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Filosofia Unidade 3 PDF
Filosofia Unidade 3 PDF
André Puchalski
Filosofia
São Paulo
Rede Internacional de Universidades Laureate
2015
© Copyright 2015 da Laureate. É permitida a reprodução total ou parcial,
desde que sejam respeitados os direitos do Autor, conforme determinam
a Lei n.º 9.610/98 (Lei do Direito Autoral) e a Constituição Federal, art. 5º,
inc. XXVII e XXVIII, “a” e “b”.
C416s
Puchalski, André
18 p.
ISBN
1. Filosofia.
André Puchalski. II. Título.
CDD: 326.3
Sumário
CAPÍTULO 3 - Identidade e Modernidade
Introdução.................................................................................................................................09
3.1.5. Globalização.....................................................................................................................15
Síntese.......................................................................................................................................17
Referências.................................................................................................................................18
Capítulo 3 Identidade e Modernidade
Introdução
Imagine que você e seus colegas vão ao Museu de Arte Moderna (MAM). No final da visita,
surgem comentários como “preferia ter ido assistir ao jogo do Palmeiras”, “achei que alguns
quadros estavam colocados de ponta-cabeça” ou “a escultura era apenas um amontoado de
pedras”. São reações comuns, mas por que surgem comentários deste tipo? E se o mesmo
grupo fosse visitar a Capela Sistina, no Vaticano? Será que a reação seria igual? Por quê? O
conhecimento influencia estas análises? De que forma?
Após este capitulo você será capaz de identificar a finalidade da vida e os elementos que tem
valor na realização dos objetivos.
Esse conceito de identidade pessoal muitas vezes na filosofia moderna da mente é referido
como problema diacrônico e o problema sincrônico é fundamentado nas características ou
traços de uma pessoa em um certo tempo.
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Figura 1: “La Liberté guidant le peuple”, pintura de Eugène Delacroix, marca a Revolução Francesa, influenciada
pelo Iluminismo. Fonte: www.shutterstock.com.br,2015
Mas a pós-modernidade abalou os quadros de referência que davam para os indivíduos uma
ancoragem estável no mundo social. Segundo Hall (2002), “as velhas identidades, que por
tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e
fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado”.
A modernidade é uma constante experiência. Uma constante mudança, gerada pelo constante
exame das práticas sociais e comparada com as informações recebidas sobre estas práticas. Esta
onda de mudanças exige novas e constantes “adaptações” do sistema social e das instituições
modernas em geral, porque atingem todos os cantos do planeta, graças aos complexos meios de
comunicação. Por isso, somos mutantes.
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“Em 1991, o então presidente Bush, ansioso por restaurar uma maioria conservadora na Suprema
Corte americana, encaminhou a indicação de Clarence Thomas, um juiz de visões políticas
conservadoras. No julgamento de Bush, os eleitores brancos (que podiam ter preconceitos em
relação a um juiz negro) provavelmente apoiariam Thomas, porque ele era conservador em
termos da legislação de igualdade de direitos. E os eleitores negros (que apoiam políticas liberais
em questão de raça) apoiariam Thomas, porque ele era negro. Em síntese, o presidente estava
“jogando o jogo das identidades” (HALL, 2002, p.18).
A questão da culpa ou da inocência do juiz Thomas não está em discussão aqui. O que está
em discussão é o jogo de identidades e suas consequências políticas. Consideraremos os
seguintes elementos:
• Nenhuma identidade singular – por exemplo, de classe social – podia alinhar todas as
diferentes identidades com uma “identidade mestra” única, abrangente, na qual se pudesse,
de forma segura, basear uma política. As pessoas não identificam mais seus interesses sociais
exclusivamente em termos de classe; a classe não pode servir como um dispositivo discursivo ou
uma categoria mobilizadora, por meio da qual todos os variados interesses e todas as variadas
identidades das pessoas possam ser reconciliados e representados;
• De forma crescente, as paisagens políticas do mundo moderno são fraturadas por identificações
rivais e deslocantes, que advém, especialmente, da erosão da “identidade mestra” da classe e
da emergência de novas identidades, pertencentes à nova base política definida pelos novos
movimentos sociais: o feminismo; as lutas negras; os movimentos de libertação nacional; os
movimentos antinucleares e ecológicos.
