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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

TRABALHO DE FIM DE CURSO DA LICENCIATURA EM


GEOLOGIA NA ESPECIALIDADE DE GEOLOGIA ECONÔMICA

ANÁLISE DAS TÉCNICAS DE PROSPEÇÃO KIMBERLÍTICA APLICADAS


NA CONCESSÃO GANGO, KWANZA SUL

TESE Nº 150

Elaborado por:
Gelson Gabriel Girão Carlos Nº 75146
Gilberto Armando Viegas Nº48265

Luanda, Março de 2014


UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO
FACULDADE DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA

TRABALHO DE FIM DE CURSO DA LICENCIATURA EM


GEOLOGIA NA ESPECIALIDADE DE GEOLOGIA ECONÔMICA

TESE Nº 150

ANÁLISE DAS TÉCNICAS DE PROSPEÇÃO KIMBERLÍTICA APLICADAS


NA CONCESSÃO GANGO, KWANZA SUL

Elaborado por:
Gelson Gabriel Girão Carlos Nº 75146
Gilberto Armando Viegas Nº 48265

Orientado por:
Ph.D. Alain Carballo Peña
Ph.D. Efren Diaz Rodriguez (co-orientador)
Eng.º Tinta Vunda (Catoca)

Luanda, Março de 2014


Índice
PENSAMENTO

RESUMO

ABSTRACT

CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO........................................................................................ 6
1.2 Metodologia de trabalho ......................................................................................... 9
CAPITULO II: ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO DA ÁREA EM ESTUDO ..... 12
2.1 Localização Geográfica da área em estudo .......................................................... 12
2.2 Acesso ................................................................................................................... 13
2.4 Clima e vegetação ................................................................................................. 13
2.5 Hidrografia ........................................................................................................... 14
2.6 Geomorfologia ...................................................................................................... 15
CAPÍTULO III: ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO ................................................ 17
3.1 Geologia Regional ................................................................................................ 17
3.2 Geologia local ....................................................................................................... 23
3.3. Tectónica ............................................................................................................. 26
CAPÍTULO IV: GENERALIDADES DOS KIMBERLITOS ....................................... 28
4.1 BREVE HISTORIAL SOBRE OS KIMBERLITOS ........................................... 29
4.1.2 Fácies Kimberlíticas .......................................................................................... 32
4.1.3 Mineralogia dos kimberlitos .............................................................................. 34
4.1.4 Distribuição dos kimberlitos no mundo ............................................................ 35
4.1.5 Ocorrência dos kimberlitos em Angola ............................................................. 36
CAPÍTULO V: TÉCNICAS DE PROSPEÇÃO KIMBERLÍTICA ............................... 38
5.1 MÉTODOS GERAIS DE PROSPEÇÃO ............................................................. 38
5.2 METODOLOGIA DE PROSPEÇÃO UTILIZADA NA ÁREA DE ESTUDO .. 39
5.2.1 Levantamento Geológico ................................................................................... 40
5.3 Métodos geofísicos ............................................................................................... 46
5.3.1 Levantamentos aerogeofísicos........................................................................... 46
Controlo de Qualidade (QC)....................................................................................... 48
5.3.2 MÉTODOS ELETROMAGNÉTICOS ............................................................. 49
5.3.2.1 Método magnético .......................................................................................... 51
5.3.3 Métodos geofísicos terrestres ............................................................................ 54
5.3.3.1 Caminhamento de dipolo indutivo ................................................................. 54
5.3.3.1.1 Modelo 3D em profundidade....................................................................... 55
5.3.3.2 Método Gravimétrico ..................................................................................... 58
5.3.3.2.1 Metodologia de coleta de dados .................................................................. 59
5.4 AMOSTRAGEM .................................................................................................. 61
5.4.1 MÉTODO MINERALÓGICO .......................................................................... 61
5.4.2 AMOSTRAS DE SOLO.................................................................................... 66
5.4.3 AMOSTRAGEM DE ROCHAS ....................................................................... 69
CONCLUSÕES .............................................................................................................. 76
RECOMENDAÇÕES..................................................................................................... 77
AGRADECIMENTOS ................................................................................................... 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 79
Índice de figuras
Figura 1 Mapa de localização da região do Kwanza Sul ............................................................................ 12
Figura 2 Vias de acesso .............................................................................................................................. 13
Figura 3 Vegetação do Kwanza Sul ........................................................................................................... 14
Figura 4 Gango, principal rio da área de estudo ......................................................................................... 14
Figura 5 Rede hidrográfica do Kuanza Sul (concedida por Catoca)........................................................... 15
Figura 6 Geomorfologia da área de estudo (Concedida por Catoca) .......................................................... 16
Figura 7 Gabro diorito a esquerda e Itabirito a direita ................................................................................ 21
Figura 8 Mapa geológico da Região Noroeste de Angola, extraído da Carta Geológica de Angola à escala
1:1 000 000 (Araújo A. G. et al.1992) ........................................................................................................ 22
Figura 9 Mapa geológico local ................................................................................................................... 25
Figura 10 Tectónica da Região a escala de 1/25000 (Concedida por Catoca) ............................................ 27
Figura 11 Modelo crustal para o ambiente de formação do diamante, mostrando a linha de estabilidade
entre o diamante e a grafite, onde: LAB - limite litosfera/astenosfera, K – kimberlito, O – orangeíto, L –
lamproíto, M – melilito, N – nefelinitos e carbonatitos. (internet) ............................................................. 31
Figura 12 Modelo de um sistema magmático kimberlítico, ilustrando as diferentes fácies: cratera,
diatrema e raiz. Segundo Dawson (1971), Hawthorne (1975), Clement e Skinner (1979), Scott Smith e
Skinner (1984), Mitchell (1986). ................................................................................................................ 32
Figura 13 Mapa de distribuição geográfica dos depósitos primários de diamante no mundo, mostrando
áreas cratónicas com depósitos de diamantes mais económicos (losangos maiores preenchidos), depósitos
menos económicos (losangos menores preenchidos) e depósitos sub económicos) losangos menores sem
preenchimento). Em geral os depósitos diamantíferos encontram-se em kimberlitos, exceto os da
Austrália questão em lamproitos; Gurney (1989) ....................................................................................... 36
Figura 14 Mapa tectónico de Angola, com as principais ocorrências kimberlíticas identificadas (a partir
do trabalho de Robles - Cruz S.E., et all., 2012). ....................................................................................... 37
Figura 15 Imagem Landsat TM que cobre toda área da concessão (Concedida por Catoca) ..................... 42
Figura 16 Mapa geológico regional (no centro da fotografia). Representação em modelo digital a Sul e
NE da região. (Concedida por Catoca) ....................................................................................................... 42
Figura 17 Fotografia aerocósmicas das estruturas lineares e em anel. As estruturas apresentam diâmetros
entre 5 a 30 km, algumas zonas alcançam entre 70 a 100 km de diâmetro (zonas de falhas, a direita).
Modelo digital de elevação em polígono, linha e a densidade. (Concedida por Catoca)............................ 43
Figura 18 Posição das estruturas em anel com diâmetro de cerca de 20 – 25 km da área a esquerda.
Desenvolvimento de estratos sedimentares a direita (Concedida por Catoca) ........................................... 44
Figura 19 Mapa representando campos de localização de anomalias na área de Quitúbia, Mussende.
Presença de anomalias favoráveis (1); desenvolvimento de sedimentos pós kimberlíticos (2); contornos
das áreas de licenciamento Quitúbia, Andulo, Mussende (3) (Concedida por Catoca) .............................. 45
Figura 20 Helicóptero utilizado para levantamento aerogeofisico (a esquerda) e mapa representando a
área de estudo e a chaminé kimberlítica Loraley a vermelho (imagem a direita) (Concedida por Catoca) 47
Figura 21 Representação das linhas de voo realizadas pelas empresas Geotechnologies e Xcalibur
(Concedida por Catoca) .............................................................................................................................. 49
Figura 22 Em ambos mapas BZ[6] e HMZ-G15 refletem as principais anomalias da zona. (Concedida por
Catoca) ....................................................................................................................................................... 50
Figura 23 Mapa eletromagnético local da chaminé kimberlítica Loraley na concessão Gango (Concedida
por Catoca) ................................................................................................................................................. 51
Figura 24 Mapas magnéticos mostrando áreas voadas pelas duas companhias, sendo que as anomalias são
relativamente similares (Concedida por Catoca) ......................................... Erro! Marcador não definido.
Figura 25 Seção de resistividade aparente da chaminé Loraley, representando a diferença de resistividade
dos materiais rochosos. (Concedida por Catoca) ........................................................................................ 55
Figura 26 Observa-se a forma externa do kimberlito Loreley e de quatro kimberlitos de menores
dimensões dentro da área do levantamento. (Concedida por Catoca) ........................................................ 56
Figura 27 Modelo 3D longitudinal representando a condutividade dos materiais. Observa – se o contraste
existente entre a chaminé e a zona adjacente, o que evidencia a diferença de condutividade elétrica entre
as diferentes formações geológicas. (Concedida por Catoca). ................................................................... 56
Figura 28 Modelo 3D transversal representando a diferença de condutividade elétrica entre as diferentes
formações geológicas. A chaminé Loraley está representada pela cor azul. (Concedida por Catoca) ....... 57
Figura 29 A observação da distribuição 3D do kimberlito desde qualquer posição espacial, incluindo
secções transversais permite oferecer amplas vantagens na interpretação geológica do corpo. (Concedida
por Catoca) ................................................................................................................................................. 57
Figura 30 Mapa preliminar da anomalia gravimétrica de Loraley (Concedida por Catoca) ....................... 60
Figura 31 Escavação de um poço para a recolha de amostras próximo de um canal fluvial para avaliação
de ocorrência de minerais indicadores em um dos pontos dentro da área de estudo. ................................. 62
Figura 32 Tratamento de amostras, a esquerda com a bateia e a direita com peneira granulométrica ....... 63
Figura 33 Mapa dos pontos de amostragem (Concedida por Catoca) ........................................................ 66
Figura 34 Mapa de contorno de amostras de solo, bloco 47 (Concedida por Catoca) ................................ 67
Figura 35 Mapa de contorno de amostra de solo, bloco 48 (Concedida por Catoca) ................................. 68
Figura 36 Equipamentos de perfuração (Concedida por Catoca) ............................................................... 70
Figura 37 Mapa local mostrando a chaminé kimberlítica de Loraley. Os pontos vermelhos representam
ocorrências kimberlíticas (Concedida por Catoca) ..................................................................................... 71
Figura 38 Representação em mapa dos poços de sondagem e as linhas de perfis N-S e E-W. A zona
amarela no mapa representa as areias da formação Kalahari e as areias grosseiras da formação Calonda, e
a zona azul representa os sedimentos de cratera (Concedida por Catoca) .................................................. 72
Figura 39 Secção geológica de Loraley segundo dados de perfuração (Concedida por Catoca) ................ 73
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 Características principais dos minerais indicadores do diamante ................................................ 35


Tabela 2 Densidade de rochas ígneas e metamórficas ................................................................................ 58
Pensamento

Nunca sabemos quando é que estamos a um metro de um milhão de dólares ou a mil metros
de um dólar.

Autor desconhecido
Resumo

O presente trabalho foi realizado na concessão Gango situada na província do Kwanza Sul que
teve como objetivo analisar a efetividade das técnicas de prospeção usadas durante a prospeção
de kimberlitos.

A prospeção de kimberlitos começou com o levantamento geológico a nível regional com a


ajuda de fotografias satélites que permitiram elaborar o mapa geológico regional. O
processamento e interpretação das imagens permitiu identificar estruturas tectónicas que seriam
favoráveis para a existência de corpos kimberlíticos.

Os alvos delimitados foram objetos de um estudo mais aprofundado através de levantamentos


aerogeofísícos e terrestres que foram realizados por duas companhias de maneira a se confirmar
a presença de corpos anómalos, foram descobertas ao todo cerca de treze anomalias.

Com base nas anomalias magnéticas foram feitas amostras de solo numa área de 5 km2 com uma
malha de 100/100 m, os principais minerais indicadores encontrados foram as Cromites e
Ilminites.

Para se confirmar a presença de corpos kimberlíticos fez-se a geofísica terrestre em que foram
utilizados os métodos Gravimétrico e Eletromagnético. Com esses métodos foi possível
delimitar o corpo intrusivo e determinar tanto a sua condutividade como a das rochas
encaixantes.

