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I. INDUÇÃO ELETROMAGNÉTICA
CAMPO MAGNÉTICO
Genericamente, define-se campo magnético a toda a região do espaço em torno de um condutor
percorrido por corrente, devido a particulares movimentos que os elétrons executam no interior de seus
átomos, ou em torno de um ímã.
A cada ponto de um campo magnético, associa-se um vetor B , denominado vetor indução
magnética ou, simplesmente, vetor campo magnético, cuja unidade no SI é o Tesla (T). Neste campo
magnético, chama-se linha de indução a toda linha que em cada ponto é tangente ao vetor B , sendo orientada
no seu sentido. As linhas de indução são uma simples representação gráfica da variação de B numa certa
região do espaço. São também denominadas de linhas de força, sendo caracterizada por um caminho fechado
que define duas regiões, a região de onde se originam, pólo norte e a região para onde convergem, pólo sul.
TENSÃO INDUZIDA
Considere um condutor reto, de
comprimento ℓ, movendo-se com velocidade v , em
um campo B uniforme, originado por um ímã na
forma de ferradura, conforme a figura ao lado. Como
os elétrons acompanham o movimento do condutor,
eles ficam sujeitos à força magnética Fm , cujo
sentido é determinado pela regra da mão direita.
Elétrons livres deslocam-se para a extremidade
inferior do condutor da figura, ficando a outra
extremidade eletrizada com cargas positivas. As
cargas dos extremos originam o campo elétrico E e
os elétrons ficam sujeitos, também, a uma força
elétrica Fe , de sentido contrário ao da magnética.
A separação de cargas no condutor ocorrerá
até que essas forças se equilibrem. Como no interior
do condutor o campo elétrico não é nulo, tem-se uma
diferença de potencial elétrico (ddp) entre seus
terminais
FIGURA 01 – Tensão induzida num condutor
FLUXO MAGNÉTICO
Para gerar por indução eletromagnética, tensão elétrica ou uma força eletro motriz (f.e.m.), tudo o
que se requer é que haja um movimento relativo entre um meio condutor e um campo magnético, de natureza
tal que o condutor corte as linhas de indução. Desta observação caracteriza-se uma grandeza escalar
denominada de fluxo magnético que está relacionada ao número de linhas de indução que atravessam uma
área de superfície A, qualquer. No SI é medida em unidades de WEBER (Wb) e definida por:
2
φ = B ⋅ A ⋅ cos θ
sendo: θ o ângulo entre o vetor B e a
normal n̂ à área da superfície A.
LEI DE FARADAY
Nos geradores elétricos se obtém tensão elétrica ou f.e.m., mantendo-se fixos os ímãs e movendo os
condutores no campo magnético, ou mantendo-se fixos os condutores e movendo os ímãs, porém é possível
gerar uma f.e.m. sem o movimento de qualquer parte mecânica. Considere a figura abaixo, que representa
uma seção que passa pelos centros de duas bobinas co-axiais. A bobina A, formada por espiras de fio isolado,
é ligada a uma bateria através de um interruptor S. A bobina B é ligada a um instrumento V que indica a
geração de uma f.e.m. e por conseqüência há a possibilidade de uma corrente elétrica.
Como se indica no esquema, parte do campo magnético produzido pela corrente que circula na
bobina A se encadeia com a bobina B. Se o interruptor S é aberto, o campo magnético desaparece, e o
ponteiro do instrumento V se desvia por um instante e volta a zero. Se o interruptor S for fechado, o
instrumento produzirá de novo uma deflexão momentânea, porém em sentido oposto, mostrando que na
bobina B foi gerada uma f.e.m. em um certo sentido para o campo magnético que se extingue, e em sentido
oposto para o campo magnético que nasce.
A produção de f.e.m. em uma bobina, como resultado da variação da intensidade da corrente em uma
bobina adjacente, se denomina indução mútua. A bobina que produz o fluxo magnético é chamada de
primário, e a bobina adjacente que experimenta a indução é chamada de secundário.
Os sentidos das f.e.ms. induzidas na bobina B pelo fluxos crescente e decrescente da bobina A
seguem ao seguinte enunciado geral, conhecido como lei de Lenz: Quer o fluxo aumente ou diminua, a f.e.m.
induzida pela variação do fluxo tende a gerar uma corrente de sentido tal que se opõe à variação do fluxo.
