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Excesso de oferta de açúcar leva usinas do Brasil a buscarem

alternativas

RIBEIRÃO PRETO (Reuters) - As usinas brasileiras estão fazendo o


que podem para manter o açúcar bruto fora do mercado global
conforme a colheita de cana de açúcar do Brasil começa, para evitar
piorar o excesso que levou os preços à uma mínima de dois anos.

Com o contrato do açúcar bruto sendo negociado abaixo dos 13


centavos de dólar por libra-peso em Nova York e os custos de
produção no centro-sul do Brasil variando entre 13,5 centavos de dólar
a 15 centavos de dólar, diretores de companhias açucareiras estão
ponderando ações para evitar margens negativas de lucro.

"Nós temos que cortar a oferta de açúcar para ajudar a reduzir o


excesso de oferta global", disse Hugo Cagno, sócio junto com o grupo
de açúcar francês Tereos na usina Vertente, na cidade de Guaraci, na
principal região de produção de cana do Brasil.

Nesta semana, analistas da Datargo disseram que os produtores


brasileiros deve cortar o volume de açúcar na safra 2018/19 do centro-
sul para 31,6 milhões de toneladas, ante 36 milhões de toneladas um
ano atrás.

O passo óbvio, para aqueles que podem, é transformar o máximo


possível de cana em etanol, já que os preços e demanda doméstica
para o biocombustível são fortes, pagando o equivalente do preço do
açúcar bruto a 17 centavos de dólar por libra-peso, disseram donos de
usinas.

Outros com acesso a capital estão procurando estocar açúcar até que
os preços subam, possivelmente no período da entressafra no
próximo ano.

Outra estratégia é aumentar a produção de açúcar branco para vender


domesticamente para empresas de bebida e comida como PepsiCO
Inc, Nestlé SA e AmBev AS.
Em alguns casos, produtores tem estado tão desesperados para evitar
vendas deficitárias de açúcar que negociaram os chamados
"washouts", negociações onde o produtor busca cancelar um contrato
de exportação fechado anteriormente, arcando com um custo, mas se
livrando de ter de produzir o produto.

Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo, diretor comercial na usina Alta


Mogiana, disse que os wahsouts não são comuns, mas um último
recurso para aquelas usinas que não realizaram uma proteção de
preço adequada (hedge). A Alta Mogiana não fez esse tipo de
negociação.

"Estocar e carregar é uma estratégia muito mais interessante, se você


tem o capital para construir ou alugar capacidade de armazenamento",
ele contou à Reuters nos bastidores de uma conferência da indústria
esta semana em Ribeirão Preto, onde usineiros discutiram prospectos
para a nova safra de cana que começa oficialmente em abril.

Bernardo Biagi, dono de duas das usinas que moem


aproximadamente 7 milhões de toneladas de cana anualmente na
área de Ribeirão Preto, disse que começou o processamento em uma
das usinas, mas apenas produzindo etanol até o momento.

"Nós tínhamos cana que sobrou na plantação do ano passado, então


estamos processando ela agora, mas apenas para combustível. Nós
ainda não começamos com o açúcar", ele disse.

Ele projeta que produzirá 435.000 toneladas de açúcar na nova safra,


ante 495.000 toneladas na temporada passada, com a produção de
etanol aumentando provavelmente para 314 milhões de litros, de 269
milhões litros um ano antes, ele disse.
Biocombustível aumenta demanda
interna
 
 
Caramuru anuncia investimentos de R$ 24,5 milhões em sua nova unidade em Sorriso,
município líder na produção e na exportação da oleaginosa mato-grossense
O ano de 2017 começou com boas novas a cadeia produtiva da soja, tanto pelo aumento
da demanda interna como pelos investimentos e pela geração de empregos, renda e
impostos diretos e indiretos que serão gerados a partir da produção de biocombustível. A
Caramuru Alimentos vai investir cerca de R$ 24,5 milhões na construção de sua terceira
unidade de produção. A autorização veio nesse início de ano da Agência Nacional de
Petróleo e Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A Caramuru Alimentos é uma das maiores processadoras de grãos do país e escolheu
Sorriso (460 quilômetros ao norte de Cuiabá), para ser a sede de sua nova planta no
Estado. Terá capacidade para produzir 285 mil litros por dia, ou cerca de 104 milhões de
litros por ano. “Sorriso, a propósito, é o município líder em exportações do Mato Grosso,
movimentando US$ 1,36 bilhão e, além disso, detém a maior área e produção de grãos do
país, tanto em soja, quanto em milho, pontua o vice-presidente da Caramuru Alimentos,
César Borges.
Os recursos para a construção da nova planta serão financiados pelo Fundo Constitucional
de Financiamento do Centro-Oeste (FCO). Esta será a terceira fábrica de biodiesel da
empresa no país. A companhia já opera duas unidades em Goiás que, juntas, têm
capacidade para processar 450 milhões de litros por ano.
“Com mais está unidade de produção, cresce a demanda pela soja produzida em Mato
Grosso e, consequentemente, as oportunidades de negócios dos produtores locais”,
defende o vice-presidente.
Ainda como argumenta, outro aspecto positivo segundo Borges, é a retomada do mercado
brasileiro de petróleo. A produção cresceu no ano anterior, bem como a balança comercial,
que registrou superávit de R$ 410 milhões. As exportações somaram US$ 13,47 bilhões,
enquanto as importações movimentaram US$ 13,06 bilhões.
De outra parte, a Petrobrás anunciou um aumento de 6,1% sobre os preços do diesel no
início de janeiro deste ano. A informação é relevante porque, como se sabe, o biodiesel é
acrescentado hoje ao diesel na proporção de 7%, índice que passará para 8% até 2017,
9%, até 2018 e 10%, até 2019. “Ganham, particularmente, com isso os produtores do Mato
Grosso, o maior produtor de soja – principal matéria-prima do biodiesel”.
“Com a maior oferta do biocombustível, os produtores do Estado têm, paralelamente, a
oportunidade de promover maior utilização em seu maquinário – tratores, pulverizadores,
colheitadeiras, caminhonetes etc., substituindo o diesel, mais oneroso, e reduzindo, assim,
o custo de transporte. A maior disponibilidade de farelo de soja, resultante da produção do
processamento do grão para a produção do biodiesel, abre outro promissor horizonte: a
oportunidade de agregar valor, investindo com eficiência e competitividade na produção de
carnes de frango, suínos e derivados bovinos. Esse sistema otimiza a produção de milho
necessária para a cobertura da terra, no intervalo da soja e que tem um ônus enorme
quando paga frete aos portos, já que é um produto de muito baixo valor”, completa.
Esse novo modelo de produção é duplamente vantajoso, por reduzir o custo de fretes
(substituindo a movimentação de volumosas partidas de grãos pelo transporte de
derivados de carnes, mais compactos e, portanto, mais econômicos). De outra parte, a
substituição da produção de grãos pela de carnes descortina ainda promissoras
oportunidades no rentável mercado externo.
“Há ainda o papel social que a produção de biodiesel. Pela lei do chamado Selo
Combustível Social, boa parte da produção deve ser reservada à agricultura familiar.
Calcula-se que no ano passado mais de 70 mil pequenos produtores foram envolvidos no
processo, promovendo, assim, a distribuição de riquezas no campo. Importa destacar as
vantagens e propriedades ambientais do biodiesel, um combustível limpo, ecologicamente
correto e que não concorre para o aumento do aquecimento global, ao contrário do diesel
e demais derivados de petróleo”, argumenta.

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