Na maior anomalia detetada na área (Chaminé Loraley) que já era conhecida antes de efetuados
o levantamento geológico, foram feitos seis furos para se determinar a estrutura do corpo
kimberlítico, o potencial de macro e micro diamantes e delimitar o corpo. As amostras obtidas
foram encaminhadas para a central de Catoca para se efetuar análises mineralógicas e químicas.
Durante a campanha de amostragem, os minerais indicadores mais comuns encontrados foram o
piropo, cromites, ilmenites, flogopite e o diópsido, o estudo quantitativo e qualitativo e a
avaliação das caraterísticas físicas desses minerais satélites do kimberlito foram determinados
através do método mineralógico
As amostras de sedimentos concentrados recolhidas na parte oeste e sul do rio Musse, revelaram
uma quantidade significativa de minerais indicadores de kimberlito com baixo grau de
arredondamento o que testemunha a pequena distância de transporte dos alvos que os
continham.
ABSTRACT

This study was conducted at Gango concession located in Kwanza Sul province aimed to
analyze the effectiveness of prospecting techniques used during the exploration of kimberlites.

The kimberlite exploration began with the geological survey at the regional level with the help
of satellite photographs that permitted the regional geological map. The processing and
interpretation of images allowed to identify tectonic structures that would be favorable for the
existence of kimberlites.

The defined targets were objects of further study through geophysical and land surveys that
were conducted by two companies in order to confirm the presence of anomalous bodies were
discovered in all about thirteen anomalies.

Based on the magnetic anomalies soil samples were made in 5 km2 with a mesh of 100/100 m,
the main minerals found indicators were Cromites and Ilminites.

To confirm the presence of kimberlites made to land in the geophysical electromagnetic and
gravimetric methods were used. With these methods, it was possible to identify the intrusive
body and determine both its conductivity as that of the host rocks.

In the largest anomaly detected in the area (Chimney Loraley) which was already known before
made the geological survey, were made six boreholes to determine the geology of kimberlítico
body and the potential for macro and micro diamonds and define the body. The samples were
sent to the central Catoca to perform mineralogical and chemical analyzes. During the sampling
campaign, the most common indicator minerals were found pyrope, cromites, ilmenites,
phlogopite and diopside, the qualitative and quantitative study and evaluation of the physical
characteristics of these minerals satellites diamond were determined by mineralogical method.
The concentrated sediment samples collected in the western and southern part of the river
Musse, revealed a significant amount of kimberlite indicator minerals with high conservation
testifying to the short distance transport of targets that contained them.
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO

Desde a antiguidade que o homem se interessou pelos materiais geológicos, vendo neles
qualidades estéticas ou procurando neles propriedades físico mecânicas como é o caso do
diamante que sempre foi visto como objeto de fascínio, riqueza e poder ao longo dos tempos.

Desde cedo que o homem se dedicou a exploração mineira e tentou interpretar os fenómenos
que conduziram a génese e concentração de substâncias minerais úteis, tendo assim evoluído
naturalmente as técnicas de procura de minérios ao longo dos tempos.

Geologicamente a região enquadra-se no escudo Angola, e afloram quer próximo de canais


fluviais quer distante deles, rochas do tipo gneisses, xistos anfiboliticos e quartzitos do Arcaico
à depósitos de areias do Grupo Kalahari. Os eventos tectónicos ligados a falhas regionais
principais influenciaram na instalação de corpos kimberlíticos durante o Cretácico.

As técnicas de prospeção envolvem um conjunto de etapas que visam diminuir ao máximo o


risco de retorno de investimento e aumentar ao máximo a certeza de sucesso, ao fim de cada
etapa ou fase de um projeto mineiro se avaliam as informações obtidas e se tomam decisões a
respeito do prosseguimento do projeto bem como as revisões das estratégias e planeamentos da
etapa seguinte. Essas informações vão sendo acumuladas a medida que o Projeto avança e os
riscos vão diminuindo.

O presente trabalho tem como objetivos analisar a efetividade das técnicas de prospeção de
corpos kimberlíticos na concessão Gango. A descoberta de corpos kimberlíticos na concessão
Gango baseia-se nas técnicas geológicas e geofísicas aplicadas.

Antecedentes

A área de estudo foi alvo de garimpo durante o período de guerra, depois da conquista da paz a
zona foi alvo de estudos geológicos realizados pela Grace Exploration e pela Council for
Geoscience of South Africa no ano de 2003.

Entre 2004-2006 a companhia Trans Hex realizou os trabalhos de prospeção geológica, neste
período a companhia detetou na parte sul da área aproximadamente uma dezena de chaminés
incluindo a chaminé kimberlítica Loraley que segundo os dados de pesquisa geológica e
geofísica realizado tem aproximadamente 1 km de diâmetro.
Problema

Necessidade de conhecer as técnicas de prospeção e a viabilidade do uso de duas tecnologias na


concessão Gango.

Objeto de estudo

Concessão Gango, província do Kwanza Sul.

Objetivos

Analisar a efetividade das técnicas de prospeção utilizadas na concessão Gango, Kwanza Sul.

Identificar zonas promissoras para a ocorrência de corpos kimberlíticos dentro da concessão


Gango.

Hipóteses

Se a unificação de duas tecnologias para a prospeção for positiva, a metodologia poderá ser
implementada em trabalhos futuros de maneira a se reduzir o tempo e custo de prospeção.

Se as técnicas geofísicas e geológicas forem devidamente analisadas e aplicadas, os resultados


(anomalias geofísicas, amostras mineralógicas e de rochas) serão favoráveis.
Fundamentação Teórica da Investigação

A falta de rigor durante as etapas de prospeção pode facilmente resultar num acidente
económico de qualquer companhia, dai a necessidade de se aplicarem métodos viáveis e
económicos durante os trabalhos de prospeção. As etapas principais aplicadas durante as
atividades mineiras são: reconhecimento, prospeção, pesquisa geral e pesquisa detalhada.

Reconhecimento é o estudo, a escala regional, através do qual se identificam as áreas de forte


potencial de ocorrência de mineralização por intermedio dos seguintes meios: resultados dos
estudos geológicos regionais, mapas geológicos regionais, estudo preliminar no terreno,
métodos aéreos e indiretos e extrapolação de dados geológicos. Tem como objetivo localizar
áreas mineralizadas nas quais se justifiquem estudos subsequentes mais pormenorizados.
(Legislação Mineira, Iª Série – N.º 184, 23 de Setembro de 2011).

Prospeção é o processo destinado a procura sistemática de um jazigo mineral. Os métodos


geológicos utilizados para o efeito são os seguintes: identificação de afloramentos, cartografia
geológica e uso de métodos indiretos, tais como a geofísica e a geoquímica. Podem ainda
utilizar-se, embora limitadamente nesta fase sanjas, sondagens e recolhas sistemáticas de
amostras.

Pesquisa é o processo de delimitação de um depósito já identificado. Os métodos utilizados para


o efeito são a cartografia de superfície, amostragem em sanjas e sondagens, em todos os casos
ainda bastante espaçada, embora tendo em vista a avaliação preliminar da quantidade e
qualidade do minério, incluindo se necessário estudos laboratoriais e por fim, interpolações
limitadas dos resultados obtidos com a aplicação dos métodos indiretos. O objetivo a alcançar
diz respeito a determinação das principais caraterísticas geológicas do depósito, fornecendo
indicações adequadas quanto a continuidade e uma primeira determinação das suas dimensões,
configuração, estrutura e do teor do minério. Também conhecida como pesquisa geral.
(Legislação Mineira, Iª Série – N.º 184, 23 de Setembro de 2011).

Os trabalhos de análise dos dados são direcionados no sentido de se compreender a geologia da


área. Considerando-se, no entanto as limitações e as ambiguidades de cada método, é necessário
testar e confirmar os resultados obtidos a partir de um trabalho criterioso de verificação no
campo e de correlação com outros métodos geofísicos.

1.2 Metodologia de trabalho

Para desenvolvimento deste trabalho, subdividiu –se o mesmo em diferentes fases: pesquisa
bibliográfica, trabalho de campo e trabalho de gabinete.

Os trabalhos de prospeção foram realizados mediante o uso e interpretação de métodos


geológicos, geofísicos aéreos e terrestres com finalidade de identificar zonas com manifestações
de minerais indicadores de rochas kimberlíticas.

A coleta de amostras de solo e de rochas através de canais fluviais, correntes e de sondagem,


revelaram manifestações minerais, a distribuição espacial dos depósitos minerais e a relação
desses depósitos com as rochas encaixantes. Os minerais indicadores de ocorrência de corpos
kimberlíticos são o piropo, cromodiópsida, cromite e pricroilminite.

Pesquisa Bibliográfica

A fase de pesquisa bibliográfica consistiu na recolha bibliográfica relacionada ao tema de um


modo geral e específico, consulta de livros, folhetos, relatórios, materiais didáticos usados nas
aulas.

A região do Kwanza Sul, foi alvo de atividades de garimpo durante o período de guerra, depois
da conquista da paz a zona foi alvo de estudos geológicos realizados pela Grace Exploration e
pela Council for Geoscience of South Africa no ano de 2003 e pela Trans Hex entre 2004 2006,
período em que esta companhia detetou uma dezena de chaminés incluindo a chaminé Loraley.

Trabalho de campo

Os trabalhos de campo nas diferentes áreas consistiram no acompanhamento dos levantamentos


geofísicos com diferentes métodos de prospeção geofísica como: levantamento gravimétrico,
magnético e eletromagnético. Os dados geofísicos foram processados e interpretados na base do
Gango.
A amostragem foi realizada a partir de sondagem e da recolha de amostras no leito dos rios que
cortam a área de estudo sendo elas do tipo em canal e volumétrica respetivamente. (Figura 31 e
36).

Os testemunhos de sondagem obtidos e as amostras recolhidas nos leitos dos rios foram
enviados para o laboratório de Catoca com objetivo de se fazer as análises mineralógicas e
químicas.

Trabalho de gabinete

O trabalho de gabinete consistiu na organização, análise, discussão e interpretação dos dados


obtidos, apresentados na presente monografia.

A interpretação dos dados obtidos permitiu elaborar e representar os mesmos em forma de


figuras e textos de maneira a permitir uma melhor compreensão com o objetivo de elaborar o
trabalho final no qual podemos responder aos problemas encontrados e alcançar os objetivos
expostos.

As chaminés kimberlíticas localizadas na área em estudo estão diretamente relacionadas a zonas


de falhas tectónicas profundas, sendo que estas se instalaram no Cretácico inferior. (Figura 8)

Praticamente em todas as amostras de sedimentos concentrados recolhidas na bacia do rio


Musse nas partes oeste e sul do território estudado e analisadas até o presente momento foram
detetados minerais indicadores do diamante: piropos, picroilmenitas, cromitas, cujas
concentrações variam de dezenas de grãos a centenas de sinais por amostra. (Figura 33)

Os grãos dos minerais indicadores caracterizam-se pelo baixo grau de arredondamento, o que
indica a pequena distância de transporte e pequeno afastamento dos alvos que os continham. O
mesmo testemunha variedade dos tamanhos de crivo dos grãos dos minerais indicadores de
kimberlitos encontrados nas amostras de sedimentos. Na parte leste do território estudado, na
bacia do rio Gango e seus afluentes esquerdos, os minerais da génese kimberlítica foram
encontrados nas amostras do aluvião do rio Catelenque e seus afluentes. Com isso, a integridade
dos minerais da génese kimberlítica, os seus parâmetros quantitativos e a sua granulometria
testemunham a alta probabilidade da descoberta de chaminés kimberlíticas na bacia do referido
rio.

Durante os trabalhos de prospeção foram encontradas várias chaminés kimberlíticas, dentre elas
foram feitas amostragem em duas, a chaminé Loraley e a chaminé Tchandongo que se encontra
a 16 km da primeira. De acordo com as amostras recolhidas, apenas a chaminé Loraley teve
resultados positivos. (Figura 33).
CAPITULO II: ENQUADRAMENTO GEOGRÁFICO DA ÁREA EM ESTUDO

2.1 Localização Geográfica da área em estudo

A zona de objeto de estudo situa-se no Centro Oeste de Angola, na província do Kuanza Sul
cuja capital é Sumbe entre os paralelos 10º 49’ e 12º 11 de latitude Sul, e os meridianos13º e 8º
de longitude Este. Tem uma extensão de 58.698 km2 (4,7% do território Nacional). A província
faz fronteira a noroeste, norte e nordeste com as províncias do Bengo, Kwanza Norte, Malanje e
é atravessada pelos rios Longa e Kwanza, com Benguela a sul, Bié e Huambo a sudeste, com o
Oceano Atlântico a oeste. A província é constituída por 12 municípios e 36 comunas. A língua
nacional mais falada é o Kimbundo.

Figura 1 Mapa de localização da região do Kwanza Sul


O território da concessão tem uma extensão aproximada de 3000Km2 e localiza-se na província
de Kwanza Sul, cobrindo uma parte dos municípios de Quibala, Mussende e a parte sudoeste de
Malange.