Isto é, se a corrente na bobina A se anula, pela abertura do interruptor S, circulará momentaneamente na
bobina B uma corrente de mesmo sentido que a que circulava pela bobina A e que tenderá, assim, a manter o
fluxo. Ao fechar novamente o interruptor S, circula corrente em ambas as bobinas, e a corrente da bobina B
tem sentido oposto a corrente na bobina A, e outra vez se opõe à variação do fluxo.
Para melhor exemplificar, considere a figura abaixo, na qual tem-se uma fonte de campo magnético
permanente, alterando o fluxo magnético sobre um solenóide (fio condutor enrolado na forma de espiral,
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podendo ser feito ao redor de um núcleo de material ferromagnético ou com núcleo de ar), que tem seus
terminais conectados a um instrumento de medição de corrente elétrica. Observa-se o seguinte: enquanto o
pólo Norte do ímã se aproxima do solenóide, a corrente induzida tem um sentido tal que origina, em A, um
pólo Norte e por conseqüência um pólo Sul em B. Este pólo opõe-se à aproximação do ímã, e, portanto, à
variação do fluxo magnético, que é a causa da f.e.m. induzida. Ao se afastar o ímã, a corrente induzida origina
em A um pólo Sul, que se opõe ao afastamento do pólo Norte do ímã.
INDUTÂNCIA
Na Figura 03, parte do fluxo magnético produzido pela corrente iA, se enlaça com a bobina B, e,
quando iA desaparece ou aparece, este fluxo corta a bobina B e induz nesta uma f.e.m. porém, todo o fluxo
produzido por iA se encadeia com a própria bobina A e, ao gerar-se ou extinguir-se, corta seus condutores e
induz nestes uma f.e.m.. A geração de f.e.m em uma bobina, como resultado do aumento ou diminuição da
corrente que circula na própria bobina, se denomina auto-indução. A f.e.m. de auto-indução só existe
enquanto a corrente estiver variando, na própria bobina que está conectada a fonte de energia elétrica.
A lei de Lenz se aplica tanto à indução mútua quanto à auto-indução. A f.e.m. de auto-indução
sempre se opõe a variação da corrente que a produz. O efeito da auto-indução pode ser desprezível em certos
circuitos, porém nunca é absolutamente nulo em qualquer circuito real.
Se no circuito da Figura 03 estiver variando a intensidade i da corrente, o fluxo também estará
variando, e na bobina se induzirá uma tensão de auto-indução, equacionada por:
dφ
e A = −n ⋅ ⋅ 10 −8 (Volts) ,
dt
4
na qual se introduziu o sinal menos por ser o sentido da f.e.m. tal que a corrente produzida por ela se oporia à
variação do fluxo.
Expressando a tensão em função da corrente que está variando, ao invés do fluxo variável produzido
pela corrente, tem-se:
di A
e A = −L ⋅ (Volts)
dt
sendo L uma constante chamada de indutância do circuito ou coeficiente de auto-indução, e que, em virtude
das equações anteriores tem o valor:
dφ
L = n⋅ ⋅ 10 −8 (Henrys).
di
A indutância de um circuito ou aparelho, assim como a resistência elétrica é uma constante do
mesmo, função das características construtivas.
Observe-se que, se a indutância L é uma constante, então dφ di tem que ser constante, isto é, φ tem
que ser proporcional a i, o que significa que não pode haver saturação magnética do circuito. Este fato é o que
ocorre na maioria dos casos práticos e L é muito aproximadamente constante, o que permite que seja reescrita
a equação anterior, resultando:
n ⋅φ
L= ⋅ 10 −8 (Henrys) ;
i
φ
L= .
i
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
1. TRANSFORMADOR
O transformador é uma máquina elétrica estática que transfere energia elétrica de um circuito a
outro, segundo o princípio da mútua indução. Na sua constituição mais simples é formado por dois
enrolamentos de fio condutor (bobinas) sob um núcleo de material ferromagnético ou ar, não ligados
fisicamente. O circuito que recebe energia de uma fonte de tensão alternada, V1, recebe o nome de primário
com N1 número de espiras, e o circuito na qual a energia é transferida denomina-se de secundário com N2
número de espiras.
