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DEMIN/EM/UFOP

Lavra Subterrânea – MIN 114

Ouro Preto, 2017

Prof. José Margarida da Silva

Métodos menos mecanizados

Métodos de Alargamentos Abertos


para corpos de forte mergulho
Underhand open stoping
Overhand open stoping
Sumário
• Generalidades e Definição;

• Desenvolvimento;

• Lavra: Operações e equipamentos;

• Exemplos

• Vantagens e Desvantagens.
Generalidades
• Sentido restrito: realces ou alargamentos abertos (open
stopes) - aqueles em que cavidades são deixadas
completamente vazias, sem nenhum método regular de
suporte.

• A lavra de depósitos em forma de veios, cuja potência


geralmente é inferior a 2 m e o mergulho é variável,
necessita de procedimentos variáveis e infra-estrutura e
equipamentos apropriados (Laflamme et al., 1994).

• Veios estreitos (narrow vein) normalmente variam em


continuidade e em forma -> lavra por recalque, alargamentos
abertos e/ou enchimento p/ forte mergulho, longwall, câmaras
e pilares, lavra frontal e/ou enchimento p/ médio-baixo
mergulho (Hall, 1987).
Generalidades
• Voltando no tempo cerca de 150 anos: maioria da produção mineral mundial
veio de veios estreitos. Descoberta de depósitos sulfetados maciços, em
que abatimento em blocos foi inventado mudou tudo com novos métodos de
produção de realces para lavrá-los.
• Minas menores continuaram a ter operações mais seletivas (Engineering &
Mining Journal, 2013).
• Principais minas do mundo focam na extração mais integral; veios estreitos
demandam desenvolvimento diferente e equipamentos diferentes.
• Introdução de jumbos sobre rodas para substituir perfuratrizes manuais de
desenvolvimento levou a novo pensamento na tecnologia de manuseio.
Pneus e trilhos não se misturam em aberturas de desenvolvimento, de
modo que LHD´s de baixa capacidade suplantaram trilhos e vagonetas.
• Inversão de perfuração pneumática para hidráulica também produziu
mudanças para o mercado de lavra de veios estreitos, com desafios de
ventilação com equipamentos a diesel e tendência para rampas de acesso,
bem como de instalações de serviço em subsolo.
• Alto preço do ouro, nos últimos anos, levou ao maior interesse nesses
depósitos limitados, pequenos, que podem ser lavrados com técnicas de
veios estreitos.
Generalidades
• No passado (anos 70, séc XX), veios estreitos foram
usados devido aos custos de mão-de-obra intensiva, hábeis
para seguir o corpo com mínima diluição, para alto teor ou
para diminuir custos com equipamentos.
• Métodos de abatimento geralmente acarretam alta diluição,
não são candidatos para veios estreitos (diluição de 35 a
40% no desenvolvimento e 15 a 40% na lavra).
• Lavra frontal (breast stoping), lavra ascendente
(overhanding), lavra descendente (underhanding).
• Não exclui o uso de parafusos de ancoragem ou outro
sistema leve de suporte.
CURVA DE DILUIÇÃO
Diluição x Potência
160%
140%
120%
Diluição

100%
80%
60%
40%
20%
0%
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Potência
Class 1 2003 Class 2 2003
Class 3 2003 Class 4 2003

Diluição e recuperação obtidas para um realce particular são medidas da qualidade


do projeto e da prática de lavra. São medidas interdependentes (Jakubec, 2016).
Diluição aumenta o custo de produção. Custos diretos e indiretos (esses de difícil
estimativa), afetando a lucratividade.
Mina Bem mineral Método de lavra Especificidades
Largura de até 6 m, média 1,8 m,
Mina Galena (EUA) Prata Corte e enchimento profundidade 1500 m, tensões
são o fator principal
Largura de 1 a 3 m, mergulho
Mina Transvaal ( África
Ouro Recalque acima de 50º, furos com
do Sul)
inclinação de 45 º
Largura de até 6 m, mergulho
Mina Dome ( Canadá) Ouro Realce em subníveis
65º