2.2 Acesso

O acesso é feito pela estrada nacional 240 que liga os municípios de Quibala e Mussende, por
picadas e diversas vias secundárias que têm sido criadas no decorrer dos trabalhos e que se
encontram em constante manutenção devido as altas taxas de precipitação. (figura 2)

Figura 2 Vias de acesso

2.4 Clima e vegetação

O clima da província é tropical seco e de altitude. É do tipo escape, com uma precipitação
pluviométrica inferior a evaporação. Tem uma estação seca (cacimbo) que se estende entre os
meses de Maio a Outubro. De Janeiro a Abril é o período de maior temperatura chegando a
atingir os 30º e entre os meses de Julho a Agosto de baixa temperatura rondando os 16º.

A sua vegetação é constituída predominantemente, por capim e arbustos, com árvores de médio
e grande porte e matas tropicais secas.

A flora é rica e serve de sustentáculo do país com a sua grande variedade de madeira. (Figura 3)
Figura 3 Vegetação do Kwanza Sul

2.5 Hidrografia

Os principais rios da província são o Gango, Longa, Cubal, Keve e Cambongo. (Figura 4 e 5). A
área de concessão localiza-se na bacia dos rios Kwanza, Gango imediatamente para sul da
cidade de Malange. A velocidade de corrente é relativamente alta, leitos são retilíneos, pouco
sinuosos.

Figura 4 Gango, principal rio da área de estudo


Figura 5 Rede hidrográfica do Kuanza Sul (concedida por Catoca)

2.6 Geomorfologia

Geomorfologicamente, Angola divide-se em quarto partes: Zona Sedimentar, zona de transição,


zona montanhosa (esta zona começa no município da Humpata, província da Huila e segue até
Kassongue, província do Kwanza Sul) zona Planáltica, também conhecida de zona maciço
antigo. A província do Kwanza Sul localiza-se numa região montanhosa (especialmente a
sudeste), é bem irrigada sobre tudo pela passagem dos rios Kwanza, Longa, Keve, Cubal e
Cuvo. É caracterizada por relevos superiores á uma cota de 1.200 m, tocados pela erosão
formando vales nos quais correm pequenos rios e riachos impedindo extensas zonas planas. É
possível visualizar zonas elevadas que fazem a separação das bacias hidrográficas dos principais
cursos de água. Como sedimentos de cobertura nas zonas elevadas, tem as areias de Kalahari e
os seus produtos de desagregação, redistribuindo – se em grande extensão, formando uma
paisagem homogénea uniforme. (Figura 6)
Figura 6 Geomorfologia da área de estudo (Concedida por Catoca)
CAPÍTULO III: ENQUADRAMENTO GEOLÓGICO

3.1 Geologia Regional

A região de Kwanza Sul não apresenta uma unidade geológica completamente definida, as
unidades geológicas têm idades compreendidas entre o Arcaico Inferior ao quaternário.
Caracteriza-se como parte integrante do escudo angola. Afloram rochas fortemente
metamorfizadas, e muitas vezes granitizadas. (Figura 8)

Apresentamos abaixo as formações geológicas da região:

Complexo de base (Arcaico)

Na região afloram rochas do tipo gnaisse e quartzito do complexo de base do Arcaico Inferior.
Apresentam características de metamorfismo de alto grau correspondentes as fácies anfibólica e
granulítica de metamorfismo regional.

As rochas arcaicas são as mais antigas de Angola representadas por rochas metamórficas e
intrusivas que afloram nas áreas dos escudos.

O complexo de base, como unidade geológica do arcaico, divide-se em dois grupos: Arcaico
Inferior e Arcaico Superior. Ambos os grupos representam a orogenia Limpopo Liberiana (2700
M.a.).

O Arcaico Inferior divide-se em dois grupos: Grupo Inferior e o Grupo Superior. O Grupo
Inferior é representado petrograficamente por granulitos com hiperstena e xistos cristalinos,
gnaisses de composição básica, eclogitos, anfibolitos e quartzitos (Araújo A.G.,1992).

Em termos de atividade ígnea associada a esse Grupo, destacam-se abundantes intrusões de


gabros e doleritos. Na província do Kwanza Sul, os afloramentos desse grupo são observados
nos vales do rio Luso e Musse.

Grupo Superior é representado petrograficamente por migmatitos, tonalitos, granodioritos e


granitos. Essas rochas foram afetadas e recristalizadas por granitos intrusivos e filões de
quartzo.

O Arcaico Superior é formado por quartzitos, xistos de composição variada e anfibolitos. Na


região do Kwanza Sul foram encontrados afloramentos desse grupo nos vales do rio Longa,
Lowe, Gango e Lindico.

Grupo Lunda e Luana (Proterozoico)

Afloram rochas, xistos argilosos, conglomerados quartzitos e Grés do Proterozoico Inferior.


Este Grupo foi metamorfizado durante o ciclo orogénico Kimbariano e nele também ocorreram
intrusões ácidas (pórfiro granitos) e básicas (gabros, doleritos e hornoblenditos). (Araújo A.G.,
1992).

Afloram xistos argilosos do grupo Luana nos vales do rio Lonhe. As rochas intrusivas
associadas ao grupo Luana são de natureza ácida e básica. Nas rochas ígneas de carater básico,
distinguem-se dois tipos petrográficos principais: propilitos e gabro-doleritos e nas rochas de
carater ácido têm os pórfiros granitos.

Grupo Oendolongo

Afloram conglomerados, quartzitos, grés, siltitos, grauvaques, xistos micáceos, itabiritos, do


Proterozoico Inferior.

Na região afloram rochas deste Grupo nos vales do rio Lindico e Chandongo.

Grupo Xisto Gresoso Indiferenciado

Representam-se por xistos argilosos, arcoses, grauvaques, grés, conglomerados da idade


Vendiana-Rifeana (Proterozoico Superior)
Supergrupo Karroo. Grupo Lutoe

Afloram tilitos, conglomerados, grés, argilitos, xistos argilosos, do Paleozoico Superior.

Formação Calonda

Aparecem grés arcósicos, conglomerados, argilitos do cretácico (Apciano-Albiano).

Grupo Kalahari

Os depósitos Eoceno-Plioceno de origem continental estão representados pelo grupo Kalahari.


A sua composição é uniforme, quer no território de Angola, quer nos países vizinhos, sendo de
grés, depósitos argiloarenosos e areias ocres. Fazem parte deste grupo as formações dos Grés
Polimorfos, constituídas por grés, rochas silicificadas, conglomerados, e a formação das Areias
Ocres constituída por areias e argilas.

A espessura dos depósitos do Grupo Kalahari na maior parte de Angola varia entre os cinquenta
e cento e cinquenta metros.

Sedimentos Quaternários (Formações Superficiais)

As Formações superficiais são representadas por depósitos de praia e terraços marinhos, areias,
cascalhos aluvionares do Holocénico. Esses depósitos estendem-se por uma vasta área dentro da
região do Kwanza Sul; como por exemplo nas comunas de Cariango e Caue; afloram nos vales
dos rios Dombwige e Lonhe.
Tectónica

Segundo Monforte A. (1970), a porção angolana da plataforma africana, apesar de estável desde
o final do ciclo Pan-Africano, passou durante o Pré-Câmbrico por várias etapas de cratonização,
que ficaram bem assinaladas principalmente através das faixas de dobramentos datadas por
métodos isotópicos de idade comum à vários pontos do globo.

A região angolana que mais cedo sofreu cratonização foi a do nordeste. Atualmente está
parcialmente coberta por sedimentos recentes.

A partir do Fanerozoico, a tectónica que afetou o nosso país é do tipo epirogenético, responsável
peça formação de importantes estruturas morfo tectónicas como o Horst do Kwanza, depressões
do Aulacógeno, Corredor do Lucapa que é o principal responsável das intrusões kimberlíticas.

As principais fases orogénicas que afetaram o nosso país são:

Orogenia Limpopo-Liberiana (2900-2600 M.a), responsável pelas principais estruturas do


arcaico.

Orogenia Eburniana (2600-1650 M.a), responsável pelas estruturas do Proterozoico Inferior e da


formação da crusta continental estável.

Orogenia Kimbarino-Katanguiano (1650-570 M.a), responsável pela cobertura da plataforma e


pela reativação tectono-magmática no Rifeano tardio e Paleozoico.

Destes movimentos tectónicos, os mais importantes são os que deram origem à Grabens durante
a formação dos depósitos do andar de Beaufort ou posteriormente. A direção mais importante da
serie de falhas verticais que originaram os Grabens é a das fraturas orientadas ENE-WSW, as
quais teriam protegido da erosão as formações Luana e a serie Lutoe. Estas fraturas seriam mais
ou menos contemporâneas das que originaram as planícies de Cassange.

A região do Kwanza Sul, a partir do início do Paleozoico, não sofreu qualquer orogenia tendo
sido afetada apenas por movimentos epirogénicos, marcado por magmatismo básico e
ultrabásico, de que resultou durante o Mesozoico a intrusão de rochas kimberlíticas e alcalinas.
Figura 7 Gabro diorito a esquerda e Itabirito a direita
Figura 8 Mapa geológico da Região Noroeste de Angola, extraído da Carta Geológica de Angola à escala 1:1 000 000
(Araújo A. G. et al.1992)
3.2 Geologia local

A área de estudo apresenta formações geológicas do Complexo de embasamento, constituída


por gnaisses, xistos anfibolíticos, quartzitos e tonalitos, plagio migmatitos, enderbitos,
charnoquitos em zonas de ultrametamorfismo do Arcaico Inferior. Aparecem, plagiognaisses
bipiroxenicos, hipersténicos, biotite-granada-hipersténicos, anfíbolo-piroxénicos, anfibolitos,
eclogitos, raros gnaisses cordieríticos e silimaníticos quartzitos ferruginosos do Grupo Inferior;
e gneisses biotitico-hornoblendicos, biotitico-hiperestenicos, granada-bimicaceas com distena
e grafite; anfibolitos, xistos biotiticos e bimicaceos, leptitos, quartzitos do Grupo Superior. Na
área da concessão Gango essas rochas afloram nos vales dos afluentes do rio Kwanza, na zona
de Ndala Quiosa.

Aparecem gneisses bimicaceos, plageogneisses, xistos bimicáceos do Arcaico Superior. Na área


da concessão Gango as rochas do complexo de embasamento (Arcaico) afloram na zona do
Haco, nos vales do rio Moirige, nos vales do rio Gango, Luinga e Loe.
O Grupo Lunda e Luana e o Grupo Oendolongo do Proterozoico inferior estão representados
respetivamente por xistos argilosos, conglomerados, quartzitos e grés; e conglomerados,
quartzitos, grés, siltitos, grauvaques, xistos micáceos e itabiritos. Na área da concessão Gango
as rochas do Grupo Lunda e Luana afloram nos vales do rio Chandongo. As rochas do Grupo
Oendolongo afloram nos vales do rio Luinga. (Figura 9)

Aparecem no Grupo Xisto Gresoso Indiferenciado da idade Vendiana-Rifeana, xistos argilosos,


arcoses grauvaques, grés e conglomerados. Na área da concessão afloram nos vales do rio
Kwanza e nos seus afluentes, rios Moirige, Gango e Dombwige.

O Supergrupo Karroo, Grupo Lutoe está representado por tilitos, conglomerados, grés, argilitos
e xistos argilosos. As rochas do grupo Karroo afloram nos vales do rio Kwanza, Moerige e
Dombwige.

A formação Kalonda do Cretácico Superior, está representada por grés arcósicos,


conglomerados e argilitos. As rochas deste grupo afloram a redores da zona do Quienha, no
afluente do rio Kwanza (Dombwige), e na zona do Quipeio nos vales do Moerige.
Figura 9 Mapa geológico local
3.3. Tectónica

Tectonicamente, a área de estudo encontra-se localizada dentro dos limites da zona entre o corredor
de Lucapa (estrutura transcontinental) e o Horst do Kwanza. Apresenta duas falhas principais de
compensação e representa por si um fragmento da estrutura tectónica conhecida pelo nome de «prato
quebrado».

A zona de estudo apresenta formações de várias idades, do arcaico ao recente e as estruturas


tectónicas com várias direções. As falésias apresentam-se abruptas com deslizamentos, pondo em
contacto tectónico as rochas do Arcaico - Proterozoico (magmáticas e metamórficas) e (sedimentares)
do jurássico – cretácico, pertencentes a depressão Congolesa (Baixa de Cassange).

A zona de estudo apresenta falhas de compensação influenciadas pelo corredor do Lucapa e o Hortz
do Kwanza cujas falhas predominantes apresentam direções NW-SE, N-S e NE - SW.

