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Apontamentos Elementares Acerca Da Hermenêutica de Friedrich Schleiermacher PDF
Apontamentos Elementares Acerca Da Hermenêutica de Friedrich Schleiermacher PDF
SCHLEIERMACHER
1
Prof. André Constantino Yazbek (UFLA)
Ora, se tais atividades, a começar pela exegese – uma disciplina que se propunha a
compreender um texto a partir de sua intenção e sobre o fundamento daquilo que ele
significa –, suscitaram um problema hermenêutico, ou seja, um problema de
interpretação, isto se deve ao fato de que toda a leitura de um texto se faz sempre no
1
Professor Adjunto de Filosofia do Departamento de Ciências Humanas da Universidade Federal de Lavras
(UFLA) E-mail: acyzk@hotmail.com
2
Segundo a sumária introdução histórica de Karl-Otto Apel, “O termo ‘hermenêutica’ – assim como
‘ontologia’, ‘sistema’, entre outros – é um vocábulo grecizado, do século XVII, que ingressou sobretudo na
teologia protestante, em substituição à expressão humanístico-latina mais antiga ars interpretandi.” Cf. APEL,
Karl-Otto. Transformações da Filosofia I: Filosofia Analítica, Semiótica e Hermenêutica. Tradução de Paulo
Astor Soethe. São Paulo: Ed. Loyola, 2000. p. 328.
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Dito isso, percebe-se claramente que a exegese implica uma teoria do signo e da
significação, como se pode notar em A Doutrina Cristã de Santo Agostinho, por exemplo3.
Se um texto pode comportar diversos sentidos – um sentido histórico e outro espiritual,
por exemplo –, faz-se necessário recorrer a uma noção de significação mais complexa
que aquela dos signos ditos unívocos, que requerem antes uma lógica da argumentação.
Portanto, o trabalho da interpretação nos revela um intento fundamental: o de vencer um
distanciamento cultural e histórico e, com isso, aplainar o leitor para um texto que se
configura como estrangeiro, de modo que se possa incorporar o seu sentido à
compreensão atual que um homem pode fazer de si mesmo4.
Evidentemente, não se pode constituir nenhuma interpretação senão nos marcos dos
modos de compreensão disponíveis em uma época dada: mito, alegoria, metáfora,
analogia, etc. Donde se sucede a vinculação íntima entre a interpretação – no sentido
preciso da exegese textual – e a compreensão – tomada em seu sentido amplo de
“inteligência dos signos” –, já presente de certa forma em Aristóteles5. Ora, a
3
A regra básica para a interpretação dos textos sagrados, mais aceita pelos intelectuais cristãos durante a
Idade Média, era a de confrontar os textos de difícil compreensão com o todo da mensagem cristã; e se por
acaso o sentido oculto não aparecesse, dever-se-ia confrontá-los com os ensinamentos dos grandes
pensadores do cristianismo. Como se sabe, esta forma de interpretação, fundada na doutrina patrística,
sofrerá modificações diante da reabilitação da filologia clássica. Cf. AGOSTINHO, Santo. A Doutrina cristã.
Tradução e notas de Nair de Assis Oliveira. São Paulo: Paulinas, 1991.
4
RICOEUR, Paul. Hermenêutica y Estructuralismo. Traducion de Graziella Baravalle y Maria Teresa La Valle.
Buenos Aires: Megápolis, 1975, p. 8.
5
Idem ibidem, p. 8.
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Á parte o estagirita, portanto, onde se pode divisar a primeira e mais originária relação
entre o conceito de interpretação e o de compreensão (que já vincula entre si os
problemas técnicos da exegese textual com os problemas mais gerais da significação6), é
com o desenvolvimento da filologia clássica e das ciências históricas, em fins do século
XVIII e princípios do XIX, que se abrirá o caminho para uma hermenêutica geral. Assim, a
partir do século XVIII, autores como John Semler e John Ernesti, por exemplo,
reconheceram que, para se compreender adequadamente as Escrituras, seria preciso
antes admitir a diversidade de seus autores e, por conseqüência, abandonar a unidade
dogmática do cânon.
6
Idem ibidem, p. 9.
7
GADAMER, H. G. Verdade e Método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica. Tradução de
Enio Paulo Giachini; revisão da tradução de Márcia de Sá Cavalcante-Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002, p.
