Você está na página 1de 12

Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

arandanet.com.br

Uma análise de harmônicas no


condutor neutro com lâmpadas LED –
Parte 1

16-22 minutos

Duas características peculiares das lâmpadas LED são


tratadas na primeira parte deste artigo, publicado em duas
edições consecutivas: as harmônicas e os picos de corrente
de partida. Um analisador de rede permite examinar as
correntes e tensões e suas consequências para o condutor
neutro.

Stefan Fassbinder, Instituto Alemão do Cobre (Alemanha)

Data: 26/09/2017

Edição: EM Setembro 2016 - Ano - 44 No 510

Compartilhe:

1 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

Fig. 1 – Lâmpada LED com ventilador para resfriamento. A


consequência desagradável é o ruído. Quem gostaria de ouvir a
luz?

Nos últimos anos, tem-se manifestado o receio de que a


disseminação de aparalhos eletrônicos com correntes não lineares
possa resultar em sobrecarga dos condutores N ou PEN, e até em
incêndio. Casos isolados ocorreram de fato, mas é preciso
considerar outros fatores que possam também ter sido
determinantes. Entretanto, existem outros riscos implícitos nas
aplicações de iluminação com lâmpadas LED.

Aplicação de LEDem residências

A eficácia luminosa das lâmpadas LED disponíveis atualmente no


comércio é similar à das lâmpadas fluorescentes compactas (LFC).
Portanto, é quatro vezes mais alta que a das lâmpadas
incandescentes a serem substituídas. Porém, todas as
desvantagens das LFC, reais ou percebidas como tal, são evitadas
com os LED.

Contudo, o problema de dissipação das perdas térmicas devido às


diminutas dimensões dos LED, e à sua sensibilidade como
semicondutores, impõe limites à respectiva potência por unidade.
Um tipo de lâmpada destinada a suceder os modelos atuais em
instalações existentes (retrofit) [3], que se encontra apenas a meio
caminho de poder substituir uma incandescente de 100 W,
continua a apresentar dificuldades. E por que “continua”, neste
caso? O problema físico da dissipação térmica permanece apesar
de todas as melhorias de eficiência: ou a área de arrefecimento
deve ser proporcionalmente ampliada, o que levaria a uma
lâmpada de bulbo, tal como as LFC, das quais queremos nos livrar,
ou é necessário embutir um “resfriamento ativo”, cujo
funcionamento torna a iluminação audível (figura 1), o que para
ambientes residenciais está fora de cogitação [4].

Justamente nos ambientes residenciais é preferível uma


iluminação distribuída com diversos pequenos pontos de luz, a uns
poucos pontos de iluminação forte. A primeira ofusca menos e

2 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

simplesmente tem melhor aspecto visual. A tecnologia do LED


torna a realização da iluminação dirigida tão fácil como nunca, algo
que as LFC não conseguem, e que a lâmpada incandescente só o
faz gerando calor.

Fig. 2 – Pequena lâmpada LED para substituição de


incandescentes

3 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

Fig. 3 – Lâmpadas LED simples utilizadas no teste

Por razões insondáveis, com o advento das lâmpadas halógenas


de extra-baixa tensão veio a moda de instalar iluminação dirigida
por toda parte, independentemente de sua utilidade. Os projetores
passaram a ser direcionados para uma parede (oxalá) branca, para
que a luz, custosa e ineficiente, se tornasse novamente difusa de
modo igualmente custoso e ineficiente. Já as lâmpadas LED
podem ser fabricadas com um ângulo de saída estreito, sem
necessidade de que a luz assim produzida tenha de ser
direcionada por meio de um refletor — o que impli-caria perdas. A
óptica intrínseca ao LEDpermite ser configurada dessa
forma,constituindo ela própria um “projetor”.

A iluminação de uma sala de estar,por exemplo, com quatro


lâmpadas in-candescentes de 40 W cada, foi inicial-mente
modificada para quatro LFCs de10 W cada. Agora nota-se um
esforçopara obter quatro lâmpadas LED tam-bém de 10 W, mas
isso já se mostra umtanto difícil. Pretende-se que todas se-jam
compatíveis, também no sentido es-tético, com as diversas
luminárias exis-tentes — inclusive a tonalidade da luz,que, por sua
vez, deve ser idêntica nos quatro pontos.

