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Curso Avançado de Economia Para Técnicos Superiores

Macroeconomia
2020

Apresentação

Alexandre Ernesto

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© 2020 Alexandre Ernesto
Conteúdo

- Sobre o Módulo
• Formador
• Estrutura das aulas e seminários
• Calendário
• Lista de leitura
- Objectivos de aprendizagem

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Formador

MS. Alexandre Ernesto da Costa António “Alexandre Ernesto”


Professor de Econometria e Análise de Investimentos do Instituto Superior Politécnico de
Tecnologias e Ciências ISPTEC

alexandre.antonio@isptec.co.ao
https://www.linkedin.com/in/alexandreernesto/

Principais Publicações Científicas


Janeiro 2020
Da Costa António AE, Rodriguez-Gil A. Oil shocks and fiscal policy procyclicality in Angola: Assessing the role of
asymmetries and institutions. Rev Dev Econ. 2019; 24:209–237. https://doi.org/10.1111/rode.12633

Setembro 2018
Co-author of paper book: Economia Informal em Angola: caracterização do trabalhador informal" (Setembro de
2018). OSISA. Available at: https://osisa.org/wp-content/uploads/2019/03/Informal-Economy2.pdf or
https://osisa.org/product/a-economia-informal-em-angola-caracterizacao-do-trabalhado-informal/

Janeiro 2018
Da Costa Antonio, Alexandre Ernesto and Rodriguez Gil, Antonio. Oil-Shocks and the Cyclicality of Fiscal Policy in a
Developing Oil-Exporting Economy: The Case of Angola (January 11, 2018). Available at
SSRN: https://ssrn.com/abstract=3100172

Abril 2017
Government revenues and expenditures nexus in Angola: a time-varying approach. 5ª Conferência Nacional sobre
Ciência e Tecnologia, Luanda see in: http://ciencia.ao/artigos/divulgacao-cientifica/item/755-causalidade-entre-
despesas-e-receitas-publicas-em-angola-uma-abordagem-variavel-no-tempo

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Estrutura das aulas

Introdução

Aula 1: Modelo Clássico

Aula 2: Keynesianismo vs Clássicos

Aula 3: Curva de Phillips e a Taxa de Desemprego Natural

Aula 4: Economia Neoclássica

Aula 5: Economia Neokeynesiana

Aula 6: Teorias da Moeda

Aula 7: A taxa de inflação não acceleradora do desemprego

Aula 8: Histerese, Desemprego e Política Económica

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Estrutura dos seminários
Estudos de Caso:

1. Seminário 1: “O modelo clássico é apenas um caso particular da Teoria Geral apresentada por Keynes.”
Discuta. - Leitura: modelo clássico, critica de Keynes e sintese neoclássica.

2. Seminário 2: Avalie a seguinte frase: “ Num mundo em que os agentes económicos tenham expectativas
racionais, acções políticas repetitivas como Quantitative Easing 1 (QE1), QE2 e QE3 não têm qualquer efeito
sobre o PIB. - Leitura: Expectativas em política económica. Mercados imperfeitos e política económica.

3. Seminário 3: Avalie o argumento de que “o aumento da base monetária ou estoque de dinheiro como uma
consequência, não como causa, aumenta o nível de preços”. Quais são as implicações da sua resposta para a
condução da política monetária e o controlo da inflação? - Leitura: Teorias da Moeda e Inflação.

4. Seminário 4: “A única forma de reduzir o desemprego é, reformar o mercado de trabalho”. Discuta. - Leitura:
Teorias do Desemprego.

