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DE GOIÁS
CÂMPUS ITUMBIARA
CURSO DE BACHARELADO EM ENGENHARIA ELÉTRICA
ITUMBIARA-GO
2019
LUCAS JOSÉ LEMES
ITUMBIARA-GO
2019
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L551a
Lemes, Lucas José
Análise dinâmica do gerador a relutância variável 6x4 autoexcitado
operando em malha aberta. / Lucas José Lemes. -- 2019.
84 f. : il.
Trabalho de conclusão de curso (Bacharelado em Engenharia Elétrica) -
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás, Câmpus
Itumbiara, 2019.
Orientador: Prof. Victor Regis Bernardeli
CDD: 621.313
Agradeço primeiro a Deus pelos dias de luta e dias de glória, por sua luz que me
guia e me fortalece nos momentos difíceis, obrigado por todas as graças.
Ao meu orientador Victor Regis Bernardeli, pela oportunidade, paciência,
ensinamentos e material fornecido, “Vai ser difícil, mas eu vou estar lá para você”
(Bernardeli 2017), e ele estava mesmo, obrigado.
Aos meus pais, Venerando J. Lemes e Vânia C. O. Lemes, por todo apoio e força
que sempre me deram, durante toda a vida.
Aos meus irmãos, Vitor J. Lemes e Sofia A. Lemes, pelo companheirismo e união
que sempre mantemos.
A todos os membros de minha família, pelo incentivo e paciência. Em especial aos
meus avós, José Luis de Oliveira, Geni Sia, Barbara Vidal Lemes e José Venerando Lemes
Filho (in memorian) por toda a experiência de vida a mim transmitida.
A minha namorada Roberta Cristini, pela compreensão e o carinho.
Aos meus professores pelo conhecimento e experiências com que me presentearam,
a Ghunter P. Viajante pelas oportunidades e atenção, a Eric N. Chaves pelas inesquecíveis
conversas recheadas de reflexões filosóficas, a Marcos A. A. Freitas sempre prestativo e
pronto para ajudar, a Rui V. R. Silva por proporcionar um dos maiores desafios do curso,
entre muitos outros excelentes professores.
A todos os meus amigos, em especial a: Állan F. Pedo pelo apoio nos momentos
mais difíceis, a Celso F. Paulo Jr. pelas dicas e estratégias, a Samuel Germano por ser um
irmão de batalha nesta jornada.
Agradeço a todos aqueles que acreditaram em mim.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
1 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO................................................................................ 13
1.1 Introdução..................................................................................................................... 13
1.2 Objetivos........................................................................................................................ 13
1.3 Justificativa................................................................................................................... 14
2 CAPITULO 2 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................... 15
2.1 Introdução..................................................................................................................... 15
2.2 Estrutura da MRV....................................................................................................... 15
2.3 Princípio de Funcionamento........................................................................................18
2.4 Produção Cientifica...................................................................................................... 22
2.5 Conclusão...................................................................................................................... 27
3 CAPITULO 3 – MODELAGEM MATEMÁTICA................................................... 29
3.1 Introdução..................................................................................................................... 29
3.2 Porque um modelo não linear..................................................................................... 29
3.3 Representação da indutância utilizando série de Fourier........................................ 33
3.3.1 Dedução de 𝐿0 ................................................................................................................ 34
3.3.2 Dedução de 𝐿𝑛 ................................................................................................................ 36
3.3.3 A Indutância Incremental............................................................................................... 39
3.4 Simulação estática: Fluxo, Coenergia e Torque........................................................ 42
3.5 Modelo Dinâmico: equações elétricas e mecânicas....................................................46
3.6 Conclusão...................................................................................................................... 49
4 CAPITULO 4 – PLATAFORMA DE SIMULAÇÃO............................................... 50
4.1 Introdução..................................................................................................................... 50
4.2 Elementos do processo de conversão eletromecânica................................................51
4.3 Conversor estático proposto........................................................................................ 52
4.4 Máquina objeto de investigação.................................................................................. 53
4.5 Plataforma computacional........................................................................................... 54
4.6 Resultados preliminares............................................................................................... 58
4.7 Conclusão...................................................................................................................... 62
5 CAPITULO 5 – VARIAÇÃO DE VELOCIDADE E ÂNGULOS ON/OFF........... 64
5.1 Introdução..................................................................................................................... 64
5.2 Escorvamento................................................................................................................ 64
5.3 Velocidade variável com carga.................................................................................... 68
5.4 Velocidade variável e carga variável.......................................................................... 70
5.5 Alteração nos ângulos de acionamento....................................................................... 73
5.6 Conclusão...................................................................................................................... 78
6 CAPITULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................... 80
6.1 Conclusões..................................................................................................................... 80
6.2 Sugestão para trabalhos futuros............................................................................... 81
REFERÊNCIAS........................................................................................................... 82
13
1 CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
1.2 Objetivos
1.3 Justificativa
2.1 Introdução
Figura 2.3 – Exemplo de circuito para acionamento de uma fase, Conversor HB.
(a) Linhas de fluxo em um circuito magnético fechado; (b) Concatenamento de fluxo em um entreferro;
(c) Efeito do fluxo sobre um material com eixo rotativo.
Fonte: Autoria própria.
Circuito de uma fase para geração autoexcitada, topologia escolhida para este trabalho.
Fonte: Adaptado de [1]
22
Para este circuito, uma fonte primária é inserida para auxílio na primeira etapa de
funcionamento, a corrente fornecida por essa fonte se divide em três, a primeira carrega
o capacitor, a segunda excita a fase e a terceira vai para a carga.
Após a excitação inicial a fonte auxiliar é desconectada, o capacitor descarrega a
corrente armazenada que se divide em duas, a primeira excita a fase seguinte e a segunda
vai para a carga. A partir deste momento o capacitor é utilizado para a MRV se
autoexcitar.
A corrente gerada pela fase se divide em duas, a primeira parte recarrega o
capacitor e a segunda vai para a carga, assim, a corrente na carga será a soma das parcelas
de corrente vindas do capacitor e da fase [1].
Em 2008, Martinez et al. [29], simularam uma MRV usada como gerador
autoexcitado, este gerando em CA ao invés de CC, adicionando um capacitor externo em
paralelo à fase. Deduziu-se a função transferência para uma máquina com 3 pares de
polos, as simulações indicaram o efeito harmônico que impossibilitaria a conexão do
gerador a rede, porém, ainda seria uma opção interessante para sistemas isolados.
