Você está na página 1de 13

1

A NOTÍCIA EM 140 CARACTERES:


TWITTER COMO FILTRO DE INFORMAÇÃO

Valentino Valero Donaire Junior

RESUMO: Este artigo tem como objetivo discutir o papel do receptor diante da possibilidade
de interatividade com um veículo de comunicação online, além de teorizar como a utilização
do Twitter pode aumentar significativamente o número de acessos a um jornal online. A
pesquisa buscará demonstrar como cada ator da rede social age como um filtro de
informações e de divulgação indireta de notícias. O portal de notícias ehParaná foi utilizado
como estudo de caso e fonte de dados.

PALAVRAS-CHAVE: notícia; Twitter; redes sociais

ABSTRACT: This article aims to discuss the role of the receiver at the possibility of
interactivity with an online communication vehicle, and theorize how the use of Twitter can
significantly increase the number of hits to an online journal. The research will seek to
demonstrate how each actor's social network acts as a filter of information and dissemination
of news indirectly. The news portal ehParaná was used as a case study and data source.

KEY WORDS: news; Twitter; social networking

Introdução
O uso da internet como meio de comunicação se popularizou em proporções
relevantes. A agilidade na publicação das informações se tornou o grande atrativo da rede
mundial de computadores e pesquisas demonstram que a internet já é o principal meio na
busca de notícias. Mais da metade dos entrevistados, durante pesquisa feita pela Zogby
Interactive, afirmaram que selecionariam a internet se tivessem que escolher uma única fonte
de notícias. Apenas 21% optou pela televisão e 10% pelo rádio ou jornais.1
A pesquisa bibliográfica ajuda a demonstrar o fetiche pela velocidade de publicação
das informações. O fato em movimento ou em tempo real. O receptor deixa de ser passivo e
passa a interagir ou até mesmo interferir diretamente na produção de conteúdo, envolvimento
que o torna um dos filtros durante o processo de publicação das informações.
De forma direta ou indireta, foram criadas ferramentas para tornar a notícia mais
atrativa ou facilitar o acesso às informações. Neste artigo tentaremos demonstrar como uma
1
www.construcaodewebsites.com.br/noticias/177-internet-supera-tv-radio-jornal-revista-cartaz-banner-e-muito-
mais. Acesso em 24 de outubro de 2010.
2

rede social, neste caso o Twitter, proporciona o aumento nos acessos de um jornal online e
como o receptor utiliza a rede social para filtrar informações, atuando como uma espécie de
receptor filtro. Para isso, durante nove meses foi utilizado como fonte de pesquisa o jornal
online ehParaná. As estatísticas de acessos do site foram registradas antes da divulgação de
notícias por meio do Twitter e depois com o uso da rede social.
Os resultados registrados poderão ajudar futuras pesquisas práticas de formas de
otimização no relacionamento com o público, ou até mesmo antropológicas em relação ao
comportamento do receptor, já que o Twitter se mostrou uma ferramenta extremamente
poderosa para o aumento da audiência de um jornal online.

1. A World Wide Web e a informação

A busca por informações na internet tem seguido novos caminhos e objetivos. O


Brasil passou a conectar-se com a rede mundial de computadores em 1990. O World, primeiro
provedor de acesso comercial do mundo, permitiu a usuários comuns alcançar a grande rede
via telefone (PINHO, 2003). A informatização do ambiente de trabalho, e, a facilidade de
acesso à rede mundial, transformou o computador em um potente novo meio de comunicação.
“Ainda em 1991, a grande novidade da Internet foi a invenção da World Wide Web, gestada
pelo engenheiro Tim Berners-Lee no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN)”,
(PINHO, 2003, p. 33).
Os primeiros sites de conteúdo jornalístico continham reproduções fiéis de matérias
produzidas para jornais impressos. Apesar de inspiradas no exemplo e no sucesso de versões
online de revistas e jornais norte-americanos e ingleses, não demorou muito para que
tradicionais empresas jornalísticas brasileiras ingressassem na World Wide Web. A primeira
iniciativa partiu do Grupo O Estado de S. Paulo, que, em fevereiro de 1995, colocou a
Agência Estado na rede mundial (PINHO, 2003). Portanto eram notícias mais longas. Porém,
a leitura na tela de um computador é mais lenta, o que pode exigir tempo. A era digital exige
agilidade e dinamismo devido a uma rotina acelerada de trabalho.