278. Grife-se ainda que Gadamer acaba por resvalar naquilo que será caracterizado por Schleiermacher
como círculo hermenêutico: toda compreensão do individual é condicionada pela compreensão do todo e,
inversamente, toda compreensão do todo só pode se configurar a partir do individual. Não obstante,
Schleiermacher aplicará o círculo também à compreensão psicológica: deve-se compreender cada
formulação do pensamento como um momento vital no contexto total de seu autor.
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Pois bem, ainda que se deva admitir que tal história da compreensão tem estado
acompanhada pela reflexão teórica desde os tempos da filologia antiga, da perspectiva
da contemporaneidade hermenêutica, seu ponto de clivagem se encontra em Friedrich
Schleiermacher e Wilhelm Dilthey. Portanto, se as reflexões da tradição pretendem servir
à “arte da compreensão” (do mesmo modo que a retórica serva à “arte de falar” ou a
poética à “arte de compor”), agora é a compreensão (Verstehen) enquanto tal que se
converte em problema – um problema cuja generalidade advém da consideração de que
a compreensão se converteu em uma tarefa num sentido muito diverso do que até então
lha era conferida: ela já não é mais uma “doutrina da arte” a serviço da práxis do filólogo
ou do teólogo. Com Schleiermacher e Dilthey, o problema hermenêutico se converte
enfim em problema fundamentalmente filosófico.
II.
No curso dos séculos XIX e XX, a partir do papel de uma disciplina auxiliar subordinada,
a hermenêutica desenvolveu-se progressivamente, atingindo a dignidade de um tipo
filosófico de questionamento. À parte a plêiade de nomes que se ligam ao
desenvolvimento da hermenêutica contemporânea, pode-se seguramente conferir
especial destaque a Schleiermacher, que foi quem primeiro promoveu – nas palavras de
Paul Ricoeur – a desregionalização da visada hermenêutica:
8
SCHLEIERMACHER, F. D. E. “Discursos acadêmicos (13 de agosto de 1829)”. In: Hermenêutica:
arte e técnica de interpretação. Tradução e apresentação de Celso Reni Braida. Petrópolis: Vozes,
1999.
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RICOEUR, Paul. Interpretação e Ideologias. Tradução e apresentação de Hilton Japiassu. Rio de Janeiro:
Francisco Alves Editora, 1990. p. 18-20. Note-se que Paul Ricoeur, ao vaticinar que o movimento de
desregionalização da hermenêutica não pode ser levado a cabo sem que as suas preocupações
propriamente epistemológicas estejam subordinadas a preocupações ontológicas, já aponta para aquilo que
será o desenvolvimento ulterior da hermenêutica, realizado em especial na filosofia de Heidegger em Ser e
Tempo, que não é senão, grosso modo, a consideração do compreender não como um simples modo de
conhecer, mas sim como uma maneira de ser e de relacionar-se com os seres e com o ser. Assim,
Heidegger dá um passo adiante em relação ao problema hermenêutico – passo preparado em parte por
Dilthey e sua escola, em parte pela fenomenologia de Husserl – quando faz recuar o problema da
“compreensão” à dimensão existencial do ser-aí (Dasein). Trata-se agora, com a filosofia de Ser e Tempo, de
uma compreensão original que antecede inclusive a dualidade entre o “explicar” e o “compreender”; e que,
acima de tudo, é dada com o próprio “ser da existência”, uma vez que a existência (Dasein) é marcada pela
compreensão do ser.
10
SCHLEIERMACHER, “Discursos acadêmicos (13 de agosto de 1829)”, op. cit., p.29.
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11
Idem ibidem, p. 33.
12
“Se esta arte [a hermenêutica] é uma coisa para a teologia cristã e é a mesma coisa para a ciência clássica
da antigüidade, então, nenhuma nem outra constitui a sua essência, mas esta é qualquer coisa maior, da
qual estas são apenas derivações /.../; cada uma configurada de maneira especial como Organon para uma
esfera determinada, para as quais, porém, deveria haver qualquer coisa de comum e de mais elevado”. Cf.
Idem ibidem, p. 29.