Em 2010, Zhang, Cassani e Williamson [30], apresentam um novo método mais
preciso de coletar informações do perfil de indutância da MRV, usando tensão e
frequência menores.
Em 2012, Kim e Krishnan [31], desenvolveram um novo drive de acionamento
CA/CC utilizando apenas uma chave por fase, para aplicação em MRVs pequenas. A
premissa foi a de buscar alternativas para conversores superdimensionados, os testes
foram realizados em uma MRV com 4x(4+4) onde os polos do estator eram maiores com
os enrolamentos de duas fases em série, mais 4 polos menores na diagonal do estator com
enrolamentos auxiliares, que em conjunto com um capacitor de recuperação, permitiam
o reaproveitamento de energia pela MRV.
Em 2016, Yan et al. [32], propõem um sistema de controle que realiza o balanço
e otimização para o ponto de máxima potência gerada, para um GRV de aplicação eólica
12x8 polos. Realizaram simulações semi-fisicas com foco no controle e drivers físicos e
dinâmica de vento simulada, analisando a capacidade do controle de realizar os ajustes
necessários com variações da intensidade do vento e de demanda, os resultados obtidos
foram positivos.
Em 2016, Reis et al. [11], desenvolveram um algoritmo de optimização dos
ângulos de acionamento de um GRV 6x4. Aliado ao controlador Proportional Integral
(PI) em simulação, o algoritmo aumentou a eficiência do gerador, com menor aplicação
de torque e mantendo a mesma excitação, se atingiu a mesma potência de saída de um
acionamento com ângulos convencionais.
Em 2016, Hu e Ding [10], realizaram a modelagem de um novo modelo de MRV,
esta era objeto de estudo em publicações na época, nomeado Modular Switched
Reluctance Generator (MSRG). A MSRG é uma máquina de 6x4 polos trifásicos,
composta por um estator segmentado onde os polos eram independentes em formato de
“E”, com dois enrolamentos entre as saliências, e o rotor modular dividido em três seções
de largura coincidente com as dimensões dos ressaltos dos polos “E” do estator. Foi
ressaltada a grande tolerância a faltas do modelo, as simulações foram verificadas com
dados experimentais colhidos da MSRG.
25
2.5 Conclusão
Neste capítulo foi apresentado a estrutura convencional da MRV, assim como seu
princípio eletromagnético de funcionamento e acionamento. Uma revisão sobre
produções científicas dos últimos anos revelando como a MRV é uma opção promissora
para diversas aplicações, especialmente para a produção de energia renovável
[7,9,11,15,16,32,34] e veículos elétricos [12,24,33,38], de acordo com a
28
3.1 Introdução
A curva de magnetização possui uma região linear e uma região de saturação, o fluxo acaba
sendo limitado pela saturação magnética do material. A figura 3.1 mostra as curvas de magnetização
reais do protótipo usado em [2], corrente (Amperes) x fluxo (Weber), cada linha do gráfico é referente
a uma posição do rotor.
30
Nota-se que a curva para a posição alinhada é que apresenta a máxima saturação, as curvas
próximas a posição desalinhada são quase lineares, a saturação praticamente não ocorre. De 0 a 5 A
as curvas não apresentam acentuação grave, podendo ser caracterizadas como lineares, no entanto a
partir deste valor de corrente o efeito da saturação é evidente limitando o fluxo [1,2,3].
A figura 3.2 mostra o gráfico de indutância em vermelho e corrente em azul durante o acio-
namento de uma fase. A geração é dividida em duas etapas, durante o acionamento das chaves os
enrolamentos são excitados, então ocorre a conversão eletromecânica gerando corrente na fase exci-
tada, após o fechamento, e a corrente atingir o valor máximo, começa a desmagnetização.
Enlace do fluxo envolvido na geração, região linear destacada em vermelho e região de saturação em verde.
Fonte: Adaptada de [2]
É notável a diferença de aproveitamento da energia nas duas regiões, a geração aumenta sig-
nificativamente quando a máquina opera na saturação, no entanto, deve-se atentar para a corrente, o
controle deve mantê-la dentro dos limites de operação do sistema[2].
A figura 3.3 demonstra a importância da operação do GRV na região de saturação. A operação
como gerador autoexcitado em malha aberta, em estudo, possui um agravante, que é mais um apelo
por um modelo não linear.
32
A operação em malha aberta, ou seja, sem controle dos ângulos de acionamento, transita li-
vremente pelas regiões de operação, quase sempre atuando na região de saturação, inclusive, atin-
gindo a mesma durante o escorvamento.
O escorvamento é o transitório que ocorre entre a partida e o regime permanente, devido ao
ciclo de carga e descarga do capacitor em paralelo. A cada ciclo de carga e descarga do capacitor
durante o transitório ocorrem incrementos de corrente e tensão, gerando um efeito de “serrilhado”, a
figura 3.4(a) ilustra o escorvamento de um GRV.
Tensão gerada, (a) modelo que contempla saturação; (b) modelo desconsiderando a saturação.
Fonte: Próprio autor.
Deve-se então levar em consideração a saturação do circuito magnético para a operação do GRV em
modo autoexcitado em malha aberta.
Para englobar o efeito da saturação magnética ao modelo, a estratégia utilizada, será a repre-
sentação do perfil de indutância por meio de séries de Fourier, método proposto em [20] e utilizada
em [1], esta abordagem permite uma boa aproximação dos efeitos da saturação.
Existem outras formas de representar o perfil de indutância como a trapezoidal apresentada
na figura 2.6 do capítulo anterior, esta despreza totalmente as não linearidades do perfil. Outra forma
é o modelo senoidal, visto que a variação da indutância em relação a posição se assemelha a uma
senoide, porém, embora haja essa semelhança a curva da indutância não segue exatamente a linha
trigonométrica de uma senoide [2,3,4,20].
A série de Fourier que é utilizada para a representação de funções periódicas e infinitas, rea-
lizada com o somatório de funções trigonométricas é a que possibilita uma representação mais fide-
digna ao perfil de indutância, uma vez que o mesmo é periódico e simétrico, levando em consideração
os efeitos da saturação magnética.
A indutância será representada, inicialmente, em função da posição, a figura 3.5 ilustra a curva
de indutância em função da posição, sendo o eixo central a posição não alinhada do rotor. A curva,
devido a não linearidade, será dividida em j segmentos de retas.
