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Abstrato. O PIB era de US$ 738 per capita no Brasil e US$ 807 nos Estados Unidos em 1800, mas era de US$
4.854 no último em 1900 e na verdade caiu de US$ 738 no Brasil em 1913. Dotações de fatores relativos e
instituições, amplamente consideradas, são explicações tradicionais gêmeas para a extrema diversas taxas de
crescimento. Neste artigo, oferecemos uma análise complementar de estruturas políticas e econômicas específicas
para ajudar a explicar o sucesso e a persistência das restrições monopolistas no Brasil e o fracasso do mercantilismo
interno nos EUA Concluímos que
As instituições brasileiras proporcionaram um ambiente maduro e eficiente para o rent-seeking. Tais condições não
existiam nos Estados Unidos, fato que ajudou a produzir a vasta diferença de crescimento no século XIX.
1. Introdução
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Em meados do século XVII, a relativa indiferença exibida pela coroa inglesa para com as
colônias americanas chegou ao fim. Até então, a Inglaterra não considerava as colônias
americanas uma fonte de lucro líquido (ou aluguel) de oportunidades. A maioria das
colônias foi deixada em paz, o que permitiu o desenvolvimento de estruturas de
autogoverno e relações econômicas positivas entre os imigrantes que pensavam em ficar
e construir vidas. Os mercados emergentes das colônias americanas estavam
relativamente livres da interferência da coroa e da igreja. Consequentemente, as trocas
com fins lucrativos que melhoram o desempenho econômico se desenvolveram e
floresceram.
À medida que a importância econômica emergente das colônias americanas se tornou
aparente, a Inglaterra passou a impor políticas mercantilistas às colônias. Os Atos de
Navegação de 1650-1651 exigiam que a maior parte das importações e exportações
coloniais fossem embarcadas em navios de bandeira britânica. Leis adicionais de
navegação foram promulgadas e, em 1660, os requisitos incluíam navios de construção
inglesa (sob qualquer bandeira) e tripulações de pelo menos 75 por cento de cidadãos
ingleses. Os Atos de Navegação de 1663, 1673 e 1696 estenderam os Atos anteriores.
Todas as importações para as colônias tinham impostos ingleses e os funcionários da
alfândega tinham o direito de busca e apreensão. Em meados do século XVIII, os
britânicos tentaram impor um regime regulatório mercantilista às colônias americanas por
meio da aprovação de inúmeras outras
medidas.1 Não há dúvida de que o mercantilismo inibidor da competição foi a causa
raiz de tais políticas. Por exemplo, Ekelund e Tollison (1997: 88) identificam os interesses
rentistas por trás da aprovação da Lei do Chapéu (1732) e da Lei do Melaço (1733):
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O Brasil foi descoberto em 1500 por um cavaleiro da Ordem de Cristo, Pedro Álvarez
Cabral. Seguidores dos Cavaleiros Templários, a Ordem de Cristo já estava sob a
proteção de Portugal há quase dois séculos. Exploração de baixo nível, colonização
e determinação de fato dos direitos de propriedade (entre Espanha e Portugal)
ocorreram ao longo do século XVI e bem no século XVII. Foi nessa época que se
desenvolveu a principal (e altamente lucrativa) indústria brasileira, a produção de
açúcar, baseada na mão-de-obra fornecida pelos nativos escravizados. O ouro foi
descoberto em meados de 1600 e se tornou a segunda maior fonte de riqueza. A
produção de couro e carne bovina cresceu na segunda metade do século XVII, com
a expansão de enormes fazendas de gado. Um país pequeno, Portugal dependia
fortemente das receitas brasileiras para sustentar a coroa portuguesa e, para esse
fim, o aparato burocrático foi desenvolvido desde cedo para maximizar a extração de
renda. Em 1807, as tropas de Napoleão preparam-se para invadir Lisboa, porque
Portugal era aliado da Inglaterra e os seus portos eram uma brecha no bloqueio
continental imposto pela França. A coroa portuguesa, incluindo a rainha (Dona Maria
I), príncipe (Dom. João VI), membros da corte, burocratas e nobres – um total
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servido. Por exemplo, não havia requisitos de residência para titulares de cargos públicos.
