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Faculdade iteana de Botucatu

Curso de Administração e Eng. de produção

Trabalho da EBCO

Trabalho da disciplina EBCO apresentado ao Curso


de Administração da faculdade Iteana de Botucatu
(FAIB) como pré-requisito parcial obrigatório para a
obtenção do título de bacharel em Administração e
Engenharia de produção.

Lucas Pires Gonçalves França


Everton Ribeiro
A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na
racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos pretendidos, a fim de
garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos’.
O crescente tamanho e complexidade das organizações exigia modelos mais
bem definidos de gestão. Os engenheiros e administradores no alto da pirâmide e os
operários na base, fazendo tarefas específicas, dirigidos e controlados. Max Weber
dizia: “um homem pode ser pago para agir e se comportar de certa maneira
preestabelecida, a qual lhe deve ser explicada exatamente, muito minuciosamente e,
em hipótese alguma, permitindo que suas emoções interfiram no seu desempenho”.
Além disso a Teoria da Burocracia desenvolveu-se em função da fragilidade e
parcialidade tanto da Teoria Clássica e da das Relações Humanas, oponentes e
contraditórias entre si, mas sem uma abordagem global, integrada e envolvente dos
problemas organizacionais além da necessidade de um modelo de organização
racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas, bem como o
comportamento dos membros dela participantes, e aplicável a todas as formas de
organização humana.

Max Weber considerava que o sistema moderno de produção tem origem em um


novo conjunto de normas morais, denominadas por ele de ética protestante, que entre
outros aspectos via a burocracia como forma de organização. Weber, porém, não
procurou defender um modelo de organização. Na verdade, procurou ordenar pontos
comuns à maioria delas, caracterizando a burocracia como algo completamente
impessoal, com regras bem definidas, deixando as pessoas em segundo plano e dando
ênfase ao processo de autoridade-subordinação.

Segundo Weber, a burocracia não é um sistema social, mas um tipo de poder.


Por isso, para entendê-la, ele procurou estudar os tipos de sociedade e os tipos de
autoridade. Vemos a seguir aos tipos de autoridade estudados por Weber.
1.Carismática: A obediência tem sua origem na “devoção” ao líder por parte dos
comandados, que aceitam as ordens como legítimas, porque veem na figura do líder
qualidades que lhe dão credibilidade e o fazem ser admirado. A autoridade está na
própria pessoa do líder, não tendo base racional e não podendo ser delegada nem
transferida para outra pessoa por nenhum meio, como a herança. A imagem de líder
carismático está normalmente associada à imagem do líder social, político ou religioso.
2.Tradicional: A obediência tem sua origem no respeito dos comandados às
orientações que passam de gerações a gerações, crendo nas tradições que existem há
muitos anos e na legitimidade dos que herdaram ou são indicados para exercer a
autoridade. Sua legitimação está diretamente ligada à confiança na maneira tradicional
de agir, segundo os usos e costumes. Esse tipo de poder também não é racional,
podendo ser herdado por alguém. Sua imagem está normalmente associada ao pai de
família, ao rei etc.
3.Legal, racional ou burocrática: A obediência tem sua origem no respeito dos
comandados à crença no direito de dar ordens que a figura da autoridade possui. Esse
direito é limitado e estabelecido por normas aceitas pelos comandados, que as veem
como legítimas e lhes.
Weber não considerou a burocracia como um sistema social, mas principalmente
como um tipo de poder. O leigo passou a dar o nome de burocracia aos defeitos do
sistema e não ao sistema em si mesmo. Mas para Weber é a organização eficiente por
excelência. E para conseguir isso precisa prever antecipadamente e nos mínimos
detalhes como as coisas deverão ser feitas. Para tanto houve a necessidade da
implementação de algumas propostas tais como:
1.Divisão de trabalho. Os trabalhos são divididos em tarefas simples, rotineiras e bem
definidas. Isso propicia agilidade e especificidade na produção.
2.Hierarquia de autoridade. Os cargos ou postos são organizados em uma hierarquia,
sendo cada um dos postos inferiores controlado e supervisionado por um mais elevado.
3.Seleção formal. Todos os membros da organização serão selecionados com base em
qualificações técnicas demonstradas por treinamento, educação ou exame formal.
4.Regras e regulamentos formais. Para garantir uniformidade e regulamentar as ações
dos funcionários, os gerentes devem recorrer constantemente à regras organizacionais
formais.
5.Impessoalidade. Regras e controles são uniformemente aplicados, evitando-se
envolvimento com as personalidades e preferências pessoais dos funcionários.
6.Orientação de carreira. Os gerentes são funcionários profissionais e não proprietários
das unidades que administram. Trabalham em troca de salários fixos e seguem suas
carreiras dentro da organização.
7. Completa previsibilidade de comportamento.
8.Carater formal das comunicações.
9. Especialização da administração, onde os administradores não são donos da
empresa.
Cada estrutura empresarial irá adequar a implantação desses requisitos às
próprias condições de operação.
A burocracia não é um conceito exclusivo das empresas. É uma forma de
organização baseada na racionalidade, que procura atingir metas com a maior
eficiência possível por meio da melhor adequação dos meios aos objetivos
estabelecidos. A burocracia existe há muito tempo, mas o modo como a vemos hoje,
como base do sistema moderno de produção, tem suas origens nas mudanças
religiosas ocorridas após o Renascimento. O proprietário do meio de produção não
necessariamente é o gestor da empresa, havendo meritocracia e divisão das funções
por capacidade passa então o gestor não necessariamente também sendo o
proprietário do meio de produção e sim parte da força de trabalho.
Vantagens Da Burocracia
Entre as vantagens observadas na execução da teoria burocrática de Weber
estão:
• Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos das organizações
• Rapidez nas decisões, pois cada um conhece o que deve ser
feito e por quem
• Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorecem a
padronização
• Precisão na definição do cargo e na operação pelo
conhecimento exato dos deveres
• Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação
• Continuidade da organização por meio de substituição do
pessoal, se necessário.
Disfunções do modelo de Weber
Robert K. Merton passou a diagnosticar e caracterizar as disfunções do modelo
burocrático weberiano e notou que, em lugar da máxima eficiência pretendida, tais
disfunções levavam à ineficiência da organização. Essas disfunções são:
1. Despersonalização do relacionamento entre os participantes;
2. Internalização das diretrizes;
3. Uso da categorização como técnica do processo decisório;
4. Excesso de formalismo e de papelada;
5. Exibição de sinais de autoridade;
6. Alta conformidade em relação às regras e regulamentos da organização;
7. Propensão dos participantes a se defenderem de pressões externas;
8. Resistências a mudanças;
9. Dificuldade no atendimento a clientes e conflitos com o público.
Consequências do Modelo de Weber
Por conta do excesso de formalismo tornou-se sinônimo de ineficiência devido
ao excesso de regas que atrasavam a fluidez dos processos. Junto a isso os
funcionários acabavam por se limitar apenas a cumprir as regas não havendo qualquer
esforço de origem própria.
Críticas sobre a teoria da burocracia
No início da década de 1940, para muitas organizações e estudiosos
a burocracia idealizada por weber parecia ter a máxima eficiência. Na prática as
tarefas são monótonas, mecanicistas e podem ter consequências imprevistas.
Dessa forma a teoria burocrática de weber não ficou isenta das críticas.
A Burocracia E A Autoridade
Um dos aspectos mais contundentes em relação à burocracia está
relacionado à autoridade. Os subalternos recebem as ordens de seus superiores,
por abraçarem com convicção a crença de que elas seguem, fielmente, todos os
procedimentos. Esta obediência não é vinculada a nenhuma pessoa, mas um
conjunto de regras que foi formalizado e aceito por todos por sua legitimidade.
Seus Críticos