Há um incentivo onipresente para a aceleração, por parte de capitalistas


individuais, do seu tempo de giro com relação à média social, e para fazê-lo
de modo a promover uma tendência social na direção de tempos médios de
giros mais rápidos. (...) O efeito geral é, portanto, colocar no centro da
modernidade capitalista a aceleração do ritmo de processos econômicos e,
em conseqüência, da vida social. (HARVEY, 1993).
3

Desta forma os veículos se adaptaram e passaram a produzir conteúdos específicos


para a web. Os textos de “2000 caracteres com espaço” foram reduzidos para uma média de
700 a 1500 caracteres. Títulos e linhas finas resumem o que será lido na notícia. A estrutura
do texto, com o método de pirâmide invertida, ou seja, da informação mais importante para a
de menor relevância, permanece nas notícias para internet. O lead é a estrutura básica para as
notícias feitas para web. Dentro do lead são respondidas perguntas fundamentais como quem,
o que, como, onde, quando e por quê.
A utilização de programação e banco de dados permite que erros ortográficos possam
ser corrigidos e novas informações inseridas. Infográficos interativos também deixam a
notícia mais atraente. A convergência das mídias – áudio, vídeo e texto – transformou o
computador em uma fonte completa para busca de informações.

“Os elementos que compõe o conteúdo online vão muito além dos
tradicionalmente utilizados na cobertura impressa – textos, fotos e gráficos.
Pode-se adicionar sequências de vídeo, áudio e ilustrações animadas. Até
mesmo o texto deixou de ser definitivo – um e-mail com comentários sobre
determinada matéria pode trazer novas informações ou um novo ponto de
vista, tornando-se, assim, parte da cobertura jornalística”. (FERRARI. 2003,
pg.39).

Para Lévy (1999) as máquinas a vapor escravizaram os operários das indústrias têxteis
do século XIX, enquanto os computadores pessoais aumentaram a capacidade de agir e de
comunicar dos indivíduos. Fato comprovado no momento em que os veículos abriram espaços
para o público comentar as notícias. O receptor deixa de ser passivo e passa a opinar, criticar,
contestar ou mesmo contribuir na produção de conteúdo. A interação com o público, se
utilizada de maneira correta, poderá fornecer as principais características dos usuários como
quais os interesses e as melhores formas de abordagem, ou seja, uma série de informações que
auxiliam o meio de comunicação a conhecer melhor o público. Com acesso a essas
informações, os veículos de comunicação conseguem direcionar, de maneira mais eficaz e
direta, o conteúdo produzido para diferentes tipos de público-alvo.
Mas apesar de o receptor estar mais ativo, ele permanece, ou até mesmo, está mais
dependente do computador e da internet. Conhecimentos básicos ou de senso comum estão
sendo deixados em segundo plano no cotidiano para o acumulo de informações de uso diário,
já que datas e fatos históricos são facilmente encontrados com uma pesquisa rápida em sites
de pesquisas como o Google. Lévy (1999) teoriza que a informação digitalizada pode ser
processada automaticamente, com um grau de precisão quase absoluto, muito rapidamente e
4

em grande escala quantitativa.


A partir destes conceitos, o objeto de estudo deste artigo, o Twitter, criado em 2006, é
a mídia social que mais cresce no Brasil. E se tornou uma ferramenta eficiente para
interatividade em tempo real com o público-alvo. Criar uma conta no microblog2 é simples e
requer poucas informações. Passamos agora a conhecer, de maneira mais técnica, o Twitter.

2. Conhecendo tecnicamente o Twitter

Algumas especificidades das ferramentas do microblog, bem como algumas


terminologias, são necessárias serem explicadas, mesmo de forma sucinta, para que a melhor
compreensão das funções e possibilidades do Twitter.