Uma vez que a identidade muda de acordo com a forma como o sujeito é interpelado ou
representado, a identificação não é automática, mas pode ser ganha ou perdida. Ela se tornou
politizada. “Esse processo é, às vezes, descrito como constituindo uma mudança de uma política
de identidade (de classe) para uma política de diferença” (Hall, 2002, p. 20-21).
1º. Descentração referente às tradições do pensamento marxista. Marx afirma que “os homens
fazem a história, mas apenas nas condições que lhes são criadas”. No entanto, os “leitores” e
“autores” de Marx “argumentavam que o marxismo, corretamente entendido, deslocara qualquer
noção de agência individual” (HALL, 2002, p. 35). E, ainda que os indivíduos não sejam agentes
históricos, agem em condições históricas criadas.
2º. A teoria da descoberta do inconsciente de Freud afirma que “nossas identidades”, nossa
sexualidade e a estrutura dos nossos desejos são formadas com base em processos psíquicos e
simbólicos do inconsciente. O inconsciente funciona de acordo com uma “lógica” muito diferente
daquela da Razão. Ela arrasa o conceito do sujeito cognoscente e racional provido de uma
identidade fixa e unificada – o “penso logo existo” do sujeito de Descartes (HALL, 2002, p.36). A
identidade, portanto, é formada ao longo da vida e não é algo inato.
Figura 2: Sigmund Freud (1856-1939), autor da teoria da descoberta do inconsciente, em 1885. www.shutterstock.
com.br,2015
3º. O trabalho do linguista estrutural Ferdinand Saussure afirma que a língua é um sistema
social e não um sistema individual. Ele argumenta que “nós não somos, em nenhum momento,
os “autores” das afirmações que fazemos ou dos significados que expressamos na língua. (...)
Nos posicionamos no interior das regras da língua e dos sistemas de significado de nossa cultura”
(HALL, 2002, p.40).
4º. O trabalho do filósofo e historiador francês Michel Foucault destaca o “poder disciplinar”,
por meio do qual o governo regula e vigia as populações a partir de diferentes instituições criadas
por ele, tais como escolas, hospitais etc. Segundo Foucault, o objetivo do “poder disciplinar”
consiste em manter “as vidas, as atividades, o trabalho, as infelicidades e os prazeres do indivíduo”,
assim como sua saúde física e moral, suas práticas sexuais e sua vida familiar, sob estrito controle
e disciplina, com base no poder dos regimes administrativos, do conhecimento especializado dos
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profissionais e do conhecimento fornecido pelas “disciplinas” das Ciências Sociais. Seu objetivo
básico consiste em produzir “um ser humano que possa ser tratado como um corpo dócil” (HALL,
2002, p.42). Em sua obra “1984”, George Orwell ilustra o “poder disciplinar”.
5º. O impacto do feminismo como movimento social e também como posicionamento teórico.
O movimento feminista traz novas contestações sobre a vida familiar e sexual, a divisão doméstica
do trabalho, o trabalho doméstico etc. Ele promove a ressignificação das identidades de homens
e mulheres.
7º. A deserção da religião. As religiões antigas perdem terreno para as novas seitas que
nascem a cada dia, prometendo curas e bens materiais. O indivíduo busca menos as religiões
coletivas, apegando-se mais à astrologia, ao esoterismo, etc. O homem pós-moderno é mais
psicológico que religioso.