Robert Merton
Sociólogo americano e professor da universidade de Columbia que analisou e
definiu as disfunções da burocracia.
De acordo com Merton não existe nenhuma organização totalmente racional.
Ao mesmo tempo, o formalismo não tem a profundidade e a eficiência descritas
por Weber. O excesso de formalismo, de documentos e de papéis conduz
a burocracia, fatalmente, para a ineficiência.
A crítica de Merton parte da exigência do controle rigoroso para que um
sistema burocrático apresente um resultado perfeito. Então, a burocracia exerce
uma forte pressão sobre o funcionário: no comportamento disciplinado e metódico. A
pressão vem pela exigência de um alto grau de confiança na conduta dos
profissionais.
A importância da disciplina também foi enfatizada por Merton. Ela só terá
efeito se estiver em conformidade com padrões estabelecidos que são sustentados
por sentimentos que comprovem o grau de dedicação dos funcionários em relação
ao trabalho burocrático. Então, a eficácia da burocracia depende das atitudes e dos
sentimentos impingidos às pessoas e apropriados para o seu funcionamento.
“ocorre, porém, que tais sentimentos inculcados tendem a se
intensificarem mais do que o necessário, diminuindo o número de
relações personalizadas, substituídas pelo apego excessivo às
exigências dos procedimentos burocráticos, estimulado pelo próprio
planejamento da vida burocrática, isto é, de uma carreira graduada,
caracterizada por promoções, pensões, reajustes salariais etc. Ao
funcionário cabe, portanto, a adaptação de pensamentos,
sentimentos e ações, com vistas às perspectivas oferecidas pela
carreira. Isto tende a estimular o seu conformismo, conservadorismo
e tecnicismo.”

Merton, robert k. Estrutura burocrática e personalidade. In: campos,


edmundo (org.). Sociologia da burocracia. Editora zahar. Edição 4ª. Rio de
janeiro, 1979 p. 107-124.