2.1. Criação de uma nova conta

1 – Full name – neste campo deverá ser inserido nome completo do proprietário do
novo perfil;
2 – Username – o nome de usuário será utilizado para criar o endereço do perfil (ex.:
http://twitter.com/ehparana). Caso já exista um usuário com o username escolhido, será
2
Definição agregada ao Twitter por se tratar de um site de conteúdo pessoal, porém com
textos muito menores que de um blog comum.
5

exibida uma mensagem com aviso de usuário já existente;


3 – Password – uma senha de no mínimo seis caracteres deverá ser cadastrada para
acessar a área administrativa do perfil;
4 – Email – um email válido deverá ser cadastrado pois será enviado um email
automático para confirmação da criação do novo perfil;
5 – Terms of service – os Termos de Serviço deverão ser lidos para ser aceitos em
seguida ao clicar o botão Create my account;
6 – Create my account – ao clicar no botão para criar a nova conta o usuário aceita os
termos de serviço e envia automaticamente um email de confirmação da conta. Caso deixe
selecionado a caixa I want be inside scoop o usuário autoriza receber informações com
atualizações;

2.2. Funções da página inicial

1 – Sign in – Ao acessar a página inicial do Twitter, no canto superior direito,


encontra-se o botão para acessar a conta criada;
2 – Search – Com a barra de busca é possível realizar pesquisa de palavras-chaves de
assuntos ou tópicos recém postados;
3 – Trending Topics (TT) – Palavras-chaves ou tópicos mais “tweetados” por todos
usuários são exibidos na área azul escura, logo abaixo da logo;
4 – Top Tweets – O Top Tweets seleciona algoritmicamente e retweeta alguns dos
mais interessantes tweets espalhados pelo microblog;
5 – See Who’s here – Mostra aleatoriamente perfis de usuários de todo o mundo;
6

2.3. Funções da página principal

1 – Navegação – após efetuar o Login a página administrativa exibe a página atual,


Profile onde estão os tweets do portal e as informações do perfil e Messages para envio de
mensagens diretas à perfis, as quais serão visualizadas somente pelo proprietário do perfil;
2 – Menu - estão dispostas opções para alteração das informações do perfil e design
em Settings; página de ajuda (Help); lista de Who to follow, sugestões de quem seguir; Leave
preview para ser exibida conta com layout antigo do Twitter e Signout para sair da conta;
3 – Following – são os perfis/usuários que são seguidos; Followers – são
perfis/usuários que seguem o dono do perfil; Listed – uma nova opção no Twitter que
funciona como “favoritos”;
4 – Trends – indica os principais assuntos ou Hashtags mencionadas;
5 – Who to follow – de forma aleatória o Twitter exibe perfis a serem seguidos;
6 – Whats happening? – campo de texto onde deverá ser escrito o tweet de até 140
caracteres com espaço. Um contador regressivo de caracteres indica quantas letras restam;
7 – Abas – a Timeline mostra as postagens mais recentes dos Followings; @Mentions
7

mostra mensagens que tenham mencionado o perfil logado; Retweets lista as mensagens que o
perfil retweetou, menssagens do perfil que foram retweetadas por outros e os tweets e
retweets do perfil; Searches lista as busca realizadas pelo perfil e Lists cria uma lista de
favoritos e mostra em quais o perfil está listado;
8 – Tweet – as postagens mais recentes dos Followings são exibidas na página inicial
após logado;
9 – Fundo – o fundo ou background pode ser personalizado com imagens pessoais,
fotomontagens e diversas opções de cores;

2.4. Terminologias

Tweet – como é chamada cada postagem de até 140 caracteres do microblog;


Retweet ou RT – quando um tweet é re-postado por qualquer usuário (ex.: RT
@ehparana: Bom dia para você também);
Reply – forma de enviar uma resposta direta para outro perfil. O comando reply é
identificado pelo símbolo arroba (@), seguido do nome do perfil de quem será enviada
resposta. (ex.: @ehparana Bom dia para você também).

