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A onda de oscilação do tipo mais simples é a regular, possuindo um único valor de altura,
H, e período, T, sendo cada onda idêntica às outras. Se a onda tem uma altura muito reduzida
comparada com o seu comprimento aproxima-se bem de uma oscilação do nível d’água senoidal.
As ondas naturais no mar compreendem um espectro de períodos, rumos e alturas de
ondas. As ondas naturais são frequentemente descritas somente pela sua altura significativa, Hs, e
pelo seu período médio, Tz,.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
(a) e (b) A composição de dois trens de onda (mostrados em vermelho e azul) de comprimentos
ligeiramente diferentes (mas de mesma amplitude), formando grupos de ondas. (c) Trecho de
ondograma registrado com ondógrafo de ultra-som ao largo da Ilha da Moela em Santos (SP),
numa profundidade de 22 m no dia 18/01/80.
Assim, os dois trens de ondas interagem, cada um perdendo sua identidade individual,
combinando-se na formação de uma série de grupos de onda, separados por regiões quase
ausentes de agitação.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
NV
Calm
Calm 2%
1%
5%
5%
Palette
Palette
Above 2.5 Above 15
2 - 2.5 13 - 15
1.5 - 2 11 - 13
1 - 1.5 9 - 11
0.5 - 1 7- 9
0.25 - 0.5 5- 7
Below 0.25 Below 5
1.5.1.1 Generalidades
O empolamento e a refração são deformações sofridas pela onda e que ocorrem devido
à diminuição da profundidade e à batimetria que a mesma encontra ao propagar-se em direção
à costa.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
1.5.1.2 Empolamento
Teoria de Onda
Teoria Linear de Ondas Solitária
1.4
água água
profunda intermediária arrebenta
1.3
1.2
1.1
1.0
profundidade faz com que parte da frente de onda em água mais profunda tenha uma
celeridade maior do que a parte em água mais rasa, causando a tendência de a frente atingir a
praia paralelamente às curvas batimétricas. A este efeito de curvatura chamamos de refração.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
Assim, a onda refrata quando sua frente encontra isóbatas oblíquas à sua frente de
propagação, ou, genericamente, quando em uma mesma frente de onda encontram-se
profundidades diferentes.
A mudança de rumo pode ser assinalada pela curvatura das ortogonais, que são linhas
imaginárias perpendiculares às cristas da onda e estendem-se no rumo em que a onda avança.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
e costa
linha d
enseada
pontal
ortogonal
isóbata
Escala Gráfica
Ortogonais de onda com período de 7,7s e rumo de 135oNV em águas profundas incidindo na
região costeira sob influência da foz do Rio Itanhaém (SP). Desenho sobre foto aérea de 1997
HIDRÁULICA MARÍTIMA
Escala Gráfica
• Frentes de onda com período de 7,7s e rumo de 135oNV em águas profundas incidindo
na região costeira sob influência da foz do Rio Itanhaém (SP). Desenho sobre foto
aérea de 1997.
Escala Gráfica
Frentes e ortogonais de onda com período de 7,7s e rumo de 135oNV em águas profundas
incidindo na região costeira sob influência da foz do Rio Itanhaém (SP). Desenho sobre foto
aérea de 1997.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
I.6.2 Arrebentação
I.7 DIFRAÇÃO
(a)
(b)
(a) Difração das cristas das ondas. (b) Alturas das ondas – Porto de Praia Mole.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
I.8 REFLEXÃO
perfil planimétrico da
linha de costa corrente longitudinal
linha de arrebentação
corrente longitudinal
frente
II MARÉS E CORRENTES
(a)
(b)
(a) Maregrama previsto para o dia 20 de maio de 1947 no marégrafo de Torre Grande, Porto
de Santos (SP).
(b) Previsão de um dia completo da maré para o Porto de Natal (RN).
HIDRÁULICA MARÍTIMA
(a)
(b)
(a) Maré observada de 04 a 07/02/2000 no marégrafo instalado junto à última ponte do
Estuário do Rio Itanhaém (SP). Condição de sizígia.
(b) Maré observada de 11 a 14/02/2000 no marégrafo instalado junto à última ponte do
Estuário do Rio Itanhaém (SP). Condição de quadratura.
Correntes de maré
unidade m/s
Gráfico polar de correntes de maré nas proximidades de Ponta da Madeira na Baía de São
Marcos (MA), a 5 m de profundidade em maré de sizígia do dia 12/12/1977.
