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Demonstração
Ao contrário da argumentação, a demonstração não pretende convencer o auditório
mas sim mostrar a relação necessária entre as premissas e a conclusão, e nem uma, nem
outra, podem ser discutidas uma vez que as premissas são necessariamente verdadeiras, e
como fundamentam a conclusão, esta também é necessariamente verdadeira.
Utiliza linguagem objectiva e rigorosa, portanto apenas tem um só significado. Como
é objectiva, não necessita da adesão do auditório nem necessita da opinião deste mesmo.
Contudo, pode ser contestada de uma maneira: através da sua forma, ou seja, ao analisarmos
o conteúdo, não há duvidas nem podemos discutir nada sobre isso, mas, ao analisarmos a
forma do discurso, podem (ou não) existir falhas a nível da forma, isto quer dizer que pode (ou
não) estar contra as regras da lógica.
Tipos de argumentação
Ethos (eu, individuo) - tipo de prova centrado no caracter do orador. Deve ser credível para
conseguir a confiança do seu auditório.
Logos (razão) – tipo de prova centrado nos argumentos e no discurso. O discurso tem de
estar bem estruturado do ponto de vista lógica-argumentativo, de modo a que a tese se
imponha como verdadeira. As premissas não são discutíveis, logo, fundamentam
necessariamente a conclusão. Este é o tipo de argumentação que se utiliza quando o orador
não conhece nada a respeito do auditório, porque apesar de não saber nada sobre este, tem a
certeza de uma coisa: que todos os membros do auditório têm uma coisa em comum, a sua
racionalidade.
Retórica e Filosofia
A retórica e a filosofia nem sempre se entenderam. A retórica, sendo a arte de
convencer e persuadir, teve origem na Antiguidade, devendo-se aos sofistas a sua expansão.
Os sofistas eram professores que se dedicavam ao ensino dos jovens, dominavam a arte de
persuadir pela palavra. O seu ensino proporcionava aos cidadãos da Grécia antiga as técnicas
necessárias à participação na vida politica.
Se uma pessoa falasse bem, conseguia convencer as pessoas. Se soubermos usar bem
a palavra, levamos os outros a fazer o que quisermos.
Nesta altura, passou a existir a democracia, uma vez que era mais justa. Dizia-se que a
Democracia era o governo de todos para todos, ou seja, todos faziam as leis ( que tornava
logo este tipo de governo mais justo).
Os sofistas ensinavam retórica aos futuros políticos. Para eles, era mais importante
saber falar bem do que dizer a verdade, ser justo, porque quem soubesse falar bem, convencia
alguém sempre que quisesse. Os sofistas eram associados ao falso saber; aquele que detém a
sabedoria aparente, que faz uso de um raciocínio falacioso.
Para os filósofos o bem da cidade é universal e objectivo; e acusavam os sofistas de
ensinarem falsidades, erros, mentiras… o filósofo diz que o mais importante é saber e o seu
objectivo para agirmos melhor e sermos mais justos.
Os sofistas tinham imensos adeptos porque ensinavam o que a maior parte das
pessoas queria: poder. Eles ensinavam tudo, sem saber nada, porque apesar de parecer que os
sofistas eram muitos cultos (e eles próprios diziam que sabiam tudo), não o eram, na realidade
tinham muito poucos conhecimentos, tudo o que sabiam sobre algo era superficial. Para os
sofistas tudo era relativo, tudo podia ser defendido. A verdade válida era aquela que
conseguia mais adeptos.
Desde muito cedo que os sofistas entendem que o uso da palavra é mais eficaz do que
o conteúdo do próprio discurso. Acreditar e defender a verdade dos discursos é a verdade que
serve ao homem; e a verdade relativa feita à medida das necessidades e circunstâncias de
cada um.
A retorica era a arte de bem falar ou a técnica de persuadir para ganhar a adesão de
um certo auditório, para os filósofos a argumentação só pode servir a busca da verdade. Uma
boa argumentação é aquela que serve o filósofo da busca da verdade. Não interessa o
conteúdo, interessa apenas que seja aceite, que convença e persuada.
A busca da verdade é a tarefa do filósofo. A filosofia mão aceita o relativismo e
pretende inviabilizar a prática de uma retórica de meras aparências.
Com Aristóteles, a retorica torna-se um saber como todos os outros, uma disciplina que se
ocupa do verosímil. Pode fazer-se uso do bom ou do mau uso da retorica; a retorica não é
moral ou imoral, mas quem a utiliza.
No século XX a nova retórica encontra na argumentação o fundamento de uma nova
racionalidade, isto é, passa a considerar-se a sua importância no pensamento para o
conhecimento.
A filosofia demonstra que não quer a adesão do público, contudo, a retorica já
necessita da adesão do auditório.
Retórica e Democracia
Na Democracia é onde a retorica se evidencia. A igualdade perante a lei e o livre uso
da palavra fomentam a cidadania.
Tal como na Grécia antiga, hoje, nos países democráticos, a palavra continua a ser o
primeiro instrumento de defesa da liberdade e da igualdade dos direitos fundamentais do
individuo e do cidadão. A palavra substitui a violência física mas fomenta outro tipo de
violência (manipulação do conhecimento e das emoções). A democracia parece ser também
um terreno propício ao aumento da sedução, da manipulação da demagogia.
Persuasão e manipulação
Persuadir: levar alguém a aceitar ou optar por determinada posição. Todo o discurso
argumentativo tem por objectivo persuadir determinado auditório a adoptar as teses de dado
orador.
Não podemos confundir argumentação com manipulação.
Manipular: paralisar o juízo e em tudo fazer para que o receptor aceite uma ideia que
conscientemente não aceitaria.
A argumentação, ao contrário da manipulação, pressupõe a existência de actos de
comunicação livres entre o emissor e o receptor. A persuasão não nega a possibilidade de o
receptor poder aceitar ou recusar a mensagem. Pelo contrário, a argumentação persuasiva
deve permitir a posição e não a imposição.
Manipulação é uma prática abusiva do discurso, em que obriga o receptor a aderir a
dada mensagem. A persuasão pratica o discurso que tem como finalidade a livre adesão do
auditório à tese.
Deixamo-nos manipular porque não sabemos o que decidir, ou porque não queremos
assumir as responsabilidades da nossa opção e assim deixamos outros decidir por nós.