Fig. 4 – Corrente de partida típica de um LED mostrado na figura 2

Futuramente, quando o look retrô ti-ver sido superado e for


fabricada uma luminária concebida desde o início para(ou com)
LED, vamos descobrir que é muito mais bonito iluminar essa sala
deestar com 40 lâmpadas de 1 W. A ilumi-nação da árvore de

4 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

Natal já nos permiteantever. Mesmo que esta comparaçãonão seja


inteiramente válida, porquecom a distribuição em unidades tão pe-
quenas a eficiência volta a declinar, essetipo de iluminação é e
será sempre mui-tas vezes mais eficiente do que com lâm-padas
incandescentes. Afinal, a percep-ção humana de luminosidade é
uma fun-ção logarítmica.

Com a tecnologia LED, a parcela dailuminação no consumo de


energia torna-se tão pequena, que ela deixa de estar no centro das
atenções.

Harmônicas

Exatamente a tendência à miniaturização facilita a maneira de


“lidar” com as normas. Co mo descrito na referência [1], valores
limite realmente efetivos para harmônicas em lâmpadas só se
aplicam a partir de potências de 25 W [5], medidos em amostras
individuais. Distribuindo-se a potência total exclusivamente por
unidades abaixo de 25W, o requisito da norma é considerado
“atendido”. Se isto funciona também para os problemas que
deveriam, na verdade, ser evitados por meio da observância dos
valores limite, é uma outra questão.

Sistemas monofásicos

De grão em grão se faz um milhão, diz o adágio popular. As


pequenas lâmpadas LED instaladas em ambientes residenciais
são fontes de distorção (figuras 2 e 3). Elas dispõem, como a
maioria dos aparelhos eletrônicos de sua classe de potência,
predominantemente (mas não sempre – ver figura 5) de um
módulo de entrada, que inicialmente consiste de uma ponte
retificadora e de um capacitor de alisamento. Daí resultam picos de
corrente periódicos sempre no centro de um meio período, quando
o capacitor é carregado, e pausas no fluxo de corrente durante o
tempo restante, enquanto a tensão residual no capacitor é maior
do que o valor instantâneo da curva senoidal retificada.

5 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

Fig. 5 – Partida de uma lâmpada LED de 10 W (Osram), equipada


voluntariamente com PFC. Correntes de partida sem picos dignos
de nota, mas com transitórios de alta frequência na corrente de
operação normal

Fig. 6 – Três lâmpadas LED (conforme figura 3) em operação


numa rede trifásica. A corrente de neutro foi omitida para maior
clareza

Uma análise mais acurada mostra que o carregamento ocorre um


pouco antes, na parte superior do flanco ascendente. Como muitos
desses “grãozinhos” sempre se encontram na rede, a tensão
também já está visivelmente deformada. Se a lâmpada for
sobejamente provida de capacitância de alisamento, o ângulo de
condução de corrente resulta proporcionalmente pequeno, porque
o capacitor não perde muita tensão durante a pausa que ele deve
“by-passar”. Com um pouco de sorte, consegue-se uma lâmpada
cuja potência seja bem menor que 25 W, mas ainda assim provida
de correção eletrônica de fator de potência (PFC, na sigla em

6 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

inglês), conforme figura 5, uma vez que atualmente o custo da


eletrônica necessária para isso é insignificante.

Assim sendo, o conteúdo harmônico da corrente de entrada


dispensa aqui maior discussão, mas nota-se que o alisamento
“grosso” é realizado à custa de transitórios “finos” de alta
frequência na onda de corrente, como também pode ser observado
na figura 5.

Sistemas trifásicos

Conectando-se agora três cargas desse tipo — ou, melhor dito,


três grupos completos de cargas desse tipo — aos três condutores
fase de uma rede 1(figuras 6 e 7), verifica-se uma situação bem
conhecida, na qual, mesmo com a distribuição simétrica das
cargas, as correntes de retorno não se compensam
necessariamente, ocorrendo, antes, exatamente o oposto. No
presente exemplo, o ângulo de condução de corrente das cargas
individuais é inferior a 60°, de modo que não existe absolutamente
nenhuma superposição recíproca das correntes de fase. Em
consequência, as correntes de ida e de retorno não podem se
neutralizar mutuamente, resultando uma corrente no condutor
neutro, cujo valor médio é o triplo da respectiva corrente de fase,
mas em valor eficaz é Ö3 maior (figura 8).

