Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
02.08.17 Lançamento Do Manual de Licitações. Artigo PDF
02.08.17 Lançamento Do Manual de Licitações. Artigo PDF
História das MPE, segunda guerra mundial, dia 05/10/2015 dia da MPE
Esta tendência chegou ao Brasil através da Lei nº. 7.256/84 que foi a primeira norma a tratar
de benefícios administrativos, tributários, previdenciários, trabalhistas e de acesso ao crédito às
Microempresas, omitindo-se quanto aos contratos governamentais.
Num estudo feito pelo IBGE após os primeiros 15 anos de tratamento favorecido e
diferenciado no âmbito tributário e administrativo, chegou-se a seguinte conclusão sobre a
importância das micro e pequenas empresas:
“AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS COMERCIAIS E DE SERVIÇOS NO BRASIL,
IBGE, 2001
Por fim, nesta breve descrição cronológica das legislações sobre o tratamento favorecido e
diferenciado, adveio o Estatuto das Micro e Pequenas empresas, instituído pela Lei
Complementar nº. 123/06, no qual, se previu pela primeira vez o tratamento diferenciado e
favorecido nas licitações públicas, prevendo os seguintes benefícios: regularidade fiscal tardia,
preferência em caso de empate ficto, emissão de título de microcrédito para empenhos não
pagos, possibilidade de subcontratação de parcela de serviços e obras públicas e, possibilidade
de realização de licitações exclusivas ou com cotas exclusivas à participação de MPE’s.
Em 2014, o Estatuto Nacional foi alterado pela Lei Complementar nº. 147/14 para, dentre
outras medidas, ampliar o prazo de regularização fiscal tardia e obrigar os entes públicos a
realizarem as licitações exclusivas ou com cotas exclusivas.
Recentemente, houve mais uma alteração no Estatuto Nacional, através da LC nº. 155/17,
para ampliar o benefício da regularidade de habilitação tardia, incluindo a possibilidade de
regularização trabalhista tardia e para ampliar os limites de receita para fins de enquadramento
da empresa como ME ou EPP.
Em 1991, através da Lei Complementar nº. 58/91, autorizou o Poder Executivo a instituir o
regime fiscal das microempresas, para o Estado do Paraná, definindo o enquadramento, as
obrigações fiscais e incentivos fiscais às MPE.
E, em 1996, através da Lei Estadual nº. 11.651/1996, o Estado do Paraná foi autorizado a
aderir, mediante Convênio, ao Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições
das Microempresas e das Empresas de Pequeno Porte - SIMPLES, instituído pela Lei Federal nº
9.317/96.
Mesmo após o advento do Estatuo Nacional das MPE (LC nº. 123/06), o Estado do Paraná
ainda não tinha garantido o tratamento favorecido e diferenciado às MPE nas licitações.
Em 2007, foi sancionada a Lei Estadual nº. 15.562, que dispôs sobre o tratamento
diferenciado e favorecido a ser dispensado às MPE, mas apenas referente à apuração e
recolhimento do ICMS, inclusive obrigações acessórias, mediante regime único de arrecadação,
obedecendo à LC nº. 123/06.
Somente em 2011 é que houve uma indicação legislativa, de nº. 35, que sugeriu ao Poder
executivo a instituição do tratamento diferenciado às MPE nas licitações estaduais, em especial
para que o Poder Executivo tomasse providências para incluir na Lei Geral de Licitações Estadual
(Lei nº. 15.608) a possibilidade de realização de licitações exclusivas ou com cotas exclusivas às
MPE, replicando na lei estadual o disposto nos artigos 48 e 49 da LC nº. 123/06, e sob os
seguintes justificativas:
“É cediço que o grande agente indutor do desenvolvimento e do crescimento
econômico é o Estado, este grande ente ficto que gere o cotidiano de todos
nós.
1
Fonte: (acessado em 30/07/2017)
http://portal.alep.pr.gov.br/modules/mod_legislativo_arquivo/mod_legislativo_arquivo.php?leiCod=39
&tipo=L&tplei=5
E, o reflexo da indicação legislativa veio apenas em 2013, através da aprovação da Lei
Complementar Estadual nº. 163/2013, que instituiu no Estado do Paraná o Tratamento
diferenciado e favorecido às MPE, previsto no artigo 143 da Constituição do Estado, e em
conformidade com o Estatuto Nacional das MPE (LC nº. 123/06) e que consolidou as normas
relativas ao tratamento especial conferido às MPE’s.