De fato, cargos importantes no aparato de execução local (como juízes distritais, juízes de
apelação, chefes de polícia provinciais e governadores provinciais) foram preenchidos por
uma questão de política por pessoas de fora das jurisdições a que serviam. Ou seja, os
burocratas eram executores externos sem capital investido – na forma de interesses
comerciais pessoais ou familiares – nas províncias designadas que pudessem comprometer
seu interesse em fazer cumprir a política da coroa.9 Além disso, os burocratas eram
transferidos de um cargo público para outro relativamente rapidamente, para minimizar as
oportunidades de desenvolverem interesses comerciais ou pessoais no território para o qual
foram designados para fazer cumprir os regulamentos.10 Esse rápido movimento de
burocratas é ilustrado dramaticamente pelos números fornecidos por Carvalho (1980: 95),
que relata que entre 1831 e 1889, o mandato médio dos governadores provinciais era de
escassos 1,2 anos!11 Além disso, como mostra Carvalho, os mandatos tornaram-se
significativamente mais curtos no final do período (ver Tabela 1). Essa prática – que incluía
a rotação geográfica dentro das províncias no nível municipal – sem dúvida aumentava os
custos de informações e transações para possíveis trapaceiros e oportunistas. O efeito foi o
comportamento limitado de rent-seeking e oportunista em todos os níveis do governo.
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o estado poderia exercer influência sobre a igreja para obter assistência na aplicação de regulamentações
seculares (comerciais), enquanto o estado aplicava regulamentações não seculares.
A combinação de um regime regulatório repressivo que sufocava a competição no comércio junto com
uma religião patrocinada pelo Estado que eliminava impiedosamente toda a competição provou ser um
anátema para a imigração. Não surpreendentemente, portanto, em contraste com os Estados Unidos, o
Brasil sofreu ao longo do século XIX uma crítica falta de mão-de-obra qualificada para complementar os
outros fatores de produção de que desfrutava em abundância: terra e capital. Os números estão dizendo.
Entre 1820 e 1861, por exemplo, os Estados Unidos receberam cerca de 5 milhões de imigrantes,
enquanto o Brasil recebeu menos de 50 mil até 1850 (Costa, 1985). Mesmo permitindo outros 150.000
imigrantes entre 1851-60, a conclusão inevitável é que o Brasil recebeu aproximadamente 95% menos
imigrantes do que os Estados Unidos em um período comparável. De 1850 a 1857, o número médio
anual de imigrantes nos Estados Unidos foi de 377.494. No Brasil, o número médio anual de imigrantes
recebidos durante os anos de 1855-62 foi de 15.061 (Bastos, 1861).
As diferenças descritas anteriormente entre o Brasil e os Estados Unidos no que diz respeito às
instituições que facilitam o rent-seeking oferecem uma explicação convincente para um enigma que tem
atraído bastante atenção no cenário econômico.
literatura histórica: durante o século XIX, a economia do Brasil estagnou enquanto a economia dos
Estados Unidos registrou um crescimento impressionante.
Em 1800, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do Brasil era de US$ 738, enquanto o PIB per
capita dos Estados Unidos era de US$ 807, ambos em dólares de 1985. Abençoados com enormes
quantidades de recursos naturais inexplorados, ambos os países estavam prontos para um
desenvolvimento econômico explosivo. No entanto, partindo de situações mais ou menos iguais, os dois
países não avançaram da mesma forma. Para ter certeza, os EUA realmente desfrutaram de um
crescimento econômico dourado durante o século 19 – em 1913, o PIB real per capita nos EUA havia
subido para US$ 4.854. No entanto, o Brasil não apenas não desfrutou da mesma taxa de crescimento
econômico que os Estados Unidos, como também não experimentou nenhum crescimento econômico –
o PIB real per capita de fato caiu para US$ 700 em 1913 (Engerman e Sokoloff, 1997).13 Em termos
reais, o Brasil não só ficou para trás em relação aos Estados Unidos durante o século XIX, como também
ficou para trás em relação à sua própria posição no início do século.
Não faltam explicações para esse interessante fenômeno. Sociólogos e antropólogos culturais têm
enfatizado o domínio de uma “elite” dominante, o estado da burocracia, as diferenças religiosas, as
diferenças na ética do trabalho e outras características sociais, políticas e históricas para
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Notas
1. Essas medidas incluíam a Lei da Lã (1699), a Lei do Arroz (1705), a Lei da Moeda (1708), a
Lei da Recompensa (1705 e 1729), a Lei do Cobre e das Peles (1722), a Lei da Bolha
(1741 ), a Lei do Ferro (1750) e a Lei da Moeda (1751).