Onde а𝑗 é o coeficiente angular e 𝑏𝑗 é o coeficiente linear dos segmentos, que podem ser iso-
lados como:
𝑙𝑗+1 − 𝑙𝑗
а𝑗 = (3.2)
𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗
𝑏𝑗 = 𝑙𝑗 − а𝑗 𝛼𝑗 (3.3)
3.3.1 Dedução de 𝐿0
𝐺/2
1
𝐿0 = ∫ 𝐿(𝑞)𝑑𝑞 (3.5)
𝐺
−𝐺/2
2𝜋
𝐺= (3.6)
𝑃𝑟
35
Onde 𝑃𝑟 é o número de polos do rotor, o passo polar é a distância angular entre dois polos
adjacentes da máquina, a equação 3.6 se refere a distância angular mecânica e não elétrica, um passo
polar em graus elétricos sempre é de 180 graus [35].
Substituindo-se a equação 3.1 em 3.5, obtêm-se:
−𝛼𝑗 𝛼𝑗+1
𝑚
1
𝐿0 = ∑ [ ∫ (−а𝑗 𝑞 + 𝑏𝑗 )𝑑𝑞 + ∫ (а𝑗 𝑞 + 𝑏𝑗 )𝑑𝑞 ] (3.7)
𝐺
𝑗=1 −𝛼𝑗+1 𝛼𝑗
𝑚
1 𝑞2 −𝛼𝑗 𝑞2 𝛼𝑗+1
𝐿0 = ∑ {[(−а𝑗 ( ) + 𝑏𝑗 𝑞)] + [(а𝑗 ( ) + 𝑏𝑗 𝑞)] } (3.8)
𝐺 2 −𝛼𝑗+1 2 𝛼𝑗
𝑗=1
𝑚 2
1 (−𝛼𝑗 )2 (−𝛼𝑗+1 )
𝐿0 = ∑ {[(−а𝑗 ( ) + 𝑏𝑗 (−𝛼𝑗 )) − (−а𝑗 ( ) + 𝑏𝑗 (−𝛼𝑗+1 ))]
𝐺 2 2
𝑗=1
𝛼𝑗+1 2 𝛼𝑗 2
+ [(а𝑗 ( ) + 𝑏𝑗 𝛼𝑗+1 ) − (а𝑗 ( ) + 𝑏𝑗 𝛼𝑗 )]} (3.9)
2 2
𝑚
1
𝐿0 = ∑{[а𝑗 (𝛼𝑗+1 2 −𝛼𝑗 2 ) + 2𝑏𝑗 (−𝛼𝑗 + 𝛼𝑗+1 )]} (3.10)
𝐺
𝑗=1
𝑚
1 𝑙𝑗+1 − 𝑙𝑗 2
𝑙𝑗+1 − 𝑙𝑗
𝐿0 = ∑ {[( ) (𝛼𝑗+1 −𝛼𝑗 2 ) + 2 (𝑙𝑗 − ( ) 𝛼 ) (𝛼𝑗+1 −𝛼𝑗 )]} (3.11)
𝐺 𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗 𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗 𝑗
𝑗=1
3.3.2 Dedução de 𝐿𝑛
𝐺/2
2
𝐿𝑛 = ∫ 𝐿(𝑞) 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑃𝑟 𝑞) 𝑑𝑞 (3.13)
𝐺
−𝐺/2
−𝛼𝑗 𝛼𝑗+1
𝑚
2
𝐿𝑛 = ∑ [ ∫ (−а𝑗 𝑞 + 𝑏𝑗 ) cos(𝑛𝑃𝑟 𝑞) 𝑑𝑞 + ∫ (а𝑗 𝑞 + 𝑏𝑗 ) cos(𝑛𝑃𝑟 𝑞) 𝑑𝑞 ] (3.14)
𝐺
𝑗=1 −𝛼𝑗+1 𝛼𝑗
𝑚
2
𝐿𝑛 = ∑[𝐼 + 𝐼𝐼] (3.15)
𝐺
𝑗=1
Onde:
−𝛼𝑗
−𝛼𝑗 −𝛼𝑗
O primeiro termo de 3.18 pode ser resolvido utilizando uma integração por partes, enquanto
o segundo uma integral de substituição simples:
37
𝑗−𝛼 −𝛼 𝑗
sen(𝑛𝑃𝑟 𝑞) −cos(𝑛𝑃𝑟 𝑞) sen(𝑛𝑃𝑟 𝑞)
𝐼 = [(−а𝑗 𝑞) − (−а𝑗 ) ( )] + [(𝑏𝑗 ) ( )] (3.19)
𝑛𝑃𝑟 (𝑛𝑃𝑟 )2 𝑛𝑃𝑟
−𝛼 𝑗+1 −𝛼𝑗+1
Uma vez que os limites de integração são iguais pode-se simplificar a expressão acima:
𝑗 −𝛼
1 cos(𝑛𝑃𝑟 𝑞)
𝐼= [(−а𝑗 𝑞 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝑞) − (а𝑗 ) ( )] (3.20)
𝑛𝑃𝑟 𝑛𝑃𝑟 −𝛼 𝑗+1
1 cos(−𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
𝐼= {[(−а𝑗 (−𝛼𝑗 ) + 𝑏𝑗 )sen(−𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 ) − (а𝑗 ) ( )]
𝑛𝑃𝑟 𝑛𝑃𝑟
cos(−𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 )
− [(−а𝑗 (−𝛼𝑗+1 ) + 𝑏𝑗 )sen(−𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) − (а𝑗 ) ( )]} (3.21)
𝑛𝑃𝑟
1 cos(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 )
𝐼= [(а𝑗 𝛼𝑗+1 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) + (а𝑗 ) ( )
𝑛𝑃𝑟 𝑛𝑃𝑟
cos(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
− (а𝑗 𝛼𝑗 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 ) − (а𝑗 ) ( )] (3.22)
𝑛𝑃𝑟
Esta equação ainda pode ser simplificada colocando alguns termos em evidencia:
1
𝐼= [(а 𝛼 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) − (а𝑗 𝛼𝑗 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
𝑛𝑃𝑟 𝑗 𝑗+1
cos(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) cos(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
+ (а𝑗 ) ( − )] (3.23)
𝑛𝑃𝑟 𝑛𝑃𝑟
Partindo para a resolução do termo II (3.17), a solução se dará de forma similar a de I (3.16),
utilizando integração por partes e por substituição nos termos que se assemelham entre as duas equa-
ções, dessa forma:
𝛼
1 cos(𝑛𝑃𝑟 𝑞) 𝑗+1
𝐼𝐼 = [(а𝑗 𝑞 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝑞) + (а𝑗 ) ( )] (3.24)
𝑛𝑃𝑟 𝑛𝑃𝑟 𝛼 𝑗
1 cos(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 )
𝐼𝐼 = [(а𝑗 𝛼𝑗+1 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) + (а𝑗 ) ( )
𝑛𝑃𝑟 𝑛𝑃𝑟
cos(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
− (а𝑗 𝛼𝑗 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 ) − (а𝑗 ) ( )] (3.25)
𝑛𝑃𝑟
Nota-se que as equações 3.23 e 3.25 são iguais, logo faz-se 𝐼 + 𝐼𝐼 = 2 ∗ 𝐼, assim:
2