Assim, somente após 7 (sete) anos da instituição das regras de preferência às MPE no
Estatuo Nacional é que o Estado do Paraná inseriu em seu normativo regional o tratamento
diferenciado e favorecido às MPE’s nas licitações públicas.
Antes de adentrar nos comentários à LC nº. 163/13 vale falar rapidamente sobre a
divergência doutrinária existente em relação à competência legislativa em matéria de licitações.
A CF no artigo 22, XXVI diz que compete privativamente à União legislar sobre normas gerais
de licitação. De forma que os demais entes poderiam ter suas normas próprias mais específicas.
“Dessa forma o poder regulamentar dos Estados, Distrito Federal e Municípios em normas de licitação
deve limitar-se à competência suplementar (ou complementar). Naquilo que a norma federal (norma geral)
já preceituou, exauriu e esgotou, não terá lugar a competência suplementar.”
Contudo, alguns doutrinadores dizem que “normas gerais” demonstra que se trata de uma
competência concorrente, e, por isto, esta competência deveria estar no artigo 24 da CF. Dentre
os doutrinadores cite-se: Alexandre Mazza (Manual de Direito Administrativo”, 1ª edição, 3ª
tiragem, ano 2011).
A LC nº. 163/13 tratou do acesso das MPE’s aos mercados públicos no capítulo V da lei,
cujas seções tratam de disposições gerais, do certificado cadastral da MPE, da meta anual de
participação das MPE nas compras do Estado e do Portal de Compras do Estado do Paraná.
E, para atingir tal objetivo, a LC nº. 163/13 determinou que a administração estadual
adotasse as seguintes ações:
Destaque-se que, como a LC nº. 163/13 regulamenta o artigo 143 da Constituição Estadual,
é de se concluir que as regras de tratamento diferenciado e favorecido deverão ser aplicados
por todos os Poderes e entes do Estado do Paraná, quiçá pelos Municípios, se adotado o
entendimento do Alexandre Mazza.
Neste ínterim, cumpre comentar que nas pesquisas feitas, não se identificaram
planejamentos de compras e serviços por partes dos órgãos da Administração, mas apenas o
Portal de Compras para divulgação dos editais lançados.
De acordo com o SEBRAE, idealizador dos projetos de leis que culminaram no Estatuto
Nacional das MPE, para fomentar a participação das MPE nas licitações era importante que as
empresas soubessem de antemão o que será comprado pela Administração de modo que
pudessem se organizar, buscar fornecedores, organizarem seus estoques, regularizarem suas
documentações, etc.
Desta forma, o planejamento das compras públicas permite que os empresários saibam de
quais licitações poderão participar.
Ainda, um plano anual de compras permite que o órgão possa padronizar seus editais de
licitações, mantendo as regras dos certames melhor definidas, evitando-se “exigências
surpresas” e, consequentemente, permitindo que os empresários saibam com antecedência “as
regras do jogo”, podendo regularizar sua documentação também com antecedência.
A LC nº. 163/13 também determina que o planejamento deve considerar que as licitações
sejam divididas em tantos itens de contratação quanto economicamente viáveis a fim de que o
objeto da licitação possa ser adjudicado a licitantes distintos.
E, se houver necessidade de que o objeto da licitação tenha que ser adjudicado por lote,
seja por conta da natureza do produto, da inexistência de 3 fornecedores de pequeno porte, da
exigência de qualidade específica, de risco de fornecimento considerado alto ou qualquer outro
aspecto impeditivo, tal circunstância deverá ser justificada no processo.
O Decreto Estadual nº. 2474/15 seguiu a linha da LC, determinando que os órgãos devem,
sempre que possível, parcelar o objeto da licitação de modo a ampliar a possibilidade de
participação dos beneficiários do tratamento diferenciado, considerando na definição dos itens
e lotes a necessidade do desenvolvimento local e regional, em função dos locais em que os bens,
serviços e obras deverão ser entregues ou executados
O artigo 20 da LC nº. 163/13 trata da regularização fiscal tardia, trazendo os mesmos prazos
do texto original do Estatuto Nacional, mas especificando melhor o momento exato de início da
contagem do prazo (momento em que o proponente for declarado vencedor) e tratando de um
problema prático: a demora dos órgãos fiscais em dar baixa nos pagamentos e emitirem as
certidões negativas ou positivas com efeitos negativos.