2. Norte et al. (2000) fornecem uma interpretação diferente do período pré-revolucionário. Eles
argumentam que “compromissos confiáveis” fornecidos pela legislação e pelo “federalismo”
existiam nos 100 anos anteriores à Guerra dos Sete Anos (1756-63). Eles descrevem esse
período como repleto de harmonia e estabilidade política, incluindo proteção dos direitos de
propriedade e liberdade religiosa (2000: 17–18 et passim). Infelizmente, esta visão ignora a
instabilidade política e os jogos rentistas que existiam entre colonos e governadores reais.
Norte e outros. também ignoram a importância dos problemas principal-agente descritos no
presente artigo, como fizeram em sua discussão sobre a Revolução Gloriosa (Wells e Wills,
2000).
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3. Havia dois outros 'tipos' de colônias: proprietárias e forais. Em 1682, a maioria das colónias tinha governos
proprietários, nos quais o proprietário (por exemplo, William Penn) nomeava o Governador, nomeação que tinha
de ser aprovada pela Coroa. Por sua vez, o Governador nomeava membros da câmara alta (conselho) da
legislatura colonial e os eleitores elegiam membros da câmara baixa (assembléia). Connecticut e Rhode Island
eram colônias charter, nas quais os eleitores elegiam o governador e os membros de ambas as casas da legislatura
colonial.
4. Essas áreas foram: Carolina do Sul, Carolina do Norte, Virgínia, Nova York, Nova Jersey, Long
Island, Massachusetts, New Hampshire e Maine.
5. A venda de patentes da nobreza não se limitava ao Brasil. A prática era comum, por exemplo, na Inglaterra, França
e Espanha, onde a venalidade absoluta era um dispositivo fiscal comum nos séculos XVI e XVII. Thompson (1979),
na sua avaliação da prática em Castela entre 1552 e 1700, assinala as dificuldades que a Coroa espanhola tinha
na fixação do preço das patentes. Essas vendas também deslocavam a carga tributária e geralmente redistribuíam
a renda dos pobres para os ricos.
6. O Conselho de Estado brasileiro compartilha algumas características com o “Conselho de Comércio” francês do
século XVIII. O Conselho francês, longe de ser pós-mercantilista ou pós-colbertista, era o centro do mercantilismo
interno e da “política industrial” (ver Schaeper, 1983).
7. Segundo Tavares Bastos (1870), jovem e contundente crítico do regime regulatório brasileiro, em 1870, a província
do Pará esperava há 14 anos a autorização para construir uma ponte, a província de Pernambuco esperava desde
1835 por um porto, e a província do Rio Grande do Sul esperava desde 1822 por uma infra-estrutura litorânea.
8. Indivíduos que serviram ao prazer do ministro das finanças preencheram todos os cargos financeiros importantes,
como tesoureiros provinciais. Assim, as assembléias provinciais brasileiras não tinham meios (financeiros) para
exercer pressão sobre os governadores provinciais para desobedecer às ordens do rei.
9. Para uma discussão mais aprofundada sobre o papel do crescimento doméstico na política, consulte Faith e Tollison
(1983).
10. Isso não significa, é claro, que os custos da burocracia e da redistribuição da riqueza por meio de interações com
grupos de interesse não fossem altos e crescentes no período que consideramos. Em um teste empírico separado
de causalidade, testamos se os gastos precederam ou ficaram atrás das receitas fiscais no período de 1823 a
1889. O primeiro sugeriria que todo o aparato da burocracia e o atendimento às demandas de grupos de interesse
tiveram custos crescentes durante o período. Embora os resultados sejam provisórios, usando dados de Ludwig
(1985), descobrimos que um modelo de gastos para impostos domina (em testes de causalidade de Granger
adequadamente ajustados). Isso sugere que, usando dados fiscais agregados, há alguma evidência de um
processo de transferência de riqueza no Brasil ao longo do período. Os resultados do teste estão disponíveis com
os autores.
11. Tullock (1974) discute a estratégia de rotacionar frequentemente membros da burocracia e militares como forma de
mitigar a erosão da lealdade ao rei (ou governante).
12. Maury publicou o panfleto A Amazônia e as costas atlânticas da América do Sul (1853) no qual reage ao monopólio,
referindo-se ao contrato de monopólio (por 30 anos) como uma “política miserável pela qual o Brasil se manteve
fechado, e continua a manter fechado, do homem – do homem cristão, civilizado, iluminado – use a porção mais
justa da terra de Deus” (Marchant, 1965: 108).
13. Para evidências consistentes dessa mudança nas circunstâncias econômicas relativas, consulte também
Maddison (1994, 1995) e Coatsworth (1993, 1998).