Formato de discussão dos estudos de caso

 Os participantes serão agrupados em dois grupos. O primeiro grupo irá discutir cada um dos pontos acima e
explicar a sustentação teórica subjacente a tal abordagem. O segundo grupo deverá tomar uma abordagem
crítica da questão e discutir as eventuais falhas e/ou deficiências de tais declarações ou da teoria subjacente.
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Calendário

19/8/20 21/8/20 24/8/20 26/8/20 28/8/20 31/8/20 2/9/20 4/9/20

Aula 1 Aula 2 Aula 3 Aula 4 Aula 5 e 6 Aula 7 Aula 8 Estudos de caso

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Material bibliográfico

B. Snowdon, H.R. Vane, Modern Macroeconomics: Its Origins, Development


and Current State (2005)

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Objectivos de aprendizagem

Fornecer aos participantes um tratamento avançado de tópicos de

macroeconomia a um nível necessário para consolidar conhecimentos

académicos e profissionais.

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Curso Avançado de Economia Para Técnicos Superiores

Macroeconomia
2020

Aula 1: Modelo Clássico

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Breve Introdução, Modelo clássico
Economistas
clássicos

Equilíbrio autonomo da economia


Say Pigou
 Portanto, desemprego tem como origem decisões individuais
erradas ou barreiras no ajustamento de preços.

 Consequentemente, não há necessidade de políticas de


estabilização macroeconómica.
Grande Depressão

J. M. Keynes
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Source: Snowdon and Vane (2005,p. 2)
Conteúdo

- Pressupostos gerais
- Blocos de construção (componentes do modelo)
- Modelo completo
- Desemprego
- Rigidez dos salários reais
- Resumo

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Modelo clássico: pressupostos gerais
1. Individuos e empresas decidem quanto comprar e vender a um determinado conjunto de
preços, maximizando sua utilidde e lucro, respectivamente, sujeito às suas dotações
iniciais.

2. Todos os mercados são de concorrência perfeita, i.e. preços de todos os bens e serviços
são perfeitamente flexíveis (incluindo a mão-de-obra).

3. Todos os participantes do mercado têm a mesma informação, i.e. Informação perfeita


sobre as condições do mercado e preços.

4. Equilíbrio geral Walrasiano: Nenhum bem é negociado até que o preço de equilíbrio do
mercado seja acordado => Procura = Oferta em todos os mercados. Qualquer excesso de
oferta só pode ser o resultado de barreiras que impedem o ajustamento dos preços. Ex.:
constrangimentos no mercado de trabalho.

5. Economia fechada – por simplificação.

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Pressupostos específicos: função de produção
• Tecnologia, capital e a habilidade da força de trabalho são fixas => curto prazo.

• Produção (Y) depende exclusivamente da quantidade de força de trabalho empregue (N) :

Produção é considerada como sendo uma função positiva da força de trabalho -> quanto maior
for a mão-de-obra usada, maior será a produção .
Y
Y  f (N ) com 0 Também conhecido como MPL >0
+ N
No entanto, para além de certo ponto, esses incrementos diminuem.
 2Y
0 Produção marginal do trabalho decrescente
N 2

Graficamente: N

Y 13
Pressupostos específicos: mercado de trabalho

• Oferta de trabalho: SN=f(w) A oferta de trabalho aumenta com o aumento dos salários reais (w).
+

• Procura de trabalho: DN=f(w) Decorre da suposição de concorrência perfeita e maximização do


-
lucro. Os empregadores só estarão dispostos a pagar salários reais
iguais ao produto marginal do trabalho (MPL), dado que
os salários que as empresas estão dispostas a pagar por unidades
extras de trabalho também diminuirão => Dn caindo para baixo.

 2Y
N 0
SN N 2

SN= Oferta de trabalho

DN=Procura de trabalho

w= Salário real
DN

w
Pressupostos específicos: mercado de trabalho

• Ressalta-se que a procura de trabalho DN depende apenas do MPL, tecnologia disponível para as
empresas.

• Por causa do pressuposto 2, os salários reais (w) são perfeitamente flexíveis e dado o pressuposto
4, Equilíbrio geral Walrasiano, o mercado de trabalho operará no nível de compensação do
mercado ( w, N ) – sem excesso de oferta de trabalho, ou seja, sem desemprego.