Na figura ao lado tem-se a
representação esquemática de um
transformador. Ao submeter-se o
circuito primário a uma tensão V1,
surge uma corrente de intensidade I1,
que gera um campo magnético
(representado pelo fluxo magnético
φm). Devido ao emprego de um
núcleo de material ferromagnético, o
fluxo magnético se intensifica pois é
proporcionado um caminho de baixa
relutância magnética, de forma que
este envolve o circuito secundário
com menor perda.
dφ m
E2 = N2 ⋅
dt
Observa-se que estas tensões são inferiores as tensões terminais, V1 e V2 tendo em vista a resistência
ôhmica do condutor.
Uma vez que o fluxo magnético, φm, envolve ambos os circuitos e apresenta as mesmas variações,
chega-se a relação entre o número de espiras de cada bobina com a tensão induzida em cada enrolamento,
pela divisão das equações anteriores.
N 1 E1
= .
N2 E2
Considerando um transformador ideal em que as perdas elétricas são inexistentes (as resistências
ôhmicas dos enrolamentos são nulas) tem-se que a potência demandada, P2, pela carga e retirada do
enrolamento secundário, tem o mesmo valor da potência drenada, P1, da fonte ligada ao circuito primário, de
modo que:
P1 = P2 ;
V1 ⋅ I1 = V2 ⋅ I 2 ;
E1 = V1 ; E 2 = V2 ;(pois as resistências ôhmicas são nulas)
V1 I 2 E 1 N1
= = = .
V2 I1 E 2 N 2
Esta última, relaciona todas as grandezas elétricas envolvidas no princípio de funcionamento. Com
certo cuidado pode ser usada para o projeto de transformadores.
Uma importante utilização prática da bobina de indução é no circuito de ignição dos motores a
combustão. Nestes, deve-se obter altas tensões, a fim de provocar a faísca, no interior dos cilindros e por meio
das velas, que originará a combustão da mistura ar-combustível.
A bobina é alimentada pela bateria do automóvel (tensão constante). O próprio movimento do eixo
do motor comanda a abertura do platinado, que serve como chave do circuito no enrolamento primário. A
bobina fornece, no enrolamento secundário, o pico de alta tensão, enquanto o distribuidor aplica essa tensão
em cada vela nos momentos adequados, numa seqüência conveniente. É interessante notar que a vela na qual
salta a faísca corresponde aos terminais do enrolamento secundário.
resistor R1 de valor adequado em série com um interruptor, K. Adota-se o procedimento de antes de abrir o
interruptor S, fechar o interruptor K de modo a fornecer um circuito para eliminação da f.e.m. induzida por
diminuição da corrente, evitando que se dissipe na forma de arco elétrico nos contatos do interruptor.
Esta fato ocorre de forma mais pronunciada em equipamentos que para o seu funcionamento
necessitem a geração de campos magnéticos intensos, como no caso das bobinas do campo de excitação de
geradores elétricos.
dφ
Portanto, a tensão induzida em cada lado da espira: e=− ;
dt
e=−
(
d B ⋅ A ⋅ cos θ ) =−
(
d B ⋅ A ⋅ cos ωt )= B ⋅ A ⋅ ω ⋅ sen ωt
dt dt
sendo a área da espira retangular calculada por: A = 2 ⋅ r ⋅ l ;
l é o comprimento do lado ativo S1 e S2 da espira.
e = 2 ⋅ B ⋅ r ⋅ l ⋅ ω ⋅ sen θ ;
e = 2 ⋅ B ⋅ l ⋅ v ⋅ sen θ ; equação que fornece a tensão induzida nos dois lados de espira condutora
S1 e S2.
Pela análise desta equação, tem-se que a tensão induzida assume valores relacionados com a posição
da espira no campo magnético e que sua forma corresponde a uma função senoidal. Na figura abaixo está o
desenvolvimento da equação anterior, considerando que: B, v, l são grandezas constantes.