𝐼 + 𝐼𝐼 = [(а 𝛼 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) − (а𝑗 𝛼𝑗 + 𝑏𝑗 )sen(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
𝑛𝑃𝑟 𝑗 𝑗+1
cos(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) cos(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
+ (а𝑗 ) ( − )] (3.26)
𝑛𝑃𝑟 𝑛𝑃𝑟
𝑚
2 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) − 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
𝐿𝑛 = ∑ { [(𝑙𝑗+1 ) (𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) + )
𝑛𝑝 (𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗 )𝑛𝑃𝑟
𝑗=1
𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗+1 ) − 𝑐𝑜𝑠(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 )
− (𝑙𝑗 ) (𝑠𝑒𝑛(𝑛𝑃𝑟 𝛼𝑗 ) + )]} (3.28)
(𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗 )𝑛𝑃𝑟
Onde:
Agora pode-se substituir as equações deduzidas 3.12 e 3.29 na equação de 3.4, a representação
da indutância variável em função da posição através da série de fourier:
𝑚 ∞ 𝑚
1
𝐿(𝑞) = ∑[(𝑙𝑗+1 + 𝑙𝑗 )(𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗 )] + ∑ {∑[(𝑙𝑗+1 𝐴(𝑗,𝑛) − 𝑙𝑗 𝐵(𝑗,𝑛) )]} cos(𝑛𝑃𝑟 𝑞) (3.32)
𝐺
𝑗=1 𝑛=1 𝑗=1
A partir desta equação é possível obter o perfil de indutância variável em função da posição
do rotor, utilizando dados iniciais de medições experimentais ou simulações FEA [1,2,5].
Neste trabalho a faixa de corrente utilizada foi de 5A à 50A para a construção do perfil inicial,
apesar de baseado em um modelo de MRV real, as altas correntes dificultam as medições experimen-
tais, por este motivo, optou se pela utilização de dados provenientes de FEA [1].
O fluxo concatenado gerado pela corrente, depende também da corrente como visto na seção
3.2, efeito este devido a saturação do circuito magnético, faz-se necessário englobar o efeito da cor-
rente na indutância para ajustar as curvas a realidade.
Segundo Fitzgerald et al. [39] , “Em um circuito magnético, composto de material magnético
de permeabilidade constante ou que inclua um entreferro dominante, a relação entre 𝜆 e i será linear
e poderemos definir a indutância L como: “
𝜆
𝐿= (3.33)
𝑖
O perfil idealizado da figura 3.6, mostra as curvas divididas em seguimentos de retas, os va-
lores de indutância 𝑙𝑗 em função da posição 𝛼𝑗 , cada curva é referente a uma corrente sendo 𝑖1 a me-
nor e 𝑖3 a maior. Para se ajustar a equação 3.32 da indutância em relação a posição do rotor faz-se:
𝑙𝑗 = 𝑙𝑗 (𝑖, 𝛼𝑗 ) (3.34)
𝑚
1
𝐿(𝑖, 𝑞) = ∑ [(𝑙𝑗+1 (𝑖, 𝛼𝑗 ) + 𝑙𝑗 (𝑖, 𝛼𝑗 )) (𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗 )]
𝐺
𝑗=1
∞ 𝑚
O termo 𝑙𝑗 (𝑖, 𝛼𝑗 ) é um ajuste polinomial, uma interpolação de terceira ordem feita da seguinte
forma:
41
𝑚
1
𝐿(𝑖, 𝑞) = ∑{[(𝐶3𝑗+1 + 𝐶3𝑗 )𝑖 3 + (𝐶2𝑗+1 + 𝐶2𝑗 )𝑖 2 + (𝐶1𝑗+1 + 𝐶1𝑗 )𝑖 + (𝐶0𝑗+1 + 𝐶0𝑗 )](𝛼𝑗+1
𝐺
𝑗=1
− 𝛼𝑗 )}
∞ 𝑚
Vale apontar, que o segundo termo desta equação, o termo referente a 𝐿𝑛 é uma série de Fou-
rier, que pode ser expandida até o harmônico desejado.
A partir da equação 3.37, pode-se corrigir o perfil de indutância variável e estabelecer o perfil
de indutância incremental, um programa foi implementado para a construção de um perfil de 3 eixos
indutância/corrente/posição, a corrente variando de 5 até 50 A. A figura 3.7 é visão em duas dimen-
sões do perfil, enquanto a figura 3.8 a representação em três dimensões.
Perfil de Indutância com visão lateral, a curva mais alta em azul é referente a menor corrente.
Fonte: Produzido pelo próprio autor utilizando software MATLAB.
42
Baseado na equação 3.33 (relação de indutância e fluxo), pode-se obter a equação do fluxo:
𝑚
1
𝜆(𝑖, 𝑞) = ∑{[(𝐶3𝑗+1 + 𝐶3𝑗 )𝑖 4 + (𝐶2𝑗+1 + 𝐶2𝑗 )𝑖 3 + (𝐶1𝑗+1 + 𝐶1𝑗 )𝑖 2 + (𝐶0𝑗+1 + 𝐶0𝑗 )𝑖](𝛼𝑗+1
𝐺
𝑗=1
− 𝛼𝑗 )}
∞ 𝑚
A partir de 3.39, pode-se construir o perfil de fluxo da MRV, visto na figura 3.9, a superfície
de três eixos fluxo/posição/corrente.
