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Jesus se retirava para lugares desertos e ali orava.

Isto ensina pelo menos 3


coisas.

Primeiro: A oração mais poderosa deve ser feita em particular. Precisamos


de privacidade para falar com Deus.

Você não pode viver de orações flechas, aquelas que são feitas rapidamente ao
longo do dia. E também não pode viver de orações decoradas, aquelas cujas
palavras já estão gravadas na sua memória, que você faz automaticamente.

Jesus esta nos dando o exemplo, que precisamos de poder, e isto só é possível
através da oração.

Segundo: A oração deve ser uma prioridade em nossa vida. A prioridade que
Jesus dá a oração, é tão alta, que ele era capaz de deixar todo mundo esperando,
toda a agenda pendente, só para ter um momento de paz para falar com
Deus, isto é se retirar para oração.

Se na atual situação da sua vida não cabe o momento de oração, então você
precisa fazer um retiro, isto é, se retirar dessa vida corrida e estressada que você
vive, ir para o deserto a fim de dar prioridade a oração.

Vale a pena viver na correria e cheio de problemas que nunca se resolvem e


ficam se arrastando ao longo dos meses, tentando resolver tudo sozinho? Por que
não fazer um teste, e seguir o exemplo de oração de Jesus para ver se dá
resultado?

Esqueça tudo por algumas horas, retire-se, vá a um lugar deserto, onde só Deus
pode te achar, e ali ore, fale com Ele. Pois se Jesus conseguia resultados assim,
então nós também conseguiremos.

Terceiro: A oração não é vez ou outra, mas sim uma rotina! O texto diz: “Ele
se retirava… E ali orava”. Quer dizer que Jesus fazia isso com frequência.

Nós precisamos parar de orar muito só quando sobe ao monte, uma vez no mês
ou na semana. Precisamos parar de orar muito só quando tem festividade
na igreja. Precisamos parar de orar muito só de vez em quando.

Jesus ia a um lugar deserto, porque sua oração era demorada. Por isso é
importante a privacidade para não ser interrompido. E isto ele fazia com
frequência em sua vida. (Mc 1:35. 6:46. Lc 6:12. 9:18. 22:41).

Agora, a pergunta é: Tendo uma vida de oração tão intensa, tão frequente, tão
firme e forte, é possível algum mal demoníaco atingir a Jesus?
Por que dizem que macumba não pega em crente? Isto é um dito popular antigo,
da época em que a maioria dos crentes tinham vida de oração.

Tendo uma vida de oração, demônio nenhum pode atacar você! Pelo contrário,
eles vão correr de você!

Mas hoje, existem muitos crentes que não tem vida de oração. E por isso, são
alvos fáceis do maligno. Nessas condições, macumba pode pegar em crente sim,
aqueles que não exercem sua fé através da oração e leitura bíblica.

Por isso, hoje dizemos: Quem fica de joelhos diante de Deus, fica de pé diante de
qualquer coisa.

Pense nisso, e se programe para ter uma vida de oração.

2.2. Oração para o preparo da pregação

Como pregador, o momento em que ele mais necessita de ter uma vida
comprometida com a oração está no preparo da pregação e no transmitir a Palavra
de Deus. Pois, para compreender as Escrituras é necessário a orientação do autor
da mesma. 

Paulo nos ensina que as escrituras são inspiradas por Deus (2ª Tm 3.15-17). O
mesmo vai nos ensinar Pedro dizendo a Palavra de Deus foi escrita por homens
santos movidos pelo Espírito Santo (2ª Pe 1.21). Baseado nesta verdade, Paulo
argumenta que somente o Espírito Santo conhece as grandezas de Deus (1ª Co
2.10-13). Neste sentido, MacArthur está correto ao dizer que “orar é buscar a fonte
divina do entendimento – o próprio Deus”.[23] 

Grande parte das orações de Paulo tem como ênfase, que a igreja tivesse uma real
compreensão das doutrinas bíblicas. Em sua carta aos efésios onde encontramos
duas orações, ele roga a Deus que iluminasse o coração dos leitores (Ef. 1.15-19;
3.14-19). Da mesma forma aos colossenses, ele revela que constantemente orava
pela igreja para que pudessem ter uma real compreensão da vontade de Deus (Cl
1.9). Podemos, portanto, perceber por essas afirmações de Paulo, não somente seu
interesse em orar por seus rebanhos, mas que a oração para compreensão das
Escrituras é algo essencial.