III.1 INTRODUÇÃO
A contínua ação dos movimentos do mar sobre a costa, que determina o clima de ondas e
a intensidade e direção das correntes varia em muitas escalas de tempo, desde segundos até
milênios. Também o suprimento de sedimentos é irregular no tempo e no espaço. Portanto, a
qualquer instante a formação e composição granulométrica da costa e do fundo do mar
apresentam um padrão complexo que tende para um equilíbrio dinâmico.
Assim, o equilíbrio das praias é, normalmente, um equilíbrio dinâmico, isto é grandes
quantidades de areia encontram-se normalmente em movimento, mas de tal forma que a
quantidade de material que entra numa área e intervalo de tempo dados é igual, em média, à
quantidade que dela sai no mesmo intervalo de tempo. A posição da linha média da costa é
relativamente estável por um período de meses ou anos, enquanto a posição instantânea sofre
oscilações de curto período.
As praias são erodidas, engordam ou permanecem estáveis dependendo do balanço entre
o volume de sedimentos suprido e disponível e o volume de sedimentos retirado pelo transporte,
resultante principalmente da ação de ondas e correntes nas direções longitudinal e transversal à
praia.
A área de interesse destes estudos está compreendida entre o ponto ao largo onde as
ondas em águas pouco profundas começam a movimentar os sedimentos do fundo e o limite em
terra dos processos marinhos ativos. Este último é usualmente definido por um campo de dunas
ou uma linha de rochedos.
As obras de Engenharia Costeira, alterando o regime natural de transporte de sedimentos,
rompem, em geral, o equilíbrio estabelecido num litoral, embora em todos os projetos procure-se
interferir minimamente na linha de costa estabelecida. Erosões ou assoreamentos excessivos
podem afetar a integridade estrutural ou a utilidade funcional de uma obra costeira.
Frequentemente a falta de material ocorre em algum local, como erosões indesejáveis em praias,
e em outros locais a superabundância de material pode ser problemática, como o assoreamento
de um canal navegável.
Assim, é indispensável a quem se ocupa de trabalhos marítimos conhecer, com
relativa precisão, o modo e a intensidade com que se processa o caminhamento das areias. Desta
forma, a escolha da solução mais adequada, tendo em vista atender um determinado objetivo,
será feita com maior segurança; bem como poderá evitar-se ou resolver-se com maior eficácia os
problemas resultantes da ruptura do equilíbrio dinâmico existente anteriormente à obra.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
Como exemplos do primeiro caso podem ser citados: a construção de uma barragem que
retenha sedimentos de um rio que desemboca a barlamar de uma costa, e, portanto, prive a
mesma do aporte de sedimentos; colocação periódica de areia diretamente na praia para engordá-
la. Exemplos do segundo e terceiro casos são, respectivamente: construção de um quebra-mar
destacado que intercepta a aproximação das ondas à praia, reduzindo consequentemente o
transporte de sedimentos ao longo da mesma e induzido pelas ondas; construção de um espigão
atravessando a zona de arrebentação e interrompendo diretamente as correntes ao longo da praia,
que são induzidas pelas ondas, e o transporte de sedimentos.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
III.2.1 Generalidades
A maior parte do material sólido é carreado para as áreas marítimas como transporte
sólido em suspensão, existindo também pequena carga sólida proveniente do transporte por
arrastamento de fundo.
A areia de praia é composta predominantemente de grãos de sílica com fragmentos de
minerais pesados.
Perfil transversal da zona litorânea com as zonas de influência da maré e ação da onda .
Os dois extremos da maré num dado local definem o estirâncio, zona sujeita à excursão
de maré. Indica-se como fundo submarino a zona ilimitada que se estende ao largo do mais baixo
nível da maré, correspondendo à zona que nunca fica emersa.
Define-se como praia a zona que se estende entre o limite mais baixo da maré e o limite
superior no qual são sentidos os efeitos dinâmicos do movimento das ondas, que se situa em
geral mais para a costa do que o nível da maré alta.
Os sedimentos que são carreados ao mar a partir da terra variam de dimensão, desde os
mais finos, como as argilas, até as areias grosseiras e fragmentos de rocha
As observações das dimensões dos materiais de praia sujeitas ao ataque de ondas indicam
que muito pouco material mais fino do que 0,2 mm está presente. O material mais fino é
carreado para o largo em maiores profundidades, como resultado da ação de correntes.
