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Psicologia Cognitiva

MEMÓRIA
Mariana Braga Fialho
Mestre em Psicologia:
Cognição e Comportamento - UFMG
Divisões do sistema de memória
oMemória sensorial
oDuração: milissegundos
oMemória de curto prazo (STM)
oDuração: segundos/minutos.
oCapacidade: 7  2 bits de informação.
oMemória de longo prazo (LTM)
oDuração: relativamente permanente.
oCapacidade: relativamente ilimitada.
Atikson e Shiffrin, 1995)
Memória Declarativa
x
Memória Procedural
oSaber o “quê” x saber “como”
oDeclarativa: Conhecimento explícito, pode ser expresso
em palavras. Pode ser calcado no tempo (conhecimento
episódico) ou não (conhecimento semântico).
oProcedural: difícil de ser expressa em palavras (“como se
amarra um sapato?”), envolve os condicionamentos,
hábitos, priming.
Processamento
oEXPLÍCITO (Consciente):
oRelacionado ao conteúdo declarativo.
oAcesso consciente à informação estocada.
oIMPLÍCITO (Inconsciente):
oRelacionada ao conteúdo procedural.
oAcesso não-consciente à informação estocada.
oExperiências passadas influenciam nossa percepção
pensamentos e ações sem que tenhamos consciência
disso.
Memória Declarativa

Memória
Episódica

Memória
Declarativa

Memória
Semântica
Exemplos
oMemória Episódica
oO que fiz ontem?
oO que farei amanhã?
oO que almocei hoje?
oQuando é mesmo a prova de psicologia Cognitiva???

oMemória Semântica
oComo é mesmo o nome daquela pessoa?
oQual a cor do meu carro?
oComo se chama um animal de quatro patas que late?
oQual a semelhança de banana e maçã?
Condicionamento

Memória
procedural Priming
não- declarativa (pré-ativação)

Hábitos
Exemplos
oComo é mesmo que se amarra um sapato? Sei fazer, mas
não sei explicar...
oEu penso sempre e conscientemente como passar as
marchas do carro?
oQuanto mais repito um movimento, mais fácil é fazê-lo
com precisão...
oDepois de 200 ou 300 arremessos de basquete, você
pega o jeito!
Memória no
Cotidiano
Pesquisa em memória tradicional
X
Pesquisa em memória no cotidiano

o“Memórias de ocorrência natural são frequentemente


memórias de memórias, em vez de memórias dos objetos
e eventos percebidos originalmente” (Cohen, 2008, p. 2).

oIncidental X Intencional

oFatores Sociais
Pesquisa em memória no cotidiano
Três hipóteses sobre a memória na vida cotidiana:
1. Tem um propósito (i.e., é motivada).
2. Tem uma qualidade pessoal, significando que é
influenciada pela personalidade e por outras
características do indivíduo.
3. É influenciada por demandas situacionais (p. ex., o
desejo de impressionar a audiência).
Pesquisa em memória no cotidiano
oO que recordamos na vida cotidiana é determinado por
nossos objetivos pessoais

oO que recordamos na pesquisa da memória tradicional é


determinado principalmente pelas demandas de
precisão feitas pelo experimentador

oEfeito dizer-é-acreditar
Memória Autobiográfica
oMemória autobiográfica: Memória de longo prazo
para eventos da vida de uma pessoa.

oMemória autobiográfica X memória episódica.


oSemelhança: as duas relacionam-se a eventos
experimentados pessoalmente.
Memória Autobiográfica
X
Memória Episódica
Diferenças
oA memória autobiográfica relaciona-se a eventos de
significado pessoal

oEnquanto a memória episódica (por vezes denominada


“memória de laboratório”) frequentemente está
relacionada a eventos triviais (p. ex., a palavra “cadeira”
foi apresentada na primeira lista?).
Memória Autobiográfica
X
Memória Episódica
Diferenças
oA memória autobiográfica geralmente lida com
memórias complexas selecionadas de uma imensa
coleção de experiências pessoais.

oA memória episódica, por sua vez, tem abrangência


muito mais limitada.
Memória Autobiográfica
X
Memória Episódica
Diferenças
oA memória autobiográfica se estende até anos ou
décadas atrás.

oJá a memória episódica (pelo menos para eventos de


laboratório) com frequência se estende até somente
alguns minutos ou horas.
Memória Autobiográfica
X
Memória Episódica

Diferenças
oAlguns aspectos da memória autobiográfica envolvem a
memória semântica (conhecimento geral).
Memória Autobiográfica
Por que passamos boa parte de nosso tempo recordando
memórias autobiográficas de nosso passado?