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problema geral da própria compreensão. Nos termos de Apel, neste ponto introduz-se
uma espécie de “dúvida cartesiana” na doutrina da antiga ars interpretandi, isto é,
introduz-se a dúvida onde antes subsistia o domínio da arte praticamente aplicada.13
Portanto, não se trata mais aqui de uma prática circunscrita a um estudo filológico
apenas, nem mesmo de qualquer questão concernente à teologia. Trata-se, isso sim, da
consideração de que, enquanto compreensão de um texto, a hermenêutica é, acima de
tudo, a compreensão de um fenômeno de linguagem objetivo – que se define menos por
seu autor, ou pelo fato de se tratar da língua materna ou estrangeira, do que por sua
situação na história da língua e da cultura. Em Schleiermacher, a hermenêutica está
voltada para a compreensão de tudo o que é lingüístico: “o que se pressupõe e o que se
encontra em hermenêutica é apenas linguagem”.15
13
APEL, Transformações da Filosofia I, op. cit., p. 331.
14
SCHLEIERMACHER, “Discursos acadêmicos (13 de agosto de 1829)”, op. cit., p. 33 (grifo
nosso).
15
Idem ibidem, p. 19.
16
Idem ibidem, p. 33.
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compreensão. Assim, e mais uma vez segundo Apel17, o retroagir metódico em direção a
um sujeito que ainda não compreende, sugerido em Schleiermacher, levará Dilthey ao
discernimento de que, ao contrário do que ocorre com o sujeito do conhecimento objetivo
nas ciências naturais, o sujeito de compreender não pode ser apreendido enquanto uma
consciência pura (que determinaria as “coisas-em-si” como elementos passíveis de
afecção exterior, vale dizer, como se fossem fenômenos regulares), mas sim enquanto
uma consciência que determina as “coisas-em-si” como a “vida” (Leben) que se entende
a si mesma de dentro, na “vivência” (Erlebnis) e na “expressão” (Ausdruck) da vivência18.
É exatamente por isso que Paul Ricoeur, desenvolvendo uma análise análoga a de Apel,
pôde afirmar que a “hermenêutica vai aparecer como uma resposta global trazida à
grande lacuna do kantismo”.19
Deve-se considerar ainda, como o faz Ricoeur, que se tratava também, e sobretudo, de
revolucionar a concepção de sujeito do kantismo: ao ter se limitado à busca das
condições universais da objetividade na física e na ética, a filosofia kantiana só conseguiu
evidenciar o espírito impessoal, quer dizer, portador das condições de possibilidade dos
juízos universais. Sob este diapasão, o programa hermenêutico de Schleiermacher será
portador de uma dupla marca: 1) a marca romântica, devida ao seu apelo a uma relação
viva com o processo de criação; 2) e a marca crítica, explicitada em seu desejo de
elaborar regras universalmente válidas da compreensão.20 Seu propósito crítico, com
efeito, estaria explicitado na seguinte divisa: “há hermenêutica onde houver não
compreensão”21. Isto é: “existe para cada um o estranho nos pensamentos e expressões
de um outro”.22 Desde então se pode aquilatar com clareza o peso conferido à prática
hermenêutica: ao confessar a pratica hermenêutica no domínio da língua – “eu confesso
que tenho essa prática da hermenêutica no domínio da língua /.../ no relacionamento
17
APEL, Transformações da Filosofia I, op. cit., p. 331-332.
18
Pode-se, aqui, divisar o peso da influência de Dilthey na filosofia heideggeriana de Ser e Tempo:
“Heidegger em Ser e Tempo está ligado justamente a essa concepção de Dilthey: de acordo com
ela, a vida humana que é inteligível desde dentro, e na qual não se pode retroagir mais, já abrange
desde sempre a separação sujeito-objeto cartesiano-kantiana e pode, portanto, ser interpretada a
partir de sua própria autocompreensão. Em sua hermenêutica existencial, Heidegger substitui a
vida que é inteligível no círculo hermenêutico de vivência e expressão pelo ‘ser-aí’ humano; neste,
o ser em geral teria conquistado uma relação entre o Compreender e si mesmo. Essa abordagem
permite-lhe renovar a pergunta platônico-aristotélica sobre o ser do ente /.../ enquanto pergunta
sobre o ‘sentido do ser’, e sob o pressuposto de que existe um horizonte de entendimento para tal
questão, qual seja, o próprio ser-aí do ser humano, que ‘sabe-ser’ em seu ser, e que com isso
também entende desde sempre, e de maneira não-expressa (‘pré-ontológica’), o ser de todo ente
restante”. Cf. Idem ibidem.
19
RICOEUR, Interpretação e Ideologias, op. cit., p. 21.
20
Idem ibidem.
21
Schleiermacher apud Ricoeur, Idem ibidem.
22
SCHLEIERMACHER, “Discursos acadêmicos (13 de agosto de 1829)”, op. cit., p. 33.