A maior parte das areias de praia é predominantemente composta de quartzo, mineral
mecanicamente durável e quimicamente inerte, cuja densidade é de 2,65. Pequenas quantidades
de feldspato (2,54 a 2,64 de densidade), carbonatos (conchas, corais) e minerais pesados (com
densidades superiores a 2,87) completam a composição. Assim a densidade dos grãos situa-se
em torno de 2,6. A densidade aparente das areias varia usualmente de 1,45 a 1,85 quando secas e
de 1,90 a 2,15 quando saturadas.
III.3.1 Generalidades
Nas praias arenosas as ondas normalmente assumem o principal papel na geração das
correntes litorâneas e, em muitas praias, é facilmente notada a existência de fortes correntes
induzidas pelas ondas com direções paralelas ou ortogonais à linha de costa.
Quando a onda arrebenta uma massa fluida é injetada na zona de arrebentação (jato de
arrebentação) formando uma onda de translação. Esta massa d'água possui uma certa energia e
quantidade de movimento. Dois casos podem ser considerados: o ataque frontal e o mais geral
ataque oblíquo.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
Trata-se do caso em que as cristas das ondas são paralelas à linha da costa e a água que
atravessa a linha de arrebentação tende a acumular-se junto à costa. Deste modo, cria-se uma
carga que produzirá o retorno da água para o largo, mantendo-se, em média, o equilíbrio entre os
volumes que passam num e noutro sentido (condição de continuidade num período de onda). É o
caso em que as frentes das ondas arrebentam praticamente paralelamente à linha de costa. O
retorno da água pode ocorrer de duas maneiras diferentes: ou sob a forma de correntes de
concentração (“rip currents”) ou sob a forma de um retorno imediato, uniformemente
distribuído ao longo da linha de arrebentação.
Zona de arrebentação
e espraiamento
Limite do espraiamento
Linha externa
Linha interna de arrebentação
Espraiamento de arrebentação
N. A. em repouso
MMBM
Corrente Profundidade de arrebentação
de retorno
Barra interna
Estirâncio
Barra externa
(interna na baixa-mar) Barra profunda
(externa na
baixa-mar)
Tendo em vista as respostas a estas questões, pode-se projetar e gerir obras de defesa dos
litorais, tais como: espigões, quebra-mares, muros, engordamento artificial de praias; ou visando
a segurança da navegação, tais como: molhes, guias-correntes, canais de navegação e dragagens.
O transporte de sedimentos ocorre de dois modos: por arrastamento de fundo dos grãos
que se arrastam sobre o leito devido à ação do escoamento e em suspensão pelas correntes após
os grãos terem sido levantados do leito pela turbulência.
As quantidades de areia postas em movimento nesta zona são normalmente muito
grandes e daí a sua importância para o Engenheiro Costeiro, ainda mais que é nesta zona que em
geral são construídas as suas obras.
Chama-se perfil de equilíbrio (ou limite) de praia aquele que uma dada onda formaria
num dado material não coesivo de praia se a sua ação durasse indefinidamente. Noutras palavras,
sob a ação de uma onda, caracterizada pelos parâmetros altura, período e rumo numa dada
profundidade, o perfil inicial da praia altera-se até atingir um estágio de equilíbrio no qual o
perfil fica inalterado. Este, por definição, é o perfil de equilíbrio para a onda e o material em
consideração.
Classificam-se em dois tipos extremos: o chamado "perfil de verão", ou "de bom tempo"
ou "de engordamento", ou "com barra emersa"; e o chamado "perfil de inverno", ou de “mau
tempo”, ou “de erosão”, ou “com barra imersa”.
O "perfil com barra emersa" caracteriza-se por maiores declividades no estirâncio,
avanço (à altura do nível d'água em repouso) em relação a um perfil inicial de menor declividade
e formação da barra. O "perfil com barra imersa" caracteriza-se por menores declividades no
estirâncio, recuo (à altura do nível d'água em repouso) em relação a um perfil inicial de maior
declividade e aparecimento de barra. No caso mais geral, em que a praia está sujeita à variação
do nível d'água causado pela maré e a um clima de ondas complexo observam-se alternâncias de
épocas de erosão, quando a praia é atacada por vagas e ondas esbeltas durante a estação de mau
HIDRÁULICA MARÍTIMA
tempo, para épocas de engordamento, quando somente chega à praia ondulação proveniente do
largo e de baixa esbeltez durante estação de bom tempo.