Merton salienta que os cientistas dão uma ênfase exagerada aos resultados
positivos e às funções da organização burocrática. Porém, não levaram em conta as
tensões internas das estruturas burocráticas. Na verdade, não existe uma
organização plenamente racional e o formalismo não tem a profundidade descrita
por Max Weber. Isto acontece porque o tipo ideal de burocracia sofre alterações por
ser operado pela organização informal (por pessoas).
Segundo Merton, o elemento humano ao participar da burocracia faz com que
toda a previsibilidade do comportamento, que deveria ser a maior consequência da
organização, escape do modelo ideal preestabelecido.

Philip Selznick

Selznick, foi professor de Direito e Sociologia em Berkeley e fez diversas


considerações sobre a Burocracia. Em suas críticas, Selznick demonstrou que
a Burocracia é adaptável, não é rígida e nem estática. Ela é adaptativa e dinâmica
por interagir com os ambientes: cede às pressões e exigências do Ambiente Externo
e do Ambiente Interno. Weber não considerou estes aspectos.
Desta maneira, a Burocracia não é tão rígida e perfeita como o
modelo Weberiano aponta como sendo o ideal. Uma organização não é um sistema
fechado e estável. Ela é uma estrutura social adaptativa, ou seja, as organizações
formais são moldadas e sujeitas às forças que fogem à sua estrutura racional.
A visão de Philip Selznick enfatizou aspectos não racionais das organizações.
Os erros atribuídos à Burocracia não são erros do conceito, mas, são consequências
do fracasso em burocratizar inadequadamente. A sua crítica apresenta formas pelas
quais a Burocracia acaba alcançando resultados indesejados.
Excessivo Racionalismo: por ser excessivamente racional não leva em conta
a natureza organizacional e condições ambientais nas quais está contida.
A Eficiência De Um Sistema Burocrático: a burocratização é útil até o ponto
em que traz eficiência e nem sempre a eficiência compensa a rigidez com que ela
está associada. Mas, o sistema só sobrevive se houver poucas exigências em
criatividade houver a submissão suficiente à Autoridade legítima, não houver
necessidade de identificação com as metas organizacionais, as exigências forem
claras e óbvias, não houver exigência de rapidez nas decisões, houver poucas
necessidades de mudanças.
Mecanicismo e limitações da “teoria da máquina”: o modelo weberiano aborda
a organização como se fosse uma máquina apenas para executar as tarefas.
Portanto, as limitações dessa característica (“teoria da máquina”) constroem um
sistema sem intercâmbio, que ignora os subsistemas e a organização informal.
A organização informal é indispensável e coexiste com a organização formal regida
pela delegação e pelo controle.
O conservantismo da burocracia: ela ignora o crescimento pessoal e a
personalidade do indivíduo gerando conformidade e corporativismo.
Segundo Selznick, a burocracia ignora a organização informal e não sabe resolver
conflitos entre grupos. Em geral, o sistema de autoridade e o controle são
ultrapassados não sabem como atuar diante do imprevisível. A comunicação e as
ideias criativas são bloqueadas ou distorcidas pela hierarquia. Desta forma, não
aproveita nenhum potencial humano por desconfiança ou medo e resiste às
mudanças e às tecnologias.
Numa organização burocratizada, quanto mais cargos, melhores as condições
de aumento do poder burocrático e, quanto mais organizações burocráticas, mais
satisfeitos ficam os burocratas.
Abordagem de sistema fechado: a burocracia não vê o contexto externo no
qual a organização atua, nem as mudanças no ambiente e seus reflexos nas formas
como outras organizações se comportam.
Abordagem descritiva e explicativa: ao contrário das teorias antecedentes,
a teoria da burocracia não orienta como o gestor deverá atuar. O modelo burocrático
preocupa-se em descrever e explicar para o gestor a maneira para trabalhar. Isto
significa que a teoria da burocracia é muito mais ampla: é descritiva e explicativa. É
mais abrangente por ser válida para as mais variadas formas de organização.
Considerações Finais

A teoria burocrática assim como todas as teorias administrativas é imperfeita. O


próprio Weber notou as fragilidades as quais sua teria era exposta as quais
enfrentavam um dilema típica. De um lado existem pressões exteriores de forças
exteriores para encorajar o burocrata a seguir outras normas diferentes das da
organização. De outro lado, o compromisso dos subordinados com as regras
burocráticas tende a se enfraquecer gradativamente. Tudo somado ao excesso de
formalismo na tentativa de controlar todo o processo fizeram da teoria burocrática uma
forma menos eficiente de produção.
Bibliografia
https://professorluizroberto.com/criticas-a-teoria-da-burocracia/http://
www.conei.sp.gov.br/burocracia.html
RIBEIRO, A. D. L. TEORIAS DA ADMINISTRAÇÃO. 3. ed. São Paulo:
SARAIVA, 2016. E-book.
BERNARDES, C. Teoria geral da administração. São Paulo: Saraiva, 2014. E-
book.

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