Ante o exíguo prazo para regularização fiscal concedido e o problema prático da demora
dos órgãos fiscais, previu-se no artigo 20, §2º que seriam aceitos outros documentos que
comprovem a extinção ou suspensão do crédito tributário, na impossibilidade de emissão de
certidões negativas ou positivas.
Tal problema era tão recorrente que o próprio Estatuto Nacional foi alterado, pela LC nº.
147/14, para ampliar o prazo de regularização de 2 para 5 dias, prorrogáveis por mais 5 dias a
critério da Administração.
O Decreto n. 2474/15, que foi publicado após o advento da LC 147/14, considerou o prazo
de 5 dias, manteve as especificidades da lei complementar estadual de início do prazo a partir
da declaração do vencedor, e complementou o regramento determinando que a regra será a
concessão da prorrogação de prazo e a não concessão deverá ser justificada na hipótese de
urgência da contratação.
Assim, ainda que o prazo a ser utilizado nos editais tenha que ser o do Estatuto Nacional (5
dias), as demais regras previstas no Estatuto Paranaense são válidas e devem ser aplicadas.
Outra regra de procedimento foi tratada no artigo 21 o qual tratou do planejamento das
compras de gêneros alimentícios perecíveis e outros produtos perecíveis.
Determinou a Lei Complementar que as compras destes produtos devem se adequar a
oferta de produtores do mercado local ou regional, subdividindo-se a licitação no maior número
de itens possíveis e adequando-se, inclusive à capacidade produtiva destes fornecedores locais.
Jacoby Fernandes já leciona esta ação como forma de privilegiar o mercado fornecedor
local, inclusive deu como exemplo uma cidade do Pará que, para privilegiar o mercado
fornecedor local de açaí, poderá incluir nas suas compras produtos feitos à base de açaí, incluí-
los na merenda escolar, nas refeições fornecidas em hospitais, e, com isto, fomentar o mercado
local.
O artigo 22 da LC determina que nas aquisições de bens e serviços comuns que envolvam
MPE deverá ser dada preferência pela utilização do pregão presencial.
Cabe destacar que são raras as licitações para aquisição de bens e serviços comuns que não
envolvam MPE e que autorizariam a utilização do pregão eletrônico, até porque, ainda que não
sejam licitações exclusivas, tendo participação de MPE haverá a aplicação dos benefícios da
regularidade fiscal/trabalhista tardia e preferência em caso de empate ficto.
Mas, na prática, vê-se mais a aplicação do Decreto Estadual nº. 33/2015 que determina que
“A utilização da modalidade de “Pregão Eletrônico” para aquisição de bens e serviços comuns
será obrigatória para toda administração pública estadual”, sendo que a impossibilidade de
adoção do pregão eletrônico deverá ser justificada nos autos do processo de aquisição.
Haja vista que não foram localizadas Resoluções, Instruções Normativas ou outro ato
normativo nos demais Poderes ou órgãos estaduais, dever-se-ia aplica o artigo 22 da LC nº.
163/13 e realizarem preferencialmente o pregão presencial.
Visando a ampla divulgação dos editais no âmbito local e regional, a LC nº. 163/13 previu
a divulgação dos editais pelas entidades de apoio às MPE em seus veículos de comunicação,
através de convênios (art. 23).
Em pesquisa acerca de convênios para ampliar a divulgação dos editais não foram
localizadas divulgações além do Portal de Compras Paraná.
Na página do Fórum Permanente das MPE do Estado do Paraná2, há uma aba “consulta a
licitações” na qual há links de acesso às licitações do Poder Executivo, da Copel, da Sanepar e de
outros órgãos estaduais. Não há links, num único portal, das licitações públicas estaduais e
municipais.
Também foi previsto, como forma de fomento, a subcontratação de MPE nos editais de
licitação, desde que previsto no edital o percentual mínimo do objeto que poderá ser
subcontratado, que a subcontratação não seja de itens determinados ou de empresas
específicas, sendo vedada a subcontratação quando a proponente já for MPE, quando a
subcontratação for inviável ou não for vantajosa à administração, ou causar prejuízo ao conjunto
ou complexo do objeto; ou quando a proponente for sociedade de propósitos específicos.