43
A co-energia 𝑊𝑗𝑐𝑜𝑒 , é a energia utilizada durante a operação da MRV, pode ser obtida inte-
grando o fluxo [1,2,3]:
44
𝑖 𝑖
𝑚
1 𝑖5 𝑖4 𝑖3
𝑊𝑗𝑐𝑜𝑒 (𝑖, 𝑞) = ∑ {[(𝐶3𝑗+1 + 𝐶3𝑗 ) + (𝐶2𝑗+1 + 𝐶2𝑗 ) + (𝐶1𝑗+1 + 𝐶1𝑗 ) + (𝐶0𝑗+1
𝐺 5 4 3
𝑗=1
𝑖2
+ 𝐶0𝑗 ) ] (𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗 )}
2
∞ 𝑚
𝑖5 𝑖4 𝑖3 𝑖2
+ ∑ {∑ [((𝐶3𝑗+1 + 𝐶2𝑗+1 + 𝐶1𝑗+1 + 𝐶0𝑗+1 ) 𝐴(𝑗,𝑛)
5 4 3 2
𝑛=1 𝑗=1
𝑖5 𝑖4 𝑖3 𝑖2
− (𝐶3𝑗 + 𝐶2𝑗 + 𝐶1𝑗 + 𝐶0𝑗 ) 𝐵(𝑗,𝑛) )]} cos(𝑛𝑃𝑟 𝑞) (3.41)
5 4 3 2
𝜕𝑊 𝑐𝑜𝑒 (𝑖, 𝑞)
𝑇𝑒𝑚𝑎𝑔 = (3.42)
𝜕𝑞
𝑚
𝜕 1 𝑖5 𝑖4 𝑖3
𝑇𝑒𝑚𝑎𝑔 = ∑ {[(𝐶3𝑗+1 + 𝐶3𝑗 ) + (𝐶2𝑗+1 + 𝐶2𝑗 ) + (𝐶1𝑗+1 + 𝐶1𝑗 ) + (𝐶0𝑗+1
𝜕𝑞 𝐺 5 4 3
𝑗=1
𝑖2
+ 𝐶0𝑗 ) ] (𝛼𝑗+1 − 𝛼𝑗 )}
2
∞ 𝑚
𝑖5 𝑖4 𝑖3 𝑖2
+ ∑ {∑ [((𝐶3𝑗+1 + 𝐶2𝑗+1 + 𝐶1𝑗+1 + 𝐶0𝑗+1 ) 𝐴(𝑗,𝑛)
5 4 3 2
𝑛=1 𝑗=1
𝑖5 𝑖4 𝑖3 𝑖2
− (𝐶3𝑗 + 𝐶2𝑗 + 𝐶1𝑗 + 𝐶0𝑗 ) 𝐵(𝑗,𝑛) )]} cos(𝑛𝑃𝑟 𝑞) (3.43)
5 4 3 2
Nota-se que ao realizar a derivada o primeiro termo da equação se torna uma constante, uma
vez que não possui termos dependentes, assim este tende a zero, e a derivada do segundo termo forma
a equação:
45
∞ 𝑚
𝑖5 𝑖4 𝑖3 𝑖2
𝑇𝑒𝑚𝑎𝑔 = −𝑛𝑃𝑟 ∑ {∑ [((𝐶3𝑗+1 + 𝐶2𝑗+1 + 𝐶1𝑗+1 + 𝐶0𝑗+1 ) 𝐴(𝑗,𝑛)
5 4 3 2
𝑛=1 𝑗=1
𝑖5 𝑖4 𝑖3 𝑖2
− (𝐶3𝑗 + 𝐶2𝑗 + 𝐶1𝑗 + 𝐶0𝑗 ) 𝐵(𝑗,𝑛) )]} sen(𝑛𝑃𝑟 𝑞) (3.44)
5 4 3 2
Curvas de Conjugado x Posição do rotor, para diferentes correntes, os picos são referentes as maiores correntes.
Fonte: Produzido pelo próprio autor utilizando software MALAB
Vale apontar nas figuras a porção onde o conjugado é negativo, trata-se do torque restaurativo,
fator intrínseco à geração.
Circuito ideal de uma fase: tensão no terminal, resistência de fase, indutância de fase e força eletromotriz.
Fonte: Adaptado de [1].
47
Estudos apontam que os valores das indutâncias mutuas são inferiores a 1% do valor da indu-
tância de fase [2,3], por praticidade podem ser desconsideradas sem comprometer o modelo [40], de
acordo com a figura 3.12, para uma velocidade constante pode-se estabelecer a tensão de fase como
a soma da queda de tensão nos resistores, a queda de tensão da indutância e a força eletromotriz:
𝑑𝑖
𝑣 = 𝑅𝑖 + 𝐿(𝑖, 𝑞) +𝑒 (3.45)
𝑑𝑡
𝜕𝐿(𝑖, 𝑞)
𝐹𝐶𝐸𝑀 = 𝑒 = 𝑖𝜔 (3.46)
𝜕𝑞
𝑑𝑞
Onde 𝜔 é a velocidade angular do rotor 𝜔 = (derivada da posição em relação ao tempo),
𝑑𝑡
assim substituindo-se 3.46 em 3.45, se determina as equações referentes as tensões de fase da MRV:
𝑑𝑖 𝑑𝑞 𝜕𝐿(𝑖, 𝑞)
𝑣𝑓 = 𝑅𝑖 + 𝐿(𝑖, 𝑞) +𝑖 (3.47)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝜕𝑞
A equação mecânica vigente na máquina em operação será a de torque. A análise de sua di-
nâmica de movimento parte do princípio de que o conjugado mecânico aplicado ao eixo deve ser
suficiente para equilibrar com o conjugado eletromagnético e demais características resistivas, logo:
𝑑𝜔
𝑇𝑚 = 𝑇𝑒𝑚𝑎𝑔 + 𝐷𝜔 + 𝐽 (3.48)
𝑑𝑡
𝑊 𝑐𝑜𝑒 (𝑖,
𝑞) = ∑[𝑊𝑗𝑐𝑜𝑒 (𝑖, 𝑞)] = 𝑊1𝑐𝑜𝑒 (𝑖, 𝑞) + 𝑊2𝑐𝑜𝑒 (𝑖, 𝑞) + 𝑊3𝑐𝑜𝑒 (𝑖, 𝑞) + ⋯ + 𝑊𝐹𝑐𝑜𝑒 (𝑖, 𝑞) (3.49)
𝑗=1
𝑖
𝜕𝑊1 𝑐𝑜𝑒 𝜕 1 𝜕𝐿(𝑖, 𝑞)
𝑇𝑒𝑚𝑎𝑔 = = ∫ 𝐿(𝑖, 𝑞)𝑖𝑑𝑖 = 𝑖 2 (3.51)
𝜕𝑞 𝜕𝑞 2 𝜕𝑞
0
As equações de tensão de cada fase (3.47) e de conjugado mecânico (3.52), podem ser agru-
padas e reescritas de forma matricial [1,2,3,4,5]:
𝜕𝐿1 (𝑖, 𝑞)
𝐿1 0 0 0 𝑖1
𝜕𝑞
𝑣1 𝑅1 0 0 0 0 𝑖1 𝑖̇
𝜕𝐿2 (𝑖, 𝑞) 1
𝑣2 0 𝑅2 0 0 0 𝑖2 0 𝐿2 0 0 𝑖2 𝑖2̇
𝑣3 = 0 0 𝑅3 0 𝑖
0 3 + 𝜕𝑞 𝑖3̇ (3.53)
𝑇𝑚 𝑇𝑒1 𝑇𝑒2 𝑇𝑒3 𝐷 0 𝜔 𝜕𝐿3 (𝑖, 𝑞) 𝜔̇
[0] 0 0 𝐿3 0 𝑖3
[0 0 0 −1 0] [ 𝑞 ] 𝜕𝑞 [ 𝑞̇ ]
0 0 0 𝐽 0
[0 0 0 0 1 ]
Onde:
1 𝜕𝐿𝑥 (𝑖, 𝑞)
𝑇𝑒𝑥 = 𝑖 (3.54)
2 𝑥 𝜕𝑞
3.6 Conclusão
Neste capítulo foi abordado a impossibilidade de utilizar um modelo que desconsidere a satu-
ração magnética para a representação da máquina operando como GRV auto excitado.
Caso desconsiderada a saturação do circuito magnético, além do enorme potencial que a MRV
possui operando em sua região de saturação que seria desconsiderado, a corrente e tensão atingiriam
valores irreais, devido ao ciclo de realimentação positivo do modo autoexcitado.