VALOR EFICAZ
Os instrumentos de grandezas elétricas alternadas são calibrados para a medição do valor eficaz da
grandeza em questão. Entende-se por valor eficaz de uma corrente alternada, ao valor de I Amperes, que ao
circular por uma resistência de R Ohms, proporciona nesta resistência uma quantidade média de calor por
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unidade de tempo igual a que produziria uma corrente contínua constante de I Amperes. Este raciocínio
estende-se também ao valor de tensão correspondente.
Matematicamente o valor eficaz de uma grandeza elétrica alternada é calculado pela raiz quadrada da
média quadrática dos valores instantâneos assumidos. Representado por I ef ou I RMS, V ef ou V RMS (RMS
sigla inglesa, root means square), para ondas senoidas este equacionamento leva a seguinte relação:
1 1
Vef = ⋅ Vmax ; I ef = ⋅ I max .
2 2
Portanto, as grandezas elétricas alternadas, ficam perfeitamente representadas pelo valor eficaz e
freqüência. Por freqüência, entende-se como o número de períodos que acontecem na unidade de tempo
(segundo). Tem por unidade o HERTZ (Hz, 1/s) e representação f. É portanto, o inverso do período (f=1/T).
Para exemplificar, na região tem-se os valores da tensão de distribuição de energia elétrica
estabelecidos em 220V, tensão monofásica (medida entre cada fase e o neutro) e 60Hz. O que significa que a
tensão de 220V assume valor máximo de 311V ( Vmax = Vef/0,707; 220V/0,707 = 311V) e em 60Hz
acontecem 120 inversões de polaridade na unidade de tempo.
Os indutores são dispositivos que fazem uso da propriedade da indutância para exercer com isto
alguma função. Para tal consistem de fio condutor enrolado helicoidalmente sobre um núcleo, que pode ser de
ar ou material ferromagnético.
Conforme explanado anteriormente, a indutância L é a propriedade que os indutores, ou bobinas de
um modo geral, apresentam de armazenar energia elétrica na forma de campo magnético. Está relacionada a
característica física, construtiva.
INDUTOR LIGADO EM CC
Na figura ao lado tem-se um indutor ligado a uma fonte de CC.
Na seqüência está o comportamento da corrente i do circuito para as
situações de abertura do interruptor S e fechamento.
Para estas duas situações (abertura e fechamento de S), os efeitos
da indutância ou auto indução são pronunciados. Passado o transitório de
abertura e fechamento a corrente se estabiliza num valor determinado pela
tensão da fonte e resistência ôhmica do condutor, com a geração de campo
magnético pelo indutor, de forma constante. Este fato é caracterizado pela
equação que define a tensão num indutor:
di(t )
e L = −L ,
dt
ou seja, para as situações em que a corrente i assume valor constante a
tensão eL (tensão no indutor, ou queda de tensão) é nula. Portanto, FIGURA 13 – Indutor ligado em CC.
considerando um indutor ideal (resistência elétrica do condutor igual a Comportamento da corrente no circuito
zero), um indutor se comporta como um curto-circuito ou seja resistência para as situações de fechamento e
nula a passagem da corrente. abertura de S.
d (var iável)
Relembrando, o termo matemático , representa a taxa de variação de uma variável
dt
qualquer no tempo e que na situação de uma variável assumir um valor constante é nulo.
INDUTOR LIGADO EM CA
Quando submete-se um indutor a uma fonte de tensão alternada, o comportamento das grandezas
elétricas sofre mudanças com relação ao descrito para corrente contínua.
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Considerando que a corrente no circuito seja uma onda senoidal representada por: I = I max ⋅ sen θ ,
e que o ângulo θ, vale 2π π radianos para cada giro completo ou ciclo, de forma que pode ser expresso por
2π ⋅ f ⋅ t sem alterar o seu valor, a tensão aplicada pela fonte para manter esta corrente deve ser:
di
E=L .
dt
Realizando a substituição e a operação de diferenciação tem-se:
d (I max ⋅ sen 2π ⋅ f ⋅ t )
E = L⋅ ;
dt
E = 2π ⋅ f ⋅ L ⋅ I max ⋅ cos 2π ⋅ f ⋅ t ;
E = 2π ⋅ f ⋅ L ⋅ I max ⋅ cos θ ;
reescrevendo em função de seno, para efeito de comparação com a corrente demandada, tem-se:
E = 2π ⋅ f ⋅ L ⋅ I max ⋅ sen(θ + π ) .