Hashtag – quando um tweet é postado poderá ser criada uma hashtag (#) para agrupar
as mensagens com mesmo assunto em um tópico (ex.: Gol do Brasil pessoal #copa2010 ou
Brasil venceu mais uma este ano #copa2010);

3. Um caso de repercussão mundial

Os jornalistas Rafael Cardoso Sampaio e Chalini Torquato Gonçalves Barros


exemplificaram o poder do Twitter no artigo O Twitter pode te calar. Segundo Sampaio e
Barros:
8

“Em junho de 2010, durante a Copa do Mundo, o locutor da TV Globo


Galvão Bueno ficou conhecido por cometer inúmeros erros na transmissão
ao vivo dos jogos, como errar ou pronunciar equivocadamente os nomes de
jogadores, além do uso excessivo de jargões na transmissão. Por esse e
outros motivos, a frase "Cala a Boca, Galvão" se tornou TT no Brasil.
Visando a torná-lo TT mundial, diversos usuários começaram a fazer
campanhas falsas de modo a provar que o termo "Cala a boca" significava
"salvar" em português e que "Galvão" era uma ave em risco de extinção no
Brasil”. (Disponível em <<www.observatoriodaimprensa.com.br>>, acesso
em 10 de set 2010).

Comm (2009) ressalta que os sites de mídia social não apenas atraem crianças à
procura de lugares para bater-papo com os amigos e baixar música de graça. Eles estão
também atraindo adultos cultos e inteligentes com dinheiro para gastar. Segundo Lévy:

Para começar, o leitor em tela é mais “ativo” que o leitor em papel: ler em
tela é, antes mesmo de interpretar, enviar um comando a um computador
para que projete esta ou aquela realização parcial do texto sobre uma
pequena superfície luminosa. (1996, p.40).

As redes sociais agem como comunidades online, onde indivíduos ou atores sociais,
com interesses em comum, representados por seus perfis, podem interagir, produzir conteúdo
e dividir informações com suporte de texto, áudio e vídeo. Para Mattelart (2002), assim como
a conquista do espaço (físico) deu origem à aldeia global de McLuhan, a conquista da
ciberfronteira estaria dando origem a uma “sociedade global da informação”.
Quando pensamos no ambiente virtual do World Wild Web, segundo Lévy (1996) cada
corpo individual torna-se parte integrante de um imenso hipercorpo híbrido e mundializado.
São criadas redes de relacionamento onde cada usuário escolhe com quais perfis irá
compartilhar conteúdo. Cada usuário é também um filtro de informações ou um gatekeeper. A
definição de Traquina para gatekeeper é:

Nesta teoria, o processo de produção da informação é concebido como uma


série de escolhas onde o fluxo de notícias tem de passar por diversos gates,
isto é, “portões”, que não são mais do que áreas de decisão em relação às
quais o jornalista, isto é, o gatekeeper, tem de decidir se vai escolher essa
notícia ou não. Se a decisão for positiva, a notícia acaba por passar pelo
portão...” (TRAQUINA. 2001, p.69)
Cada usuário que recebe o tweet com informação tem a opção de escolher o que será
repassado para seus seguidores através do retweet. Levando em consideração que Traquina
caracteriza o jornalista como gatekeeper, pode se dizer que o retweet torna cada usuário uma
forma de receptor filtro, pois ele age da mesma forma do jornalista em relação à escolha do
que será ou não interessante para sua rede de seguidores.
9

Construir um perfil público ou semi-público em um sistema interligado,


articular uma lista de outros usuários com os quais eles compartilham uma
conexão, e ver e cruzar suas listas de conexões e aquelas feitas por outros no
sistema. (BOYD e ELLISON, 2007, online).

Com base nestes conceitos, analisaremos um caso em que o Twitter é utilizado em


conjunto com um jornal on-line em Londrina, o ehParaná.