N
SN

E
N

DN

w w 15
Pressupostos específicos: procura agregada
• Procura agregada (AD) é a soma da procura de produção de todas as empresas individuais na
economia.

• AD mostra uma relação negativa entre a procura por produção e o nível de preços:

P
AD= Procura agregada
P= Nível de preço
Y= Produção

AD (M1)

AD (M0)

Y
Esta relação negativa pode ser derivada da Teoria Quantitativa da Moeda:

MV=PY => Y=MV/P

 Para um dado nível de M, supondo que V seja razoavelmente constante, aumentos em P


causarão uma redução em Y.
 Presume-se que o governo controle M que determina a posição da AD. 16
Pressupostos específicos: determinação do salário
• Existe uma curva de determinação de salários nominais (ω) que denota todas as
combinações de preços e salários nominais que fornecem o mesmo nível de salários
reais. Por exemplo, w 2 .

P
w2

Curva de inclinação positiva, lembre que:


P2
Salário nominal (ω)
Salário real (w) =
P1 Nível de preço (P)

ω1 ω2 ω

• Do pressuposto (2) todos os preços são perfeitamente flexíveis, ou seja, nada impede
que os preços e salários nominais se ajustem automaticamente para manter um
determinado salário real.
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Pressupostos específicos: determinação da taxa de juro
• As taxas de juro (r) são determinadas pela interação de:
‒ Poupança (ou oferta de fundos emprestáveis) : S=f(r)
+
‒ Investimento (ou procura de fundos emprestáveis): I=f(r)
-
r
S

r= taxa de juro
r S= Poupança
I= Investimento

S, I S,I

• Do pressuposto 2 e 4, o mercado de fundos emprestáveis operará no nível de compensação do


mercado. Sem excesso de fundos para empréstimos. As taxas de juro se ajustam para igualar I – S.
• Compensação do mercado => “Lei de Say” opera: a oferta gera a sua própria procura – todo
dinheiro é gasto.
• A inflação é considerada igual a zero, as taxas de juros reais e nominais serão iguais.
• Como as taxas de juros reais são determinadas pela interação de S – I, o estoque de moeda não
afecta as taxas de juro. 18
Modelo clássico: modelo completo
O nível de emprego (N) é
N N determinado no mercado de
SN trabalho.
(2)+(4) garante que o salário
N
real (w) iguala Sn-Dn para
equilibrar o mercado. Portanto,
DN o mercado opera em (w, N )

w w No curto prazo, Y(N)


Y Y
P portanto, conectando a barra
P w N para dentro Y(N)
AS
encontramos o nível de
produção da economia.

P1 P1 AD Barra Y é a curva de oferta


agregada (AS) da economia: i)
1 ω Vertical ii) Em interação com a
Y curva de procura agregada
r S (AD) irá determinar o preço.
Conhecendo P1,
podemos determinar a (2)+(4) garante que o mercado de fundos
curva de salário para r
emprestáveis (S – I) seja igual e as taxas de
descobrir qual é o salário
juro (r) sejam determinadas como S = I.
nominal da economia. I
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S, I S,I
Modelo clássico: modelo completo
Duas características
N N
SN principais se destacam:

N O mercado de trabalho
determina N -> Y -> AS. O
DN mercado de trabalho domina o
mercado de bens.
w w Hierarquia do Mercado de
Y Y Trabalho.
P
P w AS
O nível de emprego 𝑁 e de
produção 𝑌 são determinados
independentemente do
estoque de moeda (M). A
P1 P1 AD
moeda tem um efeito
1 ω “Neutro” sobre o lado real da
Y economia.
r S
Isso geralmente é chamado de
r “dicotomia clássica”, porque
variáveis nominais como M
não afectam variáveis reais
I
como N ou Y.
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S, I S,I
Modelo clássico: modelo completo
Para ilustrar a neutralidade do moeda, vamos simular um aumento em M (M0 -> M1):
N SN N

