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Unidade temática:

A explosão populacional; a expansão urbana e o novo urbanismo;


migrações internas e emigração

 Questões do manual da disciplina vol.3:


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1. Entende-se por explosão demográfica o crescimento elevado da população do
mundo ou de um determinado território ou região. Esse crescimento pode ser provocado
por diversos motivos, variando de acordo com o período e o contexto histórico.
Este fenómeno, particularmente forte na Europa, foi possibilitado pela descida
drástica e irreversível da mortalidade; pela antecipação da idade do casamento; pela
elevação da esperança de vida. Quanto à natalidade, manteve-se alta até cerca de 1870,
altura em que se inicia o seu declínio.

2. Os continentes e Estados europeus que melhor testemunham a explosão


demográfica são a América do Norte, a Oceânia, o Reino Unido e a Rússia.

3. Ao analisarmos a explosão populacional europeia, o primeiro facto a ter em


consideração diz respeito ao decréscimo da mortalidade. Após o século XVIII, na
Inglaterra, França e Portugal as taxas de mortalidade baixaram significativamente pondo
fim ao modelo demográfico de Antigo Regime.

4. A ciência e a tecnologia tiveram um grande impacto na história da população,


em parte por descobrirem novos meios de poupar a vida.
Fizeram-se grandes progressos no fornecimento de água limpa, na remoção de
esgotos e na conveniente limpeza das ruas que levou a uma melhor higiene pública e
pessoal.
Com o decorrer do tempo começaram a surgir progressos na cura de doenças e
ferimentos e foram feitas descobertas que salvaram vidas, como a descoberta da vacina
contra a raiva por Pasteur e o pulverizador de ácido carbólico, usado como antisséptico,
em 1867, pelo cirurgião Joseph Lister. Todos estes progressos permitiram, de forma
definitiva, aos Europeus contar com uma maior esperança de vida.
5. As taxas de natalidade mantiveram-se elevadas e foram decrescendo lentamente
durante o século XIX.
Foi a manutenção de uma natalidade elevada durante grande parte do século XIX
que, em simultâneo com uma descida acentuada da mortalidade, permitiu o saldo
fisiológico positivo e a explosão da população europeia.
6. O neomalthusianismo é uma teoria demográfica desenvolvida a partir da
reelaboração das ideias de Thomas Malthus. Esta perspetiva, em linhas gerais, sugere a
difusão de medidas governamentais para intensificar o controlo do crescimento da
população.
A explosão demográfica europeia inquietou certos observadores e a ideia, já desde
o final do século XVIII, proclamada por Malthus ressurgiu – a conveniência de limitar
os nascimentos para que se pudessem evitar a fome e o aniquilamento coletivo.
Na sua obra Ensaio Geral sobre a População, Thomas Malthus argumentou que a
relação entre a quantidade de habitantes no mundo era desproporcional à quantidade de
recursos naturais disponíveis.

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1. A população urbana conheceu um impulso decisivo no século XIX. Como
consequência da industrialização, as cidades cresceram a um ritmo muito acelerado em
número, em superfície e em densidade populacional. Considera-se ser o
desenvolvimento de grandes cidades, de população superior a 100 000 habitantes, uma
manifestação de expansão urbana. 

3. Mal preparadas para receberem as multidões, as cidades não possuíam os


adequados sistemas sanitários, redes de distribuição de água ou serviços de limpeza das
ruas. Nos bairros populares, superpovoados, uma população numerosa vivia na miséria
e promiscuidade.
Periodicamente, grandes epidemias de cólera e de tuberculose continuavam a
fazer as suas razias na cidade e a mortalidade infantil permanecia elevada.
Manifestações de desregramento e delinquência completavam o quadro negro da vida
urbana. A prostituição, a mendicidade, alcoolismo e a criminalidade faziam parte do
quotidiano.

4. Os surtos de cólera que irrompiam nas cidades eram originados pela falta de
higiene tanto pública como pessoal, não haviam sistemas sanitários adequados nem
distribuição de água e as condições de vida da maioria da população eram degradantes.
Famílias inteiras acumulavam-se em habitações lúgubres e insalubres, que se resumiam
a um único compartimento.

