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Info 773 STF PDF
Info 773 STF PDF
Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista:
ADI 3628/AP; ADI 3802/DF; ADI 5154/PA; HC 124180/RS.
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em
peculiaridades do caso concreto: ADI 2433/RN; ADI 2072/RS; ADI 5091 Referendo-MC/MT; ADI 4967/PA; HC 119934/SP.
ÍNDICE
DIREITO CONSTITUCIONAL
PROCESSO LEGISLATIVO
Iniciativa de lei que disponha sobre o regime jurídico dos servidores públicos e militares.
Emenda parlamentar em projeto de lei do Poder Executivo.
DIREITO ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Inconstitucionalidade de lei estadual que preveja pensão para cônjuges de todos os falecidos por crimes hediondos.
DIREITO CONSTITUCIONAL
PROCESSO LEGISLATIVO
Iniciativa de lei que disponha sobre o regime jurídico dos servidores públicos e militares
Princípio da simetria
Segundo o princípio ou regra da simetria, o legislador constituinte estadual, ao elaborar as normas da
Constituição estadual sobre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e sobre as regras do pacto
federativo, deverá observar, em linhas gerais, o mesmo modelo imposto pela Constituição Federal, a fim
de manter a harmonia e independência entre eles.
Ex.: a CE não pode estabelecer que o projeto de lei para a criação de cargos na Administração Pública
estadual seja de iniciativa parlamentar. Tal previsão violaria o princípio da simetria, já que iria de encontro
ao modelo federal imposto pelo art. 61, § 1º, II, “a”, da CF/88.
O princípio da simetria não está previsto de forma expressa na CF/88. Foi uma criação pretoriana, ou seja,
idealizado pela jurisprudência do STF.
Alguns Ministros invocam como fundamento normativo para a sua existência o art. 25 da CF e o art. 11 do
ADCT, que determinam aos Estados-membros a observância dos princípios da Constituição da República.
As regras de processo legislativo previstas na CF/88 são normas de reprodução obrigatória pelos Estados-
membros, ou seja, estão submetidas ao princípio da simetria.
Leis de iniciativa parlamentar que tratem sobre regime jurídico de servidores públicos e também de
militares são inconstitucionais
O STF constantemente julga inconstitucionais leis de iniciativa parlamentar que versem sobre direitos e
deveres dos servidores públicos e dos militares. Existe, nessa situação, inconstitucionalidade formal
subjetiva.
No caso julgado pelo STF e noticiado neste Informativo 773, a Lei n. 6.841/96, do Estado de Mato Grosso,
de iniciativa parlamentar, tratou sobre a indenização por morte e invalidez permanente dos servidores
públicos militares do referido Estado-membro.
O STF julgou a referida lei inconstitucional por ofender os arts. 2º; 61, § 1º, II, “c” e “f”; 63, II; e 84, III,
todos da CF/88, a ensejar sua inconstitucionalidade formal.
Se o Governador do Estado sancionar o projeto de lei de iniciativa parlamentar que trate sobre matéria
de iniciativa privativa do chefe do Executivo, essa sanção faz com que o vício de iniciativa seja sanado
(corrigido)?
NÃO. A jurisprudência do STF é firme no sentido de que a sanção do projeto de lei aprovado não convalida
o defeito de iniciativa. Assim, se o projeto de lei deveria ter sido apresentado pelo Chefe do Poder
Executivo e, no entanto, foi deflagrado por um Parlamentar, ainda que este projeto seja aprovado e
mesmo que o Chefe do Executivo o sancione, ele continuará sendo formalmente inconstitucional.
Antigamente (há muitos anos), o STF tinha posição em sentido contrário, tanto que havia editado uma
PROCESSO LEGISLATIVO
Emenda parlamentar em projeto de lei do Poder Executivo
O parlamentar poderá apresentar emendas em um projeto de lei que seja de iniciativa privativa do chefe
do Poder Executivo? Em outras palavras, o projeto de lei que trata sobre uma das matérias do art. 61, §
1º da CF/88 e que esteja tramitando no Parlamento poderá ser alterado pelos parlamentares?
SIM. É possível que haja emenda parlamentar em um projeto de lei de iniciativa reservada ao Chefe do
Poder Executivo, desde que cumpridos dois requisitos:
a) haja pertinência temática (a emenda não trate sobre assunto diferente do projeto original); e
b) a emenda não acarrete aumento de despesas originalmente previstas (art. 63, I, da CF/88).
