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Se isto é um homem – apreciação crítica

Escolhi a obra “Se isto é um homem” de Primo Levi porque, embora já a tenha
lido há algum tempo, foi uma leitura que me marcou muito. É um livro com vários
termos e expressões em francês e alemão o que pode dificultar um pouco a
compreensão mas também tem várias descrições pormenorizadas e o uso de
interrogações retóricas ao longo da narração conferem riqueza ao texto.

“Se isto é um homem” conta a história do autor, Primo Levi, um cidadão italiano
judeu, licenciado em química, que é levado para um campo de concentração durante
a Segunda Guerra Mundial. É um relato, na primeira pessoa, das suas experiências
durante a sua estadia em Auschwitz.
Levi torna-se mais um anónimo prisioneiro do campo de concentração nazi. Lá encara
uma serie de problemas mas, apesar da rotina difícil, Levi aprende que é possível sobreviver
apesar de estar privado de qualquer direito moral. É através de descrições objetivas do dia-a-
dia de um prisioneiro que enaltece a força humana e a capacidade de resistência acima de
qualquer dor física ou moral, mesmo quando a própria dignidade é posta em causa.

Esta história realça a verdadeira dor que as pessoas nos campos de concentração
sentiam. São feitas várias descrições do frio, das condições desumanas e da fome.
Descrições que levam a uma conclusão: nunca seremos capaz de compreender esta
dor.
No entanto, apesar de todo o sofrimento, o livro mostra como os prisioneiros
davam importância às coisas simples da vida oferecidas pela Natureza, o que coloca
em perspetiva tudo à volta do leitor e o faz questionar sobre o que realmente importa.
Primo Levi, focou-se mais na sobrevivência e como lidava com inevitabilidade de
pertencer aquele campo. O livro pretende chamar a atenção para os comportamentos
do homem quando submetidos a condições extremas, é como um manual de
sobrevivência. Levi, ao contrário de muitos outros, sobreviveu e considerou
fundamental para tal a desumanização, ou seja, para ele quanto mais deixasse de se
sentir como uma pessoa, mais hipóteses tinha de viver.
O que mais choca nesta obra é a visão otimista do autor dada a sua situação, ele
tentava encontrar sempre um ponto positivo acho que como forma de manter a
esperança.
Observamos com esta leitura à desconstrução de alguém que abandona a sua
humanidade como forma de sobrevivência. É um relato da coragem de um homem
que passou mais de um ano num campo de concentração, onde a média de
sobrevivência era apenas 2 meses, e que conheceu muita gente capaz de tudo para
sobreviver. 13 anos depois, escreveu sobre isso com uma certa frieza, prova da
desumanização que Levi relata como essencial à sobrevivência.

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