Mina Pilar de Goiás Câmaras e Pilares e Espessura média de 1,1 m, e


Ouro
(Brasil) Realce em Subníveis mergulho médio de 18º

Mina de Roça Grande


Ouro Corte e enchimento Espessura mínima de até 0,4 m
(Brasil)
Espessura varia de 1 a 3 m,
Mina Co-O Corte e enchimento
Ouro mergulho varia de subvertical a
(Filipinas) e Recalque
ângulos muito pequenos
Mergulho acima de 60º, uso de
Mina Vouters (França) Carvão Corte e Enchimento
correia transportadora
Mina Fondon Largura entre 0,45 e 2 m,
Carvão Corte e enchimento
(Espanha) vagonetas de 3m³
300 m de profundidade, limitado
Mina Fraisse (França) Urânio Corte e enchimento a 3 m de largura pelas condições
do maciço

Souza (2017)
Lavra ascendente e descendente
Aplicabilidade
• Restritos a corpos estreitos, de alto mergulho, em que tanto a rocha
encaixante quanto o minério são resistentes e requerem pouco ou
nenhum suporte.
• Os corpos de minério variam de verticais a pelo menos 50o de
mergulho, permitindo, portanto, o fluxo livre de minério.
• Tipos de depósito: Veios, camadas ou maciços.
• Mergulho do corpo: deve permitir o escoamento por gravidade do
minério).
• Características Geomecânicas
Minério: Quanto às características geomecânicas o método é bem
flexível.
Encaixantes: Não devem ser muito friáveis para minimizar a diluição
do minério. (Pena, 2011)
• Forma do corpo: não há restrições quanto a forma do corpo, porém
para corpos irregulares pode-se recuperar menos ou diluir mais.
• Valor unitário do minério: Não há restrições, porém se o valor unitário
for muito alto, deve-se deixar menos pilares ou aumentar a diluição,
o que for mais econômico e seguro para as operações.
• Desenvolvimento
• Os níveis são normalmente no Lavra ascendente
minério e em intervalos de 30 a 60
m, de acordo com a geologia e a e descendente
geometria deste depósito, a
facilidade para o trabalho e o
suporte.
• Níveis conectados por subidas em
intervalos de 60 a 75 m, ao longo
da direção, deixando pilares ou
formando chutes com esteios de
madeira (menor custo de
desenvolvimento, mas maior custo
de manutenção).
• Durante o desenvolvimento, não é
adequado bloquear a via de
transporte com rocha detonada Lavra na Blanket Mine
antes da instalação de suportes de (caledoniamining.com,
madeira. 2014).
• Segurança: uso de cabos (4 a 8 m
de comprimento) e straps.
Lavra ascendente
Mancala, em vídeo de 7 min, mostra:
• abertura de subníveis a cada 50 m;
• segundo dimensão longitudinal, equipamento sobre esteiras, perfura
subidas espaçadas no corpo de minério;
• Por rotação, acoplando brocas, controlando à distância;
• Subidas são preenchidas e restante é também escavado, completando-se
extração (https://www.youtube.com/watch?v=6qao6WAM7lo).

Implementação deste método está em estudo para viabilizar o Conrad Silver


Project (sudeste da Austrália). Trata-se do uso de minerador vertical
mecanizado-MVM, conforme Costa (2016). A lavra é espécie de “raise and fill”,
onde MVM perfura raises equidistantes ao longo do stope, com o material
lavrado nos furos depositado em espécie de caçamba e retirado com auxílio de
carregadeira adaptada. Após execução da primeira sequência de furos, esses
são preenchidos com material cimentante. Após secagem, enchimento fornece
resistência ao maciço rochoso possibilitando que espaços entre raises iniciais
sejam lavrados da mesma forma. Empresa promete executar lavra com pouca
ou nenhuma diluição de veios com espessura mínima de até 80 cm, com
avanço de até 4 m/h. Caso implementação seja bem sucedida, esse método
pode revolucionar maneira como se lavram corpos estreitos de alto mergulho.
Sequência de lavra contínua em veio estreito (Souza, 2017)
Configuração lavra ascendente
Lavra ascendente
• Desenvolvimento
• Cabeceiras e subida central no minério, subidas para ventilação e
movimentação de materiais e de pessoal; pilares e/ou chutes de
descarga do minério desmontado.