Como as identidades culturais nacionais são afetadas pela globalização? A cultura do país em
que nascemos é a principal fonte da identidade cultural, porque cria sentimentos de lealdade e
de identidade. Cada país possui um sistema de educação e símbolos construídos ao longo da
vida do indivíduo, de acordo com os elementos a seguir:
• Narrativa da nação – Fornece todo o processo de formação cultural da nação, por meio
da literatura nacional, eventos históricos, heróis, triunfos, derrotas e desastres, a fim de fornecer
e preservar a tradição e a herança dos antepassados, para que a cultura seja vista como um
processo de continuidade e evolução.
• Mito fundacional – Trata-se de uma história inventada para explicar e entender a origem de
um povo e da nação. Por exemplo, a história da Grécia antiga narrada pelos helenos.
As identidades nacionais foram construídas com o sangue das grandes batalhas e das conquistas
que subjugaram ou destruíram muitos povos. Os espanhóis na América espanhola devastaram
a cultura dos incas, astecas e maias, entre outras. Os portugueses subjugaram e dizimaram as
inúmeras tribos indígenas (aimorés, tamoios, nhambiquaras etc.). O mesmo ocorreu com os
povos africanos “colonizados” pelos europeus. Os colonizadores se impunham não somente pela
força, mas exerciam a hegemonia cultural sobre os colonizados.
3.1.5 Globalização
Para melhor entendimento de globalização, “partiremos do pensamento de Marshall McLuhan
e sua aldeia global. Veremos ainda as transformações e críticas às transformações geopolíticas
das últimas décadas do século XX, com a emergência de outros termos, como mundialização
ou planetarização que, mais que contestar a ideia global, buscam adequá-la às dinâmicas
econômicas, sociais e culturais contemporâneas” (DUARTE, 1988, p.18).
Segundo Milton Santos, “a globalização não é apenas a existência desse novo sistema de
técnicas. Ela é o resultado das ações que asseguram a emergência de um mercado dito global.
(...) Os fatores que contribuem para explicar a arquitetura da globalização atual são: a unicidade
da técnica; a convergência dos momentos; a cognoscibilidade do planeta; e a existência de
um motor único na história, representado pela mais-valia globalizada. Um mercado global
utilizando esse sistema de técnicas avançadas resulta nessa globalização perversa” (SANTOS,
2000, p.24).
Já para McGrew (apud Stuart Hall, 2002, p.67), “globalização se refere àqueles processos,
atuantes numa escala global, que atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando
comunidades e organizações em novas combinações de espaço-tempo, tornando o mundo, em
realidade e em experiência, mais interconectado” (HALL, 2002, p.67).
A globalização tem consequências sobre as identidades culturais. Ela ocasiona, por exemplo, a
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desintegração das identidades nacionais. Os indivíduos são programados, porque tudo “está
organizado” e planejado para o sucesso nas compras. Surgem já outras identidades como
resistências à globalização.
• “Ocidental, mas as identidades estão em toda parte, sendo relativizadas pelo impacto da
compressão espaço-tempo”.
• A descentralização do sujeito;
• Sujeito com várias identidades. A identidade torna-se histórica e não mais biológica;
Ocorreu um deslocamento das identidades e não uma desagregação, segundo alguns autores,
assim como uma nova concepção da vida familiar, ocasionada pelo feminismo.
• A deserção da religião de cunho mais tradicional e apego a movimentos mais individuais, mais
psicológicos que religiosos;
• O impacto global que expõe as diferenças locais e acentua a desigualdade social e econômica;
Segundo Woodward (2000), a complexidade da vida moderna exige que assumamos diferentes
identidades, o que pode gerar conflitos. Podemos viver, em nossas vidas pessoais, tensões entre
nossas diferentes identidades quando aquilo que é exigido por uma identidade interfere com as
exigências de uma outra.
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Referências Bibliográficas
DUARTE, Fábio. Global e local no mundo contemporâneo – integração e conflito em
escala global. São Paulo: Moderna, 1988.
HOBSBAWN, Eric. Globalização, democracia e terrorismo. Trad. José Viegas. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
SANTOS, Jair Ferreira dos. O que é pós moderno. São Paulo: Brasiliense, 1998.