2
Desta última se conclui que: a onda de tensão se adianta de 90º em relação a onda da corrente
absorvida; o termo que relaciona a tensão aplicada com a corrente deve ser medido em Ohms e é chamado de
reatância indutiva, representado por XL e equacionado por:
X L = 2π ⋅ f ⋅ L .
Circuitos ou cargas idealizadas em que R=0Ω e XL≠0Ω, chamam-se indutivos puros e são
caracterizados por apresentar a tensão aplicada ao circuito, defasada de 90º em adianto com relação a
corrente absorvida. A figura abaixo ilustra o exposto:
Para o situação de um circuito ou carga indutiva real ou seja, considerando o efeito da resistência
ôhmica do condutor, o ângulo θ de defasagem entre os vetores da tensão aplicada e da corrente absorvida será
maior que 0º e menor que 90º, conforme ilustra a figura abaixo.
F
FIGURA 17 – Análise
vetorial para carga indutiva
Portanto:
E = E R + E L ; sendo que: E R = I ⋅ R e E L = I ⋅ X L .
2 2
E= (I ⋅ R )2 + (I ⋅ X L )2 ;
E = I ⋅ R 2 + XL .
2
Analisando a equação anteriormente obtida, tem-se uma grandeza elétrica chamada de impedância,
representada por Z, que pela relação entre tensão aplicada e corrente absorvida pelo circuito, deve ser medida
em unidades de Ohms, satisfazendo a lei de Ohm. Esta grandeza relaciona as características resistivas do
circuito que correspondem aos efeitos da resistência ôhmica do condutor, do qual o indutor é feito, e da
reatância indutiva resultante da propriedade da indutância L do indutor. Portanto, quando tem-se uma carga
indutiva qualquer alimentada em CA, em que cito como exemplos: motores elétricos, transformadores,
reatores de lâmpadas de descarga, solenóides entre outras, a corrente do circuito fica limitada por dois fatores
R e XL, que devem ser representados pelo Z.
Concluindo:
E = I ⋅ Z e Z = R 2 + XL .
2
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Ressalta-se que Z, assume a equação descrita anteriormente para o caso específico de uma carga
representada por um circuito série de um resistor R com um indutor com XL. Para outros circuitos como
paralelo ou misto, a análise inicia também pela aplicação de uma das leis de Kirchhoff (lei das correntes
quando houver um nó ou derivação no circuito, ou lei das tensões), ou ainda ambas simultaneamente. O
resultado será uma equação que relaciona os efeitos resistivos do circuito.
Do exposto acima tem-se argumentos para definir o triângulo das potências e da impedância.
Inicialmente o triângulo da impedância, que se origina da disposição dos elementos resistivos num sistema
cartesiano, de forma que R seja colocado no eixo das abscissas e XL no eixo das ordenadas, conforme está
representado abaixo.
TRIÂNGULO DA IMPEDÂNCIA
EL I ⋅ XL X
Tem-se ainda: ângulo φ = arctg = arctg = arctg L .
ER I⋅R R
multiplicando cada vetor tensão (EL, ER, E) pela corrente absorvida da rede I, chega-se ao valor das
potências.
FATOR DE POTÊNCIA
APLICAÇÃO
1) Se uma resistência de 25Ω e uma reatância indutiva de 50Ω a 60Hz são colocadas em série,
e a seus extremos se aplica uma ddp de 110V, calcular a intensidade da corrente, as tensões
aplicadas as duas partes do circuito e a potência para 30, 60 e 120 Hz.
SOLUÇÃO:
EQUAÇÕES:
Pn .736 P P
P= ; S= ; Q = S − P ; . S T = PT + Q T ; fp T = T
2 2
η fp ST
TABELA:
Carga P(kW) S(kVA) Q(kVAr) fp
1 1,00 1,00 0,00 1,00
2 1,73 1,92 0,83 0,90
3 1,23 1,41 0,69 0,87
PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS
• Acréscimo na conta de energia elétrica por estar operando com baixo fator de potência;
• Limitação da capacidade dos transformadores de alimentação;
• Quedas e flutuações de tensão nos circuitos der distribuição;
• Sobrecarga nos equipamentos de manobra limitando sua vida útil;
• Aumento das perdas elétricas na linha de distribuição pelo efeito Joule;
• Necessidade de aumento do diâmetro dos condutores;
• Necessidade de aumento da capacidade dos equipamentos de manobra e proteção.