Anglada ressalta que devemos aprender com os reformadores, como Calvino e


Lutero, que faziam do estudo e da oração a melhor regra hermenêutica:

Orare e labutare foram palavras empregadas por Calvino para


resumir a sua concepção hermenêutica. Com estes termos ele
expressou a necessidade de súplica pela ação iluminadora do
Espírito Santo e do estudo diligente do texto e do contexto
histórico, como requisitos indispensáveis à interpretação das
Escrituras. Com o mesmo propósito, Lutero empregou uma
figura: um barco com dois remos, o remo da oração e o remo
do estudo. Com um só destes remos, navega-se em círculo,
perde-se o rumo, e corre-se o risco de não chegar a lugar
algum.[24]
E conclui:

Não é tempo de fazermos da oração uma prática hermenêutica,


suplicando pela iluminação do Espírito Santo; e de labutarmos
no estudo diligente das Escrituras, dando a devida atenção à
língua e às circunstâncias históricas em que foram escritas?
[25]
Para Calvino um coração devotado ao Senhor através da oração era algo primordial
para a preparação de um texto. Para ele oração, e ensino estão unidos. Aquele a
quem Deus chamou para ensinar na Igreja deve ser diligente na oração. [26]  

Os teólogos da Assembléia de Westminster compreendiam bem a necessidade de


oração para a correta compreensão das Escrituras. Enquanto formulavam as
doutrinas na Igreja eles passavam grandes momentos em oração e pregação. O
início de cada sessão começava com uma oração e os jejuns eram freqüentes, pelo
menos uma vez por mês:

“O Rev. Robert Baillie nos conta como num dia desses de jejum
e culto houve quem orasse duas horas, sermões de uma hora
entrecortados por orações de quase duas horas.” [27] 
Portanto, a oração deve vir antes de se preparar um sermão.[28] O pregador que
não tem uma vida de oração demonstra falta de intimidade com o autor da Palavra.
MacArthur afirma que pregar sem orar é desrespeitar o autor da Palavra:

Nenhum cristão deve olhar para baixo, para a Palavra, sem


primeiro olhar para cima, para a fonte da Palavra e pedir
direção. Engajar-se no estudo da Bíblia sem oração é
presunção, ou até mesmo um sacrilégio.[29]
Spurgeon diz que somente através da oração as riquezas e os verdadeiros ensinos
de uma determinada passagem serão encontrados.[30] “Os comentadores são bons
instrutores, mas o próprio Autor é muito melhor, e a oração faz um apelo direto a
Ele e O alista em nossa causa”.[31]  

2.3. A oração e a aplicação da mensagem


Há uma necessidade de que a oração e a pregação estejam ligadas. Os pregadores
não têm poder para aplicar a mensagem no coração de seus ouvintes. Mas são
totalmente dependentes do poder do Espírito Santo. Paulo demonstrava sua total
dependência do Espírito Santo em sua pregação (1ª Co 2.4). 

A oração, dessa maneira, tem grande influência para a pregação. Se na preparação


do sermão, houve dependência do Espírito, na pregação não será diferente.
Orando, o pregador declara sua dependência na transmissão das verdades bíblicas.
Não somente isto, mas demonstra sua dependência e completa confiança de que é
o Espírito que aplicará a mensagem aos ouvintes.

“De fato, nenhuma outra coisa pode qualificar-vos tão


gloriosamente para pregar como alguém que desce do monte da
comunhão com Deus a fim de falar com os homens.” [32]  

Nesse sentido Spurgeon também afirma que melhor que qualquer método de
eloqüência que o homem possa criar, não substitui a comunhão com Deus em
oração.[33] 

Conclusão

Se nós cremos que, tanto a oração quanto a pregação bíblica, são meios que Deus
se utiliza para nos abençoar, estes meios devem andar juntos. Os pastores devem
ter esta consciência de que a oração é essencial para eles. Deve-se ter sempre em
mente a ordem divina de “orai sem cessar”. Os pastores não foram chamados
simplesmente para pregar, mas também para orar. Isso é cumprir a vocação
divina. O mesmo Espírito que inspirou homens a escrever a Bíblia é o Espírito que
todo pregador deve buscar em oração. Desprezar a oração ou a Palavra é desprezar
o próprio Espírito Santo. 

Se o ministro de Deus despreza a necessidade da oração em sua vida ele não


compreende o seu chamado. Ele precisa compreender que ele deve orar por sua
vida, pelo seu ministério, pelo seu rebanho e por todos os que estão à sua volta.
Como foi apresentado, a própria pregação em si necessita da oração. Desde sua
preparação até a aplicação no coração dos ouvintes é necessário a atuação do
Espírito Santo. Em todos os momentos o pregador é dependente desta atuação.
Esta dependência é expressa através da oração do pregador e da Igreja.

É necessário, portanto, que haja um despertar no coração de cada pregador para a


necessidade da oração. Não há como ter um bom ministério sem uma vida
entregue a comunhão com Deus. Não é errado se preocupar com outras atividades
do ministério, no entanto, é um grande erro desprezar as principais atividades:
pregação e oração.

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