Assim, nos projetos de lei de iniciativa do Chefe do Executivo, o parlamentar pode até propor emendas,
mas estas deverão respeitar as restrições trazidas pelo art. 63, I, da CF/88.
Importante!!!
O art. 5º da MP 2.170-36/2001 permite que haja capitalização de juros com periodicidade
inferior a um ano nas operações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema
Financeiro Nacional.
A MP 2.170-36/2001 era impugnada sob a alegação de que o tema “capitalização de juros” não
possuía relevância e urgência, de forma que não poderia ter sido tratado por meio de medida
provisória (art. 62 da CF/88).
Juros capitalizados
A capitalização de juros, também chamada de anatocismo, ocorre quando os juros são calculados sobre os
próprios juros devidos.
Outras denominações para “capitalização de juros”: “juros sobre juros”, “juros compostos” ou “juros
frugíferos”.
Normalmente, são verificados em contratos de financiamento bancário.
A ressalva prevista na segunda parte do art. 4º (a parte destacada) significa que a Lei da Usura permite a
capitalização anual.
Desse modo, a capitalização anual sempre foi PERMITIDA (para todos os contratos).
Essa medida provisória foi sucessivamente reeditada, até que veio a EC 32/2001, que “eternizou” as
medidas provisórias que existiam na época. Veja o que diz o art. 2º da EC 32/2001:
Art. 2º As medidas provisórias editadas em data anterior à da publicação desta emenda continuam em
vigor até que medida provisória ulterior as revogue explicitamente ou até deliberação definitiva do
Congresso Nacional.
Em outras palavras, todas as medidas provisórias que estavam em vigor quando foi publicada a EC
32/2001 deixaram de ser provisórias e passaram a vigorar como se fossem lei. Assim, as medidas
provisórias que estavam em vigor quando veio a EC 32/2001 não mais têm prazo para expirar e irão valer
até que uma lei as revogue ou que elas sejam rejeitadas pelo Congresso.
Quando a EC 32/2001, entrou em vigor, a MP 2.170-36/2001 estava valendo e foi “eternizada”, ou seja, ela
vale como se fosse uma lei até que outra lei a revogue ou até que o Congresso a rejeite.
Desse modo, a MP 2.170-36/2001 permitiu que as instituições financeiras, em seus contratos, fixassem a
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano. Esta MP continua vigorando e não tem data
para perder eficácia por causa do art. 2º da EC 32/2001.
Impugnações à MP 2.170-36/2001
Existem, no Poder Judiciário, milhares de ações judiciais questionando a legalidade e a constitucionalidade
da MP 2.170-36/2001. As três impugnações principais contra a referida MP são as seguintes:
Essa tese foi acolhida pela jurisprudência? A MP 2.170-36/2001 é ilegal? A capitalização de juros com
periodicidade inferior a um ano (ex: capitalização mensal de juros) é proibida também para os bancos?
NÃO. É permitida a capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano em contratos BANCÁRIOS
celebrados após 31 de março de 2000, data da publicação da MP 1.963-17/2000 (atual MP 2.170-
36/2001), desde que expressamente pactuada (STJ. 2ª Seção. REsp 973.827/RS, Rel. p/ Acórdão Min.
Maria Isabel Gallotti, julgado em 08/08/2012).
O art. 591 do Código Civil não alterou a regra do art. 5º da MP porque esta é norma específica e o CC é lei
geral, aplicando-se o princípio da especialidade, segundo o qual lei geral não revoga lei específica, ainda
que seja posterior.
A MP também não viola qualquer disposição do CDC.
Portanto, sob o ponto de vista da legalidade, o art. 5º da MP 2.170-36/2001 é plenamente válido.
Essa tese foi acolhida pela jurisprudência? A MP 2.170-36/2001 é inconstitucional por ter sido editada
sem relevância e urgência?
NÃO. O STF decidiu que o art. 5º da MP 2.170-36/2001 é formalmente constitucional, não tendo violado o
art. 62 da CF/88.
A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de medidas provisórias consiste, em regra,
em um juízo político (escolha política/discricionária) de competência do Presidente da República,
controlado pelo Congresso Nacional.
Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise dos
requisitos da MP.
