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UNIVERSIDADE AGOSTINHO NETO

FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE LÍNGUA E LITERATURAS EM LÍNGUA PORTUGUESA

ANÁLISE DOS RECURSOS NÃO-MORFOLÓGICOS NA


FORMAÇÃO DE PALAVRAS DA OBRA MAYOBE DE PEPETELA

Elaborado por: Edneia Manuel Carinhique


Docente: Jordão Caculo
ANÁLISE RECURSOS NÃO-MORFOLÓGICOS NA FORMAÇÃO
DE PALAVRAS DA OBRA MAYOBE DE PEPETELA

Elaborado por: Edneia Manuel Carinhique


Docente: Jordão Caculo
INDICE
0.INTRODUÇÃO......................................................................................................... 04

I. VIDA E OBRA DO AUTOR................................................................................... 05

II. RESUMO DA OBRA.............................................................................................. 06

III. CONSTITUIÇÃO DO CORPUS.. ...................................................................... 08

3.1. Análise e interpretação dos dados........................................................................ 09

CONCLUSÃO............ .................................................................................................. 14

BIBLIOGRAFIA...................... ................................................................................... 15
1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho, apresenta alguns recursos não-morfológicos de formação de


palavras na obra literária Mayombe de Pepetela. Este trabalho tem como objetivo,
apresentar as palavras encontradas e fazer a análise de cada uma delas. Os recursos não-
morfológicos de formação de criação de palavras que geralmente não obedecem normas
gramaticais da escrita, este fenómeno é muito utilizado em obras literárias com o
objetivo de deixar a leitura da obra mais animada.

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CAPÍTULO I-VIDA E OBRA DO AUTOR

Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, mais conhecido por Pepetela, nasceu
aos 29 de Outubro de 1941, na cidade de Benguela, Angola. Fez o ensino primário e
parte secundária em Benguela e finalizou o secundário em Argel. Foi guerrilheiro do
MPLA e professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda e tem sido dirigente de
associações culturais. Em 1997, ganhou o prémio Camões da literatura.

Pepetela foi um dos primeiros escritores africanos a ter a sua obra na lista das
leituras obrigatórias da fundação universitária para o vestibulário da universidade de
São Paulo, e a sua obra Mayombe rendeu-lhe o prémio nacional de literatura de Angola
em 2016. Faz parte da associação cultural Chá de Caxinde, ganhou o Prémio Camões
em 1997, prémio que fez com que ganhasse um lugar de destaque na literatura lusófona.

Pepetela é autor de várias obras, algumas delas são:

 As Aventuras de Ngunga-1972
 Muana Puó-1978
 O cão e os Caluandas-1985
 Yaka-1985
 Lueji, o nascimento de um império-1990
 A Geração da Utopia-1992
 O Desejo de Kianda-1995
 Parábola do Cágado Velho-1997
 A Montanha da Água Lilás-2000
 O Quase Fim do Mundo-2008
 O Tímido e as Mulheres-2013

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CAPÍTULO II- RESUMO DA OBRA

Mayombe é um romance publicado em 1980, por Pepetela no período da guerra


da literatura de Angola na época o autor era um guerrilheiro do MPLA. Esta obra retrata
o quotidiano dos revolucionários angolanos na guerra as forças portuguesas trazendo à
tona as suas dúvidas, contradições, medos e convicções daquilo que eles queriam. Os
bravos guerrilheiros retratados por Pepetela instalaram-se no interior do vasto Mayombe
que é a maior floresta de Angola, lutando por uma Angola melhor. A distância de tudo,
os bravos guerrilheiros procuram superar as suas diferenças e os seus medos, lutando
por uma Angola unificada culturalmente livre da opressão e da colonização dos
portugueses.

A obra Mayombe é composta por cinco capítulos, o primeiro capítulo, fala sobre
a missão que retrata como era a vida dos guerrilheiros dentro da mata, e o esforço que
muitos deles faziam na guerra, retrata também, sobre o primeiro ataque por eles feito
onde mantiveram como reféns alguns civis que trabalhavam para os portugueses.

O segundo capítulo intitulado a Base, narra a vivência dos guerrilheiros na base,


os treinos, o atraso da chegada dos mantimentos, adaptação das comunas como
alimento, a chegada dos novos guerrilheiros, o tribalismo que reinava entre eles e
algumas intrigas que reinava entre os guerrilheiros para destruir a amizade entre Sem
Medo (O comandante) e o João seu amigo que era o comissário da base.

O terceiro capítulo, Ondina, retrata a traição de Ondina (Uma mulher linda,


esbelta e muito sensual) proveniente de Luanda que traiu o João com o André (o
responsável de Dolise, a cidade que mantinha a base), neste capítulo o André perde o
seu cargo de responsável que passa para o Sem Medo que cai também nas garras da
sensual Ondina e acaba por se apaixonar por ela.