Ao longo das estruturas falhadas instalaram-se, a rede hidrográfica da zona cujos rios principais são:
Ngango, Longa, Luenhe, etc. Além disso, o desenvolvimento da rede hidrográfica dentro da área é
controlado por descontinuidades.

No norte da concessão as falhas com orientação NW – SE, estão associadas ao Horst do Kwanza.

Na concessão destacam-se claramente estruturas tectônicas, como falhas, caraterísticas do modelo de


falha de Anderson. Nota-se que as chaminés kimberlíticas têm um controle estrutural.

Baseando-se no modelo estrutural de Anderson, nota-se as seguintes estruturas tectônicas:


1. Falhas principais (Y- mudanças), são orientados na direção NW – SE, com azimute de 285- 290º. A
largura da zona de cisalhamento ao longo das principais falhas dentro do local fica a 1,5 km.

2. Falhas sintéticas (R- mudanças) são orientadas com um ângulo de 15º - 20º a principal falha com
rotação para a esquerda. Azimute de – 280º.

3. Falhas secundárias sintéticas (P - mudanças) estão orientadas segundo um ângulo de 15 -20º com a
principal falha com rotação no sentido horário. Azimute de 305- 310º.

4. Falhas antitéticas (R´- mudanças), são orientados em um ângulo de 40 – 45º da principal falha com
azimute de 200- 210º. É importante sublinhar que, movendo R, P- mudanças que ocorrem na mesma
direção que a falha principal, enquanto R’ - mudanças na - na direção oposta.

Nota-se que a idade da paragénese estrutural considerada corresponde ao tempo de introdução de


kimberlitos, é adotado como o Cretácico Inferior, como nos ilustra a (figura 10).

Figura 10 Tectónica da Região a escala de 1/25000 (Concedida por Catoca)


CAPÍTULO IV: GENERALIDADES DOS KIMBERLITOS

INTRODUÇÃO

Os dados arqueológicos mostram que, desde a Antiguidade, o Homem se interessou pelos materiais
geológicos, vendo neles qualidades estéticas ou procurando neles propriedades físico- mecânicas. É o
caso do diamante, devido à sua cor, brilho, estabilidade química e, ou pela sua dureza e resistência ao
desgaste.

A importância dos materiais geológicos na história da humanidade é evidenciada pela própria


nomenclatura utilizada pelos historiadores (por exemplo os períodos do Paleolítico, do Neolítico, as
idades do Cobre, do Bronze e do Ferro), cujos vestígios chegam até nós através dos templos,
monumentos, túmulos, ornamentações e artefactos. Essa dependência fez com que o homem desde
cedo se dedicasse a exploração mineira e principalmente a interpretação dos fenómenos que
conduziam a génese e concentração de substâncias minerais úteis.

Desde que se começou a realizar a exploração sistemática de jazigos minerais, tornou-se evidente a
necessidade de agrupar esses jazigos em famílias com algumas características comuns, classificação
de jazigos. Historicamente muitas tentativas foram feitas (desde o tempo de Agrícola) e a maioria
delas foi rapidamente abandonada.

Jazigos minerais é ramo das ciências geológicas e tem por objeto o estudo dos jazigos minerais que
ocorrem na zona da crusta terrestre acessível e suscetível de exploração. Ocupa-se da geologia dos
depósitos minerais, da sua mineralogia e estrutura, da morfologia do depósito e da sua génese.

Jazigo mineral é a acumulação natural de recursos minerais, de reconhecido valor económico e


utilidade, determinada através de estudos geológicos e ações de reconhecimento, prospeção, pesquisa
e avaliação de jazidas minerais, suscetíveis de serem explorados economicamente. (Legislação
Mineira, 2011)
Minérios são formações geológicas contendo um ou mais minerais uteis, no interior de um jazigo.
(Legislação Mineira, 2011)

4.1 BREVE HISTORIAL SOBRE OS KIMBERLITOS

O diamante é conhecido há mais de 4000 anos, desde quando eram recuperados de fontes aluvionares
recentes e de idade pleistocénica na Índia.

A associação de condutos vulcânicos com diamantes foi descrita por Ernest Cohen em 1872,
caracterizando pipes de tufos eruptivos impregnados de diamantes (Janse, 1984, in Pereira, 2007),
apesar do diamante já ser conhecido nos garimpos secos da África do Sul desde 1869. Estas rochas
encontradas nas proximidades de Kimberley, África do Sul serviram de origem para o termo
kimberlito (Clement, et al., 1984; Janse, 1984). Em Draper (1905), encontra-se o relato de um
garimpo em kimberlito ocorrido na fazenda Bulfontein em 1869, a partir de lavras de barro para uso
em construção civil. Nas décadas seguintes, diversos e importantes kimberlitos diamantíferos foram
descobertos na África do Sul e outros países do continente africano. Descobertas mais expressivas
fora da África somente tiveram grande repercussão a partir de 1954, com descobertas na Rússia, em
1979 na Austrália, e na década de 1990 no Canadá (Janse, 1984; Jaques et al., 1984, 1986; Schiller,
1992; Jennings, 1993). Grandes depósitos aluvionares foram descobertos no Congo, Angola,
Tanganica e Serra Leoa entre 1910 e 1930, sem identificação de fontes primárias. Posteriormente
diques kimberlíticos foram descobertos constituindo-se nas possíveis fontes primárias dos depósitos
explorados.

Em 1967 e 1972 foram descobertos os importantes pipes mineralizados de Orapa e Jwaneng, no


Botswana, e o Pipe Venetia, na fronteira com o Zimbabwe. Na década de 1990 foram descobertos
diversos kimberlitos diamantíferos no mundo, principalmente na Rússia (Sinitsyn et al., 1992) e
Canadá (Schiller, 1992; Jennings, 1993), os quais na atualidade encontram-se em operação comercial
como importantes minas.
Existem variadas definições de Kimberlito, por opção definimos o Kimberlito de acordo a Clement
(1985), como uma rocha ígnea ultrabásica potássica, que contém elementos voláteis, ocorrendo sob a
forma de pequenos diques e Sills em chaminés vulcânicas.

Classificam-se grosseiramente, em função das características do kimberlito de Kimberley o kimberlito


como sendo yellow ground e blue ground. Yellow ground é relativo ao kimberlito intemperizado que
se encontra na superfície. Blue ground é relativo ao kimberlito não intemperizado, encontrado em
profundidades variáveis.

Os kimberlitos são a mais importante fonte de diamantes, porém sua existência só se tornou conhecida
no ano de 1866. Os depósitos da região de Kimberley na África do Sul foram os primeiros
reconhecidos e deram origem ao nome. Os diamantes de Kimberley foram encontrados originalmente
em kimberlito laterizado.

O kimberlito ocorre principalmente nas zonas de crátons, porções da crosta terrestre estáveis desde o
período Pré-Cambriano.

Os kimberlitos ocorrem como intrusões associadas a estruturas cratónicas mais profundas na crosta, e
que estão próximas ou atingem o manto. Por ascenderem à crosta em altas velocidades, trazem no
percorrer deste trajeto fragmentos que segundo Mitchell (1995), estes fragmentos podem consistir de
peridotitos (dunito, harzburgito, lherzolito), ou ainda em alguns casos, eclogitos do manto mais
profundo. O magma kimberlítico se origina na fronteira entre o manto superior-astenosfera e chega à
superfície por meio de plumas que ascendem através da crosta continental (Haggerty, 1999) (Figura
11).

Conforme conhecido, o magma kimberlitico não apresenta qualquer relação genética com os
diamantes, constituindo somente agente de seu transporte para a superfície (Mitchell, op. cit.)
Figura 11 Modelo crustal para o ambiente de formação do diamante, mostrando a linha de estabilidade entre o
diamante e a grafite, onde: LAB - limite litosfera/astenosfera, K – kimberlito, O – orangeíto, L – lamproíto, M –
melilito, N – nefelinitos e carbonatitos. (internet)

O modelo ilustra a curva de estabilidade do diamante e da grafite, segundo Haggerty (1991), situada
aproximadamente a uma profundidade que varia de 150- 200 km (manto superior), com uma
temperatura de 1200ºC e a 40 Kb de pressão. Nestas condições, se a temperatura e a pressão forem
estáveis dar-se-á formação do diamante, caso contrário, forma-se a grafite.

Nem todas as chaminés kimberlíticas são mineralizadas, devido a dois fatores principais que
condicionam a presença do diamante:

 Eventuais alterações das condições, de pressão e temperatura, durante a fase de


ascensão do magma à superfície, podendo transformar os diamantes em grafite;

 Os magmas kimberlíticos não passam todos pela janela de estabilidade do diamante,


logo não assimilam este mineral durante a sua ascensão.
4.1.2 Fácies Kimberlíticas

As chaminés kimberlíticas de acordo com Clement e Skinner (1986) subdividem-se em três fácies
(cratera, diatrema e raiz) com base na petrografia e a morfologia destes corpos (Figura 12).

Figura 12 Modelo de um sistema magmático kimberlítico, ilustrando as diferentes


fácies: cratera, diatrema e raiz. Segundo Dawson (1971), Hawthorne (1975), Clement e
Skinner (1979), Scott Smith e Skinner (1984), Mitchell (1986).
Fácies cratera

Em regra, este fácies apresenta um diâmetro que pode atingir até 2 km e a sua profundidade é maior
no centro. A volta desta pode ser encontrada anéis de tufos.

O fácies cratera está constituído por material piroclástico primário que pode ou não ter sido
retrabalhado. A sua geologia interna é a mais complexa da chaminé kimberlítica, pois resulta da
interação de processos piroclástico (primários e secundários) e de processos de re-sedimentação,
ambos afetam na distribuição dos diamantes. Este fácies está constituído por dois tipos de kimberlitos:
piroclástico e epiclástico.

Kimberlito piroclástico: constituídos por tufos depositados dentro e fora da chaminé kimberlítica,
possui na sua composição fragmentos de rocha encaixante e de kimberlito;

Kimberlito epiclástico: resulta do retrabalhamento do kimberlito piroclástico em ambiente lacustre,


dentro ou fora da chaminé kimberlítica. Esta zona é formada por rochas sedimentares terrígenas, bem
como por xenólitos de rocha encaixante.

Fácies diatrema

Este fácies apresenta-se circular ou elíptica na superfície, possui uma forma alongada que se vai
afunilando com o aumento da profundidade, podendo atingir até aproximadamente 1 a 2 km.

O fácies diatrema é formado por Tufo Kimberlítico (TK) e por Tufo Kimberlítico Brechóide (TKB),
dado o seu carácter intrusivo piroclástico.

Os TK não são tão comuns quanto os TKB, dado que petrograficamente diferem somente no conteúdo
dos clastos, e ocorrem como corpos intrusivos anteriores às brechas.
Os Tufos Kimberlito Brechóide contêm brechas de rochas encaixantes angulares e arredondadas na
maioria de pequeno diâmetro que vão diminuindo com o aumento da profundidade. Em menor
quantidade aparecem fragmentos de kimberlito hipoabissal que foram transportados durante a
ascensão do magma kimberlítico. É comum aparecerem grãos disseminados e fraturados de olivina,
granada e ilmenite (macro e megacristais) inseridos numa matriz de grão fino constituída
principalmente por microcristais de diópsido e serpentina.

Fácies Hipoabissal (Raiz)

O fácies hipoabissal é formado pela cristalização de magma rico em voláteis, geralmente não
apresenta fragmentação e possui uma textura microfanerítica. É composto por xenocristais de grãos
relativamente grosseiros que foram incorporados no magma e fenocristais que cristalizaram a partir do
magma antes da intrusão.

4.1.3 Mineralogia dos kimberlitos

Nos kimberlitos existe uma grande diversidade mineralógica, durante a sua formação assimilam
fragmentos do manto superior e da crusta. Os fragmentos do manto são os xenólitos (peridotitos,
eclogitos) e xenocristais (diamante, granadas, espinelas, ilmenites, clinopiroxenas).

Na prospeção das chaminés kimberlíticas utilizam-se minerais indicadores, visto que se formam em
condições de temperatura e pressão similares as do diamante. Os principais minerais indicadores são:
as granadas magnesianas do tipo piropo, ilmenites, espinelas, cromo-diópsido e olivinas.