A modelagem não linear foi apresentada, utilizando a representação do perfil de indutância
através da série de Fourier, por este ser um método que pode construir o perfil da forma mais fidedigna
ao comparado com outros modelos.
Inicialmente a indutância variável foi deduzida em função da posição representada usando as
séries de Fourier, evoluindo para a indutância incremental após o atrelamento a corrente, deste modo,
as equações analíticas permitiram a realização de simulações estáticas onde foram criados os perfis
de indutância, fluxo e conjugado.
Foram deduzidas as equações elétricas e mecânicas para o modelo dinâmico, estas foram agru-
padas de forma matricial, a partir da qual se obtêm a matriz das equações de estados, que serão fun-
damentais para as simulações dinâmicas da GRV autoexcitada no próximo capítulo.
50
4.1 Introdução
A carga pode ser escolhida para simular diferentes aplicações, neste trabalho o
gerador opera de forma isolada, para tanto foram colocadas cargas resistivas em seus
terminais.
O bloco GRV é referente ao comportamento dinâmico da MRV operando como
gerador e será implementado na simulação utilizando o modelo matemático desenvolvido
no capítulo anterior.
Entre as topologias disponíveis, o conversor Half Bridge (HB) foi utilizado para
a simulação, este é apresentado na figura 4.2.
Os enrolamentos do GRV têm 50 espiras por polo, totalizando 100 espiras por fase,
suportam uma corrente de cerca de 10 A [1]. As principais características do protótipo
estão dispostas na tabela 4.1.
Parâmetros Valor
Ângulo de Condução 30 graus
Atrito Viscoso (D) 0.026 N.m.s
Culatra do Estator 12 mm
Culatra Rotor 12.4 mm
Comprimento da pilha laminada 107 mm
Dentes do Estator 22.5 mm
Dentes do Rotor 11.7 mm
Diâmetro do Estator 140 mm
Diâmetro do Rotor 70 mm
Gap de Ar 0.4 mm
54
Tensão na carga (40 Ω) para modelo que desconsidera saturação em azul e o que considera em vermelho.
Fonte: Próprio autor.
4.7 Conclusão
Os dados coletados desta simulação poderiam ser utilizados para o projeto de uma
bancada experimental, a escolha dos componentes do conversor e cargas podem ser
deduzidas considerando uma margem de segurança, a utilização de simulação em projetos
é aproveitada em muitos trabalhos como em [1,2,3].
No próximo capítulo, a plataforma será utilizada para a realização de análises do
comportamento do GRV com alterações na velocidade aplicada ao eixo e nos ângulos de
acionamento.
64
5.1 Introdução
5.2 Escorvamento
A operação do gerador autoexcitado inicia com o ciclo de excitação da primeira fase acionada.
Como o capacitor ainda não foi carregado, a corrente deste ciclo vem da fonte de excitação. A figura
5.1 exibe a corrente vinda da fonte, a corrente no capacitor e a corrente na fase, e o ângulo de disparo.
É possível observar na figura 5.1 que a corrente da fonte é maior que a corrente de excitação
na fase A, isto ocorre devido a corrente proveniente da fonte se dividir em 3, a primeira realiza o
carregamento inicial do capacitor, a segunda excita a fase e a terceira vai para a carga, até ocorrer o
primeiro chaveamento e a fase excitada gera corrente.
A corrente gerada se divide em duas, a primeira vai para o capacitor e a segunda para a carga,
neste momento o diodo fica polarizado inversamente, atuando como um circuito aberto, e a fonte de
excitação não exerce mais influência sobre o circuito.
65
Corrente da fonte em azul, capacitor em vermelho, de fase em amarelo e o sinal de acionamento da fase A.
Fonte: Próprio autor.
A partir deste ponto o capacitor passa a fornecer a corrente de excitação para as fases, a cada
chaveamento ele é recarregado pela fase geradora, e descarregado excitando a próxima fase, este
processo pode ser observado na figura 5.2.