Fig. 7 – A mesma imagem da figura 6, porém com seis picos de


corrente no neutro (dois por condutor fase), resultando numa

7 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

corrente de neutro com frequência de 150 Hz

Fig. 8 – Decorridos 40 ms o condutor neutro, sobrecarregado, foi


interrompido

O que ocorre, então, quando se interrompe o condutor neutro, que


aqui parece ser mais importante que qualquer condutor fase?
Afinal, não se trata de um clássico desequilíbrio de carga. Será
realizado um teste com base no exemplo da figura 8. O analisador
de rede utilizado (PQ-Box 200) permite registrar também a tensão
entre o neutro e o condutor de proteção, o que é necessário para
pesquisar problemas de EMC. Neste caso, essa funcionalidade
pôde ser aproveitada para medir a tensão entre o ponto estrela da
rede e o novo ponto estrela das três lâmpadas; este último se
mantém “de algum modo” no centro, mas não permanece estável
em hipótese nenhuma. Ele salta descrevendo um hexágono — um
hexágono irregular, aleatório, porque se trata de uma carga ativa
que nessa situação inusitada se comporta de modo imprevisível.
Os picos de tensão entre os dois pontos estrela atingem 145 V!
Nessas circunstâncias, as tensões e correntes nas cargas são
muito irregulares (figura 8).

urpreendentemente, as lâmpadas ainda funcionam. Por quanto


tempo elas se manteriam nesse estado, porém, não se sabe. Só
após o desligamento de uma lâmpada, ou seja, da interrupção de
um condutor fase, as duas restantes começaram a oscilar —
embora, pelo cálculo, cada uma delas ainda devesse receber 200

8 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

V.

Fig. 9 – Três lâmpadas LED (conforme figura 3) em operação


numa rede trifásica. Em 60 s, interrupção do neutro; em 120 s,
interrupção de uma lâmpada

Fig. 10 – Pico de corrente de partida de uma lâmpada LED de 14


W

Um teste comparativo com um transformador de tensão variável


demonstra que uma lâmpada individual só começa a oscilar abaixo
de 36 V, e acende com plena potência já a partir de 75 V! O mau
funcionamento do exemplo em análise deve ser atribuído, portanto,
exclusivamente à ligação de duas lâmpadas iguais em série. Assim
é a eletrônica: às vezes se tem a impressão de que a eletrotécnica

9 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

inteira não faz sentido quando entra um pouco de eletrônica.

A confirmação dos fenômenos descritos pode ser encontrada


observandose o curso dos valores eficazes ao longo de todo o
ensaio (figura 9), em vez do curso dos valores instantâneos
durante um único período ou poucos períodos (figuras 6, 7 e 8):

Assim que a corrente do neutro é interrompida, as correntes de


fase aumentam. Um cálculo para controle indica apenas um
pequeno incremento na po tência absorvida de 5 W para 5,5 W por
lâmpada. O aumento nítido da corrente provém do aumento do
valor eficaz (fator de forma), portanto, de uma distorção ainda
maior da forma de onda da corrente.

A tensão se distribui de modo extremamente desigual entre as três


lâmpadas iguais.

Os valores eficazes das correntes se tornam bastante instáveis,


tão logo o neutro é interrompido.

A tensão entre ambos os pontos estrela (da rede e da carga) é


considerável, como já constatado anteriormente.

Altas correntes de partidas

Um problema adicional, causadoigualmente pela alimentação de


apare-lhos eletrônicos através de pontes retifi-cadoras e
capacitores de filtro, são as correntes de partida extremamente ele-
vadas (figura 10). Este artigo não com-porta uma abordagem das
consequênciaspara as chaves, contatores e relés, e co-mo lidar
com elas. Mas, a fim de evitardefeitos, deve-se antecipar que,
mesmoaparelhos com outra arquitetura (comcorreção eletrônica de
fator de potência),embora praticamente não causem har-mônicas,
frequentemente apresentam al-tos picos de corrente de partida. Ex
-ceções (como a da figura 5) confirmam aregra, mas isso pode não
ser necessariamente assim.