O Decreto n. 2474/15 seguiu a mesma linha da LC, mas acrescentou que “os beneficiários
do tratamento diferenciado a serem subcontratados deverão ser sediados no Município ou
Região no qual será executado o objeto, salvo quando esta determinação puder comprometer
a qualidade da execução contratual” (art. 7º, IV), que não pode subcontratar quando a licitante
for consórcio constituído de MPE (art. 7º, §1º) ou em relação à parcela de maior relevância ou
se a MPE participou da licitação, quando o objeto for fornecimento de bem (art. 7º, §2º), que
além da regularidade fiscal, será exigido os demais comprovantes de habilitação da
subcontratada (art. 7º, §3º)
Por fim, na seção das disposições gerais, a LC deu tratamento ampliativo ao regulamento
nacional nas inexigibilidades e dispensas dos artigos 24 e 25 da Lei nº. 8.666/93, determinando
que nestas contratações diretas seja dado preferência de contratação às MPE’s.
Destaque-se a LC nº. 147/14 alterou o Estatuto Nacional das MPE’s para determinar que
não seriam feitas licitações exclusivas às MPEs ou com cotas exclusivas nos casos de dispensa e
inexigibilidade, salvo nas dispensas por valor nas quais seria dada preferência às MPE’s.
Assim, o texto da LC Estadual é mais ampliativo no sentido de que não apenas das dispensas
por valor, mas nas demais hipóteses de dispensas e nos casos de inexigibilidade deve ser dada
preferência de contratação às MPE’s.
Isto leva a uma necessidade do ente justificar no processo os motivos pelos quais nas
contratações diretas ele não possa contratar uma MPE. Exemplo: se ocorrer uma inexigibilidade
2
http://www.fopeme.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=155
por conta de se existir fornecedor único, então, bastaria justificar a impossibilidade de
contratação de MPE pelo fato do único fornecedor não ser MPE.
Ainda que tenha sido criado o Portal Paranaense da Micro e Pequena Empresa, que busca
unir num único endereço os serviços e programas definidos na LC nº. 163/13, o Portal apenas
trata dos serviços para abertura das MPE (racionalização legal e burocrática), acesso à linhas de
crédito (investimento e financiamento), treinamentos e capacitações (formação: associativismo,
cultura empreendedora, gestão das MPE), tecnologia e inovação (difusão de tecnologias,
identificação e análise dos arranjos produtivos nacionais), fomento ao comércio exterior e
informação.
Ademais, este cadastro unificado tem por objetivo registrar pessoas interessadas em ser
fornecedoras da Administração Estadual (Decreto 1.352/15, art. 1º, §1º) e para cadastrar
aqueles que realizarão contratos com a Administração (Decreto 1.352/15, art. 1º, §4º).
Assim, ainda que se consiga identificar MPE interessadas e MPE que já foram contratadas,
tal cadastro não serviria para fins de subsidiar o planejamento anual de compras, que trata o
artigo 19, ou o planejamento de aquisições de gêneros alimentícios perecíveis, que trata o artigo
21.
Na página do Fórum Permanente das MPE também não foi localizado um cadastro das MPE.
Sabe-se que um dos grandes problemas envolvendo MPE nas licitações públicas é
justamente a identificação das MPE, a comprovação de que uma empresa enquadra-se como
micro ou empresa de pequeno porte.
O Estatuto Nacional, no artigo 72 diz que “As microempresas e as empresas de pequeno
porte, nos termos da legislação civil, acrescentarão à sua firma ou denominação as expressões
“Microempresa” ou “Empresa de Pequeno Porte”, ou suas respectivas abreviações, “ME” ou
“EPP”, conforme o caso, sendo facultativa a inclusão do objeto da sociedade.”
Assim, uma das formas de se identificar uma MPE é através as abreviações ME ou EPP em
seu nome empresarial.
Nota-se, portanto, que, muito embora a verificação da condição de MPE seja através no
nome, não há, no âmbito das Juntas Comerciais uma mínima fiscalização de cumprimento dos
limites legais previamente à alteração do nome, bastando uma simples declaração da empresa.
Assim, podem ocorrer casos em que a empresa não cumpra mais os requisitos para o
enquadramento como ME/EPP, mas ainda não foi devidamente desenquadrada na Junta
Comercial.
