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20/07/2020 Tempestades nas madrugadas aumentam risco de deslizamentos e desabamentos em BH - Gerais - Estado de Minas

Tempestades
nas madrugadas
aumentam risco de
deslizamentos e
desabamentos em
BH
Início de março atípico concentra temporais em BH entre a 0h e as 6h,
período em que moradores estão mais vulneráveis em áreas de risco
e no qual é menor a mobilização do próprio poder público

Guilherme Paranaiba (https://www.em.com.br/busca?autor=Guilherme Paranaiba)

postado em 09/03/2018 06:00 / atualizado em 09/03/2018 07:56

Deslizamento de barranco e desabamento de muro deixaram exposta uma casa em via lateral à
Avenida Antônio Carlos, causando interdição do imóvel pela Defesa Civil
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)

O mês de março surpreende moradores de Belo Horizonte com um padrão de


temporais que expõe autoridades e população a uma ameaça extra. Em metade
dos oito primeiros dias do mês, a Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil de
Belo Horizonte registrou temporais significativos nas madrugadas, da 0h às 6h,
intervalo considerado crítico. A precipitação concentrada nesse período varia
entre 23% e 68% de toda a chuva nas regionais da cidade de 1º a 8 de março
(veja quadro).

Essa situação, somada ao acúmulo de chuvas que vem desde fevereiro, liga o
alerta na cidade. Por um lado, a repetição das precipitações encharca o solo,
deixando instáveis as encostas, e representa uma ameaça para muros com
problemas de drenagem. Por outro, as tempestades da madrugada podem pegar

https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2018/03/09/interna_gerais,942896/tempestades-nas-madrugadas-aumentam-risco-e-medo-de-morador… 1/5
20/07/2020 Tempestades nas madrugadas aumentam risco de deslizamentos e desabamentos em BH - Gerais - Estado de Minas

desprevenidos moradores de áreas de risco para deslizamentos e


desabamentos, aumentando consideravelmente o risco de danos humanos em
um momento em que o próprio poder público está menos mobilizado. Segundo
a Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel), só nas áreas de vilas e
favelas de BH há 1,5 mil imóveis nessa situação.

Ontem, temporais voltaram a castigar a capital na madrugada pelo segundo dia


seguido, assustando moradores de diferentes regiões. A Defesa Civil registrou
dois deslizamentos de encostas, no Anel Rodoviário e na Avenida Antônio
Carlos, e dois desabamentos de muro, nos bairros Jardim São José e Manacás
(Região da Pampulha). Na Antônio Carlos, o deslizamento da encosta levou
também parte de um muro que dividia a casa do motorista Rafael Soares
Mendes, de 34 anos, do barranco da alça de acesso ao Viaduto República do
Congo, no Bairro São Cristóvão, Região Noroeste.

Rafael sentiu na pele o risco das chuvas da madrugada quando estava dormindo
ontem, por volta das 4h, e escutou um barulho estranho. Quando percebeu, o
muro desceu junto com um bloco de terra que desmoronou até a alça de acesso
ao elevado. “Além do barulho do muro, escutei um homem gritando. Ele foi
soterrado e pediu ajuda”, afirma o motorista. Segundo o Corpo de Bombeiros,
um homem e uma mulher, que seriam moradores de rua, foram socorridos
após o incidente. Eles ocupavam um barraco improvisado bem abaixo do muro.
A mulher já tinha saído dos escombros, com escoriações, quando os militares
chegaram. Já o homem sofreu cortes na cabeça e teve suspeita de fratura no
braço direito. Os dois foram levados ao Hospital João XXIII.

Sem o muro e com o deslizamento, a casa de Rafael ficou bem perto do


barranco, aumentando o perigo para ele, a mulher, o filho e a sogra, que
moram no imóvel. “Se o barranco puxa minha casa poderia ter sido uma
tragédia. Quando você está dormindo não tem como correr, então poderia ter
sido muito pior”, afirma Rafael, que foi para a casa da mãe, já que seu imóvel
foi completamente interditado. Além da casa de Rafael, a Defesa Civil interditou
totalmente outra casa e parcialmente um terceiro imóvel, todos próximos no
alto do barranco.

O coronel Alexandre Lucas, subsecretário de Proteção e Defesa Civil de BH,


destaca que o perfil das chuvas que Belo Horizonte está experimentando em
fevereiro e março liga o alerta para possibilidades de desastres. “O acúmulo de
água no solo e a deficiência nos sistemas de drenagem de muros aumentam o
risco de deslizamentos e desabamentos”, diz ele. Nesse contexto, a ocorrência
maior de chuvas na madrugada é mais um fator que pode transformar uma
ocorrência em tragédia. “Como as pessoas estão dormindo, elas não têm
capacidade de avaliar e perceber o risco. Em caso de deslizamento, a
possibilidade de danos humanos é muito grande”, afirma.