O quarto capítulo, A Surucucu, retrata o falso alarme de ataque da base, neste


capítulo o Sem Medo é obrigado a deixar a Ondina e reunir, um grupo de civis para o
ajudar numa embuscada de libertação e chegando no local, descobrem que foi um falso
alarme, Teoria, o professor tinha sido atacado por uma Surucucu fez um disparo e Wevu
que era novo na base disparou um falso alarme à Dolise.

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O quinto capítulo, A Moreira, retrata o último ataque da história da obra onde
Sem Medo participou e foi neste ataque onde ele acabou por perder a vida ao salvar o
seu amigo Comissário e Sem Medo foi enterrado no Mayombe por ser o local onde ele
gostava de estar, ai ele se insolava dos seus pesadelos.

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CAPÍTULO III - CONSTITUIÇÃO DO CORPUS

1 Marxistas 11 Quadros
2 Politização 12 Mujimbos
3 UPA 13 Muceques
4 MPLA 14 Gramavas
5 AKA 15 Buala
6 Transmontanos 16 Ça-Vá
7 Nzambi 17 Póquer
8 Comunas 18 Kimbo
9 Cabanas 19 De acordo, de acordo.
10 Quadros 20 Teleguiado

3.1. Análise e interpretação dos dados.

1-Marxistas.

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A expressão Marxista, de acordo os recursos nã-morflógicos na formação de
palavras, e uma Eponímia. O nome surge das teorias de Karls Mark, que era um
defensor do socialismo. In Mayombe, Pepetela, Pag 25.

Fernando na escola marxista, guardou das sua classe de origem uma boa de
anticomunismo. In Mayombe, Pepetela, Pag 25.

2- Politização.

A expressão politização, segundo os recursos não-morfológicos na formação de


palavras, é uma análgma . Politização é a junção dos termos política+acção, que
significa pôr os seus planos políticos em acção, que neste contexto significa convencer
os homens a lutar.

Não só. Com As duas coisas. Com as armas e com a politização. In Mayombe,
Pepetela, Pag 29.

3- UPA.

A expressão UPA, de acordo os recursos não-morfológico na formação de


palavras é um acrónimo. UPA – União dos povos angolanos, era uma tropa.

Que íamos fazer “Disparar sobre ele e mata-lo” como faz a UPA. In Mayombe,
Pepetela, Pag 33.

4- MPLA

A expressão MPLA, de acordo com os recursos não-morfológicos na formação


de palavra é uma sigla. MPLA- Movimento Popular de Libertação de Angola.

E eu fugi de Angola com a mãe. Era um miúdo, fui para Kinshasa. Depois vim
para o MPLA, chamado pelo meu tio, que era dirigente. In Mayombe, Pepetela, Pag 35

5- AKA.

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A expressão AKA, de acordo com os recursos não-morfológicos na formação de
palavras é um Acrómico e, significa Automatic Kalashni Kov, a AKA é uma arma de
fabrico russo utilizada pelas tropas do mundo todo.

Esquecera onde estava o corpo não se fazia sentir sobre os cotovelos dormentes,
as mãos encravadas na AKA, os olhos teimosamente fixos na estrada, no princípio da
curva. In Mayombe, Pepetela, Pag 51.

6- Transmontanos.

A expressão Transmontanos, de acordo com os recursos não-morfológicos de


formação de palavras, é Análgma formada pela junção de termos, trás-os-montes, que
significa para lá dos montes.

E os outros minhatos ou transmontanos disparavam raivosamente e para o


cobrir. In Mayombe, Pepetela, Pag 53.

7- Nzambi.

A expressão Nzambi, de acordo com os recursos não-morfológicos de formação


de palavras, é Empréstimo Directo das línguas bantos e muito utilizada pelos povos
Kimbundos e CôCkwe.

É esta a injustiça a que assistimos, sem poder fazer nada. Quando mudará isto>
Oh, Nzambi, quando mudará. In Mayombe, Pepetela, Pag 55.

8- Cabanas.

A expressão Cabanas, segundo os recursos não-morfológicos na formação de


palavras é um Empréstimo Directo de Kimbundo que significa casotas, estas casotas
geralmente são feitas de barro e com teto de capim.

Os paus mortos das paredes criaram raízes e agarraram-se à terra e as cabanas


tornaram-se fortalezas. In Mayombe, Pepetela, Pag 96.

9- comunas.
10
A expressão Comunas, de acordo com os recursos não-morfológicos na
formação de palavras , é uma extensão semântica . Comunas neste contexto retratado na
obra são frutas, mas o termo tem outro significado. Comunas são pequenas vilarejas.

As “comunas” eram alimentícias, tinham óleos e proteínas, davam energia, por


isso se chamavam “comunas”. In Mayombe, Pepetela, Pag 100.

10- Makas.

A expressão Makas, de acordo com os recursos não-morfológicos na formação


de palavras, é um Empréstimo do quimbundo que significa problemas.