N
M0 -> M1 afecta apenas
DN factores nominais como P e
salários nominais, mas não
w w faz nada para 𝑁, 𝑌 e 𝑤 . O
Y Y aumento em M não afecta o
Inalterada P
P lado real da economia.
w AS

P2 P2
AD2(M1)
P1 P1
AD1(M0)
1 2 ω Y
r S
Portanto, o controle do governo sobre
r M pode servir apenas para gerenciar o
nível de preços e outras variáveis
nominais, mas não para gerenciar Y e
I N.
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S, I S,I
Modelo clássico: desemprego
Desemprego pode existir neste modelo, como?

N SN Mostramos que o emprego (N) é determinado no


mercado de trabalho.
N Os pressupostos (2)+(4) garantem que w iguale Sn – Dn
para compensar este mercado. Portanto, o mercado
DN opera em (𝑤, 𝑁)

w w
i) Alguns indivíduos podem ficar desempregados
se só estiverem dispostos a trabalhar a um w >
barra w: Desemprego voluntário

ii) O desemprego geral pode persistir se uma barreira impedir o leiloeiro de fazer o seu trabalho.
Existe uma rigidez que impede o preço do trabalho (w) para limpar o mercado (w > barra w). Dois
tipos de rigidez:

• Rididez dos salários reais

• Rigidez dos salários nominais

Os economistas clássicos culpam a pressão dos sindicatos ou as leis do salário mínimo por criar
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essa rigidez.
Modelo clássico: desemprego – rigidez do salário real
Rigidez do salário real(w): N
SN N
N3
w são rigidos acima da
Desemprego
taxa de compensação do N
mercado. Ex: w1
N1
Como w não pode ser DN
inferior a w1, o leiloeiro
w w1 w
não pode igualar a Sn e Dn Y1 Y Y
e o desemprego aparece: P
P w
N3 – N1. AS
w1
A economia produzirá
abaixo da produção de P1 P1
pleno emprego. P P
AD
Variáveis nominais irão 1 2 ω
ajustar automaticamente. Y

A impossibilidade de reduzir w abaixo de w1 causa desemprego:


• Tudo o que o governo pode fazer é exortar os negociadores de salários a se conformarem com
salários reais mais baixos, seja por meio de cortes nos salários, ou reduzir o poder dos sindicatos,
ou a legislação do salário mínimo.
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• Não há necessidade de políticas de estímulos macroeconómico.
Resumo
Modelo clássico:

• Assume que o preço de todos os bens e serviços são perfeitamente flexíveis e há um


mecanismo que garante D = S.

 O mercado de trabalho e de bens opera em níveis de pleno emprego de N e Y,


respectivamente.

 As taxas de juro são tais que S=I -> “Lei de Say”

• Hierarquia do mercado de trabalho: N -> Y -> AS. O mercado de trabalho domina sobre o
mercado de bens.

• Neutralidade da moeda or dicotomia clássica entre o lado real e monetário da economia.

• Desemprego é voluntário e uma decisão individual, ou seja, uma consequência da quebra do


pressuposto 2. A rigidez dos salários reais e nominais impede que o mercado de trabalho
alcance o seu ponto de equilíbrio. – o desemprego é um fenómeno do mercado de
trabalho.

• Tudo que o governo pode fazer é enfrentar essa rigidez para permitir que os salários reais
liberem o mercado de trabalho.
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Bibliografia:

• B. Snowdon, H.R. Vane (2005), Modern Macroeconomics: Its


Origins, Development and Current State. Section 2.1-2.4

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Copyright Alexandre Ernesto 2020.

Estes slides foram preparados para serem exclusivamente


apresentados na formação avançada em Macroeconomia para os
Técnicos Superiores do Ministério da Economia e Planeamento.

Podem ser carregados e/ou utilizados sem referenciar o autor do


material

Todo o material inserido nestes slides foram elaborados com base no


material bibliográfico apresentado.

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