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23
Idem ibidem.
24
Idem ibidem, p. 46.
25
Idem ibidem, p. 34 (grifo nosso).
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III.
26
GADAMER, H. G. Verdade e Método II. Tradução de Enio Paulo Giachini; revisão da tradução
de Márcia de Sá Cavalcante-Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002, p. 119-120.
27
SCHLEIERMACHER, “Discursos acadêmicos (13 de agosto de 1829)”, op. cit., p. 64.
28
Idem ibidem, p. 299.
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No entanto, ainda há mais a ser observado: claro está que a hermenêutica não deve
atuar apenas no domínio clássico – outrora sua seara específica –, não sendo, portanto,
um mero órganon filológico deste domínio; claro está também que em “todo lugar” onde
houver qualquer “coisa de estranho”, “na expressão do pensamento pelo discurso /.../, há
ali um problema que apenas pode se resolver com a ajuda de nossa teoria
[hermenêutica]”.31 Não obstante, se há algo estranho a ser compreendido, dialeticamente
deve-se considerar que a condição de possibilidade de compreender este “algo” reside
justamente no fato de haver também “pontos de contato para a compreensão”:
29
Idem ibidem, p. 195.
30
Idem ibidem, pp. 25 ss.
31
Idem ibidem, p.31.
32
Idem ibidem.
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Assim com elas tampouco se limitam “aos casos em que a língua é uma língua
estrangeira”,
33
RICOEUR, Interpretação e Ideologias, op. cit., p. 20.
34
Idem ibidem.
35
SCHLEIERMACHER, “Discursos acadêmicos (13 de agosto de 1829)”, op. cit., p. 33.
36
Idem ibidem, p. 33.
37
Idem ibidem, p. 32.
38
Idem ibidem, p. 34.
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39
GADAMER, Verdade e Método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica, op. cit., p.
289.
40
SCHLEIERMACHER, “Discursos acadêmicos (13 de agosto de 1829)”, op. cit., p. 45.
41
“No que diz respeito à compreensão, duas máximas opostas. 1) Compreendo tudo até o
momento em que me choco com uma contradição ou com um sem-sentido; 2) Não compreendo
nada se não o reconheço e não posso construí-lo como necessário. De acordo com essa última
máxima, compreender é uma tarefa infinita”. Cf. SCHLEIERMACHER, F. D. E. “Les aphorismes de
1805 et de 1809-1810”. In: Herméneutique. Genève: Editions Labor et Fides, 1987, p. 48.
42
Tradicionalmente, a concepção de círculo hermenêutico entende que o conhecimento anterior
da obra é fundamental à compreensão de suas partes, assim como a compreensão adequada das
partes é fundamental para uma boa interpretação do todo. Nas palavras de Schleiermacher, “Cada
particular apenas pode ser compreendido por meio do todo e, portanto, toda explicação do
particular pressupõe já a compreensão do todo”. Cf. SCHLEIERMACHER, “Discursos acadêmicos
(13 de agosto de 1829)”, op. cit., p. 46-47.
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“Assim, paralelamente à interpretação gramatical, ele [Schleiermacher] coloca a psicológica
(técnica) – e nesta é que se encontra o que ele tem de mais próprio. /.../ A hermenêutica abrange
a arte da interpretação gramatical e psicológica. É, em última análise, um comportamento
divinatório, um transferir-se para dentro da constituição completa do escritor, um conceber o
‘decurso interno’ da feitura da obra, uma reformulação do ato criador”. Cf. GADAMER, Verdade e
Método: traços fundamentais de uma hermenêutica filosófica, op. cit., p. 291-292.
44
SCHLEIERMACHER, “Discursos acadêmicos (13 de agosto de 1829)”, op. cit., p. 33.
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de sua tarefa – no fato de que cada espírito, em sua singularidade mesma, representa
uma individuação da vida universal.45
45
STAROBINSKI, Jean. “Avant-propos: L’Art de Comprendre”. In: SCHLEIERMACHER, F. D. E.
Herméneutique. Genève: Editions Labor et Fides, 1987, p. 09.
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Referências:
AGOSTINHO, Santo. A Doutrina cristã. Tradução e notas de Nair de Assis Oliveira. São Paulo:
Paulinas, 1991.
__________. Verdade e Método II. Tradução de Enio Paulo Giachini; revisão da tradução de
Márcia de Sá Cavalcante-Schuback. Petrópolis: Vozes, 2002.
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