Redes de corrente contínua como solução novos desafios

Recentemente tem se ampliado a dis-cussão sobre a introdução de


redes de corrente contínua, o que na maioria das vezes é
apresentado como complemento, raramente como alternativa, às
redes de distribuição de baixa tensão em corrente alternada
monofásica e trifásica. Apenas em instalações como os data
centers haverá possivelmente uma alimentação exclusiva por

10 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

corrente contínua, uma vez que, tanto sob o ponto de vista dos
custos de investimento, da confiabilidade, quanto da eficiência
energética, é um enorme contrassenso retificar a corrente trifásica
para poder armazená-la nas baterias da fonte de alimentação
ininterrupta (UPS, na sigla em inglês), convertê-la novamente em
corrente alternada na saída, e em seguida retificá-la mais uma vez
em cada computador.

Todavia, está em curso também uma discussão sobre a


alimentação suplementar de corrente contínua para os múltiplos
aparelhos eletrônicos de pequeno porte nas residências e
escritórios. Neste caso, cogitam-se tensões de 48 V ou 60 V, que
ainda se enquadrariam na faixa de extrabaixa tensão de segurança
SELV (Safety Extra Low Voltage). Isto facilitaria a proteção contra
choque elétrico, e viria ao encontro do uso disseminado de muitas
lampadazinhas LED com suas diminutas potências.

Dependendo do quão estável essa tensão possa ser mantida,


poderia ser considerada a ligação em série de lâmpadas LED, que
dispensariam fonte de alimentação e necessitariam meramente de
um pequeno resistor, além de um circuito linear estabilizador de
corrente provido de um transistor série [6]. Provavelmente imagina-
se um retificador por residência, com tensão de saída
eletronicamente estabilizada, de modo que eventuais oscilações só
possam ocorrer devido à queda de tensão na linha de corrente
contínua.

Contudo, a manobra de correntes contínuas que, com essas


pequenas tensões, assumem, no total, valores consideráveis,
representa um novo e importante desafio. Isto é particularmente
válido para os já mencionados data centers, para os quais se
cogita atualmente uma tensão de 400 V, mas vale também para
pequenas cargas a LED, cuja extra-baixa tensão de segurança não
pode ser tão “extra-baixa”, a fim de poder ainda transmitir
potências razoáveis. Tudo é possível – até 120 V – mas a manobra
é problemática. Não é por outra razão que a mudança para 42 V
da eletrônica embarcada na indústria automotiva foi congelada,
pois com 12 V em corrente contínua um arco não se sustenta, mas
com 42 V, sim.

Conclusão

A tecnologia a LED é muito elogiada, mas às vezes fica a

11 of 12 04/08/2020 15:56
Uma análise de harmônicas no condutor neutro com lâmpadas LED – P... about:reader?url=https://www.arandanet.com.br/revista/em/materia/20...

impressão de que o seu verdadeiro forte ainda não foi percebido. É


na iluminação do ambiente residencial que suas vantagens se
manifestam com nitidez. Os efeitos de interferência na rede que se
apresentam nesse contexto já ocorriam exatamente, ou quase
isso, com as lâmpadas fluorescentes compactas, e, portanto, não
deveriam significar novidade. É o caso das harmônicas e dos picos
de corrente de partida. Quem não teve problemas com ambos até
o momento, também não tem o que recear agora. E se eles
mesmo assim surgirem, existem soluções.

Referências

1. S. Fassbinder: Analyse und Auswirkungen von Oberschwingungen. ep-Thema


2014, www.elektropraktiker. de.

2. ZVEI-Leitfaden: Planungssicherheit in der LEDBeleuchtung.


www.zvei.org/Verband/Publikationen/Seiten/Planungssicherheit-inder-LED-
Beleuchtung.aspx

3. Retro (latim) = para trás (o contrário de avanço?).

4. S. Fassbinder: Ersatz von Halogenspots durch LED-Leuchtmittel.


Elektropraktiker, Berlin 64 (2010) 11, S. 938 f.

5. DIN EN 61000-3-2 (VDE 0838-2):2010-03: Elektromagnetische Verträglichkeit


(EMV), Teil 3-2: Grenzwerte – Grenzwerte für Oberschwingungsströme (Geräte-
Eingangsstrom 16 A je Leiter).

6. S. Fassbinder: Grundlagen, Vorteile und Beschränkungen der LED – Teil 1.


Elektropraktiker, Berlin 66 (2012) 10, S. 822.

12 of 12 04/08/2020 15:56

Você também pode gostar