4. Um estudo de caso: Twitter e a promoção da notícia

No caso de um veículo de comunicação on-line, o Twitter agrega a possibilidade de


levar a notícia até o receptor, quase que de forma instantânea. A ideia da notícia em
movimento ou fato em real, o fetiche da velocidade. Isso gera um diferencial com base na
comodidade do leitor, agregando valor ao meio e à notícia.

Definida como mercadoria, tanto por teóricos como Habermas quanto por
grandes empresas jornalísticas como a Folha de São Paulo, a notícia não
fugiria à regra: esconde o processo pelo qual foi produzida e vende mais do
que a informação ali apresentada. Vende também, e principalmente, a
ideologia da velocidade. (MORETZSOHN, 2002, p. 119).

Além disso, o Retweet potencializa a abrangência, já que a mensagem chegará a


diversas pessoas, além daquelas seguidoras do Tweet originário. Neste ponto fica claro o
termo receptor filtro, quando o usuário seleciona a notícia e ao dar o RT, permite que os
seguidores possam visualizar, ao mesmo tempo, o que foi postado pelo veículo de
comunicação, aproximando ainda mais emissor e receptor.

Em primeiro lugar, você está no escritório ou na casa de uma pessoa que está
fisicamente mais próxima do computador do que da tela de TV e,
provavelmente, ainda estará sozinha. Em segundo lugar, aquelas pessoas
procuram uma informação que você oferece. Em terceiro lugar, ele ou ela
podem escrever diretamente para uma pessoa em sua empresa e receber uma
resposta pessoal (isto é, caso você esteja fazendo relações públicas na
internet de maneira correta!). Agora, tente fazer isto com a televisão.
(SHERWIN e AVILA. 1999, p.33 apud PINHO. 2003.).

A definição dada pelos criadores do microblogging identifica as mensagens, de até


140 caracteres, como short messages service (SMS) da internet.
Apesar de diversos aplicativos terem sido criados para o Twitter, ele mantém sua
10

essência de 140 caracteres. Uma forma direta e objetiva de informar àqueles que escolhem
receber informações de usuários selecionados. Vários autores destacam a importância do
relacionamento direto com clientes. Porém questionam se os usuários estão colecionando
perfis ou realmente existe a troca de experiências e ideias.
4.1. Um método de análise
Para comprovar que o Twitter já funciona como um filtro de informações, foi utilizado
o portal de notícias ehParaná como estudo de caso e fonte de dados para esta pesquisa
durante nove meses. O lançamento do portal foi realizado no dia 8 de fevereiro de 2010, sem
trabalho de divulgação publicitária. Apenas alunos do curso de jornalismo da Faculdade
Pitágoras de Londrina receberam um informativo por email sobre o lançamento, já que o
portal é um projeto de alunos do próprio curso. A redação do portal somente enviou emails
para assessorias de imprensa locais, para receber informações sobre possíveis pautas diárias.
Sem a utilização do Twitter, as notícias eram postadas somente no site. O mês de
fevereiro registrou acesso de 283 visitantes únicos ao portal ehParaná. Em seguida, foi criado
um perfil para o portal com o endereço twitter.com/ehparana. De março até junho, cada nova
notícia postada no site também era divulgada através de tweets padronizados.
A foto do perfil no microblog era a logo do ehParaná com a palavra “notícias” logo
abaixo. Cada atualização do portal era postada no Twitter com título da notícia e URL para
ser acessada. Como existe um limite de caracteres para cada tweet, a URL era reduzida
através do site http://bit.ly. Um endereço extenso como www.ehparana.com.br/noticias.php?
noticia=MTUyOA== quando reduzido fica apenas http://bit.ly/csFjb9.
Segundo Comm (2009), uma das formas de obter mais seguidores é seguindo muitas
pessoas, apesar de o Twitter limitar a 1999 os followings. Desta forma foi pensada uma
maneira de otimizar quem o portal deveria seguir, escolhendo perfis de moradores de cidades
próximas à Londrina ou perfis de instituições importantes da cidade, como Universidade
Estadual de Londrina (@UEL).
Além das instituições, foram escolhidos perfis – para serem seguidos – de pessoas de
18 a 65 anos, homens e mulheres e que já estivessem seguindo algum outro site de notícias. O
perfil do portal obteve um aumento de 35 para 192 followers no mês de março. O resultado
foi o aumento de 283 para 1593 visitantes únicos ao site ehParaná, já no mês de março,
quando foi iniciado o processo de divulgação do portal somente no Twitter. Isso quer dizer
que cada seguidor trazia média de oito visitantes a mais, através de seus retweets (RT) da
notícia.
O mês de junho foi o último mês o qual foi utilizado os tweets para divulgação das
11

