Educação, submeto ao meu Orientador, Prof. Ana Hutz, o presente trabalho, para que ele
proceda à avaliação final da disciplina TC – Relatório de Monografia.
Declaro, para tal, que estou ciente de que essa avaliação será feita tanto em bases
objetivas, ditadas pela experiência neste processo do Professor-Orientador e seus parâmetros
quanto à qualidade do material apresentado, como também com base em sua percepção, em
boa fé, de minha capacidade de realizar, fazendo uso das Técnicas de Pesquisa em Economia
previamente aprendidas nesse Bacharelado, quanto:
Declaro ainda que o Trabalho agora apresentado para avaliação, que traduz todo o esforço
referente à Disciplina de TC – Projeto de Monografia até aqui desenvolvido, é de minha
individual autoria, tendo sido elaborado exclusivamente com base nas fontes explícita e
formalmente citadas em suas Referências Bibliográficas, que foram pesquisadas
respeitando-se o direito da propriedade intelectual dos seus autores, conforme rege a
Legislação Brasileira e a ética acadêmica.
________________________________________________
Aluno:
50
Título da monografia: O problema do desenvolvimento do Brasil: a questão educacional
NOTAS
QUESITOS PESOS
AO AC1 AC2
Progresso e desempenho (assiduidade, compromisso e entrega de
1) 2
trabalhos) do aluno durante o processo de elaboração da
monografia.
51
10) Adequação da Conclusão. 2
2) Professores avaliadores
Os professores avaliadores devem discorrer acerca da relevância, atualidade e a forma de abordagem do tema.
Indicar se a linguagem é clara, se há concisão e objetividade da linguagem. Indicar sugestões que possam
contribuir para o aperfeiçoamento do trabalho e outras observações consideradas pertinentes.
a) Professor avaliador 1
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________Assinatura:_
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Data: __________/___________/_________
b) Professor avaliador 2
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
52
____________________________________________________________Assinatura:-
_____________________________________________________________
Data: _______/________/___________
53