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A obesidade é atualmente um dos maiores problemas da sociedade moderna, o

aumento da obesidade vem crescendo entre a população de todas as idades. A ONU


descreve como uma “epidemia mundial de saúde”. O entendimento da doença é
primordial para um tratamento adequado desta epidemia. Segundo a SBEM
(Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo) obesidade é o acúmulo
excessivo de gordura corporal no indivíduo. O parâmetro mais utilizado para
diagnóstico em adultos é o IMC (Índice de massa corporal).

As principais causas para o excesso de peso, segundo a SBCBM (Sociedade


Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) são: a ingestão excessiva de alimentos, a
falta de atividade física, tendência genética e problemas hormonais, na maioria dos
casos uma combinação perversa de vários fatores combinados. A presença de
comorbidades associadas também se mostram recorrentes e perigosas. As
comorbidades com maior prevalência são a hipertensão arterial, o Diabetes Melithus
tipo 2, problemas cardiovasculares, problemas articulares e ainda problemas
respiratórios e alguns tipos de câncer (útero, intestino grosso, mama, etc...).

Os tratamentos indicados são o clínico, que incluem reeducação alimentar,


rotina de exercícios físicos e em alguns casos medicações. Nos casos em que não se
conseguem êxito nestas tentativas, e ou, casos mais severos a indicação são as
cirurgias. (SBCBM, 2018).

Cirurgia Bariátrica

Em situações mais graves, e em situações de fracassos sucessivos, e ou quando


o tratamento clínico não obtêm os resultados esperados, a indicação são pelas
cirurgias. Neste artigo, não nos aprofundaremos pela área médica, mas sim
destacando se a necessidade do conhecimentos das técnicas e modalidades cirúrgicas
tanto por sua relevância atual, quanto por fornecer conhecimento aos profissionais
que estejam envolvidos nos processos avaliativos e procedimentos.

Importante destacar os principais critérios para realização das cirurgias


bariátricas :

 índice de massa corpórea (IMC) acima de 40 Kg/m2;


 IMC acima de 35 Kg/m2 com comorbidades associadas (doenças que
são agravadas pela obesidade);
 ser maior de 18 anos, mas idosos e entre 16 a 18 anos os riscos devem
ser avaliados;
 obesidade estabelecida em que tratamentos anteriores não surtiram
efeito;
 inexistência de abuso de drogas ou alcoolismo;
 ausência de quadros psicóticos ou demências graves e moderados e
compreensão por parte do paciente e familiar dos riscos, efeitos e da
necessidade de acompanhamento no pós-operatório.

Acompanhamento Psicológico

O rastreio dos aspectos psicológicos destes pacientes, mostra-se necessário


para um melhor acompanhamento e tentativa de minimizar possíveis complicações
psiquiátricas, durante o pré e pós operatório de cirurgias bariátricas, inclusive sendo
adjuvante na adesão ao tratamento. As complicações mais prevalentes são: a
depressão, ansiedade, dificuldades nos relacionamentos interpessoais, autoestima,
etc. Segundo Flores (2014), o profissional da psicologia tem que estar apto para
avaliar aspectos cognitivos, emocionais e psiquiátricos ressaltando que a entrevista
clínica bem realizada e os testes psicológicos são as ferramentas mais uteis em uma
avaliação, e que a boa experiência e prática profissional será fundamental para que se
consigam os melhores resultados neste contexto.

Os pacientes candidatos às cirurgias bariátricas chegam ao consultório afetado


pelas constantes tentativas frustradas e as inúmeras recaídas de tratamentos
anteriores, sendo que a opção pela realização da cirurgia em si, mesmo sendo
angustiante parece ser a única saída, mesmo quando idealizada ou vista como uma
fórmula mágica. Neste momento que entra o psicólogo, que tem a função primeira
salvadora de fornecer um laudo atestando sua aptidão para este processo complexo.
Uma boa avaliação será determinante para a adesão ao tratamento necessário e
também para um bom prognóstico.

O Paciente
A complexidade do ser humano pode ser observada, entre outras faces, pela
sua busca por prazer ou em formas de evitar e ou aliviar a angústia e sofrimento.
Várias são as angústia que permeiam o existir humano. O enfrentamento da finitude e
degradação do corpo mostra-se como um sentimento angustiante de separação,
existente desde o nascimento, que acaba por ser uma experiência que acompanhará o
indivíduo durante todo seu ciclo de desenvolvimento. Separação advinda do
desmame, do afastamento momentâneo ou não de seus pais, são só alguns exemplos
de separações com as quais o indivíduo precisará lidar durante sua vida. Desta forma
ele se torna único e bem como sua subjetividade. Assim, faz-se necessário
entendermos a obesidade como uma construção desse sujeito, de acordo como
aconteceu sua constituição e sua subjetividade.

Dependendo de como são constituídos os primeiros vínculos do indivíduo, se


dará a construção de seu mundo interno e este, por sua vez, terá papel fundamental
na forma como o indivíduo se vê, bem como se relacionará com o mundo externo. Por
conseguinte, a forma como enfrenta as angústias de seu existir e as exigências
apresentadas. A obesidade parece estar intimamente ligada a esta visão própria
construída ao longo do desenvolvimento humano.

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