notícias. Foi o período que registrou o maior número de acessos, com 3221 visitantes únicos e
519 followers no perfil do Twitter. Para tentar comprovar a eficácia da utilização do
microblog como filtro de informação, de julho à outubro deixamos de utilizar o perfil no
Twitter para divulgar as notícias, contando apenas com acessos diretos ao portal. A queda dos
visitantes únicos chegou a 35,7% em relação ao mês de junho que registrou 2069 visitantes
únicos. O gráfico abaixo demonstra a queda gradativa dos acessos a partir do momento que as
notícias deixaram de ser tweetadas.

Considerações finais

O que foi possível verificar nesta pesquisa é que o receptor desempenha um papel
cada vez mais importante na comunicação e pode chegar a agir como interlocutor das
informações. Ao repassar uma notícia através do retweet, ele também consegue inserir suas
opiniões e considerações a respeito de um fato, influenciando meio e mensagem.
Durante a pesquisa, diversas notícias foram atualizadas ou corrigidas no site ehParaná
após tweet de seguidores do portal. Pedidos de informações também puderam ser respondidos
12

quase que de forma instantânea por meios das mensagens diretas. Ação esta, que comprova as
ideias de SHERWIN e AVILA – no que diz respeito às relações públicas – e de MORETZSOHN em
relação ao fetiche da velocidade.
Portanto, o microblog Twitter pode ser considerado um poderoso filtro de notícias.
Cada parte dessa rede de relacionamento, interligado por perfis, consegue realizar uma troca
de informações relevantes de acordo com seus interesses, quando cada usuário age como o
“visualizador que filtra” ou receptor filtro. Isso potencializa os bons resultados atingidos pelo
portal ehParaná, por se tratar de um jornal online com público segmentado em usuários da
web.
Fato que abre inúmeras possibilidades de mais pesquisas em relação à rede social
Twitter. Neste artigo pude tentar teorizar uma pequena parcela dos estudos que podem advir
do uso de redes de relacionamento para benefício do jornalismo, já que pouca bibliografia foi
encontrada, específica para a área da comunicação social.

REFERÊNCIAS

BOYD, Danah.; ELLISON, Nicole. Social network sites: Definition, history, and
scholarship. Journal of Computer-Mediated Communication, 13(1), 2007. Disponível em
<http://jcmc.indiana.edu/vol13/issue1/boyd.ellison.html>. Acesso em 20 de setembro. 20010.

COMM, Joel. O Poder do Twitter. São Paulo: Editora Gente, 2009.


13

FERRARI, Pollyana. Jornalismo Digital. São Paulo. Contexto, 2003.

HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo. Loyola, 1993.

LEVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo. Editora 34, 1996.


______. Cibercultura. São Paulo. Editora 34, 1999.

MATTELART, Armand. História da sociedade da informação. São Paulo: Edições Loyola,


2002.

MORETZSOHN, Sylvia. Jornalismo em “tempo real”: o fetiche da velocidade. Rio de


Janeiro. Revan, 2002.

PINHO, J.B.. Jornalismo na Internet: planejamento e produção da informação on-line. São


Paulo. Summus Editorial, 2003.

SAMPAIO, Rafael Cardoso; BARROS, Chalini Torquato. O Twitter pode te calar. 2010.
Disponível em http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=602ENO005.
Acesso em 12 de outubro. 2010.

TRAQUINA, Nelson. O estudo do jornalismo no século XX. Rio Grande do Sul. Unisinos,
2001.

Você também pode gostar