No caso concreto, do ponto de vista da relevância, esta estaria presente, considerando que a MP trata sobre
a regulação das operações do Sistema Financeiro, tema de suma importância para a economia do país.
Informativo 773-STF (19/02/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 5
No que se refere à urgência, a norma foi editada há 15 anos, em um período cuja realidade financeira era
diferente da atual, sendo difícil afirmar com segurança que não havia o requisito da urgência naquela
oportunidade. O cenário econômico, caracterizado pela integração da economia nacional ao mercado
financeiro mundial, exigia medidas céleres, destinadas à adequação do Sistema Financeiro Nacional aos
padrões globais.
Além disso, se a Corte declarasse a inconstitucionalidade da norma, isso significaria atuar sobre um
passado em que milhares de operações financeiras poderiam, em tese, ser atingidas.
3) Inconstitucionalidade material da MP
Existe uma ADI no STF que, além dos requisitos da MP, alega também a inconstitucionalidade material da
capitalização de juros em periodicidade inferior a um ano. Trata-se da ADI 2316, cujo julgamento ainda
não foi concluído.
DIREITO ADMINISTRATIVO
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Inconstitucionalidade de lei estadual que preveja pensão para cônjuges
de todos os falecidos por crimes hediondos
É inconstitucional lei estadual (distrital) que preveja o pagamento de pensão especial a ser
concedida pelo Governo do Estado (Distrito Federal) em benefício dos cônjuges de pessoas
vítimas de crimes hediondos, independentemente de o autor do crime ser ou não agente do
Estado. Tal lei amplia, de modo desmesurado (irrazoável), a responsabilidade civil do Estado
prevista no art. 37, § 6º, da CF/88.
STF. Plenário. ADI 1358/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4/2/2015 (Info 773).
Em 1995, foi editada uma Lei no Distrito Federal prevendo uma pensão especial a ser paga para os
cônjuges de pessoas assassinadas vítimas de crimes hediondos ocorridos no DF.
Em outras palavras, todas as vezes que morresse alguém no DF, vítima de crime hediondo, o Governo
deveria pagar uma pensão mensal ao viúvo (a) do(a) morto(a) mesmo que o autor do delito não tivesse
sido um agente público.
O STF entendeu que essa lei é inconstitucional porque amplia, de modo desmesurado, a responsabilidade
prevista no art. 37, § 6º, da CF/88.
A referida Lei impôs ao DF responsabilidade civil muito maior que a prevista na CF/88.
A Constituição afirma que o Estado é responsável civilmente pelos danos que seus agentes, nessa
qualidade, causarem a terceiros.
Vale ressaltar que o Poder Público até poderia, como medida de assistência social (e não por força de
responsabilidade civil), instituir essa pensão, mas desde que fosse para pessoas necessitadas, conforme
exige o art. 203 da CF/88 e, desde que houvesse a previsão da fonte de custeio total (§ 5º do art. 195):
Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à
seguridade social, e tem por objetivos:
(...)
Art. 195 (...)
§ 5º - Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a
correspondente fonte de custeio total.
O Procurador-Geral da República ajuizou ADI contra todo o inciso I e também contra a expressão
“apresentação de temas em congressos relacionados com os serviços notariais e registrais”, constante do
inciso II. Segundo o PGR, essas regras violam o princípio da isonomia.
OUTRAS INFORMAÇÕES
REPERCUSSÃO GERAL
DJe de 2 a 6 de fevereiro de 2015
Decisões Publicadas: 5
CLIPPING DO D JE
2 a 6 de fevereiro de 2015
ADI N. 2.255-ES
RELATOR: MIN. GILMAR MENDES
Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei estadual nº 5.645/1998, do Espírito Santo. Indenização de vítimas de violências praticadas por agentes
estatais. 3. Inexistência de vício formal. Responsabilidade civil do Estado. Regulação de matéria exclusiva de direito administrativo. 4. Não regulação
de matéria de competência exclusiva do Presidente da República. Inocorrência de usurpação de competência privativa da União. 5. Ação direta
julgada improcedente.
