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Gerd Kohlhepp**
Markus Blumenschein***
seu auge com a colônia Entre Rios, fundada em 1952 perto de Guarapuava
pelos suábios do Danúbio (KOHLHEPP, 1991a).
A destruição florestal em grande escala iniciou-se no oeste paranaense
somente a partir do avanço espaço-temporal da migração interna do Rio Gran-
de do Sul passando por Santa Catarina para o então oeste paranaense, onde
desenvolveram-se rapidamente médios e grandes estabelecimentos a base de
plantações de soja e trigo na segunda metade dos anos 60. Atores sociais de
outras origens étnicas já tinham avançado com a plantação de café até o norte
do Paraná, levando ao desmatamento em grande escala através de queimadas
(KOHLHEPP, 1975).
A migração interna, vinda do Sul do Brasil para o Norte, passou primei-
ramente pelos cerrados do Planalto Central e concentrou-se, a partir da década
de 70 - após iniciativas pontuais no norte de Mato Grosso nos anos 60
(PFEIFER, 1966) - naS florestas tropicais amazônicas no eixo da
Transamazônica, em Mato Grosso e em Rondônia.
Somente após um certo tempo, com o fracasso da colonização agrária
na Amazônia (KOHLHEPP, 1987b), os campos cerrados no Centro do Brasil
tomaram-se o novo "Eldorado" da migração interna a partir do Sul do Brasil
(COYe LÜCKER, 1993). Entretanto, a modernização da agricultura nos es-
tados sulistas e o fim da economia cafeeira no norte do Paraná, por razão de
prejuízos causados pelas geadas, levaram a um processo crescente de expulsão
e pressão emigratória.
O geógrafo alemão Leo Waibel, ex-consultor no Conselho Nacional de
Geografia. estava convencido, já na segunda metade dos anos 40, de que os
campos cerrados poderiam ser explorados pela agricultura:
AC Acre
AL Alagoas
AM Amazonas
AP Amapá
6A Bahia
CE Ceará
DF Distrito Federal
ES Espirito Santo
GO Goiás
MA Maranhão
MG Minas Gerais
MS Mato Grosso do Sul
MT Mato Grosso
PA Pará
PB Paraíba
PE Pernambuco
PI Piaul
PR Paraná
RJ Rio de Janeiro
RN Rio Grande do Norte
RO Rondônia
RR Roraima
RS Rio Grande do Sul o 500 1000 km
se Santa Catarina
SE Sen;jipe
SP sse Paulo
TO Tocantins
Projeto: M. Blumenscheln Pontes: Haesben /997: 252. Cohelr /999.
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ano agrícola
Projeto: Kohlhepp & Blumenschein 2000
Fonte: lBGE (i959-91), iBGE-Produção Agricola Municipal (1990-9J). IBGE.Censo Agropecuário (/996),
IBGE-LSPA (1997·98)
Obs.: Foram excluídos os dados de antes do desmembramento do Estado do Mala Grosso. ocorrido em 1978,
visto que alé esta época a soja era cultivada nas regiões hoje pertencentes ao Mato Grosso do Sul.
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"modelo eficaz" dos sulistas no cerrado precisa ser relativizado. Sua forma de
uso dos recursos naturais está ligada principalmente à mudanças visíveis e se
distingue assim da economia de subsistência da população tradicional. Contudo,
esse modelo facilitou, pela primeira vez, a conversão e a "valorização" formal
e capitalista dos chapadões, antigamente usados extensivamente e, em parte,
apenas esporadicamente.
, Um outro fluxo de emigração, motivado bem diferentemente, se sucedeu desde 1990 no oeste
do Paraná (municípios de Cascavel, Sta. Isabel d'Oeste, Realeza, São Miguel do Iguaçu, Toledo
e Corbélia) para o lado oeste do municfpio de Campo Novo do Parecís, no atual municfpio
de Sapezal (cf. figura 2). Estes migrantes são descendentes de famílias, que migraram outrora
do Rio Grande do Sul e Santa Catarina para o oeste do Paraná, mas que conseguiram fixar-
se no oeste do Paraná até os anos 90. Somente a partir das instalações agroindustriais do
empresário André Maggi em Sapezal, cujo empreendimento familiar "Sementes Maggi" provi-
nha de São Miguel do Iguaçü, e com apoio da propaganda publicitária foi que se condicionou
a emigração maçica para Sapezal.
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6 Os mígrantes para as áreas de floresta tropical no Mato Grosso como também a migração
oriunda dos Campos Gerais do Paraná e dos campos limpos do Planalto riograndense apre-
sentam exceções nesse caso.
Brasileiros Sulistas como Atores da Transformação Rural ••. 63
Conclusão
Bibliografia