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1. O novo urbanismo surgiu na década de 1980 com o objetivo de melhorar a
qualidade de vida do homem nas cidades. Até então, as cidades eram geralmente
organizadas em consideração ao pedestre. Com o desenvolvimento dos transportes o
alcance da cidade estendeu se  ao longo de linhas de trânsito, com o advento de
automóveis baratos e as políticas públicas favoráveis a esta indústria começou-se a
priorizar as necessidades do carro.
O rápido crescimento económico e populacional das cidades transformou os
espaços urbanos e alterou a vida citadina. Os primeiros problemas foram a falta de
espaço e de habitações, desenvolveu-se por isso a construção em altura que substituiu as
velhas mansões familiares por prédios de rendimento. Pode-se observar este sentido de
horizontalidade no Doc. F A rua de Saint Honoré depois do meio-dia.
A sobrelotação citadina trouxe problemas de saneamento e de saúde pública.
Foram feitas assim grandes reparações de renovação urbana sobretudo nos bairros
centrais, novas vias, grandes praças e fundamentos de saneamento público.
O centro urbano tornou-se o espaço exclusivo do poder económico e politico. No
entanto, os bairros operários foram os mais carenciados, erguidos em zonas industriais,
possuíam habitações pequenas, mal divididas e insalubres.
O ferro passou a ser muito comum nas paisagens oitocentistas e novecentistas
assim comos os fumos e vapores das locomotivas. A vida social também mudou com os
novos cafés, esplanadas e teatros observáveis no Doc. E Boulevard de Capucines e
Teatro de Vaudeville, uma obra de Béraud inspirada nos boulevards de Paris.

2. A cidade oitocentista que era um microcosmo social era Paris, como se pode
observar no Doc. H No ónibus, uma pintura de Maurice Delondre, “uma variedade de
gentes que espelham as transformações sociais do tempo” encontravam-se comumente
nos transportes públicos.

3. S. Zweig e E. Zola partilhavam um enorme fascínio pelas cidades da segunda


metade de oitocentos e início de novecentos, consideravam-nas cada vez mais belas e
populosas e completamente mudadas. Com ruas cada vez mais largas, edifícios públicos
grandiosos e armazéns luxuosos admiravam as cidades cheias de alegria. Era notório
que a riqueza crescente espalhava-se por todo o lado.
Zola apelava aos artistas que encontrassem nas paisagens metálicas e fumosas do
novo urbanismo inspiração e que estes deveriam “saber encontrar a poesia das gares”.
Empenho e progressão definiam as novas cidades, abriram-se novos teatros,
bibliotecas e museus e, por todo a parte novas comodidades surgiram, como a casa de
banho e o telefone, que deixaram de ser apenas privilégios.

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1. De acordo com os DOC.14 e 15, no século XIX existia um elevado número de
imigrantes europeus, muitos migraram para a América do Norte, portugueses e italianos
escolhiam o Brasil e os russos maioritariamente partiam para a Austrália.
Muitas pessoas de origem asiática também migravam para América do Norte,
África e América do Sul. Chineses e Japoneses preferiam as Américas enquanto os
Indianos iam para África.
2. A maior corrente migratória do século XIX foi constituída pela emigração. Na
Ásia, vários milhares de chineses alcançaram o sudeste do continente e avançaram para
a América. Trabalhadores qualificados da Escócia ou camponeses esfomeados da
Irlanda buscaram emprego na Inglaterra.
Os motivos que levaram vários Europeus a abandonar os seus países de origem
foram motivos demográficos e económicos. Na Europa do Sul e na Europa Oriental, que
arrancaram tardiamente para a industrialização, uma agricultura pouco compensadora e
um insuficiente desenvolvimento industrial incentivaram à partida. No entanto, razões
opostas conduziram os britânicos à emigração, precisamente o desemprego tecnológico
causado pela precoce e forte industrialização.
Motivos políticos e religiosos tiveram, também, a sua quota-parte no caudal
migratório europeu.

3. A propaganda britânica à emigração promove que ao permaneceram no país


(here) as famílias viverão uma vida triste, de miséria e fome sem possibilidade de
sustentarem os seus filhos mas se partirem (there) viverão uma vida com muito
melhores condições e oportunidades e serão capazes de sustentarem e providenciar o
melhor para a família.

4. O testemunho do jornalista J. Huret não dá uma imagem muito positiva da


chegada dos imigrantes aos EUA. Pelo excerto apresentado no Doc. 19A a ideia com
que se fica é que a recessão de emigrantes é um pouco “mecanizada”, por assim dizer.
Os emigrantes que chegam ao país não se opõem a nada, deixando se serem mal
tratados “Empurram-nos, pressionam-nos, mas eles não opõem qualquer resistência, não
dizem uma palavra de protesto, como que adormecidos […]” e são logo categorizados e
interrogados.