Além disto, cumpre destacar que a partir de 01/01/18, o artigo 72 da LC 123/06, que trata
do nome empresarial das MPE será revogado, de forma que não mais se poderá identificar uma
MPE apenas pelo seu nome empresarial.
A jurisprudência das Cortes de Contas passaram a recomendar que, haja vista que é
obrigatório, para fins de habilitação, a comprovação da qualificação econômico-financeira das
empresas (art. 4º, XIII, Lei nº. 10.520/02 e art. 31 da Lei nº. 8.666/93), que se averiguassem nos
balanços e demonstrações se a empresa se enquadrava nos limites legais para tratamento
diferenciado como ME/EPP .
Tendo em vista esta interpretação e o art. 47, parágrafo único da LC 123/06 , muitos
Municípios passaram a editar leis municipais dispensando as ME/EPP de apresentarem balanços
e demonstrações.
"O caput do art. 31 faz uso da forma verbal "limitar-se-á", o que significa que a
administração não está obrigada a exigir todos os documentos ali mencionados.
Este dispositivo contém uma limitação às exigências, e não uma exigência mínima a ser
necessariamente observada. Poderá a mesma deixar de exigir os documentos que, mesmo ali
referidos, considerar desnecessários para aferir a qualificação econômico-financeira do licitante.
Mas, em que pese interpretar-se como uma faculdade, para certos tipos de contratos de
grande vulto, ou de prestação continuada, é importante utilizar os balanços e demonstrações
para aferir a saúde financeira da ME/EPP. Daí porque a dispensa desta exigência poderá levar a
uma interpretação de quebra de dever de cuidado pelo gestor (indício de conduta culposa).
Sobre o balanço patrimonial, o Decreto Estadual assim determinou “Art. 3.º O balanço
patrimonial somente será exigido dos beneficiários do tratamento diferenciado quando
indispensável para a prova de habilitação econômico-financeira consoante disposto no
instrumento convocatório.”
Assim, nos casos em que não for exigido balanço patrimonial, e na ausência de um cadastro
de MPE, os órgãos estaduais terão que utilizar outra metodologia de análise do enquadramento
das empresas como MPE.
Mas, vale destacar que também não poderá se beneficiar do tratamento jurídico
diferenciado previsto na Lei Complementar, a pessoa jurídica:
I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica;
II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com
sede no exterior;
III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja
sócia de outra empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos
desta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que
trata o inciso II do caput deste artigo;
IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de
outra empresa não beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita
bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;
V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica
com fins lucrativos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata
o inciso II do caput deste artigo;
VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;
VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;
VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de
desenvolvimento, de caixa econômica, de sociedade de crédito, financiamento e
investimento ou de crédito imobiliário, de corretora ou de distribuidora de títulos,
valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil, de seguros
privados e de capitalização ou de previdência complementar;
IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de
desmembramento de pessoa jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-
calendário anteriores;
X - constituída sob a forma de sociedade por ações.
XI - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do
serviço, relação de pessoalidade, subordinação e habitualidade
De acordo com o art. 2º, §6º da LC 123/06, a fiscalização das ME/EPP relativo ao regime
tributário do Simples Nacional será regulamentado pelo Comitê Gestor do Simples Nacional-
CGSN e, no artigo 33, já atribui a competência para Município nos casos de prestação de
serviços, podendo ser realizado convênio com os Estados para ampliar sua competência.
O Comitê, por sua vez, regulamentou a fiscalização do Simples Nacional, inclusive quanto
ao desenquadramento da qualificação de ME/EPP e sua exclusão ao regime do Simples Nacional,
através da Resolução CGSN nº.30/08.
Desta forma, o Município poderá inclusive fazer a exclusão da ME/EPP do regime tributário,
através de seu agente competente, e, refletindo, tal atuação, no setor de licitações.
A Advocacia Geral da União tem esclarecido que, “dado o alto número de fraudes na
participação de Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (ME/EPP) nas licitações públicas,
e considerando a fragilidade da principal forma de comprovação de tal enquadramento
(declaração unilateral da própria empresa), o TCU vem adotando meio alternativo para verificar
a condição da ME/EPP: a consulta ao Portal da Transparência do Governo Federal, que indica os
valores recebidos por cada empresa em decorrência de contratos firmados com os órgãos e
entidades da administração pública federal que executam suas despesas pelo SIAFI” .