V. CAPACITORES - CAPACITÂNCIA
Na figura abaixo, tem-se um circuito para a carga e descarga de capacitor. Por meio dos instrumentos
de medição é possível obter valores para o traçado das curvas da tensão e da corrente nos processos citados.
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Pela análise das curvas obtidas observa-se que, no processo de carga: a tensão sob o capacitor EC, é
nula inicialmente e aumenta gradativamente até assumir 100% da tensão aplicada; com a corrente IC observa-
se ao contrário, isto é, máxima no momento inicial, decrescendo de valor. Esta observação leva a conclusão
que o capacitor é um curto-circuito no momento inicial param fontes de corrente contínua. No processo de
descarga, tem-se a tensão e a corrente diminuindo de valor até atingirem valor nulo. Portanto, o capacitor
bloqueia a corrente contínua. Ressalta-se ainda, que o sentido da corrente é contrário ao sentido no processo
de carga.
Observa-se que há um determinado período de tempo envolvido nos processos de carga e descarga.
Este tempo pode ser medido ou calculado em segundos, pelo produto da resistência R do circuito em Ohms e
a capacitância C do capacitor em Farads. Tem-se:
τ = R ⋅C;
τ = (letra grega “tau”) denominado de constante de tempo do circuito (s); na prática um capacitor
encontra-se completamente carregado (adquirindo o valor da tensão aplicada pela fonte) após 5 constantes de
tempo.
Se for aplicado uma fonte de tensão constante aos terminais do circuito representado na Figura
abaixo, circulará uma corrente instantânea no sentido representado em (a) para carregar o capacitor, porém
não passará corrente de um modo contínuo, visto que o circuito se acha interrompido pela substância isolante
entre as placas.
Se a polaridade da tensão for invertida, a corrente circulará no sentido representado em (b) até que o
capacitor tenha cedido sua carga, e continuará passando no mesmo sentido até que o capacitor se tenha
carregado de novo em sentido oposto. O tempo necessário para inverter a carga é aproximadamente a
proporção direta ao produto da resistência do circuito e da capacitância C do capacitor. Se, então, a tensão
aplicada é alternada, circulará uma corrente de carga pelos condutores x e y num e noutro sentido, com uma
freqüência que é a mesma da tensão aplicada pela fonte de tensão alternada, e as lâmpadas L se acenderão se
passar pelos seus filamentos corrente com intensidade suficiente para aquecê-los.
Quando um capacitor for ligado em C.A., é valida a relação estabelecida anteriormente: q = C . E.
De onde se conclui que quanto maior for a capacitância de um capacitor, tanto mais eletricidade este poderá
conter e tanto maior será a corrente de carga que passa através dos condutores.
Em um capacitor real, se a tensão aplicada E varia rapidamente, q não pode adquirir
instantaneamente o valor correspondente à equação q = C . E, tendo-se em conta a resistência e a indutância
dos condutores e das placas, que se opõem a carga e a descarga. Verifica-se com muita precisão a validade da
equação anterior, para as variações de E relativamente lentas que têm lugar nas freqüências dos circuitos de
energia elétrica e telefônicos.
Quanto a corrente absorvida da fonte pelo capacitor, esta é proporcional à freqüência, à tensão
aplicada e à capacitância do mesmo, uma vez que carrega-se e descarrega-se duas vezes em cada ciclo. Por
meio do cálculo diferencial, chega-se a importantes conclusões, respaldadas na prática real dos fatos.
Considerando a relação: q = C . E, e que o circuito tenha R=0Ω Ω, aplicando a diferenciação em ambos os lados
da equação, tem-se:
dq dE
= C⋅ ;
dt dt
dE
i = C⋅ , esta equação denota o que foi anteriormente descrito ou seja, tem-se corrente no
dt
circuito enquanto houver diferença de potencial elétrico entre a fonte aplicada e as placas do capacitor. Ou
ainda, enquanto houver variação da tensão nas placas do capacitor. No momento em que este se encontrar
carregado não mais há diferença de potencial elétrico, a tensão se estabelece no mesmo potencial da fonte
aplicada e portanto a corrente se anula.
