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Teoria da

burocracia
Diferentemente das demais Teorias da Administração, a Teoria da Burocracia é um
conceito póstumo, já que foi desenvolvida antes de 1920, ano do falecimento do sociólogo
alemão Max Weber, mas seus escritos somente foram localizados e
disseminados após a década de 1940 (CHIAVENATO, 2014a).

[...] segundo o conceito popular, a burocracia é entendida como uma organização em que
o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo soluções rápidas ou eficientes. O termo
também é empregado com o sentido de apego dos funcionários aos regulamentos e às
rotinas, causando ineficiência à organização. O leigo passou a dar o nome de
burocracia aos defeitos do sistema (disfunções), e não ao sistema em si
mesmo. (CHIAVENATO 2014a, p. 262)
Para Weber, “burocracia é a organização eficiente por excelência. Para conseguir eficiência,
a burocracia explica nos mínimos detalhes como as coisas devem ser feitas.
Segundo Max Weber, a burocracia tem as características a seguir” (CHIAVENATO, 2014a, p.
262-266):

1. Caráter legal das normas e regulamentos: estabelecido previamente e por escrito,


abrange todas as áreas da organização e presume que tudo é baseado em uma legislação
própria que define antecipadamente como a organização burocrática deve funcionar, e
considera-se legal porque aceita que os meios coercitivos devem ser capazes de impor
disciplina. Então, a burocracia é uma estrutura social, legalmente organizada;

2. Caráter formal das comunicações: necessariamente, se escreve e tem regras.


Decisões e ações administrativas são formuladas e registradas por escrito; para
proporcionarem comprovação, documentação e clareza na interpretação unívoca, sendo
repetitivas e contínuas, a burocracia utiliza rotinas e formulários para facilitar a
comunicação. Então, a burocracia é uma estrutura social formalmente
organizada;
3. Caráter racional e divisão do trabalho: é sistemática e garante a racionalidade
quanto à eficiência em relação aos objetivos a serem atingidos, e também é empregada
na atribuição de cargos, em que cada membro tem funções específicas, competências e
responsabilidades bem delimitadas, pois cada um deve saber qual a sua tarefa, sua
capacidade de comando e seus limites de tarefa para não os ultrapassar e interferir na
competência alheia. Então, a burocracia é uma estrutura social racionalmente
organizada;

4. Impessoalidade nas relações: a distribuição de atividades não é feita em função


das pessoas, mas sim dos ocupantes dos cargos e das funções, então, o poder é impessoal
e deriva do cargo que o participante ocupa, assim como a obediência do subordinado, que
é impessoal e em função do cargo e não da pessoa, afinal, as pessoas vêm e vão, mas os
cargos permanecem. Então, a burocracia é uma estrutura social impessoalmente
organizada;
5. Hierarquia de autoridade: todos os cargos estão em uma estrutura hierárquica,
em que cada um deles é subordinado a um cargo superior, pois a autoridade é inerente
ao cargo e deve reduzir o atrito ao mínimo, utilizando contato oficial quanto às regras
da organização, para proteger os subordinados da arbitrariedade dos superiores, pois as
ações de todos seguem as mesmas regras. Então, a burocracia é uma estrutura
social hierarquicamente organizada;

6. Rotinas e procedimentos padronizados: as regras definem o que todos dentro


da organização devem fazer. As atividades de cada cargo são desempenhadas conforme
os padrões definidos para cada nível hierárquico, em relação aos objetivos da
organização, facilitando a avaliação do desempenho de cada um para a máxima
produtividade. Então, a burocracia fixa as regras e as normas técnicas para o
desempenho de cada cargo;
7. Competência técnica e meritocracia: as pessoas são selecionadas, admitidas,
transferidas e promovidas a partir de critérios de avaliação e classificação racionais e
universais que consideram a competência, o mérito e a capacidade do funcionário, razão
pela qual aplica métodos seletivos como exames, concursos, testes e títulos. Então, a
burocracia é uma organização que escolhe as pessoas pelo mérito e pela
competência técnica;