*noticiado no Informativo 768
ADI N. 2.444-RS
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 11.521/2000 do Estado do Rio Grande do Sul. Obrigação do Governo de divulgar na
imprensa oficial e na internet dados relativos a contratos de obras públicas. Ausência de vício formal e material. Princípio da publicidade e
da transparência. Fiscalização. Constitucionalidade. 1. O art. 22, inciso XXVII, da Constituição Federal atribuiu à União a competência para editar
normas gerais de licitações e contratos. A legislação questionada não traz regramento geral de contratos administrativos, mas simplesmente determina
a publicação de dados básicos dos contratos de obras públicas realizadas em rodovias, portos e aeroportos. Sua incidência é pontual e restrita a
contratos específicos da administração pública estadual, carecendo, nesse ponto, de teor de generalidade suficiente para caracterizá-la como “norma
geral”.2. Lei que obriga o Poder Executivo a divulgar na imprensa oficial e na internet dados relativos a contratos de obras públicas não depende de
iniciativa do chefe do Poder Executivo. A lei em questão não cria, extingue ou modifica órgão administrativo, tampouco confere nova atribuição a
órgão da administração pública. O fato de a regra estar dirigida ao Poder Executivo, por si só, não implica que ela deva ser de iniciativa privativa do
Governador do Estado. Não incide, no caso, a vedação constitucional (CF, art. 61, § 1º, II, e). 3. A legislação estadual inspira-se no princípio da
publicidade, na sua vertente mais específica, a da transparência dos atos do Poder Público. Enquadra-se, portanto, nesse contexto de aprimoramento
da necessária transparência das atividades administrativas, reafirmando e cumprindo o princípio constitucional da publicidade da administração
pública (art. 37, caput, CF/88). 4. É legítimo que o Poder Legislativo, no exercício do controle externo da administração pública, o qual lhe foi
outorgado expressamente pelo poder constituinte, implemente medidas de aprimoramento da sua fiscalização, desde que respeitadas as demais balizas
da Carta Constitucional, fato que ora se verifica.5. Não ocorrência de violação aos ditames do art. 167, I e II, da Carta Magna, pois o custo gerado
para o cumprimento da norma seria irrisório, sendo todo o aparato administrativo necessário ao cumprimento da determinação legal preexistente.6.
Ação julgada improcedente.
*noticiado no Informativo 766
ADI N. 3.223-SC
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 10.926/1998 do Estado de Santa Catarina. Tribunal de contas. Vício de iniciativa.
Inconstitucionalidade formal. Transposição de cargos de corte de contas para o quadro de pessoal do Poder Executivo. 1.
Inconstitucionalidade formal de dispositivo acrescentado por emenda parlamentar que transpõe cargos de analista de controle externo do quadro de
pessoal do Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina para o grupamento funcional do Poder Executivo local. Essa transposição promove
indiretamente a extinção de cargos públicos pertencentes à composição funcional do Tribunal de Contas do Estado.2. Conforme reconhecido pela
Constituição de 1988 e pelo Supremo Tribunal Federal, gozam as cortes de contas do país das prerrogativas da autonomia e do autogoverno, o que
inclui, essencialmente, a iniciativa reservada para instaurar processo legislativo para criar ou extinguir cargos, como resulta da interpretação
sistemática dos arts. 73, 75 e 96, II, b, da Constituição Federal (cf. ADI nº 1.994/ES, Relator o Ministro Eros Grau, DJ de 8/9/06; ADI nº 789/DF,
Relator o Ministro Celso de Mello, DJ de 19/12/94).3. A jurisprudência da Corte é firme no sentido de que a Constituição Federal veda ao Poder
Legislativo formalizar emendas a projetos de iniciativa exclusiva se delas resultar aumento de despesa pública ou se forem elas totalmente
impertinentes à matéria versada no projeto (ADI nº 3.288/MG, rel. Min. Ayres Britto, DJ de 24/2/11; ADI n° 2350/GO, Rel. Min. Maurício Corrêa,
DJ de 30/4/2004). No caso dos autos, o projeto original já versava acerca da transposição de cargos públicos, mas essa transposição limitava-se a
cargos do quadro do Poder Executivo. 4. Ação julgada procedente.