Admitindo que a tensão aplicada seja E = E max ⋅ sen θ , e que o ângulo θ, vale 2π radianos para
cada giro completo ou ciclo, de forma que pode ser expresso por 2π ⋅ f ⋅ t , tem-se que a corrente absorvida
por um capacitor de uma fonte de tensão alternada assume forma:
i = C⋅
d
(E max ⋅ sen 2π ⋅ f ⋅ t ) ;
dt
i = 2π ⋅ f ⋅ t ⋅ C ⋅ E max ⋅ cos 2π ⋅ f ⋅ t ;
i = 2π ⋅ f ⋅ t ⋅ C ⋅ E max ⋅ cos θ ;
escrevendo em função de seno, para efeito de comparação com a tensão aplicada, tem-se:
(
i = 2π ⋅ f ⋅ C ⋅ E max ⋅ sen θ + π . .
2
)
Desta última se conclui que: a onda de corrente se adianta de 90º em relação à onda da tensão
aplicada; o termo que relaciona a corrente absorvida com a tensão aplicada deve ser um valor medido em
Ohms e é chamado de reatância capacitiva, representado por XC e equacionado por:
1
XC = .
2π ⋅ f ⋅ C
Circuitos ou cargas em que R=0Ω Ω e XC≠0Ω Ω, chamam-se capacitivos puros e são caracterizados por
apresentar a corrente absorvida pelo circuito defasada de 90º em adianto com relação a tensão aplicada. A
figura abaixo ilustra o proposto:
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FIGURA 25 – Forma de onda da tensão e corrente para uma carga capacitiva pura
Considerando o circuito da Figura (a) abaixo em que tem-se um capacitor em série com um resistor,
submetidos a uma fonte de tensão C.A, a corrente elétrica que circula em ambos os elementos é definida por:
I = I max ⋅ sen θ .
(a)
(b)
FIGURA 26 – Forma de onda da tensão e corrente resultante de um circuito série resistor e capacitor
quando ligado em CA.
A análise do circuito inicia pela aplicação da Lei das Tensões de Kirchhoff (LTK), que define:
E = E C + E R , ressalta-se que é soma vetorial e portanto, dispondo os vetores no plano cartesiano e
observando a defasagem destes com relação a corrente I, tem-se:
20
E = E R + E C ; sendo que: E R = I ⋅ R e E C = I ⋅ X C .
2 2
E= (I ⋅ R )2 + (I ⋅ X C )2 ;
E = I ⋅ R 2 + X C ; portanto,
2
E = I ⋅ Z e Z = R 2 + XC .
2
EC I ⋅ XC X
Tem-se ainda: ângulo φ = arctg = arctg = arctg C .
ER I⋅R R
Do exposto acima tem-se argumentos para definir o triângulo das potências e da impedância
conforme está representado nas figuras abaixo.
e em (b), tem-se o resultado do ângulo α, após a colocação do capacitor. Se o fator de potência da carga está
em atraso, de modo que a corrente de carga IL fica em atraso de uma ângulo ∅ em relação a tensão, então a
corrente IT, que é a soma vetorial de IL e IC, avança devido a adição da componente IC, e o fator de potência
aumenta. A potência ativa continua a mesma visto que: E ⋅ I ⋅ cos φ = E ⋅ I L ⋅ cos α . Observa-se
claramente, que o resultado da soma vetorial das correntes implica em α<∅, corrigindo o fator de potência
para valores adequados
(a) (b)
α < ∅
FIGURA 32 – Fator de potência situação original (a) e após a correção (b) pela colocação de
capacitor
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
1) Uma certa carga absorve 10kW com fator de potência igual a 75%. No contrato de fornecimento
de energia elétrica só se aplica multa quando o fator de potência for inferior a 85%. Qual deverá
ser o capacitor que se terá de utilizar para evitar multa? A tensão é de 550 V e 60Hz.