LAVRA
perfuração manual (jack leg, stoper) sobre plataforma ou
sobre pilha de material (como no método de recalque),
com frente inclinada de 45 a 60o (ou sobre pranchões
colocados sobre esteios ou quadros); jumbo,
eventualmente no desenvolvimento dos níveis;

carregamento e transporte com carregadeira de descarga


traseira, chute e vagoneta; configuração de degrau
invertido; pontos de carregamento em intervalos - 4,5 a
12 m.
pilares ou série de esteios;

Exemplo- Mina de fluorita, EMITANG, Tanguá (RJ).


Realce iniciado da porção Lavra descendente
superior, a partir da
conexão com subidas, com
bancos de
aproximadamente 1,8 m de
altura por 1,2 m de largura,
com ângulo geral de 60o.
“Rebaixo por câmaras” –
Peçanha (2001) e outros.
LAVRA
• perfuração manual
(marteletes, com furação
descendente vertical), Exemplos: início da
plataforma de trabalho é lavra Mina Santa
minério, configuração da Catarina (Votorantim,
lavra em degrau direito; Morro da Fumaça,
pontos de carregamento a SC); Klipspringer
cada 6 a 7,5 m; pilares Mine (Canadá);
eventuais, não Palmital (MSOL).
recuperáveis.
Configuração lavra descendente
Novas Minas
Preço alto do ouro nos últimos anos levou a ressurgir o
interesse. Na Mina Bell Creek, LHD de 2 J3 toma minério das
extremidades de galerias e realces para transferência na
rampa principal. Equipamentos de perfuração trabalham em
seção 1,3 x 1,9 m, outros em 1,6 ou 1,1 m altura.
Klipspringer Mine
• Diamante, Canadá;
• Rampa seção 5 m x 5 m; 8,5º; 1.250 m extensão, até
profundidade 120 m;
• mais poço;
• 30 mil t/mês;
• Carregadeiras sobre trilhos -> silos (bunkers, hoppers),
retomada nos pontos de carregamento por caminhões, que
levam a superfície (mais 3 km até usina).
(www.bell.co.za, 2010)
Projeto em seleção
Mina suspensa
do método

Jabal Sayid (Arábia) Palmital (MSOL)


• Cu-Au; • Alargamentos e
pilares;
• Veio, mineralizado
pirita e calcopirita; • Ouro em
conglomerado;
• Sublevel caving
descartado (diluição) • 100 t/dia;
-> open stoping, • Uso de rastelo;
enchimento • Conjugação com
recalque, tentativa de
corte e enchimento.
Cable bolt no controle da diluição
Lacourt, 2007: uso na lavra de veios estreitos – open stopes –
Mineração Novo Astro – Mina Salamangone- cabos de 4 a
8 m de comprimento;

Engineering and Mining Journal, set/2007: Mina Pyhasalmi


(Finlândia) – subníveis - o suporte no contato minério-
estéril por cable bolt permitiu à mina alcançar uma diluição
de apenas 4%.