IV HIDRÁULICA ESTUARINA
IV.1 DESCRIÇÃO GERAL DAS EMBOCADURAS MARÍTIMAS
• Semi-fechado.
• Livre conexão com o mar aberto.
• Salinidade mensuravelmente diluída pela água doce oriunda da drenagem hidrográfica.
• Dimensões menores do que mares fechados.
• Zona fluvial: é caracterizada por escoamento unidirecional, sem influência de maré, com
salinidades desprezáveis (abaixo de 0,1 g/L).
• Extensão: trata-se de uma fronteira dinâmica rumo para terra, com salinidade de 1 g/L,
estendendo-se até a embocadura ou foz fluvial.
• Delta de maré vazante: trata-se de um alto fundo de barras arenosas, formadas pelo
mecanismo de captura do transporte litorâneo pelo efeito de “molhe hidráulico” e difusão
de correntes exercido pela descarga da embocadura.
• Delta de maré enchente: trata-se de um alto fundo arenoso produzido pela captura do
transporte litorâneo pelas correntes de enchente.
• Zona de turbidez máxima: trata-se da região com máxima concentração de sedimentos em
suspensão devido à floculação dos sedimentos finos (argila e silte), situando-se
aproximadamente no entorno de salinidades de 4 a 8 g/L, isto é dependendo da maré e da
vazão de água doce.
Esquema de um estuário típico. As fronteiras são zonas de transição que oscilam de acordo com
as estações, o clima e as marés.
O Estuário do Rio Itajaí-Açu (SC), e suas subdivisões em baixo, médio e alto estuário.
As lagunas constituem-se num corpo d’água junto a costa muito plana, separado do
largo por um cordão de areia, muitas vezes uma ilha barreira, com variável número de
aberturas. O desenvolvimento deste último é resultado da interação entre correntes de maré e
correntes litorâneas, associados a características geológicas, localização dos canais lagunares
e geometria da laguna. Na Figura está apresentado o trecho costeiro nordeste da Itália, no Mar
Adriático, que se apresenta extremamente complexo, abrigando o Delta do Rio Po e várias
lagunas costeiras, das quais a mais famosa é a de Veneza.
HIDRÁULICA MARÍTIMA
(a)
Perfis verticais/longitudinais ao longo do estuário do Rio Itajaí-Açu de salinidade (‰, A) e
concentração de sedimentos em suspensão (mg.L-1, B). Este perfil foi realizado no dia 5 de
março de 1999, com descarga fluvial de 233 m3.s-1.
As fontes sedimentares que contribuem com seu aporte para uma área estuarina podem
ser inicialmente subdivididas quanto à origem imediata em terra ou no mar.
Na extremidade marítima das embocaduras de maré e foz de rios usualmente existem
grandes depósitos aluvionares devido à captação de sedimentos na maré vazante e pela
atuação do transporte litorâneo. Estes depósitos, denominados de delta de maré vazante ou
barra fluvial, são constituídos de areias e formam-se pela redução da competência do
escoamento em transportar partículas sedimentares, isto é da capacidade de transporte.
Pelas mesmas razões, forma-se do lado interno da embocadura um delta de maré
enchente.
Ambos estes corpos arenosos são muito dinâmicos, mudando de posição
frequentemente e periodicamente sendo comumente objeto de dragagem em áreas de
importância para a navegação.
Os fundos estuarinos internos são usualmente constituídos de areias marinhas que
penetram pela embocadura através da circulação gravitacional e/ou residual.
Frequentemente formam-se dunas e ondulações de fundo nos canais marcados pelas
correntes de maré.
Depósitos de lama no interior do estuário indicam a posição média da zona de máxima
turbidez.
A retenção de sedimentos na bacia hidrográfica contribuinte, situação que pode
ocorrer com a construção de aproveitamentos de barragens, pode desencadear a erosão
costeira, como, por exemplo, ocorreu nos rios Nilo (Egito), Ródano (França), Paraíba do Sul
(RJ) e São Francisco (SE/AL), trazendo problemas aos assentamentos urbanos que se situem
nesta área.
Por outro lado, a erosão rural, motivada por desmatamentos, práticas agrícolas,
implantação de loteamentos, aumenta o aporte sedimentar aos estuários, trazendo problemas
para os portos e canais de navegação ali implantados.
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