A parcela de corrente no capacitor com valor negativo representa o momento em que a fase
esta gerando corrente e recarregando o mesmo, simultaneamente a fase seguinte é excitada, após a
completa desmagnetização da fase o capacitor mantem a excitação até atingir o pico de magnetização,
que é representado na região positiva da curva, quando ocorre a troca entre os sinais de disparo a fase
seguinte gera corrente e o efeito se repete.
Este fenômeno pode ser visto de forma mais clara comparando a curva de corrente no
capacitor com a tensão induzida nas fases, a figura 5.3 mostra esta comparação:
A porção das curvas de tensão na região negativa são referentes a tensão induzida no período
de geração da fase, momento onde o capacitor é carregado. A curva de tensão de uma fase é reduzida
a zero quando esta é totalmente desmagnetizada, simultaneamente a fase seguinte é excitada.
Nota-se os incrementos nos níveis de tensão e corrente de excitação durante o escorvamento,
estes incrementos ocorrem devido ao ciclo de realimentação positivo:
A corrente de excitação aumenta o fluxo concatenado, ocorre a conversão eletromecânica
gerando mais corrente aumentando mais o fluxo, parte da corrente gerada é armazenada pelo capacitor
e disponibilizada durante a excitação da fase seguinte, desta forma, a corrente de excitação da nova
permutação é maior que anterior, aumentando mais o fluxo, como consequência uma maior tensão é
induzida na fase seguinte, pois segundo a lei de Ohm a tensão e a corrente são diretamente
proporcionais.
67
O ciclo se repete até que ocorra a saturação magnética do material, atingindo estabilidade e
entrando em regime permanente. Quando ocorre a saturação magnética, o fluxo concatenado não
aumenta além do seu limite, logo, não incrementa a corrente e este momento marca o fim do período
transitório, o GRV passa a gerar corrente o suficiente para se excitar e alimentar a carga.
Deste modo a corrente gerada apresenta dois padrões de comportamento, o incremental
durante o escorvamento e o saturado em regime permanente, a figura 5.4 exibe as correntes de fase e
no capacitor durante o transitório e em regime permanente.
(A) Correntes de fase no regime transitório; (B) Correntes de fase em regime permanente; (C) Corrente no capacitor em
regime transitório; (D) Corrente no capacitor em regime permanente.
Fonte: Próprio autor.
O pico registrado entre as correntes de fase foi de 24,23A, na figura 5.4(A) foram traçadas
retas no ponto de onde ocorre a troca do sinal de acionamento, a parcela de corrente acima destas
retas são os incrementos gerados, pode se observar o efeito destas na corrente do capacitor, na figura
5.4(C) é possível traçar uma reta crescente ligando os picos de excitação, o efeito dos incrementos
vai diminuindo até chegar ao regime permanente. As figuras 5.4(B e D) correspondem as correntes
de fase e no capacitor em regime permanente, as retas traçadas demonstram que o sistema entrou em
estabilidade, os incrementos cessaram.
68
Tensão na carga de 40 Ω, para velocidades diferentes, a curva azul representa a menor velocidade 800 rpm e a roxa
representa a maior 2000 rpm.
Fonte: Próprio autor.
Correntes na carga de 40 Ω, para velocidades diferentes, a curva azul representa a menor velocidade 800 rpm e a roxa
representa a maior 2000 rpm.
Fonte: Próprio autor.
A figura 5.7 mostra a corrente de uma fase em regime transitório e permanente, para cada
velocidade. Os picos de corrente registrados foram de 24,38A para 800 rpm, 25,54A para 1200 rpm,
24,67A para 1600 rpm e 23,84A para 2000 rpm.
Tensão e corrente na carga de 10 Ω, cada curva corresponde a uma velocidade: 800 rpm em azul; 1200 rpm em vermelho;
1600 rpm em amarelo; 2000 rpm em roxo.
Fonte: Próprio autor.
71
Tensão e corrente na carga de 20 Ω, cada curva corresponde a uma velocidade: 800 rpm em azul; 1200 rpm em vermelho;
1600 rpm em amarelo; 2000 rpm em roxo.
Fonte: Próprio autor.
Tensão e corrente na carga de 40 Ω, cada curva corresponde a uma velocidade: 800 rpm em azul; 1200 rpm em vermelho;
1600 rpm em amarelo; 2000 rpm em roxo.
Fonte: Próprio autor.
72
Tensão e corrente na carga de 80 Ω, cada curva corresponde a uma velocidade: 800 rpm em azul; 1200 rpm em vermelho;
1600 rpm em amarelo; 2000 rpm em roxo.
Fonte: Próprio autor.
O aumento de velocidade tem o mesmo efeito para todas as cargas: redução da oscilação em
regime permanente, aumento de tensão e corrente na carga e o regime transitório é prolongado. A
figura 5.12 exibe os gráficos de tensão na carga por velocidade, para todas as cargas simuladas.
Tensão na carga de 10 Ω alterando ângulos de acionamento: (A) Acréscimo ao ângulo em regime Transitório; (B) Acrés-
cimo ao ângulo em regime permanente; (C) Redução no ângulo em regime transitório; (D) Redução no ângulo em regime
permanente.
Fonte: Próprio autor.
74
Para a carga de 10Ω o aumento no ângulo de acionamento das chaves causa uma aceleração
no período transitório da máquina como visto na figura 5.13(A), entretanto reduz a tensão em regime
permanente em relação ao ângulo inicial, vide figura 5.13(B). A diminuição dos ângulos aumentou o
regime transitório como visto na figura 5.13(C). O ângulo -4° resultou na falha de operação com
gerador não conseguindo se autoexcitar, enquanto, -1° resultou em um aumento da tensão em regime
permanente visto na figura 5.13(D).
A figura 5.14 apresenta os resultados para a simulação com carga de 20 Ω.
Tensão na carga de 20 Ω alterando ângulos de acionamento: (A) Acréscimo ao ângulo em regime Transitório; (B) Acrés-
cimo ao ângulo em regime permanente; (C) Redução no ângulo em regime transitório; (D) Redução no ângulo em regime
permanente.
Fonte: Próprio autor.
Tensões na carga de 40 Ω alterando ângulos de acionamento: (A) Acréscimo ao ângulo em regime Transitório; (B) Acrés-
cimo ao ângulo em regime permanente; (C) Redução no ângulo em regime transitório; (D) Redução no ângulo em regime
permanente.
Fonte: Próprio autor.