Senhorinho Silva (2008):


• existe a diluição causada pela escolha de equipamentos
impróprios,
• as feições estruturais (falhas, diques, foliações, juntas,
entre outras) constituem a principal fonte de diluição não
planejada,
• diluição é elemento importante para o cálculo do valor
econômico do bloco de lavra.
Comentários
• Método para corpos estreitos, forte mergulho, mecanização
muito difícil, alternativa para menor diluição.
• Dimensões pequenas não permitem furos longos e toda
forma de mecanização é muito difícil.
• Métodos de baixa produção e, com alto custo do trabalho,
adequados para minérios de alto valor ou em áreas onde o
custo de mão-de-obra seja baixo.
• Métodos simples e exigem baixo investimento inicial. Minas
típicas são veios de estanho da Inglaterra e de ouro da Índia.
• Enquanto minas maiores focam na extração integral,
depósitos de veios estreitos demandam metodologia e
maquinário diferenciados (Walker, 2013)

• Trabalho com menor tonelagem, mas melhoria no teor


extraído e no custo de produção (www.mbendi.com).
• Realce aberto ou com esteios ou pilares
(www.encyclopedia2.thefreedictionary.com).
Referências Bibliográficas
Cummins, Given. Mining Engineering Handbook, cap. 9,12. 1973.
Hall, B. E. Mining of narrow steeply dipping veins. 1987, 31pp; disponível em
www.amcconsultants.com.au, acessada em 2008.
Hartman, H. L. Introductory Mining Engineering, John Wiley, p. 336-337. 1987.
(2002)
Lacourt, R. Lavra de veios estreitos. Semana Integrada de Engenharia. UFOP.
2007.
Laflamme, M.; Planeta, S.; Bourgoin, C. Technological aspects of narrow vein
mining: suggested modifications and new developments. CIM Bulletin, march,
p. 145-149. 1994.
Maia, J. Notas de Aula Mineração IV, UFOP, p. 40-47. 1979.
Planeta et alii. Selection criteria for underground stoping method in narrow vein
deposits. Mine Planning & Equipment Selection, p. 233-241. 2001.
J. S. Redpath. Underground Metal Mining: estimating preproduction and
operating costs of small underground deposits. Ontario, 1986.
Walker, S. Niche machines for narrow vein mining. Engineering & Mining
Journal, v. 214, n. 3, p. 32-36. 2013.
Wilson, R. B.; Willis, R. P. H.; Du Plessis, A.G. Considerations in the choice of
primary access and transportation options in platinum mines. International
Platinum Conference. The South African Institute of Mining and Metallurgy,
2004.
Brewis, T. Narrow Vein Mining-steep veins. Mining Magazine. 1995.
Medusamining.com.au
Referências Bibliográficas
Silveira, T. Técnicas de Sustentação de Escavações Subterrâneas. UFOP. 1987.
Stufill. Zinkgruvan: narrow-vein stoping, electric trucks, mine monitoring, remote
control LHD. Engineering & Mining Journal, aug/1990, p. 53-58.
Wernström, J. Selecting equipment for mechanized mining of narrow orebodies.
Mine Planning & Equipment Selection, p. 493-498. 2001.
Peçanha, R. M. Balanço Mineral. Fluorita, p. 488. 2001. Disponível:
sistemas.dnpm.gov.br, acesso: 2010.
Diamond mining in South Africa – overview. Disponível: www.mbendi.com, acesso:
2010.
Alpay, S.; Yavuz, M. Guideline for decision support system for Underground Mining
Method Selection. International Mining & Exhibition, Turkey, 4p. 2003. 2010.
Senhorinho Silva, N. C. Metodologia de planejamento estratégico de lavra
incorporando riscos e incertezas p/ obtenção de resultados operacionais. USP.
2008. Disponível em <www.tesesusp.br>, acesso 08/01/2011.
Pena, L. S. T. Lavra Subterrânea – Curso técnico em mineração. Disponível em
http://mineracaoemfoco.blogspot.com/2011/01/curso-tecnico-de-mineracao-tomo-
iii.html, acesso em 2011.
Engineering & Mining Journal, march /2013, p. 32-36.
www.encyclopedia2.thefreedictionary.com, acesso em 2010.
Souza, R. C. Lavra Subterrânea de Veios Estreitos: Dificuldades e Soluções. TCC.
UFOP. 2017 (no prelo).

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