SOLUÇÃO:
A corrente drenada da fonte por um capacitor (IC) é calculada da mesma forma que para
cargas resistivas ou indutivas, embasada na lei de Ohm (E=R.I), considerando o termo resistivo,
(medido em unidades de Ohms) para cada situação. Para cargas resistivas: IR=E/R; para cargas
indutivas: IL=E/XL; para cargas capacitivas: IC=E/XC.
23
1 1 1
XC = ∴C = = = 0,0000236F = 23,6µF .
2π ⋅ f ⋅ C 2π ⋅ f ⋅ X C 2π ⋅ 60 ⋅ 112,51
Pode-se obter o mesmo resultado por meio do triângulo das potências, conforme abaixo representado.
Q1= potência reativa da carga sem a utilização do
capacitor em paralelo, a carga na sua concepção
original. Aplicando as funções trigonométricas no
triângulo retângulo resulta:
Q1
tgφ1 = ∴ Q1 = P ⋅ tgφ1 = 10 ⋅ tg 41º 25'
P
Q1=8,77kVAr
Q2= potência reativa resultante, visto pela fonte de
alimentação, após a colocação do capacitor;
Q2
tgφ 2 = ∴ Q 2 = P ⋅ tgφ 2 = 10 ⋅ tg31º 47'
P
Q2=6,12kVAr
A potência a ser fornecida, pelo capacitor, a carga para que o fator de potência seja corrigido
de 0,75 para 0,85 (lembrando que fator de potência é o cosseno do ângulo de defasagem entre tensão e
corrente, e portanto quanto maior for este valor mais perto de zero graus resulta este ângulo), é Qc.
Pela característica de defasagem imposta pelo capacitor, tem-se conforme ilustra o triângulo das
potências acima:
Q1 = Q C + Q 2 ∴ Q C = Q1 − Q 2 ;
Portanto:
Q C = 8,77kVAr − 6,12kVAr = 2,65kVAr .
E2 E2 550V 2
Relembrando que: QC = ∴ XC = = = 114,15Ω .
XC Q C 2,65kVAr
1 1 1
Ainda: X C = ∴C = = = 0,0000232F = 23,2µF .
2π ⋅ f ⋅ C 2π ⋅ f ⋅ X C 2π ⋅ 60Hz ⋅ 114,15Ω
PROBLEMAS PROPOSTOS
1) Em uma indústria, a potência efetiva é de 150kW. O fator de potência é igual a 0,65 em atraso.
Qual a corrente que está sendo demandada da rede de 380V, e qual seria a corrente se o fator de
potência fosse igual a 0,92?
RESPOSTA: 606A, 428A.
2) Uma indústria tem instalada uma carga de 200kW. Verificou-se que o fator de potência é igual a
85% (em atraso). Qual deverá ser a potência (kVAr) de um capacitor que, instalado venha a
reduzir a potência reativa, de modo que o fator de potência atenda às prescrições da
Concessionária, isto é, seja igual (no mínimo) a 92%?
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RESPOSTA: 38,2kVAr
EXERCÍCIOS PROPOSTOS
1 – Uma bobina, quando ligada a uma fonte de CC de 10V, consome 100 mA e, quando ligada a uma
fonte CA de 10Vrms/500Hz, consome 20 mArms. Calcular:
a- resistência da bobina;
b- reatância indutiva e a indutância da bobina
c- impedância complesa da bobina e sua representação gráfica
d- diagrama fasorial do circuito CA
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BIBLIOGRAFIA
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–Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1983.
2 NISKIER, J., MANCITYRE, A. J. Instalações elétricas. 4. ed. Rio de Janeiro: LTC –Livros
Técnicos e Científicos Editora S.A., 2000.
3. US. NAVY. Curso completo de eletricidade básica . São Paulo : Hemus, 1980.
4. TIPLER, P. A. Física para cientistas e engenheiros: eletricidade e magnetismo. 3. ed.
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.
5. ALBUQUERQUE, RÔMULO OLIVEIRA. Circuitos em corrente alternada. São Paulo : Érica,
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6. NEVES, EURICO GUIMARÃES DE CASTRO: Eletrotécnica geral. Pelotas : UFPel, 1999.
7. LOURENÇO, ANTONIO CARLOS DE., CRUZ, EDUARDO CESAR ALVES., CHOUERI JR.,
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http://www.mfcapacitores.com.br/tabelas.htm
http://www.weg.com.br