Para a carga de 40Ω o aumento no ângulo de acionamento das chaves surtiu o mesmo efeito
das cargas anteriores, vide figuras 5.15(A e B). A diminuição dos ângulos, aumentou o regime
transitório figura 5.15 (C), no entanto, os primeiros 3 ângulos (-1º a -3º) aumentaram a tensão em
regime permanente vide figura 5.15(D).
A figura 5.16 mostras as curvas de tensão na carga de 80Ω. O aumento no ângulo de
acionamento das chaves manteve o efeito das cargas anteriores, figuras 5.16 (A e B). A diminuição
dos ângulos, aumentou o regime transitório figura 5.16(C), para fins de observação mais simulações
foram realizadas para esta carga, reduziu-se o ângulo até que a tensão em regime permanente
apresentasse queda em relação ao ângulo anterior, os cinco primeiros ângulos (-1º a -5º) aumentaram
a tensão, a partir do sexto -6° se iniciou a queda, vide figura 5.16 (D).
76
Tensões na carga de 80 Ω alterando ângulos de acionamento: (A) Acréscimo ao ângulo em regime Transitório; (B) Acrés-
cimo ao ângulo em regime permanente; (C) Redução no ângulo em regime transitório; (D) Redução no ângulo em regime
permanente.
Fonte: Próprio autor.
O caso mais expressivo entre as simulações foi a redução dos ângulos em -5° para a carga de
80 Ω, por essa razão, uma comparação em relação a referência (0°) é relevante, a figura 5.17 apresenta
as curvas de corrente e potência na carga, para 0° e -5°.
Comparação da corrente e potência instantânea dos ângulos 0 e -5 graus, velocidade 2000 rpm e carga de 80 Ω.
Fonte: Próprio autor.
77
Comparação da corrente de fase em regime transitório e permanente dos ângulos 0 e -5 graus, velocidade 2000 rpm e
carga de 80 Ω.
Fonte: Próprio autor.
Comparação de torque mecânico dos ângulos de 0 e -5 graus, velocidade 2000 rpm e carga de 80 Ω.
Fonte: Próprio autor.
Estas análises não desmerecem os ângulos ótimos definidos para simulação inicial, mas
demonstram a importância da implementação de um sistema de controle eficiente, uma vez que, nesta
última análise a alteração dos ângulos resultou no aumento de potência entregue a carga, utilizando
menos esforço mecânico e com correntes de pico menores nas fases, o que reduz os riscos do sistema
aumentando seu tempo de vida útil.
5.6 Conclusão
Este capitulo apresentou uma análise sobre o regime transitório do GRV autoexcitado,
denominado escorvamento, o ciclo de realimentação positivo responsável pelos incrementos de
tensão e corrente até atingir o regime permanente foi discutido, com observações a respeito das
correntes de fase e do capacitor.
A análise a respeito do efeito de velocidades diferentes sobre a mesma carga, mostrou um
padrão comportamental, que se repetiu para diferentes cargas, o aumento da velocidade prolonga o
regime transitório, eleva o valor de tensão na carga em regime permanente e reduz oscilação.
A alteração dos ângulos de acionamento apresentou resultados adversos para as diferentes
cargas, o ponto em comum foi seu efeito sobre o escorvamento, o deslocamento do acionamento para
a direita acelera o regime transitório e para a esquerda o prolonga.
79
Adiantar os ângulos on/off em cinco graus para a carga de 80 Ω com velocidade fixa de 2000
rpm, resultou em uma melhora na eficiência do sistema, maior potência entregue, menor torque
utilizado e uma corrente de pico menor nas fases.
Esta última análise denota a importância da implementação de um sistema de controle
eficiente, conclusão esta, que se respalda ao número de publicações que contém ou objetivam técnicas
de controle para máquinas a relutância variável [1,2,6,7,8,9,11,12,14,15,16,18,21,24,28,31,32,34].
80
4.1 Conclusões
REFERÊNCIAS
[33] UDDIN W., HUSAIN T., SOZER Y., HUSAIN I. “Design Methodology of a
Switched Reluctance Machine for Off-Road Vehicle Applications” IEEE Transactions on
Industry Applications, vol. 52, Issue 3, pag. 2138-2147, May-June 2016.
[34] BARROS T. A. S., SANTOS NETO P. J., NASCIMENTO FILHO P. S., MOREIRA
A. B., RUPPERT FILHO E. “An Approach for Switched Reluctance Generator in a Wind
Generation System With a Wide Range of Operation Speed”, IEEE Transactions on Power
Electronics, IEEE, Vol. 32, Issue 11, pag. 8277-8292, Nov. 2017.
[35] Chapman, S. J. “Fundamentos de máquinas elétricas: Apêndice B Passos de uma
bobina e enrolamentos distribuidos[recurso eletrônico]”, 5. ed., Apêndice B, 2013, disponível
em: http://www.drb-m.org/mqeletr/Apendice%20B-
%20Passo%20de%20uma%20bobina%20e%20enrolamentos%20distribuidos.pdf ultimo
acesso: 14 de maio de 2019.
[36] BORGES T. T. “Motor a Relutância Chaveada com Controle Fuzzy e Detecção
Indireta de Posição”, Uberlândia, UFU, Tese de Doutorado, 2002.
[37] ASSUNÇÃO A. C., SILVEIRA A. W. F. V., ANDRADE, A. A., GOMES L. C.,
FLEURY A. “Acionamento do Gerador a Relutância Variável com Malha de Controle de
Tensão na Carga”, XIV CEEL – ISSN 2178-8308, Universidade Federal de Uberlândia de
Engenharia Elétrica, Laboratório de Acionamentos Elétricos (LAcE) e Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG), Outubro de 2016.
[38] CURCIO M. Automotive Business. Noticias. “WEG trabalha em novo motor de
relutância variável”. Disponivel em: <
http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/17966/weg-trabalha-em-novo-motor-de-
relutancia-variavel> acesso em 24/06/2019.
[39] FITZGERALD A. E., KINGSLEY C. JR., UMANS S. D. “Máquinas Elétricas: com
introdução à eletrônica de potência”, 6ª edição, Bookman, 2006.
[40] FIDELIS R. T. “Modelagem Matemática e Sistema Embarcado em DSP/FPGA para
Acionamento e Controle de um GRV 8/6 com Estimativa em Tempo Real das Curvas de
Indutância e Conjugado”, Uberlândia, UFU, Dissertação de mestrado, 2018.