5. Os EUA exerciam uma forte atração sobre a emigração europeia pois com a
descoberta de ouro em alguns Estados milhares de pessoas mudaram-se à procura de
enriquecimento pela mineração.

6. As migrações internas feitas em Portugal eram em direção, principalmente, ao


Porto pois era dali que partiam a maioria dos navios e onde se adquiriria a formação
adequada para o sucesso no estrangeiro. Os migrantes no Porto exerciam
maioritariamente o papel de marçanos ou aprendizes no comércio.
A principal emigração portuguesa era dirigida ao Brasil, a população mais
empobrecida acreditava que do outro lado do Atlântico os esperava riqueza e melhores
condições de vida.

7. Grande parte dos emigrantes portugueses na segunda metade do século XIX


eram agricultores que viviam ainda em freguesias rurais e vilas. No Norte, confrontados
com a pequena exploração que apenas garantia o autoconsumo e, no Sul, com a
regressão da cerealicultura pela concorrência do trigo americano, estes emigrantes
fugiam para o Brasil numa tentativa de escaparem à fome e à miséria e na esperança de
acederem ao “El Dorado” (ouro).

 Texto caracterizador da expansão urbana verificada durante o


séc. XIX:

O século XIX registou por todo o mundo, particularmente na Europa, um grande


aumento demográfico. O crescimento populacional foi causado pelo acentuado recuo
da mortalidade, enquanto a natalidade permanecia elevada. A diminuição da
mortalidade é explicada pela melhoria geral das condições de vida resultante de
fatores como o desenvolvimento económico originado pela Revolução Industrial e
as suas implicações na produção agrícola, na evolução dos transportes e alargamento
dos mercados internos; a melhor alimentação que fortaleceu o organismo humano
contra as doenças e epidemias; o desenvolvimento científico-técnico que permitiu
avanços na medicina, farmacologia e vacinação; e os progressos na higiene individual
e coletiva.
O século XIX foi também um século de surto urbano. Como consequência da
industrialização, as cidades cresceram a um ritmo muito acelerado. Para além do
crescimento demográfico, as alterações económicas contribuíram para este rápido
crescimento urbano. Outros fatores são também a mecanização nos campos que
contribuíram para o desemprego rural. Desta forma, as cidades, centros industriais e
comerciais que oferecem maiores possibilidades de emprego, absorveram a mão-de-
obra dos campos dando assim origem ao êxodo rural; o aumento e desenvolvimento
dos transportes, nomeadamente os caminhos-de-ferro; e o fascínio que as
modernidades e comodidades que a vida citadina parecia oferecer, pela novidade das
realizações culturais e recreativas, correspondendo ao ideal de promoção social.
A forte concentração populacional, das indústrias, comércio e serviços, nos
espaços citadinos trouxe problemas de difícil resolução. As habitações tornaram-se
insuficientes e pequenas para albergar a população que crescia rapidamente. O aumento
dos transportes, aliado à elevada densidade populacional, criou problemas de tráfego.
Existia uma insuficiência de infraestruturas de higiene e de saneamento o que fazia
proliferar epidemias como a cólera e a tuberculose. Também a criminalidade,
alcoolismo, violência, mendicidade e prostituição foram causados pela miséria
extrema e pelo desenraizamento das populações que afluíam à cidade.
Todos estes problemas estiveram na origem de intervenções urbanísticas que
alteraram as cidades. Criaram-se redes de saneamento, pavimentaram e iluminaram as
ruas, construíram espaços verdes e áreas de lazer e cultura. Muitas mansões foram
substituídas por prédios e criaram-se bairros adjacentes onde residiam as elites urbanas.
No entanto, nos subúrbios, os dormitórios dos operários eram caracterizados pela
insalubridade.
O século XIX produziu, em todo o mundo, impressionantes fluxos migratórios.
A Europa foi o continente que registou a maior mobilidade populacional, quer dentro
quer fora das suas fronteiras. Este fenómeno migratório foi favorecido pelo elevado
crescimento demográfico, pelas crises económicas, pelas perseguições políticas e
religiosas, pelo desejo de encontrar condições de promoção social e pela
curiosidade científica.

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