Na Tabela 1 estão representadas as principais características físicas e químicas dos minerais satélites
do diamante como a cor, composição química, dureza e densidade.
Tabela 1 Características principais dos minerais indicadores do diamante (internet)

MINERAL COMPOSIÇÃO COR DUREZA/DENSIDADE

Cromo Diópsido Silicato de Mg, Fe, Verde-esmeralda 5-6 / 3,3-3,6


Ca, Al, Na
(Clinopiroxénio)

Piropo Silicato de Al, Mg, Vermelho, rosa, 7,5 /3,51


Fe, Ti, Cr, Na laranja e amarelo
(Granada)

Espínélio Cromífero Óxido de Mg, Fe, Preta 5,5 / 4,3-4,57


Cr, Al, Mn
(Cromite)

Flogopite Silicato de Al, Mg, Bronze Castanho 2,5-3 /2,78-2,85


K, Fe, Ti avermelhado
(Mica)

Picroilminite Óxido de Mg, Fe, Preta azulada 5-6 / 4,5-5


Ti, Cr, Mn, Al, Si
(Ilmenite magnesiana)
Estantite Silicato de Mg, Fe, Verde Oliva, Marron 5,5 / 3,1-3,3
Al, Ca, Ti
(Ortopiroxénio)

Zircão Silicato de Zr Incolor, Róseo, 7/ 4,6-4,7


Amarelo, Castanho

Os kimberlitos por serem ricos em voláteis associam-se a eles minerais secundários resultantes de
alterações hidrotermais e deutéricas, em particular minerais do grupo das serpentinas, carbonatos.

4.1.4 Distribuição dos kimberlitos no mundo

A localização dos kimberlitos no mundo está associada às zonas dos escudos antigos (cratões) do
criptozoico (Pré-câmbrico) com idade maior que 2.4 mil milhões de anos segundo Yanse A.D. (1992)
e que sofreram reativação tectónica (Figura 13).

A distribuição dos kimberlitos no mundo não obedece a dos vulcões modernos associados à zona de
subdução, é um tipo de vulcanismo tectonicamente diferente que forma-se nas zonas de fraturamento
profundo dos escudos antigos.
No nosso planeta, concretamente nos diversos escudos onde ocorrem as chaminés, a possibilidade de
se encontrar mineralização é de um por cento, (Moisés A. 2003).

Figura 13 Mapa de distribuição geográfica dos depósitos primários de diamante no mundo, mostrando áreas
cratónicas com depósitos de diamantes mais económicos (losangos maiores preenchidos), depósitos menos
económicos (losangos menores preenchidos) e depósitos sub económicos) losangos menores sem
preenchimento). Em geral os depósitos diamantíferos encontram-se em kimberlitos, exceto os da Austrália
questão em lamproitos; Gurney (1989)

4.1.5 Ocorrência dos kimberlitos em Angola

A maioria dos kimberlitos em Angola, segundo Araújo A. G. et.al. A (1992), é de idade Cretácica,
mas existem também corpos kimberlíticos de idade Proterozoico Precoce situados no maciço do
Cunene (cinco chaminés).

O Cratão do Congo é uma das unidades geotectónicas que abrange uma boa parte do território
Angolano. Para a sua evolução até a cratonização ocorreram vários episódios orogénicos:
Após a orogenia Limpopo-Liberiana ocorreu o início da cratonização na era Proterozoico, afetando
consideravelmente as regiões das Lundas, Malange e Cuanza Norte;

Em seguida, deu-se a orogenia Eburniana com grande incidência no sul, centro e norte do país;

Estabilização do Cratão depositou-se os sedimentos do Karroo seguidos pelos fenómenos de


subsidência do Graben de Cassange e o provável levantamento do Horst do Cuanza afetando assim as
regiões do Dondo- N’Dalatando e Malange;

Reativação do Cratão no Fanerozoico (Triássico) devido aos vários processos de vulcanismo básicos e
ultrabásicos responsáveis pelas vindas dos kimberlitos, diques e carbonatitos;

Nas bordaduras do Cratão já estabilizado ocorreram transgressões Mesozoicas que contribuíram para
a formação das bacias sedimentares costeiras. (Figura 14)

Figura 14 Mapa tectónico de Angola, com as principais ocorrências kimberlíticas identificadas (a partir do
trabalho de Robles - Cruz S.E., et all., 2012).
CAPÍTULO V: TÉCNICAS DE PROSPEÇÃO KIMBERLÍTICA

5.1 MÉTODOS GERAIS DE PROSPEÇÃO

A prospeção desenvolveu-se nos últimos anos no sentido do uso de técnicas bastante sofisticadas e
cada vez mais dispendiosas. A procura de afloramentos ou mineralizações ligadas a afloramentos é
cada vez menos atrativa, uma vez que são cada vez maiores as áreas prospetadas e cada vez menos os
jazigos aflorantes.

Independentemente do tipo de jazigo, o geólogo de prospeção deve obedecer seis tarefas aplicando
seis métodos gerais de prospeção:

1. Método de analogia (tipificação dos objetos geológicos e os métodos de investigação)


2. Método de prospeção (revelação das acumulações naturais de minerai úteis)
3. Método de secções (estudo da morfologia dos minerais e suas condições de
yacencia)
4. Método de amostragem (estudo da qualidade do mineral útil)
5. Método de cálculo de reservas (estudo da quantidade do mineral útil)
6. Método de cálculo técnico-econômicos (estabelecimento do valor industrial do jazigo)

A prospeção sistemática de uma região com potencialidades mineiras, geralmente, é realizada em


quatro etapas distintas, sucessivas e dependentes.

 Reconhecimento
 Prospeção
 Pesquisa geral
 Pesquisa detalhada

Etapa de reconhecimento

Nesta etapa, os estudos são feitos em grande escala ou seja em uma escala regional, começando
por fazer um levantamento dos estudos geológicos regionais já existentes, mapa geológico
regional, levantamento geológico preliminar sobre as superfícies ou terrenos, métodos indiretos e
diretos mediante a extrapolação.

Etapa de prospeção

Consiste em investigar ou pesquisar uma área com perspetiva em recursos minerais após a
aplicação da etapa de reconhecimento, para serem alvos de pesquisa geral. Faz-se interpretação
dos resultados geológicos e geofísicos.

Etapa de pesquisa geral


A combinação destes métodos permite a avaliação preliminar da quantidade e qualidade dos
minerais, assim como interpolação limitada a partir dos métodos de investigação indiretos. O
objetivo principal é estabelecer as características geológicas de um jazigo proporcionando uma
indicação razoável da sua continuidade e uma primeira avaliação da dimensão, configuração,
estrutura e o conteúdo. Os dados devem ser exatos para permitir decidir e justificar posteriores
estudos de pré viabilidade mineira e uma pesquisa detalhada.

Esta etapa consiste na delimitação inicial de um jazigo identificado. Os métodos a empregar são:
A cartografia da superfície, trincheira, sondagem e os métodos indiretos.

Etapa de pesquisa detalhada

Nesta etapa as relações custos/ benefícios devem ser constantemente considerados como
elementos essenciais das escolhas a serem efetuadas com relação as metodologias mais adequadas
para a pesquisa de um determinado tipo de mineral. Nesta etapa são desenvolvidos estudos de pré-
viabilidade técnico-económica, integrando os diversos aspetos geológicos, tecnológicos e
económicos.

Tem como objetivo principal delimitar e caracterizar um depósito mineral de forma mas
abrangente da configuração do corpo de forma tridimensional, mediante o resultado das amostras
de vários pontos.

5.2 METODOLOGIA DE PROSPEÇÃO UTILIZADA NA ÁREA DE ESTUDO

Antes de iniciar a prospeção é importante ter um conhecimento profundo de todos os métodos de


prospeção e aqueles que estão disponíveis para o trabalho em causa. Com este conhecimento
escolheu-se então aqueles que adequadamente podem realçar as anomalias devidas a mineralização
em causa. Assim sendo, foram selecionados os seguintes métodos:

Levantamento Geológico
Métodos de pesquisa Geofísicos
Métodos mineralógicos
5.2.1 Levantamento Geológico

Devido a falta de informações geológicas na área de trabalho, os estudos geológicos a escala regional
começaram com os levantamentos aerofotogramétricos, com o objetivo de se obter o mapa geológico
regional.

Nos levantamento aerofotogramétricos se utilizam imagens radar e imagens de satélite cujas cores são
processadas para ressaltar as características geológicas regionais tais como as estruturas relacionadas
a falhas e outros eventos tectónicos, assim como as características geomorfológicas ligadas as
variações do relevo, existência de vales, e informações sobre a paisagem e cobertura vegetal. Esses
caracteres são transformados em modelos digitais de imagens permitindo assim uma boa interpretação
e avaliação dos dados.

Para a criação de um modelo detalhado de toda área de estudo, utilizaram-se imagens de Landsat
ETM+ e Landsat TM, cenas com três zonas do espectro com uma resolução de 30 a 60 m por pixel.
(figura 15)

Essa é a imagem retirada por satélite em três bandas diferentes do espectro que quando sobrepostas
mesmo em tons cinzentos já apresentam mais detalhes mas que ainda carece de tratamentos para uma
melhor interpretação dos dados.

Para o tratamento dessa imagem, foram usados diversos filtros com o objetivo de suavizar os detalhes
da imagem e diminuir os níveis de cinza.
Figura 15 Imagem Landsat TM que cobre toda área da concessão (Concedida por Catoca)

A cada fase, o tratamento da imagem é feito de maneira a se obter o máximo de informações sobre os
aspetos geológicos de forma independente tais como alinhamentos, redes de drenagem, morfologia,
vegetação, etc. que são interpretados em separado e sobrepostos de maneira a se obter o mapa
geológico.

Figura 16 Mapa geológico regional (no centro da fotografia). Representação em modelo digital a
Sul e NE da região. (Concedida por Catoca)
As estruturas em anel são importantes para estudos geológicos, pois podem estar associadas a áreas de
ativação tectónica, na parte superior da crosta. Para uma classificação concisa, é necessário
desenvolverem-se pesquisas geofísicas, e esses meios não haviam sido preparados previamente
durante esta fase. Por isso a inclusão dos dados aerocósmicos (modelos) devem ser tratadas com
muita cautela.

Figura 17 Fotografia aerocósmicas das estruturas lineares e em anel. As estruturas apresentam diâmetros entre 5 a 30 km,
algumas zonas alcançam entre 70 a 100 km de diâmetro (zonas de falhas, a direita). Modelo digital de elevação em polígono,
linha e a densidade. (Concedida por Catoca)
Durante a avaliação do grau de manifestação dos materiais através do sensoriamento remoto, foi
possível nessa fase observar estruturas concêntricas com diâmetro entre 20 a 25 km. Avaliada como
mostra a figura 18, seus parâmetros estruturais e areais através do tom, cor e textura do teste padrão.
Foram analisadas num total de 17 estruturas, nas quais estão divididas em três grupos, sendo que o
primeiro grupo tem apenas 1 objeto, o segundo tem 5 objetos e o terceiro grupo tem 11 objetos.
Quanto ao grau de manifestação, as estruturas na figura classificam-se em boas, representadas a cor
rosa, satisfatórias representadas a verde e ruins representadas a azul. (Figura 18).

Figura 18 Posição das estruturas em anel com diâmetro de cerca de 20 – 25 km da área a esquerda. Desenvolvimento
de estratos sedimentares a direita (Concedida por Catoca)
Devido ao facto de que a maior parte da área avaliada está localizada em zonas montanhosas, onde há
intensa desnudação, durante milhões de anos até o presente, superfícies de rochas antigas
predominantemente intrusivas e metamórficas do Proterozoico foram expostas, desenvolveram-se
também significativas formações sedimentares pós kimberlíticas.

Figura 19 Mapa representando campos de localização de anomalias na área de Quitúbia, Mussende. Presença de
anomalias favoráveis (1); desenvolvimento de sedimentos pós kimberlíticos (2); contornos das áreas de licenciamento
Quitúbia, Andulo, Mussende (3) (Concedida por Catoca)
No total foram identificadas três anomalias relacionadas a focos de ativação independentes, isso
ajuda-nos a avaliar a possível produtividade de acordo com o modelo ideal acima referido.

5.3 Métodos geofísicos

A Geofísica é a ciência que estuda as propriedades físicas da terra. Na sua forma aplicada, tem por
objetivo investigar, a uma escala relativamente pequena, certas propriedades e aspetos da crusta
terrestre que embora não visíveis podem ocorrer, como sejam por exemplo falhas geológicas,
sinclinais e anticlinais, a topografia do firme rochoso sob uma camada aluvionar, zonas mineralizadas,
depósitos de argila e de areia, etc.

Numa escala regional, ela é usada para delinear as estruturas e ajudar a definir as áreas cratónicas. Na
escala local, permite detetar anomalias associadas a intrusões kimberlíticas. Os principais métodos
geofísicos utilizados na prospeção de kimberlitos são o magnético o eletromagnético e o gravimétrico
em virtude de geralmente se verificar alto contraste de suscetibilidade magnética, resistividade e
densidade entre as rochas kimberlíticas e suas rochas encaixantes.

