Você está na página 1de 1

10 a 14 de setembro de 2018

UFF – Niterói, RJ

A CARTOGRAFIA SOCIAL E O ORDENAMENTO TERRITORIAL:


O MAPEAMENTO PARTICIPATIVO DE ÁREAS DE RISCO DE
INUNDAÇÃO NO BAIRRO PARQUE MAMBUCABA – ANGRA DOS
REIS, RJ.
Fabiana Freitas (UFRRJ)
e-mail: fabianafreitas.ufrrj@gmail.com
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

RESUMO

O Parque Mambucaba está localizado na planície de inundação flúvio-marinha da Bacia Hidrográfica do Rio Mambucaba, cuja nascente situa-se na divisa entre os estados do
Rio de Janeiro e São Paulo. Apresenta características importantes para a conservação da biodiversidade e da história humana, pois além de possuir a maior concentração da
Mata Atlântica, foi palco do início da colonização do Brasil. Agregam-se às características naturais as intervenções antrópicas nesse ecossistema. Tendo em vista a fragilidade
ambiental e a vulnerabilidade social dos moradores do Parque Mambucaba, a questão principal é analisar através do mapeamento participativo, quais as áreas suscetíveis aos
riscos ambientais de inundações e como a população percebe esses riscos, comprovando a dependência sistêmica entre os aspectos físicos, o processo de ocupação e as
políticas públicas.

_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

1 Introdução 3. Resultados 4. Considerações

A região da Costa Verde, formada pelos municípios de Riscos e susceptibilidades caminham lado a lado, As variadas formas de produção e reprodução do
Angra dos Reis e Paraty, devido a seus altos índices porém quando existe a presença antrópica torna-se mais espaço geográfico exercem forte pressão sobre o
pluviométricos, sofre sazonalmente com desastres urgente pesquisar os riscos. Dessa forma, a partir da espaço natural, sendo desenvolvidas, na maioria das
relacionados às chuvas intensas no verão. A escolha do análise do Mapa de Risco à Inundação, desenvolvido vezes, sem considerar a vulnerabilidade dos grupos
tema surgiu da observação de eventos catastróficos que pela oficina de Cartografia Social, é possível verificar sociais e a fragilidade dos sistemas naturais, por vezes
ocorreram na região, nas últimas duas décadas. É que existem dois níveis de inundações bem ampliando as condições de risco a que está exposta
importante ressaltar que nesta pesquisa, considerou-se o definidos: o primeiro são as inundações que ocorrem grande parcela da população urbana, influenciando no
termo inundação como a elevação do nível de um corpo constantemente; o segundo nível são as inundações que ordenamento territorial local.
hídrico, suficiente para ultrapassar as margens do rio ocorrem apenas em eventos extremos, como representa
A presente pesquisa é um trabalho de investigação e
atingindo terras normalmente secas. o mapa da figura (1). De acordo com o mapa as
um experimento no mapeamento participativo,
inundações constantes são maiores nas áreas
Tendo em vista a fragilidade ambiental e a afirmando que todas as pessoas são agentes de seu
consideradas subnormais que se encontram às margens
vulnerabilidade social dos moradores do Parque próprio espaço, e que tais experiências podem
dos rios Mambucaba e Perequê. Essas áreas são as mais
Mambucaba, a questão principal dessa pesquisa é contribuir para dar visibilidade a grupos sociais
atingidas e se caracterizam pela ocorrência de graus de
analisar através do mapeamento participativo, quais são geralmente excluídos de mapeamentos oficiais. Dessa
risco alto e muito alto. Também são as áreas que
as áreas suscetíveis aos riscos ambientais de inundações forma, o mapeamento social, aplicado em oficinas
apresentam maior vulnerabilidade social.
e como a população percebe esses riscos. Nessa para estudantes do Segundo ano do Ensino Médio da
determinada área de estudo, ocorre uma relação entre as Escola Estadual Almirante Álvaro Alberto, pôde dar
áreas de maiores riscos com o contexto socioeconômico, visibilidade às referências espaciais compartilhadas,
comprovando a dependência sistêmica entre os aspectos ao torná-los autores de seus próprios mapas.
físicos, o processo histórico de ocupação, políticas
públicas e as áreas com maiores incidências de riscos
ambientais, que são ampliados devido à percepção da
população
Referências
2 Metodologia
ACSELRAD, H. (Org.). Cartografias Sociais e
Território. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio
de Janeiro, 2008.
A pesquisa foi desenvolvida a partir das seguintes
etapas:
IBAMA. Plano de Manejo: Parque Nacional da Serra
Figura 1: Mapa participativo elaborado pelos alunos do Segundo
• Consulta de um vasto material bibliográfico sobre a Ano do Ensino Médio do CEAAA. da Bocaina. Brasília: IBAMA/PRÓ-BOCAINA, 2001.
Costa Verde, o Município de Angra dos Reis, a Bacia
Hidrográfica do rio Mambucaba e o bairro Parque ICMBIO - Instituto Chico Mendes de Conservação da
Mambucaba. Biodiversidade. Plano de Manejo da Estação Ecológica
de Tamoios - Fase 1/ Diagnóstico da Unidade de
• Desenvolvimento de estudos pluviométricos e
Conservação. 2009.
fluviométricos da região.
• Construção do mapa de risco de inundações no MEIRELES, A. J. A.; GORAYEB, A. Elementos para
software ArcGis, a partir de dados obtidos junto ao uma cartografia socioambiental dos territórios em
CPRM. disputa. Brasil e América Latina: percursos e dilemas
de uma integração, p. 373-405, 2014.
• Obtenção de informações através de entrevistas,
objetivando identificar a vulnerabilidade e a
VEYRET, Yvette; MESCHINET DE RICHEMOND,
percepção da população.
Nancy. O Risco, os Riscos. In: VEYRET, Y. (Org.) Os
• Elaboração do mapa de risco de inundação segundo Riscos – o Homem como agressor e vítima do meio
a metodologia participativa. Foto 1: alunos marcando os pontos de inundações no mapa base. ambiente. São Paulo: Contexto, 2007.

Você também pode gostar