Isso dizes tu! Mas os guerrilheiros já estão a falar, a dizer que há makas entre
nós, que o comando está dividido. In Mayombe, Pepetela, Pag 111.

11- Quadros.

A expressão Quadros, de acordo com os recursos não-morfológicos na


formação de palavras é uma extensão semântica, neste contexto os quadros retratados
são pessoas formadas e com um grau de escolaridade elevado. In Mayombe, Pepetela.

Os quadros do movimento estão impregnados de religiosidade, seja católica,


seja protestante. In Mayombe, Pepetela, Pag 111.

12- Mujimbo.

A expressão Mujimbo, de acordo com os recursos não-morfológicos, na


formação de palavra é um empréstimo directo do quimbundo e do côckwe que significa
Notícia.

Trago um mujimbo. O camarada comandante é a pessoa mais capaz de resolver


esse caso. In Mayombe, Pepetela, Pag 136.

13- Muceque.

A expressão Muceque, de acordo com os recursos não-morfológicos na


formação na formação de palavras é um Empréstimo do quimbundo que significa baiiro
periférico.

Queria percorrer o muceque à procura dela. In Mayombe, Pepetela, Pag 146.

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14- Gramava.

A expressão Gramava, de acordo com os recursos não-morfológicos na


formação de palavras é uma extensão semântica. O termo gramar é utilizado em vários
contextos como, por exemplo; o Marcos gramou telefone do seu irmão; O Marcos
roubou o telefone do seu irmão; O Marcos estava a gramar aquela moça; O Marcos
estava a conquistar aquela moça.

Não me explicaste uma coisa, comandante. Se compreendi bem, a Lili sempre


gostou de ti. Mas então porque se convenceu que gramava o outro. In Mayombe,
Pepetela, Pag 150.

15- Buala.

A expressão Buala, de acordo com os recursos não-morfológicos, na formação


de palavras é um Empréstimo do quimbundo, buala é uma pequena povoação também
conhecida por, sanzala ou kimbo.

Nós, os citadinos, que somos pretos por fora. Olha um congolês que apanhou a
mulher em flagrante aí numa buala pero a fronteira, exigiu o pagamento pela ofensa,
claro. In Mayombe, Pepetela, Pag 197.

16- Ça Vá.

A expressão Ça Vá, de acordo com os recursos não-morfológicos, na formação


de palavras é um Empréstimo directo de francês que é uma forma de cumprimento, Ça
Vá, está bem, estás bem.

Ça Vá, camaradas- perguntou sem medo. In Mayombe, Pepetela, Pag 206.

17- Póquer.

A expressão Póquer, de acordo com os recursos não-morfológicos de formação


de palavras, é um Empréstimo da língua inglesa, póquer é um jogo de mesa.

Há homens que vencem no póquer embora percam dinheiro. In Mayombe,


Pepetela, Pag 2014.

18-kimbo.

12
A expressão kimbo, de acordo com os recursos não-morfológicos da formação
de palavras é um empréstimo da língua quimbundo que significa povoação.

Vim ter com vocês. Quero trabalhar no movimento. Saí do kimbo ontem de
manhã, cheguei ao Congo sem problemas. In Mayombe, Pepetela, Pag 231.

19- De acordo, de acordo.

A expressão De acordo, de acordo. De acordo com os recursos não-


morfológicos da formação de palavras é um redobro. Redobro é multiplicação de
termos.

De acordo, de acordo- cortou sem medo. Não metralhes mais, pareces uma
mulher que conheci que dispara duzentas palavras por minuto. In Mayombe, Pepetela,
Pag 73.

20- Teleguiado.

A expressão Teleguiado, de acordo com o recurso não-morfológicos na criação


de palavras é Análagma, teleguiando é uma junção de termos,
telepatia+guia=teleguiado, que significa orientação feita por gestos telepáticos, muitas
vezes representado por meio de gestos.

O comissário, virou-lhe as costas e afastou-se, para a base. Mundo Novo apertou


os punhos para não gritar. Teleguiado, murmurou entre dentes. In Mayombe, Pepetela,
Pag 231.

CONCLUSÃO

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Feita a leitura da obra Mayombe de Pepetela e análise das expressões
encontradas, concluiu-se que enquanto houver contacto entre as culturas (Línguas)
haverá sempre variações na língua local, e análise sobre os recursos não-morfológicos
de formação de palavras na obra, o fenómeno mais encontrado foi o empréstimo,
proveniente do quimbundu, côckwe, inglês e francês.

E muitas das palavras que fazem parte do léxico português são enriquecidas por
empréstimo que entram direto e indiretamente em contacto com a língua portuguesa
ganhando novas excepções.

BIBLIOGRAFIA
14
Pepetela, Mayombe, Texto Editores, Luanda, 1980

Vilalva, Alina (2008) Morfologia do português, Universidade, Lisboa

CAMACHO, Alfredo, TAVARES, António,Dicionário da Língua Portuguesa,


Plátano Editora

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