Cumpre destacar que o Decreto nº. 8.538/15, que regulamentou a LC 147/14, dispensou a
exigência de apresentação de balanço patrimonial do último exercício social das ME/EPP nos
casos de licitações para fornecimento de bens para pronta entrega ou para a locação de
materiais (art. 3º), reforçando, assim, a importância de consulta ao SIAFI para verificar a
comprovação da qualificação da ME/EPP.
Mas, por outro lado, nos pregões realizados pelo comprasnet , "o Portal de compras
governamentais obtém os dados do "porte da empresa", diretamente no banco de dados da
Receita Federal, portanto, os Fornecedores que verificarem incorreção, deverão dirigir-se às
Agências da Receita Federal, para averiguação e adequação do porte ao último balanço
apresentado".
Ante os crescentes casos de fraude envolvendo MPE, sugere-se que o procedimento de
comprovação da condição de MPE seja estabelecido em normativos e no edital.
Por fim, ainda na seção quanto ao certificado cadastral da MPE, a LC trouxe outros dois
instrumentos para auxílio à implementação da política pública, além do cadastro das MPE
sediadas localmente:
Tais instrumentos se aproximam das ações de governança pública que vem sendo induzidas
pelo TCU como boas práticas.
Ademais, o SEBRAE levantou como desafio para bem aplicar esta legislação, quando dos
cursos dados regionalmente, era de que as MPE locais sequer sabiam do que a Administração
comprava.
Por fim, o parágrafo único do art. 27 diz que os Municípios poderão aderir aos instrumentos
previstos neste artigo (cadastro de MPEs, plano anual de compras e catálogo de padronização
de materiais).
Como falado acima, uma das maiores dificuldades ao tratamento diferenciado e favorecido
das MPEs nas licitações é justamente identificar as empresas que são enquadradas como ME ou
EPP.
Assim, se o Estado do Paraná unir esforços para a criação de um cadastro das MPE,
informatizado, qure pudesse verificar as informações fiscais relativas às receitas auferidas
(talvez por Convênio à Receita Federal), juntamente com informações quanto às atividades
econômicas (através de dados da Junta Comercial) e buscando levantar os produtos de gêneros
alimentícios perecíveis fornecidos (através de dados das notas fiscais eletrônicas), certamente a
política de fomento local seria implementada de forma exponencial.
Além deste cadastro servir para comprovar o enquadramento para fins das empresas
fazerem jus à preferência ao empate ficto e à regularidade fiscal tardia, a consulta a um cadastro
atualizado serviria para avaliação da existência de 3 MPE localizadas local ou regionalmente para
fins de realização de licitações diferenciadas.
Também serviria para auxiliar no planejamento anual previsto no artigo 19, no qual em se
identificando as empresas locais/regionais, o Estado do Paraná poderia separar suas licitações
por territorialidade, isto é, ainda que a licitação fosse centralizada, seria separada por itens de
contratação por localização das unidades administrativas consumidoras.
Da mesma forma, com uma consulta ao cadastro das MPE, o Estado do Paraná poderia
verificar os produtos oferecidos por MPE locais ou regionais, e, assim, verificar a viabilidade de
incluir nas suas demandas tais produtos.
Em consulta à internet e nos normativos estaduais não foram identificadas metas anuais
de participação nas compras estaduais, apesar deste tema ter sido debatido nas reuniões do
Fórum Permanente, consoante ata da reunião de 06/04/173.
Independente da meta, deve-se destacar que o controle da participação das MPE nas
compras estaduais e municipais seria um importante indicador para avaliação de todo o
programa de fomento às MPE.
O SEBRAE mantem um site para monitoramento da participação das MPEs nas compras
públicas4, em especial para acompanhamento das compras de fornecedores locais:
3
http://www.fopeme.pr.gov.br/arquivos/File/ata16reuniaoextraordinariafopeme060417.pdf
4
http://www.comprapr.com.br/index.php?pg=oprograma.php&menu=3&gpmenu=6
Ainda que não exista a meta de participação de MPE nas contratações públicas, seria de
suma importância a adoção de indicadores, validando os dados de acompanhamento do
SEBRAE, e monitorando a eficácia da política pública adotada.