*noticiado no Informativo 766
ADI N. 4.203-RJ
RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI
EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 5.388/99 do Estado do Rio de Janeiro. CONAMP. Obrigação de entrega de
declaração de bens à Assembleia Legislativa por agentes públicos estaduais. Competência atribuída ao Poder Legislativo sem o devido
amparo constitucional. Vício de iniciativa. Parcial procedência.1. A CONAMP congrega os membros do Ministério Público da União e dos
Estados, tendo legitimidade reconhecida por esta Corte (ADI nº 2.794/DF, Relator o Ministro Sepúlveda Pertence, DJ de 30/3/07). A exigência de
pertinência temática não impede o amplo conhecimento da ação, com a declaração de inconstitucionalidade da norma para além do âmbito dos
indivíduos representados pela entidade requerente, quando o vício de inconstitucionalidade for idêntico para todos os seus destinatários. Precedentes.
Preliminar rejeitada.2. Lei estadual que estabeleceu, com fundamento na competência constitucional de controle externo por parte do Poder
Legislativo, a obrigatoriedade de apresentação de declaração de bens por diversos agentes públicos estaduais (magistrados, membros do Ministério
Público, deputados, procuradores do estado, defensores públicos, delegados etc.) à Assembleia Legislativa.3. Modalidade de controle direto dos
demais Poderes pela Assembleia Legislativa - sem o auxílio do Tribunal de Contas do Estado - que não encontra fundamento de validade na
Constituição Federal. Assim, faltando fundamento constitucional a essa fiscalização, não poderia a Assembleia Legislativa, ainda que mediante lei,
TRANSCRIÇÕES
Com a finalidade de proporcionar aos leitores do INFORMATIVO STF uma compreensão mais
aprofundada do pensamento do Tribunal, divulgamos neste espaço trechos de decisões que tenham
despertado ou possam despertar de modo especial o interesse da comunidade jurídica.
Informativo 773-STF (19/02/2015) – Esquematizado por Márcio André Lopes Cavalcante | 12
Busca e apreensão e autorização judicial (Transcrições)
(v. Informativo 772)
HC 106.566/SP*
RELATOR: Ministro Gilmar Mendes
Habeas corpus. 2. Inviolabilidade de domicílio (art. 5º, IX, CF). Busca e apreensão em estabelecimento empresarial. Estabelecimentos
empresariais estão sujeitos à proteção contra o ingresso não consentido. 3. Não verificação das hipóteses que dispensam o consentimento. 4.
Mandado de busca e apreensão perfeitamente delimitado. Diligência estendida para endereço ulterior sem nova autorização judicial. Ilicitude
do resultado da diligência. 5. Ordem concedida, para determinar a inutilização das provas.
RELATÓRIO: Trata-se de habeas corpus, sem pedido de medida liminar, impetrado por **, ** e ** em favor de **, contra acórdão proferido pela
Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que, por maioria, conheceu, parcialmente, do pedido e, nessa extensão, denegou a ordem no HC
124.253/SP.
Relatou que foi alvo das investigações policiais federais – “Chacal” e “Satiagraha”. Em 27.10.2004, os policiais cumpriram mandado de busca
e apreensão, expedido nos autos do PCD 2004.61.81.001452-5 pela 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, tendo como alvo o endereço profissional
do paciente, localizado na Av. **, **, Rio de Janeiro/RJ, no 28º andar. Na mesma oportunidade, realizaram busca e apreensão no endereço do Banco
**, localizado no 3º andar do mesmo edifício, sem que houvesse mandado judicial para tal endereço.
Afirmou que, após decidir realizar a busca e apreensão no 3º andar, a autoridade policial entrou em contato com o juiz substituto da Vara em
questão. Esse juiz emitiu decisão autorizando o espelhamento do disco rígido do servidor da instituição financeira. Ressaltou que o magistrado não era
o mesmo que emitiu os mandados, não dispunha dos autos em que a medida foi determinada, não sabia da inexistência de mandado para o endereço e
não autorizou a apreensão, apenas determinou o espelhamento imediato do disco rígido como forma de preservar o funcionamento da instituição
financeira.
Relatou que a defesa do paciente e o Banco ** interpuseram apelação contra a decisão que determinou as buscas e apreensões (Processo nº
2004.61.81.009685-2).
Paralelamente, a defesa do paciente peticionou ao juiz da causa, que proferiu decisão reconhecendo a ilicitude da prova obtida, mas negou-se a
devolver os objetos apreendidos, alegando que a questão estava devolvida ao Tribunal Regional em apelação dos requeridos contra a decisão que
determinou as buscas. Contra a decisão que reconheceu a ilegalidade da busca, o Ministério Público Federal propôs a Correição Parcial, à qual foi
negado seguimento.