1. Manutenção dos vínculos sociais (p. ex., memórias


compartilhadas)
2. Direcionamento do comportamento futuro: usando o
passado como um guia para o futuro
3. Criação de um senso de autocontinuidade ao longo do
tempo.
Memória Autobiográfica
oQueremos que nossas memórias autobiográficas exibam
coerência (consistência com nossos objetivos e crenças
atuais).
oTambém queremos com frequência que elas exibam
correspondência (sendo precisas).
oCom o tempo, a coerência tende a prevalecer sobre a
correspondência.
Conway (2005)
Memória Autobiográfica

oMemórias autobiográficas frequentemente são


imprecisas, porque queremos que elas sejam compatíveis
com os objetivos do self de trabalho.

oTais imprecisões podem fortalecer nossa autoimagem e


nossas relações sociais com as outras pessoas.
Conway (2005)
Memórias em Flash

oMemórias em flash: Memórias vívidas e detalhadas de


eventos dramáticos (p. ex., 11/9/2001).

oFlashbacks: “memórias emocionais vívidas, sensório-


perceptuais [...] de um evento traumático que se
intromete involuntariamente na consciência”.
o Os flashbacks podem ser uma forma intensa de memória em
flash.
Memórias em Flash

oFortes emoções negativas podem melhorar seletivamente


a memória apenas para algumas características.
oIlusão de que a cena inteira foi recordada clara e
vividamente.

oAs memórias traumáticas são incrivelmente persistentes


com o passar do tempo.
Memórias ao longo da vida

Amnésia da infância
oParticipantes de 20, 35
e 70 anos
oPoucas memórias
autobiográficas antes
dos 3 anos
oEstabilização entre as
idades de 7 e 10 anos.
Memórias ao longo da vida

Amnésia da infância
oProvavelmente, a amnésia absoluta pode ser explicada
pela hipótese neurogênica.
o Desenvolvimento hipocampal pós-natal.

oEmergência do self cognitivo.


Memórias ao longo da vida

Amnésia da infância
oExpressão posterior da memória depende muito de fatores
sociais e culturais e do desenvolvimento da linguagem da
criança.
oOcorrem mudanças dramáticas na compreensão que as
crianças têm do mundo durante os anos iniciais, e essas
mudanças podem limitar o acesso às nossas memórias
autobiográficas precoces.
Memórias ao longo da vida

Pico de reminiscência
oMemórias autobiográficas mais fortes tendem a ser aquelas
de relevância direta para nossa identidade.
oA maior parte da identidade das pessoas se desenvolve
substancialmente durante a adolescência e o início da
idade adulta.
oEventos positivos mais centrais para a história de vida e a
identidade do que os negativos.
Memórias ao longo da vida

Pico de reminiscência
oRoteiro de vida:
Expectativas culturais
referentes à natureza e
à ordem dos principais
eventos na vida de
uma pessoa típica.
Depressão

oAs informações armazenadas na memória autobiográfica


refletem a personalidade do indivíduo e sua noção de self.

oA compreensão da natureza da depressão pode ser


melhorada pelo exame da memória autobiográfica em
indivíduos deprimidos e não deprimidos.
Depressão

oEspecificidade da memória autobiográfica reduzida.


o Eles têm muito mais probabilidade de produzir memórias muito
gerais.

oGeneralidade da memória autobiográfica como fator de


risco para a depressão.
oAumento da especificidade da memória autobiográfica
como sinal de recuperação.
Depressão
o
Depressão

oMemórias autobiográficas exageradamente gerais por


causa de estratégias de enfrentamento evitativas.
o Memórias negativas específicas – Emoções negativas intensas.

oNoção de self negativa e pouco integrada.


Testemunha Ocular

oÉ seguro depender do depoimento de uma testemunha


ocular?

oNos Estados Unidos, 200 indivíduos comprovaram ser


inocentes por meio de testes de DNA realizados após terem
sido condenados, com base na identificação equivocada
de testemunhas.
Testemunha Ocular
oViés de confirmação: a memória para eventos é
influenciada pelas expectativas do observador.
oTemos numerosos esquemas armazenados na memória de
longo prazo.
oEsquemas nos levam a formar expectativas que podem
distorcer nossa memória
o Reconstrução de detalhes de um evento a partir daquilo “que
deve ser verdade”
Testemunha Ocular
oAs
testemunhas
frequentemen
te
interpretaram
a informação
ambígua
como sendo
compatível ao
seu esquema.
Testemunha Ocular
oFatores de influência:
o Viés de confirmação
o Estresse
o Envelhecimento

oAs armas atraem a atenção porque são ameaçadoras


e/ou inesperadas (foco na arma).
Testemunha Ocular
oO efeito da informação enganosa:
o Atribuição equivocada da fonte
o Atualização da memória.

oA memória da testemunha para rostos:


o Efeito transracial.
o Dificuldades no reconhecimento de um rosto não familiar a partir
de fotografias
Testemunha Ocular
Melhorando a memória da testemunha.

oAlinhamentos simultâneos X Alinhamentos sequenciais

oEntrevista cognitiva
o Memórias muito mais detalhadas à custa de um pequeno
aumento nas memórias imprecisas.
o O restabelecimento mental e a necessidade de reportar todos os
detalhes são cruciais para o sucesso da entrevista cognitiva.
Referências

oEYSENCK, M. W.; KEANE, M. T. Manual de psicologia


cognitiva. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007. 608p
Obrigada!

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