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No Anel Rodoviário, encosta desmoronou e pista marginal precisou ser interditada até limpeza
completa da via
(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)

A principal orientação neste período de chuvas intensas é que as pessoas


deixem imóveis em situação de risco na cidade. A atenção deve ser especial com
o aparecimento de fendas, depressões no terreno, rachaduras em paredes e
movimentações gerais do terreno. Em BH, há áreas de risco em todas as
regionais, conforme Alexandre Lucas, com destaque para endereços como a
região das ruas Sustenido, Veraldo Lambertucci, Oliem Bonfim Guimarães e
Renê Renault, no Bairro São Lucas; Vila Chaves, na Região Noroeste; e uma área
denominada Grotão, no Bairro Havaí, Oeste de BH.

METEOROLOGIA A concentração de temporais nas madrugadas não é um


fenômeno tão comum para o mês de março, segundo o meteorologista da
Defesa Civil Dayan Diniz de Carvalho. Porém, as condições típicas do verão,
como alta energia na atmosfera e fluxo de umidade, favorecem a formação de
nuvens de chuva, que pode ocorrer a qualquer hora do dia. “Esse acúmulo de
energia ocorreu nos últimos dias ao longo de toda a tarde e por isso reuniu
condições para as chuvas de noite e nas madrugadas”, afirma. No caso dos
últimos dois dias, condições específicas de Belo Horizonte, como a topografia,
podem ter influenciado, conforme o meteorologista.

Na quarta-feira, por exemplo, por volta das 19h o céu estava estrelado. Mas a
partir das 20h30, um sistema de nuvens que vinha de Catas Altas (Região
Central) ganhou força devido às condições meteorológicas. “Essas nuvens
muitas vezes permanecem na atmosfera e se desgarram do sistema principal,
ganhando energia e por isso coincidentemente provocaram chuvas na
madrugada ao passar pela Serra do Curral”, acrescenta Dayan. Ainda segundo o
meteorologista, o perfil se mantém hoje e no fim de semana, com predomínio
de sol e calor, mas com a possibilidade de chuvas típicas do verão, inclusive
nessa madrugada. As chuvas devem aparecer de forma moderada a forte, de
curta duração e localizadas em pontos específicos.

Enquanto isso...

...Alertas via celular

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20/07/2020 Tempestades nas madrugadas aumentam risco de deslizamentos e desabamentos em BH - Gerais - Estado de Minas

Uma das apostas da Subsecretaria de Proteção e Defesa Civil de Belo Horizonte


para tentar alertar em tempo real a ocorrência de chuvas, principalmente para
moradores de áreas de risco, é o uso das redes sociais. O órgão tem perfis no
Telegram, com 1.608 usuários, no Facebook, com 18.738 seguidores e no
Twitter, com 74.828. Além disso, conta com um cadastro para envio direto de
mensagens via SMS para 1.344 moradores de áreas de risco. As atualizações
ocorrem em tempo real e alertam sobre temporais e possibilidade de granizo,
alagamentos e outros problemas relacionados à chuva. Em março, o órgão já
registrou 249 solicitações em BH por motivos diversos, com destaque para
trincas com infiltrações (27), risco de destruição ou desabamento de muro (19),
risco ou ameaça de deslizamentos (18), risco de queda de árvores (17) e
alagamentos (17).

De olho no céu

Chuva em março em BH, por regional, até as 6h de quinta-feira (valores entre


parênteses indicam percentual em relação à média histórica)

Barreiro    174mm    (106%)


Centro-Sul    199,7mm    (122%)
Leste    196,8mm    (120%)
Nordeste    197,2mm    (121%)
Noroeste    196,6mm    (120%)
Norte    141,6mm    (87%)
Oeste    242,8mm    (149%)
Pampulha    117,2mm    (72%)
Venda Nova    114,4mm    (70%)

Média histórica:     163,5mm

Chuva nas madrugadas (entre a 0h e as 6h) de março, por região,  até 6h de


ontem (entre parênteses, percentual em relação à precipitação total na região):

Barreiro    52,4mm     (29,88%)


Centro Sul    78,8mm    (39,45%)
Leste    80mm    (40,65%)
Nordeste    95,2mm    (48,27%)
Noroeste    46,8mm    (23,80%)
Norte    91,6mm    (64,68%)
Oeste    97,8mm    (40,28%)
Pampulha    73,2mm    (62,45%)
Venda Nova    78mm    (68,18%)

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