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O Eu Psicológico PDF
O Eu Psicológico PDF
Tema 4
O eu psicológico
“Só se podia olhar a Medusa através de um espelho e, portanto (Atenas) lhe presenteou (a Perseu) um escudo
produzido para tal façanha. Perseu o poliu até que o escudo não só cumpria a função que lhe era própria senão que
também servia de espelho.” – V.M. Galeno, sobre a batalha entre Perseu e Medusa (Mitología Griega – p.336)
Vamos estudar neste tema o que é o ego, como e onde ele se expressa e o trabalho para a
sua eliminação.
Como já foi dito, dentro da psicologia gnóstica chamamos de ego ao conjunto de defeitos
psicológicos, complexos, traumas, medos, fobias, vícios, etc. que temos dentro de nós.
O ego está constituído por diversos “eus” psicológicos. Em geral, as pessoas possuem cerca
de 3% de essência livre e os 97% restantes da essência estão dentro dos diferentes eus
psicológicos.
Nas distintas tradições, os heróis, semideuses e sábios são aqueles indivíduos que se lançam
nessa batalha de morte contra si mesmos.
Os eus são entidades vivas dentro de nós (porque possuem vida, ou essência, dentro de si),
cada um com a sua forma de pensar, de sentir, de atuar, que tem afinidade com um tipo de
evento e até com determinadas pessoas (existem lugares que frequentamos e pessoas com
quem interagimos apenas quando um determinado eu está se expressando).
Cada eu é como uma cápsula do tempo, que no momento que é acionada projeta as suas
memórias, medos e expectativas sobre o evento, levando a pessoa a reviver experiências do
passado, no lugar do que ela realmente está vivendo no instante.
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Assim, por exemplo, se uma criança, aos 8 anos de idade, teve que fazer uma apresentação
diante da turma da escola e sentiu pânico, insegurança e medo, essa experiência fica
encapsulada como um eu, que não amadurece com as demais experiências do indivíduo, de
tal maneira que, mesmo na idade adulta, quando se deparar com o mesmo tipo de evento e
for fazer uma apresentação, a personalidade dessa pessoa aciona aquele mesmo eu e entra
nessa experiência como se tivesse novamente 8 anos de idade, sentindo toda insegurança
que sentiu no passado, mesmo que hoje seja uma pessoa segura de si.
Orgulho
• Arrogância (prepotência, sentimento de superioridade)
• Auto-importância (preocupação com o que os outros pensam)
• Vaidade (necessidade de chamar a atenção para si, ser notado)
• Baixa autoestima (sentir-se incapaz ou que não é merecedor)
• Mentira (para que não nos julguem ou que não nos critiquem)
Ira
• Agressividade (quando as coisas não saem como esperado)
• Reclamação (ofender, agredir com palavras)
• Vingança (para que as pessoas “sintam o que estou sentindo”)
• Impaciência (se irritar porque as coisas não saem no seu tempo)
• Ironia (ferir com sutileza)
Preguiça
• Desordem (falta de higiene, de si, da casa, nas suas coisas)
• Procrastinação (adiar compromissos de forma irracional)
• Conformismo (apatia, não se importar com o que lhe faz mal)
• Negligência (não cumprir com as responsabilidades que assume)
• Impontualidade (atrasar-se com frequência)
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Luxúria
• Conquistador (prazer ao fazer outras pessoas se apaixonarem)
• Fetiche sexual (desvio do fluxo natural da energia criadora)
• Exibicionismo (necessidade de atrair a atenção sexualmente)
• Ciúmes (medo de que a pessoa que amamos busque outra)
• Puritanismo (aversão ao sexo, como algo sujo, pecaminoso)
Gula
• Exagero (excessos ao comer, beber ou fazer algo agradável)
• Vícios (bebida, cigarro, drogas, jogos, novela, série...)
• Acumulação (querer ter mais do que necessita)
• Colecionador (um tipo de acumulação específica, refinada)
• Ansiedade (ânsia por novidade, por anestesiar-se, distrair-se)
Inveja
• Comparação (querer o que o outro tem – gera competividade)
• “Inveja branca” (toda inveja é ruim e prejudicial)
• Crítica (geralmente o eu que critica sente algum tipo de inveja)
• Hipocrisia (dissimular, fingir, para que não o descubram)
• Traição (enganar ou fazer o que for preciso para ter o que quer)
Cobiça
• Consumismo (necessidade de compensar frustrações)
• Ânsia por poder (desejo de mandar nos outros, ser obedecido)
• Apego (fixação por coisas em que se identifica muito)
• Materialismo espiritual (cobiçar poderes psíquicos)
• Idolatria (identificação com um personagem, artista, marca, etc.)
Estes são apenas alguns exemplos, para que tenhamos uma vaga ideia. Como diz o poeta
Virgílio: “Nossos defeitos são tantos que nem que tivéssemos mil línguas e palato de aço,
conseguiríamos enumerá-los”.
A primeira coisa para começar a trabalhar sobre si é ter a firme resolução de querer mudar.
Para isso, é essencial que a pessoa mude a percepção de si mesma no sentido de
compreender que dentro dela existem muitas pessoas, ou eus psicológicos.
Quem começa a se auto-observar é porque se deu conta que precisa sair do piloto-
automático, para então despertar e corrigir-se.
Cada vez que a pessoa percebe a presença de uma reação impulsiva, baseada em um padrão
inconsciente, é sinal que aquilo é um eu.
Ao perceber o eu se expressando, é fundamental não se identificar com ele, recordar de si
mesmo e sentir profundamente que não quer mais seguir permitindo que esse eu siga
crescendo, causando-nos sofrimento.
Então, ao não querer mais aquilo, utilizamos uma prática chamada morte em marcha:
invocamos mentalmente o poder de nossa Divina Mãe Devi Kundalini e entregamos a ela
esse eu, pedindo a sua morte, com palavras simples, que saem do coração (por exemplo:
“Minha Mãe, desintegra esse defeito, elimina isso de dentro de mim”).
Nossa Mãe Divina é a presença sagrada do Eterno Feminino dentro de nós. Assim como
nosso corpo possui um pai e uma mãe, nossa alma também tem um Pai Interno e uma Mãe
Divina, que lhe protegem e guiam, em todas as existências.
Todas as tradições iniciáticas da antiguidade adoraram à Mãe Divina, sob a forma de Maria,
Stella Maris, Parvati, Maha Lakshmi, Durga, Atenas, Rea, Tonanztin, Ísis, etc. – ou seja, a
expressão do fogo espiritual a que os hindus chamam de Devi Kundalini Shakti e os judeus,
Shekinah.
Em nossa Mãe Divina se encontra a síntese máxima da sabedoria, amor e poder e só ela
possui o poder para desintegrar nossos eus psicológicos.
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