5.3.1 Levantamentos aerogeofísicos

Os levantamentos aéreos realizam-se com auxílio das aeronaves que contem sensores transmissores e
recetores e outros equipamentos que auxiliam a recolha de dados. Caracterizam-se pelo seu baixo
custo e rapidez com que permitem obter os dados.

Devido a necessidade de se acabar os trabalhos a curto prazo, na área de estudo os trabalhos foram
realizados em simultâneo por duas companhias, a Empresa de investigação Geotechnologies de
origem Russa, cujos equipamentos registadores utiliza um módulo aerogeofísico electromagnético
“EQUATOR” em que na sua composição se encontra um magnetómetro CS-3 com um sensor de
Césio produzido pela companhia Scintrex Lda de Canadá e um sistema de navegação por satélite, e
pela Empresa Xcalibur Airbone Geophisics SA da África do Sul.
Uma vez que foram utilizadas duas tecnologias diferentes houve a necessidade de se saber se os
métodos utilizados por ambas companhias seriam compatíveis, razão pela qual se escolheu a área
onde se descobriu a chaminé Loraley com aproximadamente 1 km de diâmetro para se efetuar os
testes.

Figura 20 Helicóptero utilizado para levantamento aerogeofisico (a esquerda) e mapa representando a área de
estudo e a chaminé kimberlítica Loraley a vermelho (imagem a direita) (Concedida por Catoca)

Para todo o processo de pesquisa, foi elaborado um programa com os parâmetros a seguir pelas
equipes que fizeram o levantamento de campo, em função dos objetivos traçados, para uma recolha de
dados satisfatório e com poucos erros.

Para os levantamentos foram requisitados os seguintes dados:

Linhas de Direção de Voo: Sul/Norte


Espaço entre as Linhas de voo: 100 m
Desvio Máximo: 50/1000 m
Área de Voo: 42 km2
Altura Normal de Voo: 35 m
Linhas voadas pela Geotechnologies: 432 km
Linhas voadas pela Xcalibur: 408 km
Datum: WGS84
Controlo de Qualidade (QC)

O Controlo de Qualidade é de grande importância nos trabalhos de prospeção geofísica, porque nos
permite analisar e avaliar os resultados do levantamento.

Para o controle de qualidade foram avaliados os comportamentos de aquisições com 7 dados:

1. Separação entre as linhas de voo


2. Desvio das linhas de voo
3. Elevação obtida pelo radar
4. Intersecção das linhas de voo de controlo
5. Separação dos pontos de amostragem
6. Densidade dos dados
7. Ruido magnético

Foi elaborado um mapa para a análise das linhas de voo de ambas as companhias de maneira a se
avaliar os dados tais como linhas de voo e desvio máximo. Na figura 21 temos os dados comparativos
dos dados realizados por cada uma das companhias.
RESULTADOS DOS TRABALHOS AEROGEOFÍSICO METODOLÓGICOS – EXPERIMENTAIS
DA REGIÃO DE GANGO-KWANZA SUL: LORELEI UM CASO DE ESTUDO

Figura IV.1.3.a- Mapa das Linhas Reais das aquisições aerogeofísicas de HEM e MAG no sector
(área teste) -Lorelei dentro do sector de exploração Gango.

Na Figura IV.1.3.a, observa-se uma aproximação no vértice SE da área de estudo. O


código de cores é o mesmo descrito para a Figura IV.1.3.b, observa-se como facilmente
pode-se determinar que a matriz de dados de Excalibur é menos densa que a matriz de
dados de Geotechnologies.
Figura 21 Representação das linhas de voo realizadas pelas empresas Geotechnologies e
Xcalibur (Concedida por Catoca)

Após realizadas as provas de teste, obteve-se uma base de dados da Xcalibur com 100% da qualidade
requerida segundo os parâmetros anteriormente afixados e uma base de dados da Geotechonologies
com 99,7% de qualidade pelo que se consideraram os resultados satisfatórios.

Os resultados obtidos a partir dos levantamentos efetuados, são previamente tratados por programas
especializados como o Geosoft, ArcGIS, Global Map, etc.

5.3.2 MÉTODOS ELETROMAGNÉTICOS

Os métodos elétricos e eletromagnéticos são utilizados com o objetivo de investigar variações nas
propriedades eletromagnéticas dos materiais que se encontram abaixo da superfície terrestre. Essas
variações podem ser causadas por corpos geológicos que ocorrem naturalmente abaixo da superfície
como também por materiais introduzidos pelo homem na subsuperfície.

As bases de dados (BD) adquiridas sobre esses métodos são dados que carecem de um prévio
tratamento para melhor interpretação; razão pela qual limitamo-nos a fazer uma comparação dos
mapas obtidos por ambas companhias.
Figura 22 Em ambos mapas BZ[6] e HMZ-G15 refletem as principais anomalias da zona. (Concedida por
Catoca)

Este método teve como base o fenómeno da indução, isto é, a corrente que circula no sensor
transmissor cria um campo eletromagnético primário que é emitido para o subsolo, e ao entrar em
contacto com a rocha induz um campo eletromagnético secundário que é registada no recetor. A
diferença de potencial entre a corrente primária e secundária pode revelar a presença de um corpo
condutor (figura 23) e fornecer informações sobre as propriedades elétricas deste.
Figura 23 Mapa eletromagnético local da chaminé kimberlítica Loraley na
concessão Gango (Concedida por Catoca)

5.3.2.1 Método magnético

Os levantamentos aeromagnéticos baseiam-se no estudo das variações locais do campo magnético


terrestre derivadas da existência de rochas na subsuperfície, através dos minerais com forte
suscetibilidade magnética que as constituem, é dos métodos mais utilizados na prospeção de corpos
kimberlíticos. Tal razão deve-se ao facto proporcionarem rapidez e baixos custos durante os trabalhos.

As anomalias magnéticas compreendem aos desvios dos valores medidos das componentes do campo
magnético nos pontos de observação em função aos valores normais determinados para os pontos que
aparecem nos mapas.
As anomalias podem ser classificadas em:

 Regionais (centenas e milhares de quilómetros quadrados)

 Locais (dezenas a centenas de quilómetros quadrados)

As anomalias locais são mais importantes porque representam os índices diretos de prospeção de
jazigos ou corpos minerais concretos.

Quanto a intensidade as anomalias classificam-se em: baixas (na ordem de dezenas de gamma),
médias (na ordem de milhares de gamma) e altas (ordem de dezenas a centenas de milhares de
gamma).

Deve se saber que as anomalias magnéticas se consideram índices diretos de prospeção só depois da
interpretação geológica dos resultados obtidos.

Com o resultado dos voos experimentais de ambas companhias foram adquiridas leituras do campo
magnético de um mesmo ponto. As bases de dados foram previamente processadas para se efetuar as
correções das variações diurnas, correção pelo IGRF e micro nivelação, para a obtenção do campo
magnético total.

A Geotechnologies fez o uso do magnetómetro GT-MAG (Sonda Scintrex CS3) enquanto a Xcalibur
utilizou um magnetómetro Geometrics (Césio a vapor tipo 822)
RESULTADOS DOS TRABALHOS AEROGEOFÍSICO METODOLÓGICOS – EXPERIMENTAIS
DA REGIÃO DE GANGO-KWANZA SUL: LORELEI UM CASO DE ESTUDO

Geotechnologies Xcalibur

TMI TMI

TMI (Upward +40m)


TMI

TMI (Downward -40m) TMI

FiguraIV.1.4.1.c- Comparação do campo magnético medido por ambas companhias.

ARTÉMIS CUTOCAMA, FÉLIX VIAGEM, JOAQUIM MASSALA E MATEUS ANTONIO (FCUAN 2013) 64

Figura 24 Mapas magnéticos mostrando áreas voadas pelas duas companhias, sendo que as anomalias
são relativamente similares (Concedida por Catoca)

Na análise visual realizada observa-se que o TMI gerado pelos dados de Xcalibur mostra uma melhor
definição em determinadas zonas (caixa de detalhe), mas isto deve-se ao facto de que o portador do
magnetómetro de Geotechnologies se encontra localizado a 40 metros acima da altura nominal de voo
(35 m), não sendo assim para o portador de Xcalibur que se encontra localizado à altura nominal
afixada, mas feita uma análise visual nas caixas de detalhes para levar aos dois mapas a um mesmo
nível de observação, ambos apresentam grande similitude em concordância espacial das suas
anomalias e rasgos característicos.
O gráfico abaixo dos mapas de anomalias eletromagnéticas representa a variação do campo através de
resultados quantitativos através da mediana, moda, e curtosis.

5.3.3 Métodos geofísicos terrestres

As propriedades elétricas das rochas estão diretamente ligadas as propriedades físicas que afetam a
distribuição de correntes ou propagação de campos elétricos nas rochas. Consideram-se basicamente
três propriedades físicas: a resistividade elétrica (sendo o inverso desta, a condutividade elétrica), a
constante dielétrica e a permeabilidade magnética. A resistividade elétrica é a mais importante entre
as três propriedades físicas, através dos seguintes fatores:

 Resistividade dos minerais que formam a parte sólida


 Resistividade dos líquidos e gases contidos nos poros
 Humidade
 Porosidade
 Estrutura
 Temperatura
 Pressão
 Frequência

5.3.3.1 Caminhamento de dipolo indutivo

Método aplicado no estudo da variação lateral da resistividade assim como as variações em


profundidade.

Nesta técnica o espaçamento entre os elétrodos permanece fixo, enquanto todo o arranjo e deslocado
em linha reta. Tal técnica fornece informações sobre variações laterais e verticais de resistividade
(arranjo dipolo-dipolo)

A Indução dipolo foi realizada com equipamentos fabricados pela canadense Geonics Ltd, modelo
EM-34-3XL.
A medição da condutividade elétrica realizada por dipolo foi feita por uma configuração média "
bobina de gerador” com três separações com R = 10, 20, 40 m, e três frequências f = 6.4, 3.2, 1.6 kHz,
respetivamente, para cada espaçamento fixo.

O método de caminhamento de dipolo foi feito com objetivo de se determinar a condutividade do


corpo kimberlítico e as rochas adjacentes através das mudanças no espaço das características do meio.

Durante as leituras efetuadas, notou-se que o espaçamento de 10 m não dá a profundidade necessária e


é útil principalmente para a avaliação específica elétrica a condutividade da parte superior da seção na
sobrecarga. Por isso, decidiu-se abandonar a separação de 10 m e foram feitas mais medições em duas
extensões de 20 em 40 metros que tiveram como o resultado o modelo da figura 25.

Figura 25 Seção de resistividade aparente da chaminé Loraley, representando a diferença de resistividade dos
materiais rochosos. (Concedida por Catoca)

A escala de condutividade mostra que os sedimentos de cratera apresentam condutividade relativa de


media a alta, as areias da Kalahari e areias grosseiras de Calonda apresentam condutividades baixas a
medias respetivamente. Os valores de condutividade crescem até a zona superior do corpo
kimberlítico. As rochas encaixantes apresentam valores de condutividade relativamente baixos.

5.3.3.1.1 Modelo 3D em profundidade

Foi criada uma Matriz Volumétrica em função de todos os pontos medidos e das frequências de
trabalho, que representam os diferentes níveis de profundidade. A representação foi feita no Oásis
RESULTADOS DOS TRABALHOS AEROGEOFÍSICO METODOLÓGICOS – EXPERIMENTAIS
DA REGIÃO DE GANGO-KWANZA SUL: LORELEI UM CASO DE ESTUDO
RESULTADOS DOS TRABALHOS AEROGEOFÍSICO METODOLÓGICOS – EXPERIMENTAIS
Montaj que permite DA
observar de forma dinâmica o modelo 3D desde qualquer
REGIÃO DE GANGO-KWANZA SUL: LORELEI UM CASO DE ESTUDO
posição. As figuras 26,
27, 28 e 29 representam os modelos em três dimensões da chaminé Loraley, onde a variabilidade de
Nas seguintes figuras mostra-se a delimitação espacial do corpo kimberlítico em
cores representa a mudança de condutividade dos materiais rochosos.
Nas seguintes
diferentes figuras mostra-se a delimitação espacial do corpo kimberlítico em
posições.
diferentes posições.

Figura IV.2.2.2.a- Vista 3D de toda a área do levantamento.


Figura 26 Observa-se a forma externa do kimberlito Loreley e de quatro kimberlitos de menores
Figura IV.2.2.2.a- Vista 3D de toda a área do levantamento.
dimensões dentro da área do levantamento. (Concedida por Catoca)
Observa-se a forma externa do kimberlito Lorelei e de quatro kimberlitos de menores
Observa-se a forma externa do kimberlito Lorelei e de quatro kimberlitos de menores
dimensões dentro da área do levantamento.
dimensões dentro da área do levantamento.