Sobreveio decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, negando provimento ao apelo do paciente e do Banco ** contra o indeferimento
da exclusão da prova.
Alegou que a decisão do Tribunal Regional resulta indevida, visto que agrava a situação do paciente em recurso exclusivo da defesa.
Acrescentou ter sido impetrado o Habeas Corpus 124.253, em favor do paciente, buscando, novamente, a exclusão da prova. Sobreveio
decisão denegando a ordem, fundamentada na desnecessidade de referência precisa do local a ser cumprida a diligência de busca e apreensão e no fato
de que o paciente seria, “notoriamente”, vinculado ao Banco **. Aduziu que os argumentos não se sustentam.
Pediu provimento judicial que:
“reconhecendo a ilegalidade decorrente da busca e apreensão determinada no curso do Processo nº 2004.61.81.001452-5, decrete a nulidade da
diligência de busca e apreensão sucedida em 27/10/2004, precisamente no ponto em que, extrapolando os limites do mandado judicial,
abrangeu as dependências do BANCO **.”
Distribuída a ação ao ministro Marco Aurélio, por dependência ao Habeas Corpus 98.667, sobreveio decisão encaminhando os autos ao Ministro-
Presidente para verificação de prevenção ao Habeas Corpus 95.009, relatoria do Ministro Eros Grau (eDOC 55).
Sobreveio decisão do Ministro-Presidente, Cezar Peluso, determinando a livre distribuição do feito (eDOC 57).
Redistribuídos, determinei a regularização dos documentos que instruíram a petição inicial e solicitei informações ao Juízo de primeira
instância (eDOC 59).
Prestadas informações (eDOC 62), o Procurador-Geral da República pugnou pela denegação da ordem (eDOC 69).
Sobreveio petição dos impetrantes (eDOC 71), informando que o paciente foi absolvido em primeira instância, mas mantém o legítimo
interesse processual, visto que interposta apelação pelo Ministério Público.
É o relatório.
VOTO: Tenho por cabível o habeas corpus. O entendimento do Supremo Tribunal Federal é pelo cabimento do uso da ação com vistas ao
reconhecimento de ilicitude de provas. Especificamente, no que se refere à busca e apreensão, menciono o HC 112.851, de minha relatoria, julgado
pela 2ª Turma em 5.3.2013.
Da mesma forma, é firme o entendimento da 2ª Turma no sentido de que o cabimento do recurso ordinário não afasta a possibilidade de
impetração de novo habeas corpus. No julgamento do HC 111.670, Segunda Turma, julgado em 25.6.2013, votei pelo cabimento do habeas corpus
substitutivo do recurso ordinário, nos seguintes termos:
“Como já tive a oportunidade de me manifestar, não olvido as legítimas razões que alimentam a preocupação com o alargamento das
hipóteses de cabimento do habeas corpus e, com efeito, as distorções que dele decorrem. Contudo, incomoda-me mais, ante os fatos históricos,
restringir seu espectro de tutela.
O valor fundamental da liberdade, que constitui o lastro principiológico do sistema normativo penal, sobrepõe-se a qualquer regra
processual cujos efeitos práticos e específicos venham a anular o pleno exercício de direitos fundamentais pelo indivíduo. Ao Supremo
Tribunal Federal, como guardião das liberdades fundamentais asseguradas pela Constituição, cabe adotar soluções que, traduzindo as
especificidades de cada caso concreto, visem reparar as ilegalidades perpetradas por decisões que, em estrito respeito a normas processuais,
acabem criando estados de desvalor constitucional”.
No HC 121.419, julgado pela 2ª Turma em 2.9.2014, voltei a manifestar minha contrariedade e preocupação com as teses pela limitação do
habeas corpus.
Dito isso, tenho por cabível a ação de habeas corpus para a finalidade pretendida.
Além disso, não vislumbro falta de legítimo interesse processual ou legitimidade de parte neste caso. Os impetrantes sustentam que o paciente
nada tem a ver com a administração do Banco **. Ainda assim, buscam impedir a utilização da prova apreendida na sede de tal instituição em ação
penal movida contra o paciente. Ainda que aparentemente contraditória, essa conduta não impede o conhecimento da ação de habeas corpus. O
implicado pode pedir a exclusão de uma prova, com fundamento em sua ilicitude, independentemente do conteúdo. Entender em contrário, seria