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14. Uma das explicações “sociológicas” comuns dos diferenciais de crescimento foi oferecida por Moog (1964),
que argumentou que os habitantes dos Estados Unidos eram pessoas trabalhadoras e tementes a Deus,
enquanto uma cultura de ociosidade e preguiça era endêmica entre os brasileiros. resposta Os americanos
vieram para ficar enquanto os brasileiros vieram para saquear. Ele observou (p. 92) que “há, é claro, uma
diferença fundamental de motivos na solução dos dois
países: um espírito inicialmente espiritual, prático e construtivo no desenvolvimento da América do Norte, e
um espírito predatório, extrativista e quase apenas secundariamente religioso no desenvolvimento do Brasil”.
Não contestamos essa caracterização. No entanto, questionamos a interpretação. (Ver também Ewbank,
1856: 184 et passim). A questão é se os brasileiros eram por natureza/personalidade inclinados à preguiça
enquanto os americanos eram inclinados ao trabalho árduo. Ou seja, essas diferenças em relação à vontade
de trabalhar duro eram inatas? Como mostramos, a estrutura institucional no Brasil durante grande parte do
século XIX era uma que tornava os retornos da atividade de busca de renda mais altos em relação à
atividade produtiva do que no caso da busca autointeressada dos americanos brasileiros por rendas
fornecidas pelo governo. exigia que perdessem tempo, porque perder tempo fazia parte do 'negócio' da
ostentação, que era o caminho para as subvenções, privilégios e favores do governo. Assim, acreditamos
que as diferenças nos padrões de ociosidade observados entre brasileiros e americanos ao longo do século
X foram consequência de ambientes institucionais radicalmente diferentes. Diferentes ambientes institucionais
e diferentes processos subjacentes à extração de renda, não diferenças inatas na propensão ao trabalho
duro, são consistentes com as diferenças observadas no que diz respeito à disposição para o trabalho e,
por sua vez, para o crescimento econômico (estagnação) que caracterizou o Estados Unidos (Brasil) durante
o século XIX.
15. Na verdade, Engerman e Sokoloff identificam três grandes tipos de economias. O tipo 1 incluía grandes
populações escravas e climas apropriados para açúcar, algodão e outras culturas com economias escalares
(os exemplos dados incluem Brasil, Jamaica, Cuba e, até certo ponto, o sul dos Estados Unidos); As
economias do tipo 2 tinham grandes populações indígenas com baixo capital humano (em vez de escravos),
mas os climas eram adequados para colheitas que exibiam economias de escala (exemplos são México e
Peru); O tipo 3 são aquelas economias com climas para cultivos com pouca ou nenhuma economia de
escala e mão de obra de ascendência européia (exemplos são os EUA ao norte de Chesapeake e Canadá).
Ver Engerman e Sokoloff, 2000: 272 et passim.
16. Norte et al. (2000: 48), talvez sem surpresa, desafiam a ênfase na dotação de recursos na América do Norte
e do Sul de Engerman e Sokoloff (1997: 2000). Eles argumentam que “os interesses políticos na
independência não eram apenas uma função de dotações, mas incluíam uma série de fatores econômicos
e políticos do império espanhol” (48). No entanto, North et al. negligenciar os problemas críticos principal-
agente no caso norte-americano e a capacidade de controlar o comportamento oportunista que ajuda a
explicar por que a economia brasileira vacilou tão dramaticamente no século XIX.
17. Uma integração da teoria neoclássica de dotação de recursos com uma visão neoinstitucionalista parece
logicamente inevitável se o crescimento deve ser explicado. Demsetz (1998) fornece uma base para tal
integração enfatizando uma interação entre direitos de propriedade e disponibilidade de recursos. Nos
primeiros períodos da humanidade, pelo menos no relato de Demsetz, as dotações de recursos são mais
importantes do que as “instituições” para explicar o crescimento. À medida que as instituições surgem
devido à escassez ou condições favoráveis ao comércio e à medida que amadurecem e são abandonadas,
elas se tornam parte de “um conjunto mais amplamente definido de dotações” (1998: 22).
Na abordagem de Demsetz, no entanto, os recursos (ou seja, considerações não institucionais) nunca
desaparecem da consideração na explicação do crescimento, uma vez que a mudança técnica ocorre ao
longo do tempo, assim como o surgimento de novos desejos (o que significa que novos recursos estão
sendo constantemente desenvolvidos e que conjuntos específicos de recursos mudança de valor).
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