8. Especialização da administração: o dirigente não é, necessariamente, o dono do


negócio ou grande acionista, mas um profissional especializado na administração,
afastando o capitalista da gestão dos negócios; os meios de produção são de propriedade
do burocrata, e os funcionários não podem vender, comprar ou herdar sua posição ou
cargo. Então, a burocracia é uma organização que se baseia na separação entre
a propriedade e a administração;
9. Profissionalização dos participantes: na burocracia, cada funcionário:

(i) é profissional especialista nas atividades do seu cargo;

(ii) recebe salários correspondentes ao cargo que ocupa e deve ser sua única fonte de
renda;

(iii) é ocupante de cargo porque é sua principal atividade na organização e deve tomar
todo o seu tempo de permanência nela;

(iv) é nomeado pelo superior hierárquico, que é o responsável pelas decisões relacionadas
aos seus subordinados;

(v) tem mandato por tempo indeterminado;

(vi) segue carreira dentro da organização, porque, à medida que demonstra mérito,
capacidade e competência, pode ser promovido a cargos superiores e fazer do seu
trabalho a sua própria carreira;
(vii)
não possui a propriedade dos meios de produção e de administração,
somente as utiliza;

(viii) é fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa porque defende os


interesses do cargo e da organização em detrimento dos demais interesses; e

(ix) o administrador profissional tende a controlar cada vez mais as burocracias.

Então, a burocracia é uma organização caracterizada pela


profissionalização de seus participantes;
10. Completa previsibilidade do funcionamento: todos os funcionários devem se
comportar de acordo com as normas e regulamentos para que se atinja a máxima
eficiência possível, porque tudo é estabelecido para prever, antecipadamente, as
ocorrências e, assim, rotinizar sua execução e garantir a máxima eficiência do sistema.
Então, na burocracia, a consequência desejada é a previsibilidade do
comportamento de seus membros.
Acompanhe agora o que o autor fala sobre as disfunções da burocracia. Para Chiavenato
(2014a, p. 268-273), a racionalidade weberiana implica adequação dos meios aos fins
para se conseguir a eficiência máxima, ou seja, “os meios mais eficientes são escolhidos
para a implementação das metas”. Mas o modelo somente trata das metas
organizacionais, pois a impessoalidade e a racionalidade impedem a
organização de considerar as necessidades de seus membros.

Também o próprio Weber já se preocupava com a questão de que nem todos dentro da
empresa seguem as regras como se deve, e alguns ocupantes de cargos de chefia podem
indicar e nomear subordinados por questões pessoais e emotivas, podendo chegar a (ou
herdar) cargos de diretores e até de presidentes. Weber também já observava que
líderes informais poderiam influenciar psicologicamente o comportamento dos
funcionários no sentido de reforçar o compromisso abstrato com as regras da
organização, o que pode levar à arbitrariedade.
Veja na Figura abaixo um confronto entre as características e as disfunções da
burocracia. As disfunções da burocracia podem ser entendidas como anomalias de
funcionamento em razão de consequências imprevistas.
Características e disfunções da burocracia

Veja na Figura 3.5 um confronto entre as características e as


disfunções da
burocracia. As disfunções da burocracia podem ser entendidas
como anomalias de
funcionamento em razão de consequências imprevistas.
Observe que as disfunções da burocracia podem levar as pessoas a
internalizar as normas como verdades amplas, praticarem excesso de
formalismo e serem presas a papelório e, ainda, a desenvolverem
resistência às mudanças. No ambiente pode acontecer a despersonalização e a
categorização do relacionamento entre os membros da organização e a
superconformidade dos procedimentos. As pessoas podem ainda exibir sinais de
exercício de autoridade fora dos limites, e o modelo ainda pode levar à dificuldade
para lidar com o atendimento das necessidades dos clientes (CHIAVENATO, 2014a).

Chiavenato esclarece que: “[...] as causas das disfunções da burocracia residem no fato
de que a burocracia não leva em conta a chamada organização informal
que existe em todo tipo de organização humana, nem se preocupa com a
variabilidade humana (diferenças individuais entre as pessoas) que
introduz variações no desempenho das atividades organizacionais. Em face
da exigência de controle que norteia toda a atividade organizacional é que surgem as
consequências imprevistas da burocracia.” (CHIAVENATO, 2014a, p. 272),
Modelo burocrático de Weber
Mapa mental da Teoria da Burocracia

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