Pelo inciso II do artigo 29, um dos objetos do Portal de Compras seria “dar ampla
flexibilidade e possibilidades à política de compras governamentais voltadas à participação de
microempresas, empresas de pequeno porte e do microempreendedor individual, locais e
regionais”.
E, conforme o parágrafo único do mesmo artigo, a administração deveria usar o portal para,
dentre outras ações, divulgar previamente os editais de licitação na forma da legislação,
destacando a forma de participação das microempresas e empresas de pequeno porte.
Assim, não há flexibilidade para divulgação previa dos editais da licitação que envolvem a
participação das MPEs.
O empate ficto foi mencionado na LC apenas como remição à aplicação das regras dos
artigo 42 a 49 da LC nº. 123/06 como uma das ações do programa de tratamento diferenciado
e favorecido às MPEs.
A licitação exclusiva às MPE, tratada no artigo 48, I Do Estatuto Nacional, foi regulamentada
no artigo 6 º do Decreto n. 2474/15, determinando a realização de licitações exclusivas às MPE
por itens de contratação cujo valor seja de até R$80.000,00.
E, se for o caso de aquisição de bens ou serviços comuns, deverá ser dada preferência à
realização do pregão presencial que trata o artigo 22 da LC n. 163/13.
As licitações com cotas exclusivas às MPE’s foram tratadas tanto no Decreto n. 2474/15
quanto no Decreto Estadual n. 4993/16, que trata regras e critérios para aquisição de bens e
contratação de serviços continuados e não continuados, excluídos os serviços de engenharia e
de tecnologia da informação.
Neste último Decreto se determinou a cotização, nos termos do artigo 48, III do Estatuto
Nacional, salvo nos casos em que não existam 3 fornecedores sediados local ou regionalmente,
se não for vantajoso ou representar prejuízo ao conjunto ou complexo do objeto ou quando,
com as cotas reservadas às MPE, não seja possível alcançar os objetivos elencados no artigo 47.
O Decreto n. 2474/15 também tratou das condicionantes para a realização das licitações
diferenciadas, replicando o artigo 49 da Lei Nacional, incluindo mais uma condicionante de não
realização das licitações diferenciadas quando esta ação não alcançar os objetivos do
tratamento diferenciado (desenvolvimento, inovação e implementação das políticas públicas),
e, trazendo o procedimento para verificação da existência de 3 MPE sediadas local ou
regionalmente (declaração dos licitantes, ausência de efetiva participação de 3 MPE em licitação
com mesmo objeto e mesma região, consulta à associações ou pareceres técnicos).
Destaque-se que o TC já possui resposta à consulta formal sobre o tema, e que diverge do
regramento do art. 9º, §2º do Decreto.
A LC 147 alterou o Estatuto das MPE para, ampliar o prazo da regularidade fiscal tardia,
para obrigar que os entes federados realizassem licitações exclusivas ou com cotas exclusivas,
se atendidas as condições do artigo 49 do Estatuto Nacional, para alterar as condicionantes de
realização das licitações diferenciadas (revogação do inciso I e mudança no texto do inciso IV) e
trouxe uma ferramenta para o desenvolvimento local/regional: o §3º do artigo 48 que permite
a preferência de contratação de MPE local ou regional nas licitações diferenciadas em até 10%
do melhor preço válido.
A LC não foi alterada para se adequar aos novos prazos de regularização fiscal tardia.
Como a LC não tratou em detalhes das licitações diferenciadas, mas remeteu ao Estatuto
Nacional, então não haveria necessidade de alteração da LC Estadual.
Por outro lado, as demais ações de fomento previstas no texto original da LC 163/13, que
poderiam impactar no desenvolvimento, não foram implantadas, salvo os treinamentos.
Destaque-se que algumas ações determinam o fomento no âmbito local e regional. E, o Estado
do Paraná sequer regulamentou o conceito de região que adota.
A nível estadual também daria margem ao debate, uma vez que, dependendo do objeto de
contratação, o atendimento da necessidade da Administração já conduz a uma obrigatória
restrição (ex: combustíveis, alguns perecíveis, etc).
Mas, como política pública, abriu-se debate para a possibilidade do estado restringir
territorialmente suas compras para MPE regionais que estejam abarcadas por politicas públicas
de fomento bem específicas que tenham como objetivos a mais, além do fomento, outros
valores previstos constitucionalmente.
5. DESAFIOS