Figura 27 Modelo 3D longitudinal representando a condutividade dos materiais. Observa – se o


Figura
Figura IV.2.2.2.b-
contraste existenteVista
IV.2.2.2.b- Vista 3D acom
entre uma secção
chaminé e a pela
zonalinha do perfiloE-W
adjacente, trabalhosaterrestres.
quedosevidencia
trabalhos terrestres.
diferença de
condutividade elétrica entre as diferentes formações geológicas. (Concedida por Catoca).

ARTÉMIS CUTOCAMA, FÉLIX VIAGEM, JOAQUIM MASSALA E MATEUS ANTONIO (FCUAN 2013) 71
ARTÉMIS CUTOCAMA, FÉLIX VIAGEM, JOAQUIM MASSALA E MATEUS ANTONIO (FCUAN 2013) 71
RESULTADOS DOS TRABALHOS AEROGEOFÍSICO METODOLÓGICOS – EXPERIMENTAIS
DA REGIÃO
RESULTADOS DE GANGO-KWANZA
DOS TRABALHOS SUL: METODOLÓGICOS
AEROGEOFÍSICO LORELEI UM CASO–DE ESTUDO
EXPERIMENTAIS
DA REGIÃO DE GANGO-KWANZA SUL: LORELEI UM CASO DE ESTUDO

Figura IV.2.2.2.c-
Figura 28 ModeloVista3D 3D com umarepresentando
transversal secção pela linha do perfil S-N
a diferença dos trabalhos terrestres.
de condutividade elétrica entre as
diferentes formações geológicas. A chaminé Loraley está representada pela cor azul. (Concedida por
Catoca)
Figura IV.2.2.2.c- Vista 3D com uma secção pela linha do perfil S-N dos trabalhos terrestres.

Figura IV.2.2.2.d- Vista 3D com secções transversais intersectadas no centro do kimberlito


Lorelei.

A observação da distribuição 3D do kimberlito desde qualquer posição espacial,


Figura IV.2.2.2.d-
incluindo secçõesVista 3D com secções
transversais transversais
permite oferecerintersectadas no centronadointerpretação
amplas vantagens kimberlito
Lorelei.
geológica do corpo.
A observação
Figura da distribuição
29 A observação 3D3Ddo
da distribuição do kimberlito desdequalquer
kimberlito desde qualquer posição
posição espacial,
espacial, incluindo
secções transversais permite oferecer amplas vantagens na interpretação geológica do corpo.
incluindo
(Concedida porsecções
Catoca) transversais permite oferecer amplas vantagens na interpretação
geológica do corpo.
ARTÉMIS CUTOCAMA, FÉLIX VIAGEM, JOAQUIM MASSALA E MATEUS ANTONIO (FCUAN 2013) 72

ARTÉMIS CUTOCAMA, FÉLIX VIAGEM, JOAQUIM MASSALA E MATEUS ANTONIO (FCUAN 2013) 72
5.3.3.2 Método Gravimétrico

A prospeção gravimétrica envolve medidas das variações do campo de gravidade terrestre. Deseja-se,
com isso identificar e caracterizar as massas locais de maior ou menor densidade que as formações
encaixantes a partir de irregularidades do campo medido na superfície. Tais irregularidades,
denominadas anomalias, são interpretadas como resultado das variações laterais na densidade dos
materiais da subsuperficie, provocadas por estruturas geológicas ou corpos rochosos de diferentes
densidades (Telford et al., 1990).

A interpretação do campo perturbador torna-se mais complicada devido ao facto de que a observação
contém o efeito integral de todas as massas da terra. Com o auxílio de informações topográficas,
geológicas e geofísicas, as influencias das massas conhecidas podem ser removidas através de
reduções. Em particular, procedimentos de filtragem são utilizados para separar os grandes
comprimentos de onda (campo regional) e os curtos comprimentos de onda (campo residual) das
anomalias. (Gupta e Ramani, 1980).

Tabela 2 Densidade de rochas ígneas e metamórficas (internet)

ROCHA VARIAÇÃO DE DENSIDADE (g/cm3) DENSIDADE MÉDIA

(g/cm3)

Riolito 2,2 – 2,4 2,3

Andesito 2,35 – 2,37 2,61

Granito 2,5 – 2,81 2,64

Diabásio 2,5 – 3,2 2,91

Basalto 2,7 – 3,3 2,99

Gabro 2,7 – 3,5 3,03

Peridotito 2,78 – 3,37 3,17

Piroxenito 2,93 – 3,34 3,17

Ácidas em geral 2,3 – 3,11 2,61


Básicas em geral 2,09 – 3,17 2,79

Quartzito 2,5 – 2,7 2,6

Xisto 2,39 – 2,9 2,64

Gnaise 2,59 – 3,0 2,8

Anfibolito 2,9 – 3,04 2,96

Com este método determinou-se a profundidade do jazigo e a espessura da cobertura sedimentar,


baseando-se no contraste de densidade entre o corpo kimberlítico e as rochas encaixantes.

Os aparelhos utilizados para a aquisição dos dados foram os gravímetros do tipo CG5 da Scintrex
auxiliados e GPS para a marcação de coordenadas.

Antes do início do levantamento gravimétrico, escolheu-se uma estação base, que serviu de referência
para outras medidas. Escolheu-se como um local para estacão base, isento de vibrações originadas
pelo vento, tráfego, outros fatores para não influenciarem na aquisição de dados gravimétricos.

5.3.3.2.1 Metodologia de coleta de dados

Posicionamento geográfico: os mapas topográficos da região em estudo carecem de atualização; não


permitem a obtenção das coordenadas das estacões gravimétricas com precisões ideais. A região e
caracterizada por forte variação do relevo. A necessidade de se obter a altitude ortométrica (processo
de medir com exatidão) com erro menor do que ± 0,5 m para a redução dos dados de gravimetria
regional dificulta a utilização do nivelamento barométrico. Dessa forma optou-se pela utilização do
GPS.

Foram coletados 316 novos dados gravimétricos. As estacões gravimétricas foram posicionadas por
GPS.
Após a aquisição dos dados passou-se a etapa de tratamento, que consistiu na aplicação das
seguintes correções: correção da latitude, de maré, da elevação (ar livre) topografia ou do
terreno, correção de Bouguer e a correção da variação (Drift) instrumental.

Figura 30 Mapa preliminar da anomalia gravimétrica de Loraley (Concedida por Catoca)

O intervalo de variação das densidades, conforme o mapa de anomalias gravimétricas acima, nos
indica que a zona em estudo do centro a periferia, é constituída por rochas com baixa amplitude
gravimétrica, variando de - 96 mGal a – 93,5 mGal representada por cor azul (areias de Kalahari,
areias grosseiras de Calonda, argilitos e sedimentos de cratera), enquanto que as zonas de cor verde e
vermelha representam rochas com amplitude gravimétrica intermédias entre – 93 mGal a - 90,5 mGal
(sedimentos de cratera, kimberlito, granitos) a altas entre – 90 mGal a – 86 mGal (granitos e
gneisses), respetivamente.
5.4 AMOSTRAGEM

Todo projeto de prospeção mineral ou mapeamento geológico desenvolve-se por etapas que se
justificam por meio de resultados obtidos a partir de amostras, sejam elas espécimes físicos (rocha,
minério, sedimento de drenagem, concentrado de bateia, água, rejeito de mina), dados estatísticos
(medidas estruturais, teores químicos e geoquímicos, medidas geofísicas, percentagens de composição
mineralógica, entre outros) ou informações qualitativas (descrições de regiões, afloramentos e
amostras).

A amostra é uma parte representativa de um volume e o objetivo final da amostragem é a


determinação de um parâmetro de qualidade, ou atributo, dentro de uma população: teores
geoquímicos, mineralogia, humidade, porosidade, densidade, suscetibilidade magnética, e assim por
diante.

A amostragem pode ser feita em diferentes meios:

 Sedimentos ativos de corrente (SAD)


 Concentrado de minerais pesados
 Solo
 Rochas

5.4.1 MÉTODO MINERALÓGICO

O método mineralógico aplica-se para os fluxos de dispersão mineralógicos aluviais, o mesmo


consiste na amostragem sistemática dos depósitos friáveis, com objetivo de fazer a descoberta onde se
encontram enriquecidos em minerais pesados.

Utiliza se tanto para procura de jazigos primários como secundários, jazigos de placers

Para atingir este duplo objetivo, o método tem a seguintes operações:

• A recolha das amostras mineralógicas

• Beneficiação da amostra (obtenção do concentrado)

• Investigação das amostras


• Generalização dos resultados.

Durante os nossos trabalhos as amostras foram recolhidas no leito dos principais rios que cortam a
área de concessão e seus afluentes. A presença de cascalho é identificada a partir de uma sonda com
aproximadamente 2 m de altura, em quase todos os pontos de amostragem o cascalho foi encontrado a
partir de 1,5 m de profundidade. Para se retirar o material, são abertas sanjas com até 1,5 m3 em que
20 l de amostra são retirados, (figura 31). O material retirado nos principais pontos de acumulação dos
rios era bastante heterogéneo variando de cascalho à areia grossa.

Figura 31 Escavação de um poço para a recolha de amostras


próximo de um canal fluvial para avaliação de ocorrência de
minerais indicadores em um dos pontos dentro da área de estudo.

Depois de retirado o material era diluído nos casos em que havia muita argila e de seguida peneirado
na fração de 5,0 mm para o caso da lavagem na bateia ou nas frações de 5,0 mm até 1,0 mm da
“peneira brasileira”. (Figura 32)

O material com tamanho superior a 5,0 mm é analisado e descartado. Após a lavagem obtemos um
concentrado geralmente entre 300 e 350 g, esse concentrado é examinado com a lupa binocular e
posteriormente embalado em sacos de plástico.
Figura 32 Tratamento de amostras, a esquerda com a bateia e a direita com peneira granulométrica

Praticamente em todas as amostras de sedimentos concentrados recolhidas na bacia do rio Musse nas
partes oeste e sul do território estudado e analisadas até o presente momento foram detetados minerais
indicadores de kimberlito: piropos, picroilmenitas, cromitas, cujas concentrações de grãos, varia de
dezenas às centenas de sinais por amostra. Os grãos dos minerais indicadores caracterizam-se por alto
grau de conservação, o que testemunha a pequena distância do transporte e pequeno afastamento dos
alvos que os continham. O mesmo testemunha a variedade dos tamanhos de crivo dos grãos dos
minerais indicadores de kimberlitos encontrados nas amostras de sedimentos concentrados.

Na parte leste do território estudado, na bacia do rio Gango e seus afluentes esquerdos, os minerais da
génese kimberlítica foram encontrados nas amostras do aluvião do rio Catelenque e seus afluentes.
Com isso, a integridade dos minerais da génese kimberlítica, os seus parâmetros quantitativos e a sua
granulometria testemunham a alta probabilidade da descoberta de chaminés kimberlíticas na bacia do
referido rio. Os pontos de amostragem representados no mapa, (figura 33) são resultado do uso da
peneira e da bateia. Como pode notar-se, são equipamentos básicos para a prospeção de kimberlitos e
por seu intermédio, pode-se identificar a presença de minerais satélites transportados nos rios por
vários quilómetros desde a sua fonte.
Legenda

Amostras com alto índice de minerais indicadores


Amostras com baixo índice de minerais indicadores
Amostra sem minerais indicadores
Corpos kimberlílicos

Figura 33 Mapa dos pontos de amostragem (Concedida por Catoca)

5.4.2 AMOSTRAS DE SOLO

Produto de transformação in situ da rocha mãe, o solo é um meio amostral que reflete mais
diretamente, depois da própria litologia, o substrato geológico.

As amostras de solo foram recolhidas em uma área de 5 km2 que foi definida com base em anomalias
magnéticas, foi definida uma malha de amostragem de 100 x 100 m em que as amostras foram
retiradas até a profundidade de 20 cm com um volume de 10 l cada uma. A área foi dividida em cinco
blocos, cada um com 1000 x 1000 m, ao todo foram recolhidas quinhentas amostras. É de salientar
que nas amostras estudadas, os minerais satélites mais comuns foram a Cromita e a Ilminite
magnesiana.

Temos disponíveis apenas dados de dois dos cinco blocos em que foram feitos a amostragem,
nomeadamente o bloco 47 e 48.
Figura 34 Mapa de contorno de amostras de solo, bloco 47 (Concedida por Catoca)

Os principais minerais indicadores de rochas kimberlíticas neste bloco são Cromitas e Ilminites, com
maior quantidade de satélite, temos as Cromitas na amostra (47/4/500).

Satélites com boa qualidade temos a amostra (47/7/400), com alto grau de integridade, o que significa
que terão sofrido pouco transporte. Salienta-se que estes satélites são tipicamente de rochas
kimberlíticas, previsão de ocorrência Kimberlítica nesta área é positiva.
Figura 35 Mapa de contorno de amostra de solo, bloco 48 (Concedida por Catoca)

Segundo o mapa dos resultados obtidos, pode-se concluir a possibilidade de ocorrência Kimberlítica
nesta área.

As Cromitas, sobretudo, das amostras (4/300; 5/200; 6/200,300,400; 7/300,400,500; 8/300,400,) são
tipicamente de rochas kimberlíticas de onde em princípio derivam.

Para a obtenção do concentrado, as amostras são submetidas a um processo bastante rigoroso com o
objetivo de se separar os minerais leves que vêm acompanhados dos minerais satélites do kimberlito.
O tratamento da amostra é feita geralmente a beira do canal mais próximo as malhas, são usadas
peneiras de 1 e 2 milímetros e bateia de concentração.

5.4.3 AMOSTRAGEM DE ROCHAS

A amostragem litológica constitui um método direto de investigação que geralmente é aplicada


posteriormente aos métodos indiretos ou geofísicos, que são mais expeditos e podem cobrir grandes
áreas em pouco tempo; estes são os primeiros a serem aplicados e servem para orientação da
amostragem geológica.

As amostras de rochas podem ser obtidas a partir de furos de sondagem, coletas em trabalhos de
campo através de exposição superficial. As amostras obtidas em furos de sondagem apresentam maior
grau de sanidade possível. Em geral devem ser bem conservadas de maneira a garantir suas
características originais e posteriormente levadas ao laboratório para análises petrográficas
(macroscópicas e microscópicas), que permitem identificar a natureza ou tipo de rocha, os minerais
presentes e suas inter-relações, o grau de alteração, o estado microfissural dos cristais, e sua
granulação e textura.

Após o processamento e interpretação dos dados resultantes dos Levantamentos geofísicos, fez-se a
seleção da anomalia (Loraley) para sondagem, com a finalidade de se comprovar a intrusão
Kimberlítica.

Os trabalhos de sondagem realizaram-se com o objetivo de se obter informações sobre a geologia


interna do kimberlito, avaliar o seu potencial (macro e micro diamantes) e delimitar o corpo.
Para a realização dos trabalhos de sondagem do corpo kimberlítico Loraley utilizou-se a sonda de
grande porte do tipo Sondeq SS35N. Esta sonda utiliza um sistema de rotação que consiste na injeção
da lama pela coluna de perfuração e a recuperação das amostras em forma de testemunhos através do
sistema wire-line.

Figura 36 Equipamentos de perfuração (Concedida por Catoca)

Foram feitos 5 furos com um diâmetro de 224 mm perfazendo um volume total de perfuração de 610
m. A profundidade máxima atingida foi de 132 m no poço 2. O sexto poço foi perfurado a fim de se
estudar e amostrar a chaminé kimberlítica К-5.

No total foram recolhidas e enviadas para o tratamento na lavaria do Departamento de Geologia da


SM de Catoca, 82 amostras de sondagem.

A quantidade da amostragem da chaminé Loreley constituiu 69 amostras de testemunho de sondagem.


Figura 37 Mapa local mostrando a chaminé kimberlítica de Loraley. Os pontos
vermelhos representam ocorrências kimberlíticas (Concedida por Catoca)

Segundo os resultados de levantamento geofísicos terrestres feitos ao longo da chaminé Loraley, fez –
se a constituição das formações geológicas, sendo que ela apresentava uma capacidade de areias com
uma espessura de 10 a 40 m. Na parte superior da cratera observa – se sedimentos preservados de
fácies vulcano-sedimentares a profundidades de 150 m, sendo que a sua distribuição diminui do
centro a periferia.

Ao redor do corpo kimberlítico, em direção norte-sul, existem zonas de perturbações tectónicas fixas.
E sobrepõem-se camadas de areias em rochas metamórficas do tipo granito – gneisses, que
representam a parte basal. O mapa abaixo representa as formações geológicas aflorantes da chaminé
kimberlítica de Loraley, que constitui o maior alvo de estudo durantes os trabalhos de prospeção.

Figura 38 Representação em mapa dos pontos de medição do método elétrico e as linhas de perfis N-S e E-W.
A zona amarela no mapa representa as areias da formação Kalahari e as areias grosseiras da formação Calonda,
e a zona azul representa os sedimentos de cratera (Concedida por Catoca)
O corte geológico abaixo representado demonstra a ordem dos eventos deposionais e a intrusão
kimberlítica. Da base ao topo, observamos o corpo kimberlitico, sendo que encaixam-se a ele rochas
do tipo granito e gneisse; sobrepõem – se os sedimentos de cratera e argilitos, as areias grosseiras da
formação Calonda e as areias da formação Kalahari.

Figura 39 Secção geológica de Loraley segundo dados de perfuração (Concedida por Catoca)
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

 Afloram dentro da concessão rochas antigas do Complexo Charnoquitico e do


Complexo Basal Indiferenciado do Arcaico, agrupando-se em gneisses, xistos
anfiboliticos, quartzitos, plagiogneisses, tonalitos, plagiomigmatitos, enderbitos
e charnoquitos do Grupo Inferior e gneisses bimicáceos, xistos bimicáceos,
plagiogneisses, e quartzitos do Grupo Superior. Aforam também xistos
argilosos, conglomerados, grés e quartzitos (do Grupo Luana) e unidades do
Grupo dos granitos híper alcalinos da Lunda; conglomerados, grés, siltitos,
grauvaques, xistos micáceos, itabiritos (do Grupo Oendolongo), arcoses, xistos
argilosos, grés (do Grupo Xisto-Gresoso Indiferenciado), tilitos, conglomerados,
grés, argilitos, xistos argilosos (do Grupo Lutoe), sendo elas do Neoproterozoico
ao Carbónico, respetivamente. Do Albiano ao Pliocénico afloram grés, arcoses,
conglomerados, argilitos da Formação Calonda e rochas silicificadas,
conglomerados, grés, areias e argilas da Formação Kalahari.

 As chaminés kimberlíticas localizadas na área em estudo estão diretamente


relacionadas a zonas de falhas tectónicas profundas, sendo que estas se
instalaram no Cretácico Inferior.

 Praticamente em todas as amostras de sedimentos concentrados recolhidas na


bacia do rio Musse nas partes oeste e sul do território estudado e analisadas até o
presente momento foram detetados minerais indicadores de Kimberlitos:
piropos, picroilmenites, cromitas, cujas concentrações variam dos primeiros
grãos a centenas e milhares de sinais por amostra. Os grãos dos minerais
indicadores caracterizam-se por alto grau de integridade, o que testemunha a
pequena distância do transporte e pequeno afastamento dos alvos que os
continham. O mesmo testemunha variedade dos tamanhos de crivo dos grãos
dos minerais indicadores de kimberlitos encontrados nas amostras de sedimentos
concentrados. Na parte leste do território estudado, na bacia do rio Gango e seus
afluentes esquerdos, os minerais da génese kimberlítica foram encontrados nas
amostras do aluvião do rio Catelenque e seus afluentes. Com isso, a integridade
dos minerais da génese kimberlítica, os seus parâmetros quantitativos e a sua
granulometria testemunham a alta probabilidade da descoberta de chaminés
kimberlíticas na bacia do referido rio.

 Durante os trabalhos de prospeção fora encontradas várias chaminés, dentre elas


foram feitas amostragens em duas delas, a chaminé Tchandongo localizada a 16
km da chaminé Loraley e uma outra chaminé localizada à 3 km da Loraley, das
amostras recolhidas nesses dois novos corpos kimberlíticos, apenas uma
apresentou resultados positivos.

 Segundo os resultados da amostragem de sedimentos foram traçadas 5 áreas


locais de 2-5 km2 prometedoras para a prospeção de chaminés kimberlíticas.
CONCLUSÕES

 As técnicas que foram definidas para prospeção de corpos kimberlíticos na Concessão


Gango basearam-se nos seguintes métodos:
1. Levantamento geológico com o objetivo de se obter informações preliminares da área
em estudo através de levantamentos aerofotogramétricos.

2. Levantamentos aerogeofísicos em que os métodos utilizados foram o método


eletromagnético e magnético em que os resultados obtidos foram mapas de anomalias
eletromagnéticas e magnéticas respetivamente.

3. Levantamentos geofísicos terrestres em que foram utilizados os métodos de


caminhamento de dipolo indutivo com o objetivo de se determinar a condutividade do
corpo kimberlítico e das rochas adjacentes e o método gravimétrico em que se
determinou a profundidade do jazigo e a espessura da cobertura sedimentar.

4. Método mineralógico em que durante o processo de amostragem, os principais


minerais indicadores de kimberlito encontrados foi o Piropo, Ilminite, Diopsido e
Cromite.

 Encontraram-se ainda depósitos primários dentro da concessão Gango na zona do


Cariango, na comuna de Ndandi Iambinga, a Oeste do rio Musse, nos vales do rio
Musse, nos vales do rio Cuanza a Oeste da comuna do Mussingi e a Sul da comuna do
Quienha.

 Os resultados dos trabalhos geofísicos realizados pelas companhias Xcalibur e


Geotechonologies foram bastante similares, sendo de 100 % e 99,7 %,
respetivamente, de qualidades requeridas apesar de terem sido usados equipamentos
diferentes.
RECOMENDAÇÕES

 Para realização do programa de trabalho de prospeção de corpos kimberlitos na


província de Kwanza Sul, é necessário adquirir uma lavaria geológica com a
capacidade suficiente para realizar o programa traçado dos trabalhos geológicos.
Sendo que, realização dos trabalhos planificados de acabamento do estudo das
ocorrências primárias e aluviais de depósitos minerais pode acelerar substancialmente
a obtenção de um resultado final positivo.

 Uma nova análise no uso de duas tecnologias porque apesar dos resultados da área de
teste terem sido considerados positivos, a Geotechnologies foi apresentando contínuos
erros nos requisitos propostos durante os levantamentos o que pode de alguma
maneira resultar na omissão de alguma informação importante.

 Os critérios de recolhas de amostras nos leitos dos rios e seus tributários devem ser
revistos pois muito facilmente podem se cometer erros de avaliação dos depósitos
pela falta de precisão na recolha das amostras.

 Requerer-se-á para os trabalhos posteriores a se realizarem área da Concessão Gango


Quitubia, um especialista em estudos de avaliação ambiental, para acompanhamento
das atividades e aplicação de princípios proteção ambiental.
AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Deus todo-poderoso, nossa fonte de vida, por ser nosso guia, protetor, fonte de
inspiração e por nos ter zelado durante toda a caminhada académica.

Aos nossos familiares pelo Amor, apoio incondicional, compreensão e companheirismo.

Ao Departamento de Geologia da Faculdade de Ciências na pessoa do Doutor António Olímpio


Gonçalves e a todo corpo Docente pelos ensinamentos transmitidos, aconselhamentos e excelente
convivência ao longo dos anos na universidade e aos nossos tutores, Dr Efrén Diaz Rodriguez e Alain
Carballo Peña

A direção da empresa Catoca Angola pelo excelente estágio que nos proporcionaram para a realização
do nosso Projeto de Tese na pessoa do Eng° Tinta Vunda, Eng° Queirós Assis, Eng° Augusto Sazanga
e a todos os funcionários que durante os 4 meses de estágio conviveram connosco, ensinaram-nos e
capacitaram-nos para um futuro que agora começa.

Aos nossos amigos e colegas da faculdade pelo apoio, companheirismo e excelente convivência, bem
como a todos que de forma direta ou indireta contribuíram para a realização deste trabalho.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Cedro (Coromandel,MG).
 Andrade, K.W., 2012: Belo Horizonte, Química de minerais indicadores e de
intrusões kimberlíticas com ênfase na província diamantífera serra da canastra MG.
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Agueev, Y.L, Polskoi, F.R., Khódirev, V.L. e Kondratiev, A.I., 1992: Geologia de
Angola, Notícia explicativa da carta geológica à escala 1:1000.000. Serviços
Geológicos de Angola, p. 29-69.
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 Gallas, J.D., Métodos Potenciais, Manual de geofísica.
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 http://www.geologo.com.br/geogem.asp
 http://www.csr.ufmg.br/geoprocessamento/publicacoes/intimagem.pdf
 http://www.ordemengenheiros.pt/fotos/dossier_artigo/22032012_lchambel_19754826
314f707d3b44709.pdf
 http://www.moodle.ufba.br/course/category.php?id=131
 http://www.kwanzasul.gov.ao/
 http://info-angola.com/
 http://www.envi.combr/sensor/satelites/terra/modis.html

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